UM CHEIRO DE ESPANHA NO AR
Quem conhece a história da Espanha,
particularmente daquele período que
antecedeu o estourar da guerra civil, em 1936, deve andar preocupado, sentindo
por aqui aquele mesmo cheiro repugnante da politica quando se desencaminha pela estupidez do ódio e da irracionalidade.
Antes que a Guerra Civil espanhola
começasse, e em quatro anos ceifasse
mais de um milhão de vidas, esquerda e direita enfrentavam-se nas ruas com
a mesma fúria desatinada como agem entre nós essas gangs que a sí mesmas dão o
nome de torcidas organizadas.
Foi-se o tempo em que a violencia era apenas
dessas gangs, que existem apenas enquanto a elas as instituições concederem a
benevolencia da tolerancia. Agora a
coisa é mais grave, muito mais preocupante. Já andam pelas ruas, nas redes
sociais, em atos de descontrole
emocional, até em igrejas, a pedir
intervenção militar, ditadura. Um Aécio Neves, que se tornou presa das suas
ambições particulares, junta a sí um bloco insensato e aventureiro, e quer
assumir a presidencia porque foi o segundo colocado na eleição, da qual espera ver retirada, num golpe
inicialmente judicial, a chapa Dilma- Temer.
Imaginaria o trêfego e irresponsável
Aécio que as forças armadas brasileiras iriam desempenhar o papel de capitães
do mato, para servirem a um egoista, vaidoso e ressentido ?
Convenhamos, a Dilma é realmente um
desastre de inabilidade . A presidente é
politicamente inapetente e administrativamente jejuna , e mais ainda teimosa,
cabeça dura. Até agora, contudo, não ha
qualquer evidencia de que ela seja
corrupta, dilapidadora dos cofres públicos. A pressão social já a
colocou em movimento. E Dilma começou a
ter boas iniciativas no sentido de amenizar e vencer a crise, em parte criada
por ela mesma, e em parte bem maior,
pelas circunstancias do cabaré de
especulação financeira em que se transformou o mundo. Em pouco mais de um
mes as bolsas chinesas viram sumir pelo
ralo mais de dois trilhões de dólares. Essa fluidez gigantesca de uma riqueza
representada por papeis, é uma das características da irresponsabilidade completa que tomou conta
dos mercados com a globalização e o neoliberalismo, tudo traduzido na carta
branca concedida, para que, em função do lucro, nada seja proibido. E a
mídia, toda ela, nacional e estrangeira se coloca a serviço desse cabaré sem
dono. Todas as advertencias feitas por
gente responsável, inclusive, por gente graúda do proprio mercado, tambem por
Obama e outros líderes mundiais, têm sido ignoradas, e a farra continua, até
que se chegue a uma desastrosa encruzilhada fatal.
Com relação à China, só loucos ou economistas poderiam acreditar que seria possivel manter,
indefinidamente, um crescimento do PIB em cifras superiores a dez por cento ao
ano.
A crise brasileira é grave, suas causas são internas, e agora, mais do que nunca, tambem externas. O momento é delicado, envolve uma
gama insuspeitada de riscos. Manda, o bom senso, que busquemos a sensatez, o
equilibro, que nos refugiemos na criatividade e no esforço coletivo e
individual para a busca de caminos novos e a superação da crise.
Mas a a marcha da insensatez prossegue.
Políticos estão enxergando somente o
prório umbigo, Ninguem discute o Brasil, ninguem analisa as consequencias das ambições desenfreadas. O país está sendo levado para a mesquinhez, quando
se faz necessária uma visão de grandeza. Há ódio, preconceitos antigos agora
exacerbados e soltos, há um sentimento maléfico de revanche, ( contra o
que ? ) quando se deveria buscar o entendimento, a conciliação.
Necssitamos de um pacto, de uma frente ampla em favor do Brasil, e só
assistimos a fragmentação gerada pela
diversidade de interesses que atropelam o interesse público, o projeto
nacional.
Para um melhor entendimento da crise
e dos desvarios do mercado financeiro recomendamos a leitura do livro CRASH, de
Alexandre Versignassi, Editora Leya.
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