sábado, 25 de julho de 2015

UMA TRISTE CENA QUE PODERIA SER EVITADA

UMA TRISTE  CENA QUE
PODERIA SER EVITADA
A cena é deprimente, agride o próprio conceito de civilização. São famílias no olho da rua depois de ser cumprida  uma reintegração de posse.  Estamos no inverno, chove com freqüência, faz um pouco de frio, e havia crianças dormindo sobre  colchões  nas calçadas próximas ao antigo hotel ocupado  por moradores de rua. Nem precisaria acrescentar que as condições de higiene eram deploráveis.
Nenhum proprietário ficaria de mãos cruzadas vendo um patrimônio seu sendo invadido. Nesses casos, a reintegração de posse é a medida  legal .  Mas há na Constituição brasileira o conceito de utilidade social da propriedade que, em alguns casos, pode ser alegado para  disciplinar, ou impor limites ao Direito à propriedade, que não deve ser interpretado como intocável dogma.
Casos assim, de gente procurando teto e sendo jogada nas ruas,   enquanto existem imóveis sem uso, se registram  em Aracaju,  e , ainda mais  nas grandes metrópoles do mundo desenvolvido.  Em São Paulo, a coisa já se tornou  freqüente e a policia sempre entra em cena.
As cidades,  tanto aqui como alhures, foram estruturadas a partir de uma visão social excludente: ricos de um lado pobres do outro.   Só depois de muito tempo os governantes, e os urbanistas, se deram conta de que a segregação    gerava um círculo vicioso de aprofundamento das causas da pobreza.   Mas já era tarde, a população jogada para longe  foi retornando ao lado dourado das cidades, para instalar-se nas ruas, esmolando,  depois, conscientizadas, para ocupar imóveis abandonados, e , mais recentemente, empunhando  armas  , para os assaltos hoje rotineiros.
 Quando foram derrubadas algumas  palafitas na Favela da Maré, na enseada da Atalaia, os moradores se viram transferidos para casas lá longe, em Socorro. Conta-se que um dia, a hoje senadora Maria do Carmo, então Secretária de Inclusão Social, encontrou um dos ex-favelados  e perguntou-lhe como estava a sua nova vida, morando em casa arejada e com água e luz. Ele respondeu: ¨ Eu agradeço Dona Maria, mas minha vida piorou. Pobre cercado de pobre não dá certo, aonde a gente vai  trabalhar ? ¨  Registre-se, em favor de Dona Maria, que ela foi sensível,  mandou fazer casas de alvenaria na própria favela. O problema  porém só seria definitivamente resolvido por Marcelo Déda , quando prefeito. Toda a favela da maré foi transformada. Criou-se no local um novo bairro, com casas para os favelados, comércio, escola,  posto de saúde. Tudo junto e integrado ao bairro da Atalaia, onde há renda elevada e oportunidades de emprego.  Esse modelo, em menor escala, foi iniciado por Jackson, quando prefeito de Aracaju. Trata-se de um exemplo a ser seguido.
  Depois do despejo sumário de tantas famílias, e a exibição pública da nossa amedrontadora ferida social, caberiam algumas perguntas:  Antes da ordem do despejo,  poderia o magistrado, ter promovido uma reunião com representantes dos sem teto, da prefeitura de Aracaju a quem está afeto o problema,  também com representantes do governo, na busca de uma solução ?
Não poderia também  o magistrado sugerir um aluguel social que seria pago ao proprietário do hotel, para que lá permanecessem os ocupantes, com prazo marcado para uma solução  definitiva ?
Como parece que prevaleceu na decisão a hermenêutica pura, o grave problema foi desnecessariamente criado. As famílias foram jogadas nas ruas.   Seres humanos relegados à  condição de animais.

Para completar, o comércio da área ficou inteiramente  paralisado ,  as vendas que já diminuíam,  naquele período despencaram e o transito tornou-se complicado.

A PROFESSORA SEM ALUNOS

A  PROFESSORA SEM ALUNOS
Assessores  da deputada Ana Lúcia teriam imaginado uma série de ações destinadas a
tornar mais palatável aos eleitores a  indigesta pré-candidatura    da política petista à Prefeitura de Aracaju.
Imaginaram conseguir depoimentos,  manifestações de simpatia feitas por alguns dos seus ex-alunos que, supunham, seriam numerosos e não se furtariam a dar um sopro para inflar o balão murcho das  pretensões agora esbarrando com o  obstáculo de uma enorme rejeição.
Saíram  os militantes- assessores à procura dos ex-alunos.  Depois de estafante busca concluíram que eles não existiam.
A  professora  nunca teve  gosto ou aptidão para as salas de aula. Nomeada  docente, sem concurso, freqüentou pouco a sala de aula, logo depois , abiscoitou um cargo em comissão no governo Paulo Barreto, isso em 1973. Ficou fora da escola, e assim permaneceu ao longo dos governos de Jose Leite, Augusto Franco, João Alves,  Valadares, depois João  de novo, Albano, Albano outra vez, até que Deda, eleito Prefeito de Aracaju, a levou para ser Secretária da Educação.
Daí em diante ela tornou-se deputada e voltou a ser Secretária, dessa vez da Inclusão Social no governo de Déda.  Ele, o generoso e ético Déda ,  jamais imaginaria que um dia, doente terminal num hospital em São Paulo, receberia a noticia e as fotos do seu enterro simbólico, promovido pelo SINTESE,    e  acompanhado  pela sua ex-secretária e companheira petista, a professora Ana Lucia.
Como a professora não tem ex-alunos, livraram-se os jovens estudantes de  receber  ensinamentos de intolerância e desumanidade.

 Mas, se  existisse algum aluno da professora Ana Lúcia ele teria, certamente,  absorvido os espertos ensinamentos que de cátedra receberia, sobre a melhor forma  de declarar-se opositor e até militante revolucionário,  dando um   jeitinho  maroto para conviver confortavelmente, merecendo a confiança de governos conservadores, aqueles, os inimigos da direita.

AS SINGULARIDADES DA TERRA BRASILEIRA

AS SINGULARIDADES
 DA TERRA BRASILEIRA
 Viajantes aventureiros,  desbravadores , religiosos ou  cientistas curiosos, que  desde a descoberta da Terra Brasilis, começaram a nos visitar, percorrendo nossas costas, adentrando pelos rios, varejando nossas montanhas  e selvas, escreveram, alguns deles, relatos que se tornaram famosos e circularam pelo Velho Mundo. Eram descrições fabulosas.    Hans Staden,     aventureiro e arguto observador, no seu livro Duas Viagens ao Brasil, revelou ao mundo uma das singularidades  brasileiras que assombrou a Europa: o festim de um banquete canibal,¨ onde a comida chega pulando ¨, o prisioneiro  levado aos saltos, para ser abatido e devorado Um outro, André Thevet  deu ao seu livro o título de Singularidades da França Antártica, descrevendo a ocupação francesa em pequena área do Brasil. Em todos esses escritores o que avultava nas suas obras eram, exatamente, as singularidades daquela exótica terra,  dos gentios nus, as índias  com ¨ suas vergonhas raspadinhas ¨  na expressão do olhudo padre  Caminha.
Essas  ¨ singularidades ¨  se fazem presentes ao longo da nossa História.
Difícil enumerá-las todas. Desde a descoberta por erro de navegação, à independência feita no grito por um príncipe português erguendo, quase ao mesmo tempo a espada e as calças, depois de mais um  episódio culminante da diarréia que o subjugava.
A República nasceu, da mesma forma singular proclamada por um marechal monarquista, que tiraram da cama para colocá-lo na sela de um cavalo republicano.
Um jovem que se transformou em presidente dizendo-se ¨ caçador de marajás ¨,  agora senador grisalho passeava  nas ruas de Brasília alternando-se ao volante de uma Ferrari vermelha, uma Lamborghini, prateada e um esportivo Porche branco. Esse jovem que dizia ter ¨aquilo roxo ¨  fez, numa democracia, o que a revolução comunista não conseguiu  na Rússia: igualou ricos a pobres da noite para o dia, deles seqüestrando todo o dinheiro que possuíam. Façanha quase igual foi a do maranhense que saltou da ditadura para ser   presidente, ( rimou) com seus igualmente amalucados planos,  botando nas ruas ¨os fiscais do Sarney ¨ que, tal como comissários soviéticos,  se investiam no poder de fechar as portas de supermercados, açougues, farmácias, e caçarem bois nos pastos.
A mais recente e dessa vez benfazeja singularidade nossa é que o país da impunidade guarda agora na cadeia executivos de empresas que, somadas, podem ultrapassar os dez por cento  do PIB brasileiro, se, entre eles, forem incluídos os  diretores e gerentes da saqueada PETROBRAS.
Ex-deputados e senadores também estão na cadeia, junto com ex- ministros. Os dois presidentes do Senado e da Câmara , debaixo de  investigação e com seus pertences levados pela Policia Federal. Sobre o sinistro Eduardo Cunha já se diz que ele traçou duas alternativas : ser candidato à Presidência da República ou ir parar na cadeia.

Como    se vê ,   singularidades     não nos    faltam,    desde as ¨ vergonhas raspadinhas ¨  das jovens índias nuas, no passado, às desvergonhas expostas e punidas no presente de tantos  que vestem Prada.

DE JANIO QUADROS A DILMA ROUSSEF

DE JANIO QUADROS
A   DILMA ROUSSEF
Janio Quadros chegou ao poder prometendo varrer a corrupção. Seu grotesco símbolo era a vassoura. Na época, um bom chargista,  para ridicularizá-lo, o teria desenhado como uma bruxa sobre o seu aparato voador.
Sete meses depois de empossado,  o  seu repetido jargão moralista  já havia cansado os brasileiros e seus jocosos decretos proibindo brigas de galo e misses desfilando de maiô, o fizeram objeto de gozação, Atritou-se com o Congresso, entrou na linha de tiro do demolidor Carlos Lacerda e, sempre  de porre, imaginou  tornar-se ditador, fechando o Congresso para governar sozinho. Mandou um lacônico bilhete ao presidente do Senado,  Auro de Moura Andrade: ¨Nesta data e por este instrumento renuncio ao mandato de Presidente da República para o qual fui eleito em três de outubro de 1960 ¨. Imaginava em delírios etílicos, que o povo sairia às ruas, os militares se poriam de joelhos diante dele, e o Senado ficaria impedido de declarar vaga a Presidência.
O senador Auro de Moura Andrade abreviou a cena. Leu o breve documento e acrescentou: ¨ Sendo a renuncia um ato de vontade pessoal, declaro vaga a Presidência da República ¨
Instalou-se a crise, quase uma guerra civil. A Junta Militar formada pelo marechal  Dennys, o almirante   Hadmacker e o brigadeiro Melo,  quis impedir a posse do vice-presidente João Goulart.
Venceu a legalidade, mas as seqüelas  das divisões militares permaneceram.   Goulart, por sua inabilidade política uniu os quartéis contra ele, e atiçou as elites brasileiras , com a bandeira do anti-comunismo que a Igreja abençoava e a imprensa agitava.
Há renúncias  que podem ser interpretadas como fuga covarde, ou ato de puro egocentrismo. E há as renuncias resultantes do desprendimento, da coragem,
  do  esquecimento do Eu diante do interesse coletivo.
Charles de Gaulle, após superar os turbulentos e transformadores episódios de maio de 68, entendeu que a sua presença no governo da França  seria um fator de desagregação,  renunciou,  e foi escrever suas memórias na tranqüilidade bucólica  de Colombey  les Deux  Eglises.
Dilma  deveria fazer agora, sóbria,  e com responsabilidade, o que Janio fez bêbado e irresponsavelmente.
A presidente não  consegue governar,  o Congresso desgoverna. Dilma não tem habilidade política, nem mesmo chega a ser uma gerente eficaz. Criou uma carga  de aversão entre os que deveriam ser aliados, sua rejeição cresce de forma impressionante, a economia  estagnou . Há uma coisa chamada Mercado, que não é  mera ficção. O mercado existe, é forte, impõe regras, bem ou mal o Mercado comanda, não adianta desafiá-lo, o regime é capitalista. E o Mercado não acredita, não confia em Dilma. Os investidores se retraem, tudo está paralisado  .  A escalada do dólar junto com a possibilidade  de rebaixamento  do grau de investimento,  agravarão o desemprego. Por mais que se esforce, a presidente não conseguirá superar a crise,  Ela é o nome da crise.
Não há outra saída.  Felizmente evoluímos, não há riscos de interrupção do processo democrático. Afora alguns tresloucados que falam   em  intervenção militar, ou a ambição de Aécio que quer aspirar os frangalhos da República,  acabou, no Brasil, o tempo em que crise política se resolvia  batendo às portas dos quartéis.
Dilma, saindo por vontade própria,  tudo se fará em absoluta calma institucional. No dia seguinte, até como efeito psicológico, o clima de frustração, desesperança e  desastre começará a ser aliviado.

Saia Dilma, faça isso pensando  mais no Brasil, e menos na  companheirada  que, enfim, pensou e conseguiu melhorar as condições de vida do povo brasileiro, mas, com a volúpia do próprio  bolso, armou a resistência da direita conservadora para desmoralizar um projeto de Brasil mais justo,  pecando , todavia, por ser incompleto, enquanto a companheirada  e associados, não tiveram  a sabedoria de admitir que roubo, até entre as elites,  deve obedecer a  ¨ limites éticos ¨.

HELENO E A CRISE EM CANINDÉ

HELENO E A CRISE EM CANINDÉ
Os efeitos da crise nacional serão devastadores em Canindé  a partir do próximo ano . A receita do município que já despenca será reduzida mais ainda.
O prefeito Heleno   diante das circunstancias adversas entende que seu primeiro compromisso será criar agora condições para que em 16 e nos anos seguintes Canindé não se torne ingovernável. Para começar quer por fim as insinuações de que será candidato ao Senado. Se  será candidato ou não à reeleição, decidirá em março de 16. Até lá quer fortalecer seu compromisso exclusivamente com o município, e não terá espaço para pensar em política. Vai convocar técnicos para ajudá-lo na tarefa de reduzir gastos, principalmente com a  folha de pessoal efetivo, muitos dos quais não trabalham. Exigirá ponto,  e fará um plano de desligamento voluntário.  Para isso,  conseguirá recursos se desfazendo de imóveis do município, entre eles o Hotel Águas de Xingó, que será levado a leilão. Usará ainda os recursos para renegociar dividas, principalmente com o INSS. Limitará também programas como a Bolsa Universitária, e benefícios concedidos sem contrapartida.
Voltando a ter certidão o município poderá receber verbas federais, e para isso Heleno fará um périplo constante em Brasília, pedindo apoio da bancada para destinar recursos que venham a minimizar a queda maior de receita no próximo ano. Um   outro objetivo será concentrar-se na batalha jurídica para recuperar receitas que a CHESF não incluiu no faturamento declarado do ano passado.  Heleno afirma que mesmo não sendo ele o candidato, quer deixar o município com finanças em ordem, e se vier a apoiar algum candidato, dele exigirá o compromisso de manter o trabalho de saneamento que vai iniciar.

No meio dessas turbulências o prefeito recebeu   a boa noticia de que 9 alunos do PRESED, instalado por ele em   parceria com  a Secretaria do Estado da Educação, foram aprovados no vestibular do campus da UFS em  Gloria, para os cursos de medicina veterinária, zootecnia e agroindústria.

NOSSOS ATLETAS DA MATEMÁTICA

NOSSOS ATLETAS DA MATEMÁTICA
Sergipe tem conseguido  medalhas nas Olimpiadas Nacionais da Matemática, realizadas anualmente pelo Instituto de Matemáticas Puras e Aplicadas. 
Marcos Gabriel dos Santos,  hoje aluno do curso de Engenharia Mecânica da UFS , é um daqueles meninos filhos de famílias pobres que receberam a impulso essencial para a vocação inata para os números através do programa posto em prática pelo Departamento de Matemática da UFS coordenado pelo professor Valtemberg, que se dedica em tempo integral a descobrir talentos, e já encontrou muitos gênios.

Ano passado Marcos Gabriel  concluía o segundo grau em Pinhão, na escola estadual Professor Eduardo Marques. Foi  participar das Olimpíadas e lá ganhou uma Medalha de Prata, recebida este ano. Gabriel é aliás  o único aluno da sua turma que chegou à Universidade. Filho de agricultores pobres, ele dá aulas  para conseguir manter-se em Aracaju, e quer fazer doutorado em matemática.  Tem 19 anos,  sua medalha de prata foi a única ganha por um alunos sergipanos. É preciso espalhar pelo interior os cursos especiais de ciências exatas.

domingo, 19 de julho de 2015

A POLÍCIA DO ESTADO OU O ESTADO DA POLICIA ?

A POLÍCIA DO ESTADO OU
 O ESTADO DA POLICIA ?
Num primeiro momento aquelas cenas  das operações policiais chegando até onde vivem ou onde trabalham algumas das mais altas autoridades da República e de lá retirando documentos e bens valiosos, nos faz sentir algum frio passando pela espinha. Nos   acostumamos com  a polícia invadindo, estourando covis do tráfico, da criminalidade em geral. Ações assim transformaram-se em rotina, porque também nos acostumamos a acreditar que a criminalidade alvo da polícia seria,  somente, aquela formada por   indivíduos tão desclassificados na escala  social que dela ficam inteiramente excluídos. São marginais. Agindo contra estes, a policia  estaria a cumprir suas funções dentro do aparelho de Estado, livrando os cidadãos do perigo representado pelos indivíduos à margem da lei.
Mas agora a polícia vai,   autorizada pelo Supremo Tribunal Federal, ao Senado à Câmara dos Deputados, às residências, escritórios e de lá sai com papeis, computadores, que poderiam ser destruídos anulando possíveis provas contra,  entre outros, o presidente da Câmara Eduardo Cunha e o presidente do Senado, Renan Calheiros. Na ordem hierárquica da sucessão, em caso de afastamento ou impedimento  do presidente, Cunha é o segundo, Renan o terceiro. Representam eles o Poder Legislativo. Assim, um dos três poderes que embasam a República, vê diluir-se aquela imponência solene  que até exige,  antes do nome dos seus integrantes, o   altissonante pronome de tratamento: Vossa Excelência. Nas últimas semanas, aqueles, portadores de  elevadas senhorias, receberam  a inesperada visita dos agentes federais. Então, de certa forma, eles tornaram-se iguais aos que  usualmente são tratados sem nenhuma cerimônia, e chamados de  malandros ou vagabundos.
Para quem atravessou duas ditaduras, e delas tem um repugnante gosto, quando a máquina repressiva do Estado se move, sempre surge aquela dúvida  se não haveria, por trás de tudo, alguma dose de arbítrio, no caso, se a policia é mesmo um instrumento do Estado ou se o Estado estaria sendo ocupado pela polícia.
Mas, quando  daquela mansão brasiliense, a Casa da Dinda, que se tornou tristemente célebre, apesar do seu nome tão delicado, se vêem saindo, levados pela polícia Federal uma Lamborghini, uma Ferrari e um Porche, três bólidos que custariam mais de 2 milhões de dólares, todos somando uma dívida  conjunta de IPVA superior a 300 mil reais, fica-se a imaginar se a policia não estaria a perder tempo enquanto procurava apenas os marginais que estão nos morros e nas favelas.
Fica-se também a duvidar de qualquer tipo de reforma política que possa sair de um Congresso, de uma classe política em geral tão acostumada às mordomias, tão beneficiada por privilégios, que acabou por aderir ao mais desavergonhado dos hedonismos, aquele, sustentado com o dinheiro público.
Não estamos sequer insinuando que as máquinas rebrilhantes  tenham sido adquiridas com dinheiro de propinas.   O  senador e ex-presidente  Collor  teria a coragem de chegar,  pilotando a Ferrari  vermelha, no  desolado e esquecido município alagoano de São Jose da Tapera, onde setenta por cento da população têm a fome mitigada pelo Bolsa Família para fazer promessas e pedir votos ?

 O  povaréu tão vilipendiado deste país de privilégios excessivos, que agora começou a ter direito a circular numa moto , sem poder comprar o capacete nem pagar o IPVA, acreditaria,  que um senador a gastar seu tempo ostentando pelas ruas de Brasília uma Ferrari  e uma Lamborghini, estaria pensando em quem nele votou,    em São Jose da  Tapera ou no Jirau do  Ponciano ?

O PAPEL BRASILEIRO E O ...... DOS CHINESES

 O PAPEL  BRASILEIRO
E O  ......  DOS CHINESES
Charles De Gaulle, o imperial presidente, que sempre quis ser o mais francês entre os franceses, acabara de criar a sua  force de frappe  , ou seja, a capacidade militar da França para realizar ataques nucleares e intervir com rapidez em qualquer ponto do planeta. Consolidara a grandeza da França, com a qual não deixara de pensar, enquanto assistia a capitulação do seu país diante dos alemães, uma vergonha comandada pelo herói que se transformou em canalha: o marechal  Pétain.
Paralela à sua visão orgulhosa de uma geopolítica  onde a França não se subordinaria aos    Estados Unidos no enfrentamento com o bloco soviético,    de Gaulle  traçara as diretrizes de uma política externa voltada prioritariamente  aos interesses específicos da França. Isso acontecia nos anos sessenta. Para por em prática essa política, de Gaulle estendeu suas ações pelo chamado Terceiro Mundo, e veio visitar o  Brasil onde acabara de consumar-se um golpe de estado. Ficou célebre, e correu mundo, a  fotografia do general, do alto  da imponente postura militar dos seus dois metros de altura, ao lado do atarracado marechal Castelo Branco, que enfiava o pescoço entre os ombros, tornando ainda menor a sua figura de um metro e sessenta.
Por aqui, de Gaulle foi recebido com muitas honras, mas saiu de mãos abanando. O marechal Castelo Branco  batia continência  ao coronel americano Vernon Walters ,  o escolhido  pelo Pentágono para supervisionar os rumos do novo regime militar implantado no Brasil.   De resto,  a nossa ¨ independência  ¨ tinha a dimensão exata e burra da frase dita pelo embaixador brasileiro em Washington, o general Juracy Magalhães: ¨ O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil ¨
 Washington   a todo custo tentava isolar a China  Popular, dando apoio ao que era chamado China Nacionalista, a ilha fortificada onde se refugiaram os seguidores do general Xiang Kai Chek, derrotados pelas tropas comunistas de Mao Tse Tung.
Quando de Gaulle esteve no Brasil, ele já ensaiava a aproximação com a China, o que ocorreria algum tempo depois. Para vencer a resistência interna  da direita francesa que os americanos estimulavam, de Gaulle usou um simples e pragmático argumento. Ele lembrou que a China tinha mais de seiscentos milhões de habitantes, e disse que se cada chinês tomasse uma colher de  vinho por dia, toda a produção vinícola da França seria insuficiente para atender a demanda. Com isso, ele demonstrava o potencial do mercado da China. Anos depois, os americanos descobriam que ignorar a China era uma monumental burrice, e então, Richard Nixon reatou relações diplomáticas e comerciais com o gigante asiático.  Os americanos reconheciam apenas Taiwan, a ilha.
Quando o general – presidente Geisel resolveu reconhecer a China, seria logo depois acusado de permitir a infiltração comunista no Brasil , acusação feita pelo  Ministro do Exército Sílvio Frota, depois de exonerado, e tramar, sem sucesso, um golpe militar.
Hoje, a China mais do que dobrou a população  que tinha no final da década de sessenta, quando de Gaulle fez a França reconhecer o colosso, sendo o primeiro grande pais do bloco capitalista a tomar essa iniciativa.  
Agora, por aqui estão intensificando a plantação de florestas destinadas à produção de madeira, visando  atender a crescente demanda chinesa por celulose.
É que os chineses, milhões deles, estão melhorando de vida, e assim, adotando o hábito civilizado de usar o papel higiênico.

Quem sabe,  do  anus   agora  higienizado dos chineses, poderá vir a nossa salvação econômica! ! ! 

A ALDEIA GLOBAL A INTERNET E O ¨FILHO ¨ DO CORONEL

 A ALDEIA GLOBAL  A INTERNET
E O   ¨FILHO ¨    DO   CORONEL
Quando, faz mais de trinta anos, Mac Luhan criou a expressão  ¨ aldeia   global ¨,  para definir o mundo moderno,  no qual a comunicação instantânea aproximava as pessoas, ele talvez não imaginasse a dimensão das transformações nos hábitos individuais e o impacto que seria provocado na sociedade com a internet e as redes  sociais. Aquele ideal de democracia participativa que, pela primeira vez, os gregos antigos   buscaram atingir, embora de forma incompleta, porque excluía camadas da população, a tecnologia digital dele se aproxima, quase o realiza. Nas redes todos se tornam comunicadores com amplitude global.  Não decidem, mas influenciam, pressionam, fiscalizam, geram o salutar debate de idéias. As redes sociais são hoje as principais mídias, com maior força até, do que,  por exemplo a Rede Globo,  ou a poderosíssima CNN.  
Mas, como adverte o dito popular: ¨Nem tudo o que reluz é ouro ¨. As redes são também freqüentadas por vigaristas,    pedófilos, marginais de toda espécie. Há ainda os  que se aproveitam de um pequeno equipamento chamado celular, que tanto fotografa como  espalha pelo mundo as fotos e mensagens, e assim, a chantagem e a vingança podem ser exercidas em grande escala.
O Big Brother, o grande irmão, espécie de tirano vigilante, invasivo de todas as privacidades, que George  Orwell imaginou no famoso livro escrito na primeira metade do século 20, agora se concretiza de fato, através do celular, do note -book do tablet, do i pod  e toda a parafernália disponível.
Sobre esses problemas gerados pelas redes sociais e que vez por outra descambam para canalhices, o coronel Iunes, eficaz comandante da nossa policia Militar, postou nas redes um desabafo, que foi também , de certa forma uma mensagem de crença na cidadania, chamando a atenção das pessoas para os perigos resultantes da deformação de um instrumento que tem a dupla capacidade de fazer e de destruir.

Nas redes sociais colocaram a foto de um jovem com hematomas pelo rosto. Ele teria sido espancado numa briga de rua em Salvador, e, no momento, revelado que era filho de um coronel. De forma pusilânime alguém postou nas redes  a informação de que o jovem era filho do coronel Iunes, comandante da PM sergipana. O jovem não é filho do coronel Iunes, nem parente de qualquer natureza, e ele nem o conhece.

JÁ SE FALA ATÉ NA RENÚNCIA DE DILMA

JÁ SE FALA ATÉ  NA
RENÚNCIA DE DILMA
O assunto já é tratado nas altas esferas da política e da economia: a renúncia da presidente Dilma, caso a crise continue se aprofundando.  Ancelmo Gois, jornalista sergipano que assina a coluna mais lida do país, é longevo na sua atividade. Já atravessou, noticiando e comentando inúmeras crises, e, dependendo da intensidade delas, ele costuma advertir: É grave a crise.
Dizemos agora: É gravíssima a crise.

As instituições se esfarinham, a economia deteriora, e a presidente sem apoio popular, com o seu partido, o PT, semi- desmoralizado, e sua base inconstante, não mais consegue governar, enquanto o Congresso   vai desgovernando, aumentando encargos, agindo eleitoralmente, quando o momento exige responsabilidade e espírito público. É gravíssima a crise, e como Dilma não tem inimigos figadais a quem derrotar com o gesto extremo,  tal e qual o fez Getúlio, a ela bastaria encaminhar um curto oficio ao presidente do Senado, repetindo, sóbria, o que Janio fez bêbado. Essa é uma fórmula muito difícil de ser concretizada, em primeiro lugar,  porque Dilma, ao contrário de tantos, não tem contra ela pesando acusações de improbidade pessoal. Nesse lameiro, ela parece transitar com os pés limpos. O problema seria mesmo a incapacidade da presidente para superar a montanha de má vontade política contra ela existente.

CUNHA NA LAMA DENUNCIA A LAMA

 CUNHA NA LAMA
DENUNCIA A LAMA

  Poucas vezes as instituições republicanas se viram tão ameaçadas por um notório chantagista, com o caradurismo , a desfaçatez e as manhas de um Eduardo Cunha, o presidente da Câmara dos Deputados. Que ele é negocista, disso no Rio de Janeiro, seu estado, todo mundo sabe e comenta. Denunciado agora na Operação Lava  Jato, Cunha sai disparando contra o procurador Geral da República Rodrigo Janot, o Juiz Sérgio Moro, mas nada apresenta em sua defesa. Anuncia que rompe com Dilma, e esse é um gesto político de quem espera faturar simpatias entre a maioria dos brasileiros que hoje se volta contra a presidente. Eduardo Cunha fala sobre lama, e há quem diga que do assunto ninguém mais entende do que ele. Tratar-se-ia, o arrogante Cunha, de um caranguejo  político, desses gordos, acostumados a transitar nos mangues, onde são fartos os lamaçais.

A PETROBRAS E SERGIPE

A PETROBRAS E SERGIPE
Anuncia agora a PETROBRAS que vai adiar a exploração dos campos sergipanos. A estatal possui a grande maioria das áreas onde se detectou a presença de óleo e gás , numa proporção comparável aos maiores campos das bacias de Santos e Rio de Janeiro.
Sergipe sofrerá um enorme impacto na sua economia . Além de tudo. esse retardamento poderá transformar as nossas jazidas em coisa inútil nos próximos vinte anos. A matriz energética mundial está passando por grandes transformações em virtude dos problemas ambientais gerados com a queima do carbono. A tendência é a redução do consumo do petróleo, e com isso, a conseqüente queda de preço.
 O aproveitamento econômico do óleo e gás na plataforma sergipana deve se fazer no menor espaço de tempo possível, Assim, seria bem melhor que a PETROBRAS cedesse a sua participação a empresas que poderiam estar interessadas,  e que tenham capital para investir, o que hoje não é o caso da nossa combalida estatal.

Passou o tempo em que  as reservas petrolíferas eram consideradas estratégicas, e precisavam ser preservadas para o futuro.

MARTA LEÃO E A SUA SECRETARIA GIGANTE

 MARTA LEÃO E A SUA
SECRETARIA GIGANTE
A Secretaria da Inclusão já tinha uma estrutura enorme no tempo em que Eliane Aquino era Secretária. Com a extinção de secretarias  feita por Jackson Barreto para economizar recursos, diversas atribuições foram transferidas para a Inclusão que, assim, tornou-se uma super-secretaria. Marta Leão, a nova Secretária, desde que assumiu  compreendeu a enorme dimensão das tarefas administrativas e políticas que teria pela frente. Precisaria tocar o barco um tanto pesado, e, politicamente, dividir ou mesmo transferir  o comando de cada uma das partes para os seus ocupantes, todos resultantes de indicações partidárias, e alguns, que haviam deixado de ter o status de secretários.
Ao assumir,  Marta Leão, uma administradora experiente e que se caracteriza também pela lealdade e entusiasmo que leva aos cargos que ocupa, começou a  fazer o desenho operacional da nova e inchada Secretaria. O objetivo era distribuir tarefas, estabelecer normas de ação para evitar superposição de trabalho ou  de iniciativas, enfim, criar um modelo operacional e ágil, conferindo plena autonomia a cada setor.De inicio,  essas ações talvez tivessem sido interpretadas como um propósito que teria Marta de concentrar tudo nas suas mãos,  montando uma estrutura centralizada. Mas o que ela pretendia era exatamente o contrário, até mesmo, porque,  havendo centralização, a Secretaria  ficaria sendo um paquiderme incapaz de mover-se com alguma agilidade.

Problemas enfrentados, diálogo amplo, explicações feitas, quando Jackson retornar, nessa terça-feira, vai encontrar a Inclusão pronta para operar, e sem susceptibilidades políticas irresolvidas   e necessitando de soluções corretivas.

sábado, 11 de julho de 2015

A HORA DO VENTO E DO SOL

 A HORA DO VENTO E DO SOL
Quando,  no fim dos anos 40,  acenderam-se as luzes da pequena cidade de Paulo Afonso,  num raio de trinta quilômetros de onde se avistava a claridade subindo ao céu,  muita gente na solidão dos ermos do Raso da Catarina teve a certeza de que chegara a hora
  do Juizo Final. Noite virando dia era sinal certo de fim do mundo. A usina   de Paulo Afosno fazia o seu primeiro teste. Passaram dez, vinte, quarenta, cinquenta anos , e as pessoas isoladas no meio das caatingas continuavam a avistar  luzes distantes das cidades que se iam iluminando, mas,  nas suas casas,  a energia não chegava. Naquelas casas, na virada do milenio, havia gente que nunca vira de perto uma lâmpada eletrica, uma televisão. Foi somente a partir do governo Lula que
 postes e fios chegaram às localidades mais remotas,  e as instalações completas  em cada casa eram feitas sem cobrar nada.  Em pouco tempo centenas de milhares de famílias  compravam rádios, televisões, geladeiras,  ferros elétricos, instalavam  forrageiras elétricas, resfriadores de leite, ordenhadeiras.
 Por coisas assim  é que o   ex- presidente, poderia ser lembrado, mas  ele permitiu que se instalasse a bandalheira sistémica que  outros fizeram e fazem, todavia, nuna escala bem menor, e,  digamos assim, com mais ¨classe ¨. Sempre se praticou, neste país,  de forma  ¨ profissionalizada e competente ¨  a tão entre nós arraigada arte de roubar,   nome que o padre Vieira, ainda no século dezessete, deu, a um dos seus mais célebres sermões,  pronunciado na Sé de Lisboa para uma plateia formada pela nobreza de Portugal, que se apinhava nos cargos públicos e praticava com destreza,   e desvergonha, aquela ¨arte ¨.
Mas  o tempo e a História dirão se Lula merecerá figurar naquele pódio de presidentes extraordinários, onde até agora só dois  estão : Juscelino Kubitschek e Getúlio Vargas, ou, se ficará entre os esquecidos e execrados. Para ele não haverá meio termo.
 Voltemos ao início.  A eletricidade chegou a todos os cantos esquecidos, o consumo cresceu, com a rápida expansão da economia. Mas andavam lentas as hidrelétricas, as maiores delas na área ambientalmente sensível da amazônia. Moveram-se ecologistas, índios, e essas sempre suspeitas ONGs estrangeiras, trabalhadores fizeram greves e depredações,  e as obras andaram lentamente. As hidrelétricas agora são a fio d`´agua, ou seja, não têm reservatórios com grande  capacidade de acumulação. Depois  do erro enorme que foi o lago gigantesco inundando a floresta amazônica.   quando se construiu Balbina, existe o temor de que se repita o desastre. Mas as novas hidrelétricas   nas estiagens  quase  param completamente.  As usinas a fio d`água são custosos paliativos, um desperdício insensato de recursos. Vai ser dificil compatibilizar hidrelétricas no modelo antigo com as exigências ambientais. Veio  a longa estiagem , as térmicas entraram em operação, e elas mais do que triplicam o custo da energia.
Se houvessemos dado maior atenção à energia solar e éolica  chegaríamos ao modelo perfeito. As hidrelétricas não seriam exigidas para operar a plena carga , e os reservatórios permaneceriam em níveis seguros.  De nada adianta proteger o meio ambiente  com as usinas a fio d`agua, enquanto as térmicas funcionam  lançando  na atomosfera milhões de toneladas de carbono .
O engenheiro elétrico e empresário  Ivan Leite,  que comanda a SULGIPE ,  entende que  chegou o momento de acelerar a instalçao de  usinas geradoras de energia renovável. A SULGIPE vai entrar nesse caminho,  para nós novo, mas que países como a Alemanha , Espanha, e Portugal já o percorrem faz muito tempo.
Ivan vai substituir o velho telhado da  Santa Cruz, uma tecelagem desativada,  por uma  cobertura de células fotovoltaicas, Será  a primeira experiencia em escala média com a energia solar em Sergipe.
Há urgencia, precisamos recorrer ao sol e aos ventos  e  montar um mix energético limpo.

Esta semana o governador em exercício Belivaldo Chagas, dará sequencia a uma ideia de Jackson, que está em férias,  e vai reunir-se com os Secretários Jeferson Passos, Chico Dantas,  e assessores, buscando uma fórmla para reduzir o imposto sobre  equipamentos de geração de energias renováveis. O que se pretente é deflagrar, em Sergipe, um processo virtuoso de aproveitamento do sol e dos ventos, em pequenos projetos para geração própria de energia, e em maior escala. como o que o engenheiro Ivan Leite agora inicia.

UM CHEIRO DE ESPANHA NO AR

UM CHEIRO DE ESPANHA  NO AR
Quem conhece a história da Espanha, particularmente  daquele período que antecedeu o estourar da guerra civil, em 1936, deve andar preocupado, sentindo por aqui aquele mesmo cheiro repugnante da politica quando se desencaminha  pela estupidez do ódio e da irracionalidade.
Antes que a Guerra Civil espanhola começasse, e em quatro anos ceifasse  mais de um milhão de vidas,  esquerda e direita enfrentavam-se nas ruas com a mesma fúria desatinada como agem entre nós essas gangs que a sí mesmas dão o nome de torcidas organizadas.
 Foi-se o tempo em que a violencia era apenas dessas gangs, que existem apenas enquanto a elas as instituições concederem a benevolencia da tolerancia. Agora  a coisa é mais grave, muito mais preocupante. Já andam pelas ruas, nas redes sociais,  em atos de descontrole emocional, até em igrejas,  a pedir intervenção militar, ditadura. Um Aécio Neves, que se tornou presa das suas ambições particulares, junta a sí um bloco insensato e aventureiro, e quer assumir a presidencia porque foi o segundo colocado na eleição,  da qual espera ver retirada, num golpe inicialmente judicial, a chapa Dilma- Temer.
Imaginaria o trêfego e irresponsável Aécio que as forças armadas brasileiras iriam desempenhar o papel de capitães do mato, para servirem a um egoista, vaidoso e ressentido ?
Convenhamos, a Dilma é realmente um desastre de inabilidade .  A presidente é politicamente inapetente e administrativamente jejuna , e mais ainda teimosa, cabeça dura. Até agora, contudo,  não ha qualquer evidencia de que ela seja  corrupta, dilapidadora dos cofres públicos. A pressão social já a colocou em movimento. E  Dilma começou a ter boas iniciativas no sentido de amenizar e vencer a crise, em parte criada por ela mesma,  e em parte bem maior, pelas circunstancias do cabaré  de especulação financeira em que se transformou o mundo. Em pouco mais de um mes  as bolsas chinesas viram sumir pelo ralo mais de dois trilhões de dólares. Essa fluidez gigantesca de uma riqueza representada por papeis, é uma das características da  irresponsabilidade completa que tomou conta dos mercados com a globalização e o neoliberalismo, tudo traduzido na carta branca concedida,  para que, em  função do lucro, nada seja proibido. E a mídia, toda ela, nacional e estrangeira se coloca a serviço desse cabaré sem dono.  Todas as advertencias feitas por gente responsável, inclusive, por gente graúda do proprio mercado, tambem por Obama e outros líderes mundiais, têm sido ignoradas, e a farra continua, até que se chegue a uma desastrosa encruzilhada fatal.
Com relação à China,  só loucos ou economistas  poderiam acreditar que seria possivel manter, indefinidamente, um crescimento do PIB em cifras superiores a dez por cento ao ano.
A crise  brasileira é grave, suas causas são   internas, e agora, mais do que nunca, tambem  externas. O momento é delicado, envolve uma gama insuspeitada de riscos. Manda, o bom senso, que busquemos a sensatez, o equilibro, que nos refugiemos na criatividade e no esforço coletivo e individual para a busca de caminos novos e a superação da crise.
Mas a  a marcha da insensatez prossegue. Políticos  estão enxergando somente o prório umbigo, Ninguem discute o Brasil, ninguem analisa as consequencias  das ambições desenfreadas. O país  está sendo levado para a mesquinhez, quando se faz necessária uma visão de grandeza. Há ódio, preconceitos antigos agora exacerbados e soltos, há um sentimento maléfico de revanche, ( contra o que ? ) quando se deveria buscar o entendimento, a conciliação. Necssitamos de um pacto, de uma frente ampla em favor do Brasil, e só assistimos  a fragmentação gerada pela diversidade de interesses que atropelam o interesse público, o projeto nacional.

Para um melhor entendimento da crise e dos desvarios do mercado financeiro recomendamos a leitura do livro CRASH, de Alexandre  Versignassi, Editora Leya.

GRANDE BOCÃO QUE SAUDADE DO SEU MEGAFONE

GRANDE BOCÃO  QUE SAUDADE DO SEU MEGAFONE
O regime militar  dava sinais de exaustão, e Rosalvo Alexandre, um jovem agronomo que dele era vítima, corajosamente, queria ajudar a apressar-lhe a agonia. Pegou um megafone e saiu pelas ruas de Aracaju, denunciando a falta de liberdade, o processo espúrio da escolha  pelos generais, dos que comandavam a  militarizada República. Rosalvo,  impetuoso, desafiador, clamava por democracia. Aquele gesto foi emblemático para disseminar atitudes corajosas, para afastar o medo opressivo que gerava  a acomodação no silêncio. Rosalvo, com sua voz tonitroante, já era conhecido como o Bocão. Elegeu-se vereador, e desde então o Bocão faria parte indelével do cenário político sergipano. Ideólogo, tambem ideologizador, ele não tinha o ranço da presunção de posse da verdade.  Quando estudante, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro, que sobrevivia na ilegalidade, e assistindo os seus quadros serem dizimados pela repressão. Dizimados, literalmente. Mortos, assassinados.
Rosalvo mergulhou nas leituras dos livros essenciais ao seu curso de agronomia, e foi alargar o pensamento na literatura marxista, nas ciencias sociais de forma mais ampla. Naquele tempo onde a polarização ideológica era inevitável, ele chegou a ter um vezo estalinista, a concepção dura da esquerda, mas essa tendencia paradoxalmente desapareceu,  quando ele próprio sentiu na pele o que era o descontrole da força bruta do autoritarismo. Estava no seu quarto de pensão em Viçosa, (MG) fazendo um curso de pós-graduação, quando entram militares e policiais que lhe dão ordem de prisão, e imediatamente começam a espancá-lo, furiosos, descontrolados. Trazido a Aracaju, Rosalvo foi levado aos porões do 28 BC ,  que se tornaram o cenário desumano da Operação Cajueiro, em 1976. Saiu da prisão  com a certeza de que só a democracia ampla, poderia ser o caminho para a  superação dos conflitos e as transformações sociais. Mudou conscientemente de estilo, sem  trocar de convicções. Surgiu o Rosalvo conciliador, conselheiro, pensador do presente e de coisas futuras. Surgiu a pessoa essencial nos instantes em que mais era necessário meditar, planejar, e fazer. Consolidou-se o cérebro essencialmente politico. E política é exatamente isso : a arte de superar e de fazer o possivel, sem fugir  ao risco do impossivel.
O colega Rosalvo, fica na memoria dos que com ele sentaram nos bancos escolares, o colega Rosalvo fica na memoria dos que com ele, já  investidos de responsabilidade administrativa e política
  trabalharam na formulação de politicas publicas para Sergipe. Fica Rosalvo na memoria de todos os seus inumeros amigos que com ele partilharam esperanças,  tantas vezes percorridas em vastas jornadas etilicas e boemias. Fica Rosalvo na lembrança do carinho do pai que sempre sentirão os seus filhos, e pelo amor que devotou à última companheira. Fica Rosalvo como lembrança do exemplo virtuoso e puro de cidadania que ele deu a todos nós, sergipanos, todos nós, seus contemporaneos de sonhos e tambem de eventuais desatinos.
 Sergipe sentirá a sua falta. Jackson  Barreto, sentirá talvez mais do que todos a ausencia daquela voz que, nos ultimos meses de vida, insistia em se fazer ouvida, vencendo as limitações da doença para lhe trazer sugestões, ideias, até consolos.
Fica a lembrança do megafone rebelde multiplicando o vozeirão humano-cívico-revolucionário do  suave turbulento Bocão.

 Ele morreu ontem em Minas Gerais onde tentava vencer a doença. Estas páginas neste domingo ficam, assim, incompletas.

domingo, 5 de julho de 2015

MAIS UM GOLPE DE AMORIM

MAIS UM GOLPE DE AMORIM

Que ninguém se assuste com o titulo da matéria. O golpe de que  iremos falar,  é  político. Aliás,  no momento, esses golpes políticos,  ou não  políticos,  andam a se confundir e a  se misturar.
 O autor  é aquele que tem um senador em nome de quem se apresenta, fala, decide, e as vezes se esparrama, o  engordador   e também emagrecedor de bois, Edivan Amorim  .
Com a plena aquiescência de Aécio Neves , Edivan, acaba de assenhorear-se de mais um partido. Desta vez o PSDB, que se  torna outra conta no seu repleto colar, agora, segundo afirmam, enfeitado com meia dúzia de siglas.
Em Minas,  nos tempos bonançosos de Lula e primeiros anos de Dilma,  Amorim  se dizia petista desde criancinha. Desfilava no  Precajú, acompanhado por deputados mineiros e prefeitos da região onde se instalou. Dizia ser repleto de prestígio em Minas. Na realidade tinha mesmo,  e deve continuar recheado de influencias. Não é assim tão simples transferir para ser superintendente do BNB em Sergipe, exatamente o funcionário que o beneficiou em Janaúba  (MG) com o vultoso empréstimo a uma empresa que, em Itabaiana, tinha endereço falso.
 Seu irmão, o senador Eduardo, que alguns chamam de anódino,  ou pré-fabricado andróide, é   do PSC, onde tem a companhia física e ideológica do  horripilante Feliciano,  aquele,   que fornece o receituário ridículo da ¨ cura gay ¨. 
 Edivan não tem barreiras, sejam programáticas, doutrinárias ou ideológicas. Adapta-se muito bem a qualquer partido.  O que ele precisa mesmo,  é assegurar transito livre nos bancos oficiais. Aécio , chegando à Presidência da República, poderia lhe facilitar muito. Ele precisa   penetrar, sem explosões, evidentemente, nos cofres das instituições financeiras estatais.   Dirigentes do BNB  dizem que dez ou mais explosões nos cofres do banco causariam prejuízo   menor do que o empréstimo feito a Edivan. 
Mas essas são outras estórias que nada têm a ver com o golpe do qual aqui  tratamos, aquele que defenestrou da direção do PSDB o vice-prefeito Jose Carlos Machado.
Criou-se um novo quadro político em Sergipe.  Machado não irá engolir a desfeita, e o mesmo acontecerá com o prefeito João Alves, ex-sogro, e, ao que se  comenta, também vítima de Edivan.  João reaproximou-se de Edivan,     refez relações pessoais e políticas, um gesto a contragosto, mas deu espaço para a  reeleição de Maria, que não seria viável numa aliança com Jackson , em virtude do inevitável enfrentamento com a ala majoritária petista  comandada pelo , digamos assim, impetuoso, Rogério . João teria conversado com o governador  Geraldo Alckmin e dele escutado que também estava surpreso.  Alckmin solidarizou-se com João e Machado.

O deputado federal André Moura , na manhã de sexta-feira, deu a noticia da beligerancia agora declarada por Edivan  contra o ex-sogro .  Foi bastante elucidativo  ao dizer, sem meias palavras: ¨  Machado não será indicado por nós para nenhum cargo no PSDB sergipano. Ele não faz parte do nosso projeto,  é aliado de João Alves ¨.

ALBANO FRANCO E O PSDB

ALBANO FRANCO E O PSDB
Albano  foi o criador em Sergipe do PSDB,  quando era governador e   aliado prestigiadíssimo por toda a cúpula tucana. Depois, a cúpula ( leia-se Aécio ) o defenestrou deselegantemente do comando do partido, o mesmo que faz agora em relação a  Machado. São coisas daquela ausência de herança genética de que padece Aécio. Tancredo, o seu ilustre avô, jamais agiria dessa forma com aliados e amigos.
Albano  não foi surpreendido. Já sabia da trama armada por Edivan, mas, como não faz parte da direção partidária, entendeu que aquele não era assunto seu. A dúvida agora é se Albano permanecerá no PSDB, recebendo ordens de Edivan. Seu filho, o empresário Ricardo Barreto Franco é primeiro suplente da Senadora Maria do Carmo, está no PTB, sigla que foi entregue por Edivan ao deputado federal Adelson Barreto, como parte de uma acomodação para evitar que ele viesse a apoiar Jackson na eleição passada. Adelson e Ricardo têm um relacionamento respeitoso e tranqüilo, Não se poderá saber  se, no PSDB,  que mudou de dono, Albano terá uma situação semelhante.

Mas Albano tem  paciência   ilimitada.  Nisso, estaria bem próximo a um monge, não fosse aquela vital e esfuziante atração que sente pela beleza feminina jovem.  A atividade política hoje  já não o fascina tanto. Principalmente  essa, que se pratica tão  cheia de golpes abaixo da cintura,  de espertezas e arapucas.

A PROCURADORA CREUZINHA

A PROCURADORA CREUZINHA
 Creuzinha, é sempre assim que a Procuradora de Justiça desde o dia dois aposentada, é chamada, a começar pelo marido, o político que é exemplo, Benedito Figueiredo. Como Creuza de Britto Figueiredo nunca soube ser formal, ou posuda, o carinhoso diminutivo lhe caia muito bem, exceto nos momentos em que ela se investia no exercício direto das funções. Creuzinha dignificou como poucos a função de Promotora de Justiça. Aos 23 anos,  recém formada, foi aprovada em concurso público figurando em terceiro lugar. O caráter daquela menina que era também redatora do Diário de Aracaju, jornal dos Diários Associados, se revelaria logo ao inicio da carreira, quando, a fim de não criar  obstáculo intransponível para uma colega  que teria de ser nomeada,
 Preferiu  esperar por outra vaga para não prejudicar a amiga, renunciando a um direito inquestionável. Um gesto raro, quase inconcebível de acontecer, principalmente quando se é tão jovem e surge uma oportunidade conquistada com muito estudo e dedicação.
Essa forma elegante e desprendida de agir, ela iria manter  ao longo do tempo.
Creuza exerceu, simultaneamente, fato inédito, o cargo de Corregedora Geral dos Ministérios Públicos estadual, federal, e militar. Foi três vezes Corregedora do M.P de Sergipe. Ao aposentar-se era Coordenadora Geral.
A Lei da Bengala, ampliada, chegará tarde para Creuzinha. Uma pena para o MP sergipano, que perde  uma vocacionada  servidora pública, em pleno  vigor da vontade de fazer, produzir, e continuar sendo útil à sociedade.
Amigos de Benedito e Creuzinha, que nela sempre identificaram uma veia política,  revelada nos conselhos ao marido, duas vezes ex-governador, uma vez deputado federal, e militante desde a escola, entendem que chegou, com a aposentadoria, o momento exato para que Creuzinha tenha uma            presença direta no cenário      político. E esses amigos até sugerem que ela filie-- se ao PMDB, do qual Benedito foi um dos fundadores, para submeter-se a um primeiro teste nas urnas, tornando-se candidata a vereadora  . Se eleita, o povo aracajuano terá na Câmara uma  represente experiente, atuante e digna.

Pronto, já estamos a fazer campanha eleitoral antes do tempo.

FAZ MEDO SER PROFESSOR

 FAZ MEDO SER PROFESSOR
 Há aqueles que sentem se esvair o conceito de civilização na baba derramada, odientamente, pelos defensores  da redução da maioridade penal,  uma forma de vingança do Estado e da sociedade contra os menores que cometem crimes de gente grande. Para os que têm a visão colocada acima das vicissitudes de circunstancias mal  avaliadas , é atordoante a sensação que quase inconscientemente vai tomando corpo, quando se lê o lamento de uma professora agredida com fúria e desumanidade  dentro de uma escola. E a agressão foi cometida por um menino, quase uma criança de 16 anos.  Chorando, gemendo, lamentou a professora: ¨ Hoje, faz medo ser professor  ¨.
E faz medo mesmo, mas o remédio social que se procura hoje tem como único ingrediente a punição.
É mais fácil e eleitoralmente proveitoso surfar na onda da insatisfação popular diante do clima de insegurança, prescrevendo-se receitas enganosas, do que sair em busca das verdadeira  causa da deterioração social que transforma crianças em criminosos, destituídos de sentimentos, e alheios a valores fundamentais para a convivência humana.

Não interessa às nossas elites apodrecidas, mexer com as causas da putrefação social.

O SANTA MARIA COMO EXEMPLO

 O SANTA  MARIA
COMO  EXEMPLO
Quando se falava em violência em Aracaju, o bairro Santa Maria logo surgia como  área onde se registravam os piores índices de criminalidade. Bairro pobre, formado por uma população de excluídos que ali foi  acomodar-se em barracos, e onde quase não havia a presença do poder público. Em torno da Penitenciária a surgiu uma outra  favela habitada por familiares de presos  . Ali,  tudo conspirava contra o equilíbrio social. O Ministério Público colocou em prática idéias de transformação, o governo do estado e a prefeitura de Aracaju a elas aderiram. Parceria formada, surgiu a Escola Santa Maria, vieram postos de saúde, delegacia, começou a formar-se um núcleo   de industrias, expandiram-se outras atividades econômicas; ampliou-se a geração de empregos. Déda construiu um Centro de Esportes. Maurício Pimentel cuidou dele com carinho,  criatividade e eficiência. Logo, centenas de jovens estavam praticando diversas modalidades de esportes. O professor  de Artes Marciais, Laus Rocha, que deu inicio aos cursos e lá continua trabalhando, registra as mudanças ocorridas no comportamento dos adolescentes. Chegaram agressivos, indisciplinados, bagunceiros, tornaram-se calmos, sensatos, pacíficos, aprenderam a conviver.
Não se quer dizer que hoje o Santa Maria seja  modelo de paz, mas a violência diminuiu consideravelmente.

Iniciativas particulares também contribuíram para essa mudança, como a instalação de um Centro de Capoeira de Angola, que é também núcleo de disseminação cultural e escola alternativa. O responsável pelo projeto é o professor e pesquisador Gilson Reis, funcionário do Arquivo Público Estadual. Ele viveu na Europa, passando temporadas em Portugal, na Espanha, na Itália. Acompanhou bem sucedidas experiências de recuperação de drogados, de transformação de áreas problema em comunidades normais. Gilson faz pertinentes observações sobre os equívocos cometidos na repressão ao trafico de drogas, e à criminalização  que se mostra ineficaz. E aponta como bons modelos para o Brasil, atitudes há algum tempo adotadas em países europeus em relação às drogas, que aqui precisam ser discutidas e testadas.  A repressão pura e simples, apenas acumula insucessos.

O LIVRO DE VINÍCIUS LIGIANUS

O LIVRO DE VINÍCIUS LIGIANUS
Pode ser encontrado nas livrarias de Aracaju, o livro Vinícius Ligianus – A face poética de Antônio de Freitas Machado. É  publicação primorosamente bem cuidada da editora alagoana,  Viva Livraria e Editora.
Vinícius Ligianus é pseudônimo, ou, mais adequadamente talvez, à moda de Pessoa,  um heterônimo  do cidadão Antônio de Freitas Machado. E que cidadão o livro vai revelando no percurso das suas páginas !
É no cenário  das beiradas do São Francisco que ele viveu. Um pão-açucarense, isto é, natural da alagoana cidade de Pão de Açucar, de onde, aliás, nos chegaram a Aracaju, tantos açucarenses ilustres  que, aqui, bem se aclimataram,  muito bem nos fizeram, e nos continuam  fazendo.
Antônio Machado, ou Ligianus, foi poeta, prosador, educador, engenheiro incompleto, que fez a engenharia intelectual maior de compreender o seu tempo. Matuto, tornou-se abrangente cosmopolita, telúrico,  desde o sertão molhado de rio, enxergou, do seu canto, a dimensão do mundo, transitando da Grécia antiga, às questões filosóficas e políticas contemporâneas. Foi patriota exaltado quando, por aqui  bem junto, troaram mortíferos os engenhos de guerra do nazismo.
 No livro, Antonio de Freitas Machado é autor, e também  personagem que surge nos traços tão bem pincelados da sua fascinante existência.

O escritor e biografado é pai do desembargador aposentado Netônio Bezerra Machado, aquele a quem aqui, sempre dessa forma nos referimos: Juiz, exemplar Juiz. 

A PROCURADORA EUNICE DANTAS

A  PROCURADORA EUNICE DANTAS

O  que fazem procuradores e juízes federais em Sergipe é algo em escala bem menor, todavia, proporcionalmente comparável à Operação Lava Jato. Trata-se de uma ação institucional,   um procedimento  de equipe, mas é válido ressaltar, no desenrolar dos fatos, a presença da procuradora Eunice Dantas. Sendo sergipana, aqui tendo vivido e aqui tendo suas relações de família e de amizades, aqueles laços característicos da vivência em um determinado local, involuntariamente, poderiam inibir ou influir em procedimentos. Mas a procuradora Eunice Dantas, sem perda da sergipanidade, soube distanciar-se das circunstancias envolventes, e age com a  isenção de quem está   imbuída do dever a ser cumprido. Seriam os  ¨ossos  do oficio¨, que ela transforma, com simplicidade e  ausência de afetação, numa espécie de trajeto natural a ser tranquilamente  percorrido. Livre daqueles óbices das  sergipaníssimas  circunstancias.

O ESTILO CARCARÁ EM FOCO

 O ESTILO CARCARÁ EM FOCO
Estão na Internet algumas cenas do enterro simbólico  do governador Marcelo Déda, encenado pelo Sintese e pela deputada Ana Lúcia. Numa das placas exibidas por um dos ¨ coveiros ¨ , a inscrição: ¨ Do governo Marcelo Déda , só os vermes haverão de lembrar. ¨
Fotos mostram a deputada Ana Lúcia quase junto  à placa com a impiedosa,  desumana e repugnante inscrição.
 No dia em que ocorreu o  ¨enterro ¨,  Deda estava entre a vida e a morte no hospital Sírio – Libanês. Disso, todos os  sergipanos tinham conhecimento, mais ainda, deveria saber a deputada Ana Lúcia, ex- Secretária de Estado no governo de Deda, ex-Secretária Municipal, de Deda, Prefeito de Aracaju.

O estilo carcará a que aludimos, é tão odiento quanto incoerente. Tendo sido parte integrante do governo, a deputada Ana Lúcia não teria lembrado que,  daquele cruel legado aos vermes, ela também  seria  prato  a ser servido no sinistro banquete.

O TEMPLO ETÍLICO DE SONHOS E DESAFIOS

O TEMPLO ETÍLICO DE
SONHOS E DESAFIOS
Mário Britto, faz nova incursão pela arte sergipana e pelos  sergipanos que a fazem ou fizeram. Trata, dessa vez, de Jenner Augusto e dos traços de modernismo que ele gravou nos painéis precursores de um local que surgia, e onde,   nos tempos em que o poder tinha a carantonha feia do ódio e da perseguição, haveria um espaço de descontração, desafio e sonho. Era o Cacique Chá, abrigando a intelectualidade  sergipana, teimando em sobreviver, sonhando, desafiando, ou calando em surdo protesto de ironia e riso interiores.

Sobre aquele tempo, e uma   mesa do Cacique, Mário Britto, entre outros depoimentos, incluiu o de João Augusto Gama. O ex-prefeito de Aracaju, hoje Secretário da Administração e Planejamento, fez um texto enxuto e abrangente, aquela arte de escrita que Graciliano Ramos sugere com maestria, e Gama adotou, para elaborar em detalhes precisos e sentimento forte  a memória de um cenário de  fruição descontraída da vida, onde ele, quase  adolescente, convivendo com adultos, tentavam, todos, manter o riso e a capacidade de pensar, sob a vigilância de um regime severo,  com ojeriza e raiva dos que ousavam ser livres.