E A BABA DE BOLSONARO
Aquela cusparada do deputado Jean Willis dirigida à cara do
deputado Bolsonaro, foi mais uma
insensatez cometida naquele domingo
tumultuado, que nos fez vergonha, quando se tomava uma decisão hoje
absolutamente necessária para o país: o afastamento da presidente Dilma .
Antes do cuspe já acontecera o escorrer criminoso da baba
repugnante do deputado odiento.
Sem que se queira justificar o cuspe disparado pelo deputado
defensor de minorias discriminadas, há, todavia, que se fazer uma diferenciação
fundamental entre o cuspe de um, e o
expelir da baba do outro.
Saliva e cuspe se confundem. O ato de cuspir é exatamente o
expelir da saliva. Tanto um como outro fazem parte da fisiologia humana. ¨ Gastar saliva ¨
pode ser sinônimo de diálogo , também da
enganação, bem ou mal sucedida. Dizem as pessoas: ¨gastei saliva para nada ¨,
¨gastei muita saliva, mas conseguí ¨, ¨ caiu na saliva ¨. Enfim, a saliva vai além do cuspe e da boca,
quanto , por exemplo, se misturam salivas no êxtase
eletrizante de um longo e profundo beijo. Derrama-se saliva em variados atos de
amor, mas ninguém imagina cuspir em quem se ama.
Claro, o cuspe de Jean Willis foi manifestação deseducada e
grosseira de nojo e repúdio aos desatinos do deputado Bolsonaro. Deve ter sido o primeiro gesto dessa natureza
registrado no Parlamento brasileiro. Aconteceu de tudo naquele domingo de tantas
calhordices e palhaçadas, das quais,
Tiririca, palhaço profissional ( os
outros são deploráveis imitadores ) foi um dos poucos anão participar. Antes de
cuspir, Jean Willis teria ouvido a
estúpida ofensa de Bolsonaro: ¨Vá viado, vá votar na sapatona¨.
Baixarias
desconsideradas, é preciso, todavia, refletir sobre a imensidão do ódio
contido na baba maléfica do ex-capitão. Numa sessão grave do Parlamento, no dia
em que se decidia sobre a admissão de um processo de afastamento da presidente,
prova difícil para a nossa democracia,
num instante assim, um parlamentar faz a apologia da força, da ditadura, do
crime, da desumanidade, da covardia
abjeta da tortura exercida contra prisioneiros políticos, que apenas
reivindicavam o direito de pensar e agir com liberdade. Bolsonaro homenageou o coronel Brilhante
Ulstra, aquele que aviltou , manchou a farda, assassinando, com requintes de
crueldade, prisioneiros políticos subjugados. Bolsonaro disse que Ulstra era o ¨terror da
Dilma¨. Talvez pela ¨coragem ¨que teve de pendurar num pau de
arara uma jovem estudante, e enfiar na sua genitália um fio elétrico. Eleita presidente, num regime democrático,
aquela jovemnão vingou-se de Brilhante Ulstra, porque vivemos num Estado de
Direito, onde prevalecem a lei, a vigência dos Direitos Humanos, as garantias
constitucionais, e onde a nenhuma autoridade constituída é permitido o ato de
vingança. É esse Estado de Direito, são essas garantias constitucionais, os
direitos humanos, a dignidade da pessoa, que foram afrontados no momento em que
um degenerado como Bolsonaro, elogiou um
réprobo, que um dia teve o privilégio de usar farda, e com
ela praticar ignomínias cruéis
que arrepiariam a pele pouco sensível de
bandidos comuns.
A baba de Bolsonaro escorre nojentamente pelo país, e é
preciso combatê-la.