segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O DUO DE POESIA E TEATRO


Sobre o poeta Hunald Alencar não há mais nada a dizer, ou, para que se diga, seria indispensável ir bem além dos críticos que só, merecidamente, o homenageiam. Hunald é poeta, sergipana e brasileiramente consagrado; e o seria também, pelo mundo à fora, se a sua poesia houvesse sido traduzida, embora se perca a maior parte da poética quando os versos mudam de língua.
Mas agora Hunald nos surpreende com a publicação do livro DUO para poesia e teatro. Revelou-se após o ator, o diretor, também o teatrólogo. Surge a Trilogia Sergipana.  São peças em um ato. Castrum, Itanhy e Cárcere do Outono, monólogo em um ato, que é prosa e mais ainda poesia.
Há algo de Shakespeare, perpassando ou pairando sobre o teatro hunaldiano. O poeta também parece por as pessoas a levitar. A jovem Simone Barreto Dativo a quem ele ofereceu o poema Realeza, encantada com a gentileza do poeta, com a fulgurância da sua poesia, diz que agora flutua no éter inconsútil e imponderável das Musas. 

A TERCEIRA ONDA DO PETRÓLEO


A primeira onda do petróleo em Sergipe ocorreu em 1963, quando o primeiro poço em Carmópolis começou a jorrar.  Depois, vieram tantos outros, fazendo de Sergipe o segundo produtor de óleo do país. Em 1968 aconteceu a segunda onda, com a descoberta de grandes jazidas de óleo e gás no mar, bem em frente à Atalaia.  Exatamente agora, acontece a terceira onda, desta vez, com as jazidas bem distantes, em águas profundas. Três plataformas já estão operando na área de Piranema. Nos próximos dias equipamentos da empresa petroleira de Eike Batista começarão a chegar. A terceira onda promete. 

RESPEITO AO INVÉS DE PAULADAS


O desembargador aposentado Pascoal Nabuco solidariza-se com Joubert Uchoa, e o faz, consciente de que o criador da UNIT construiu uma Universidade que mudou os rumos do ensino superior em Sergipe, e ainda mais, Uchoa tornou-se um mecenas, ao apoiar as melhores iniciativas culturais, a criar bibliotecas, memoriais, arquivos, a valorizar a cultura sergipana. Pessoas assim, diz o desembargador Pascoal, deveriam merecer homenagens, reconhecimento, até como forma de estímulo para que prossigam no mesmo caminho. 

A HOMENAGEM QUE NÃO SE FEZ


Em 1970, ano da morte de Dom José Vicente Távora, o prefeito de Aracaju José Aloísio de Campos  enviou projeto à Câmara de Vereadores dando o nome do Arcebispo à Avenida Beira Mar, naquele trecho  que vai da confluência com a rua Campo do Brito até a ponte Juscelino Kubitscheck. Os vereadores estavam dispostos a aprovar, mas a homenagem nunca se concretizou. Houve pressão da Sexta Região Militar em Salvador, e o comandante do 28 BC conversou com os vereadores. A homenagem foi esquecida. Dom Távora, mesmo depois de morto, era tratado como um perigoso subversivo.
Memórias de um tempo triste..... 

UM ERRO: NÃO FOI JACKSON DO PANDEIRO


A propósito de matéria aqui publicada sobre o livro de Pedro Morais, Lampião o Mata Sete, o sempre atento amigo Ribeiro, telefona para fazer uma correção. A música o Mata Sete nunca foi interpretada por Jackson do Pandeiro.  O grupo nordestino de Campina Grande Zito e Seus Cabras da Peste foi o único responsável pelo sucesso que há mais de trinta anos aquela música alcançou.
 
 

A PROPÓSITO DE PAVÕES E DE SERPENTES


Há num recanto sertanejo de Sergipe um vistoso trio de pavões, aquelas aves coloridas, extremamente vaidosas, em estado permanente de exibição narcisista. Olhando os bichos  fazendo círculos com as penas do rabo estendidas em forma de leque,  uma pessoa que estava a contemplar o espetáculo de pavoneante  ostentação, perguntou a outra:  qual o  apelido que devo botar nesses bichos tão exibidos ?
E ouviu a resposta imediata: Almeida Lima.
Desde então, a todos os que chegam a visitar o sítio, quando aparecem os pavões é feita a mesma pergunta: Com quem se parecem esses bichos?
E a resposta é sempre a mesma: Almeida Lima.
Os que enxergam similitudes entre o vaidoso balé revoluteante dos emplumados pavões presunçosos e a pose arrogante do ex- senador Almeida Lima terão de render-se a uma nova realidade. Ele está tentando ser mais coruja. Aquela ave, que parece viver em estado contemplativo, é, entre nós, o símbolo da sabedoria, e o ex-senador encoruja-se, sem abandonar, todavia, o estilo do pavão belicoso. Enquanto agride, busca também um incipiente filosofar.
Depois de muito contemplar-se no espelho, (às vezes, adverte Umberto Eco, a imagem no espelho pode ser uma simples ilusão ou experiência alucinatória) depois de muito remexer gavetas onde guarda fotos escolhidas, colocou uma delas encimando um escrito intitulado Oposição Sem Ódio e Sem Medo, publicado no blog do deputado Gilmar Carvalho. Cita então, o ex-senador, o poeta e pensador francês Paul Valéry, a quem chama de filósofo, dele aproveitando uma frase: Os incapazes de combater o pensamento combatem o pensador.
Não demora, o ex-senador que momentaneamente troca as plumas multicoloridas e exibicionistas do pavão pelas cinzentas penas da recatada coruja, assim, dando a si mesmo o título de filósofo, vai querer botar o seu próprio rosto naquela famosa escultura de Rodin. Já imaginaram? Almeida, O Pensador, esculpido numa imensa estátua, colocada exatamente em frente à sua mansão, O Chateau D`Almeida?  A pronúncia é francesa: Chatô Dalmêdáa.
Quando associam o ex-senador ao pavão, as pessoas não fazem apenas uma junção de vaidades, há mais semelhanças. O pavão é bicho bipolar. Convencido, enxergando-se como grande celebridade, pomposamente, passa horas a exibir-se. Quem assim o vê, nem imagina do que o bicho é capaz. O pavão, exageradamente ególatra, é também odiento. Acumula rancores, vive a rezingar com a própria sombra. Não se conforma, porque a sua sombra não é também colorida, como as suas penas. O pavão é, além de tudo, um bípede emplumado cheio de complexos. Embora o seu gênio antissocial seja pouco conhecido, aparecendo mais o face vaidosa, é ave de péssimo caráter. Não tolera ao seu lado nenhum outro bicho, todos são seus inimigos, ataca até aqueles da sua própria espécie. Mas guarda um lado manhoso, disfarça, às vezes consegue até ocultar os distúrbios, (seriam psíquicos?) que tanto o tornam inquieto. No silêncio calmo da noite o pavão costuma despertar soltando grasnidos terríveis. Deve ser vítima, também, de infernais pesadelos. Haveria analistas para pavões?
Esqueçamos o pavão, que entra nesta estória apenas como figurante da fábula, sempre próxima à realidade da vida.  Voltemos ao ex-senador. Houve uma inexpressiva nota publicada nesta página no último domingo, que repercutiu muito na mídia sergipana.
Reproduzimos a nota intitulada Uma Denúncia que Vai Render que motivou os costumeiros impropérios de Almeida Lima: Há um ex-assessor do ex-senador e agora deputado federal Almeida Lima dizendo ter como provar que ele tinha conhecimento de que, um seu auxiliar de confiança, guardava os cartões bancários dos seus assessores, e deles retirava, em alguns casos, até oitenta por cento dos salários. Garante o assessor que vai levar o caso à Comissão de Ética da Câmara Federal.
Só isso, nada mais do que isso.
O ex-senador sentiu-se ofendido, desatou a fazer acusações, xingamentos, agressões, grosserias deselegantes.  A sua especialidade.
Não precisaria tanto. Defensor da ética, da transparência, implacável inimigo da corrupção, a ele bastaria esclarecer, desfazer as suspeitas, simplesmente mandando que todos os seus assessores nos tempos de senador, solicitassem, ao banco onde tinham contas, os seus extratos. Pela movimentação deles, se verificaria, com facilidade, se houve ou não a invasão de uma mão esperta nos salários dos servidores.
Falamos e muito, em pavões, até em corujas, mas há que lembrar também de ofídios. No mesmo Paul Valéry, autor citado pelo pavão, desculpem-nos, Almeida Lima, vamos encontrar, em Monólogos, algo sobre serpentes.
Transcrevemos: A serpente come a própria cauda. Mas é só depois de um longo tempo de mastigação que ela reconhece no que ela devora, o gosto da serpente. Ela para.....então..... Mas, ao cabo de um outro tempo, não tendo nada mais para comer, ela volve a si mesma....Chega então a ter a sua cabeça em sua goela. 

O NORDESTE PUXANDO O CRESCIMENTO


O nordeste lidera o crescimento nacional, fechando este ano o PIB em 3,8 %, enquanto o Brasil crescerá em torno de 3, 1 %. Pernambuco puxa o crescimento do nordeste com 5, 59. Sergipe fica bem colocado, em terceiro lugar, com 4, 1 %, logo abaixo do Maranhão, que cresce 4,44 %. Essas cifras são da consultoria pernambucana Datamétrica. Seguem-se, pela ordem de crescimento do PIB, o Piauí em quarto lugar com 4,05 por cento, o Ceará em quinto com 4 por cento, Alagoas fica em sexto com 3,77 por cento, o Rio Grande do Norte em sétimo, crescendo 3,46 por cento,  Paraíba  em oitavo com 3,57 por cento. Em último lugar, a Bahia, com 3,13%.
Para o próximo ano a previsão da Datamétrica é de que Pernambuco continua liderando o crescimento nordestino, saltando para 5,93. Sergipe acelera um pouco mais chegando a 4,11, mas permanece em terceiro lugar. O Maranhão fica em segundo, com 4,13, o Ceará em quarto com 4,10. A Bahia salta da nona e ultima posição para a quinta, com 4,05, Piauí fica em sexto com 3,65, o Rio Grande do Norte, em sétimo, com 3,53,  Paraíba e Alagoas empatam no último lugar com 3,50.  No próximo ano, segundo a Datamétrica, o Brasil deverá ter um crescimento do PIB da ordem de 3,5 %, enquanto o nordeste continuará liderando com 4,10. Além de Pernambuco só mais dois estados continuarão crescendo com média acima da região: Maranhão, com 4,13 e Sergipe com 4, 11 %.

A DANÇA CIVILIZATÓRIA DE LÚ SPPINELI


Em 1971, Aracaju era aquela doce província tão exaltada por escritores que declaravam reiteradamente seu amor à cidade. Mas a cidade, a província sergipana, não era, na realidade, tão adocicada assim. Vivíamos, naquele tempo, o período mais repressivo da ditadura, além disso, eram enormes os preconceitos, as desconfianças com que as pessoas , digamos, sérias, olhavam para quem destoava  do figurino estabelecido. Naquele  ano chegou a Aracaju, vinda de Salvador, uma jovem radiosamente sensual, e que também era bailarina.   Regina Lúcia Matos Spineli, que logo ficou sendo carinhosamente Lú Spineli. Ela tinha um projeto ousado: queria instalar uma escola de dança em Aracaju. Naquela época se homem dançava balé, inapelavelmente era viado e mulher recatada não poderia estar exibindo o corpo. Afinal, estávamos numa fase em que artista era olhado quase com a mesma desconfiança do tempo em que havia uma carteira de identidade única para atrizes e prostitutas.
Quarenta anos se passaram. A Studio Danças que Lú Spineli criou,  é uma referencia de seriedade e competência no ensino  da dança. E Lú, batalhadora cultural que tem presença forte no processo civilizatório sergipano, fez uma festa à altura do acontecimento, a grande festa do balé em Aracaju, no lotado Teatro Tobias Barreto. De Nova Iorque vieram Clyde Morgan e Laís Morgan; da Bahia Marcelo Moacir Ramos e  Fred Salim, da Fundação Cultural da Bahia,  e Dulce Aquino pró-reitora de extensão da UFBa.
Lú dedicou o espetáculo dos 40 anos a Barrinhos, Lessa e Eurico Luiz, artistas que já se foram, e homenageou os saudosos intelectuais e homens públicos Antonio Garcia  Filho e João Cardoso  Nascimento. 

COM O RABO ENTRE AS PERNAS


Como um cachorro acuado e fugitivo, é assim que o império norte-americano tem saído de todas as guerras, desde a retomada da ofensiva após o revés e quase derrota em dezembro de 1944, naquela que seria a ultima carga contra os fustigados e exaustos exércitos alemães. Depois, em agosto de 45, veio a vitória sobre o Japão, apressada com a covardia genocida das duas bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasáki.  A partir daí é só corrida com o rabo entre as pernas e o disfarce enganador de missão cumprida. Foi assim na Coreia, no Vietnam, na Somália, agora no Iraque, em seguida será a vez do Afeganistão.
Depois de matarem entre 300 a 500 mil civis iraquianos, terem 5 mil mortos, mais de 30 mil feridos, sem contar os mercenários, torrarem dois trilhões de dólares, os americanos enrolam a bandeira e vão embora. Deixam para trás um país arrasado e milhares de combatentes prontos a se transformar em homens bomba.
Vejamos o que escreveu em 2003, no livro Sonhando a Guerra, sobre a invasão do Iraque, Gore Vidal, o grande escritor, cronista mordaz e cáustico das antecâmaras do império: O fato de que quase todo o mundo se opõe à nossa guerra parece apenas fazer corar rapidamente as bochechas de Bush Pai, do Grupo Carlyle, Bush Filho da Harken, Dick Cheney da Halliburton, Condolezza Rice da Chevron- Texaco, Rumsfeld da Occidental, Gale Norton da BP Amoco. Se algum dia houve um governo que deveria se retirar das questões relativas à energia, é o atual. Mas eles não são nada iguais aos demais governos da nossa história. Seus corações estão despojadamente noutro lugar, ganhando dinheiro, longe dos nossos templos romanos de imitação, onde, enfim, ficamos somente com suas cabeças, sonhando com a guerra, preferivelmente contra estados periféricos mais fracos. 

UM CANAL QUE VEM DE LONGE (FINAL)

Uma obra como o Canal de Xingó estimada em 2 bilhões e meio de reais  que interessa muito mais a Sergipe do que a Bahia, não será um projeto fácil. Em Alagoas a obra do Canal do Sertão começou há muito tempo e sofreu sucessivas interrupções. Foi paralisada por mais de cinco anos. Havia um deputado federal, Alberico Cordeiro, que lutava muito pelo canal alagoano, clamava aos céus e terras, pedindo que a obra fosse retomada, isso, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.  Mas o canal não saia do lugar. Os investimentos feitos pareciam definitivamente desperdiçados. Só no segundo governo de Lula o Canal do Sertão foi reiniciado. Agora, as obras andam bem adiantadas, poderão ficar concluídas no segundo semestre de 2012.  Alberico Cordeiro não verá pronta a obra pela qual tanto lutou e sonhou. Ele morreu num acidente automobilístico em 2010. Para que se tenha uma ideia da morosidade do canal, quando o presidente Collor em 1991 foi reiniciar as obras da Hidrelétrica de Xingó, também paralisadas, Alberico Cordeiro contratou um pequeno avião que sobrevoou o local da solenidade.  Rebocava uma faixa onde se lia: Canal do Sertão. Tal como o sergipano Canal de Xingó, o alagoano é visto como a redenção do semiárido, a definitiva viabilização da bacia leiteira de Batalha, hoje superada pela bacia leiteira sertaneja de Sergipe, que, igualmente, tem no Canal de Xingó a esperança de continuar ampliando a produção. E produção é o que haverá, e muito, em todo o semiárido de Sergipe, quando estiver pronta a obra cuja ideia vem de longe, já anda, quase, pela casa dos 25 anos.
Há muita incredulidade em relação à concretização do projeto, que é caro e também complexo. O Brasil não tem uma consistente tradição de capacidade para fazer canais, ferrovias, boas salsichas e lâminas de barbear eficientes.
Por falar nisso, o canal que fará o transporte de águas do São Francisco para estados nordestinos, anda com suas obras emperradas. Temos os maiores rios do mundo, e somos carentes de hidrovias; só três ou quatro funcionam a contento em todo o país. Em Sergipe temos  quatro grandes estuários dos rios São Francisco, Sergipe, Vasa Barris,  Piauí-Piauitinga, e um menor, o do Japaratuba. Na década de trinta imaginou-se interligar o rio Sergipe, com o Vasa Barris, pelo canal de Santa Maria; e  o Sergipe com o Japaratuba, através do canal  Pomonga.  Os dois ficaram concluídos, barcos navegavam pelo bairro Santa Maria, transportando quase sempre cargas de coco. Pelo canal do Pomonga navegava-se do rio Sergipe até Pirambu, passando por pequenas povoações, como o Touro, a Andreza, onde plantadores de coco deixavam suas safras para embarcá-las. O canal Santa Maria está agora inteiramente soterrado, o do Pomonga permite apenas precária navegação entre as folhagens dos mangues, até as proximidades da ponte na estrada que liga a BR-101 ao Terminal Marítimo da Vale.
No final dos anos 20, Graccho Cardoso, sempre arquitetando obras, tinha a ideia de construir um canal que seria também hidrovia, saindo do São Francisco, chegando até a Boca da Mata, atual Nossa Senhora da Glória. Pensava em barrar na foz o Capivara, inexpressivo filete de água que desaparece no verão.  A notícia saiu em jornais, ressaltando a importância do canal para o transporte da produção agrícola. A ideia não saiu do papel, ou das cabeças.
Sergipe não é exceção num país que somente agora começa a valorizar o transporte hidroviário. Vamos ter muita dificuldade para inaugurar a primeira etapa do Canal de Xingó, de Paulo Afonso a Canindé, depois, a segunda, mais de cem quilômetros à frente. E ele é apenas um modesto canal para irrigação e abastecimento de algumas cidades. Dissemos modesto, porque, em 1681, isso mesmo, há 320 anos, o Primeiro Ministro Colbert, do jovem Luís XIV, convencido por um visionário, Pierre Paul de Riquet, inaugurava um canal imenso, comprido e largo o suficiente para permitir a navegação dos maiores barcos da época. Tinha 162 milhas, cerca de 300 quilômetros, em alguns pontos chegava a uma altura de 250 metros acima do nível do mar, e foram feitas eclusas para elevar e baixar os barcos. Doze mil homens trabalharam na construção. Não é preciso dizer que tudo era feito com a força de músculos dos homens e dos animais de carga. O canal do tempo do Rei Sol é o Languedoc, ligando os rios Garone, próximo ao seu estuário no Mediterrâneo, ao Ródano, que desemboca na baia de Biscaia, já no oceano Atlântico. Ficou pronto em menos tempo do que o Canal do Sertão, nas Alagoas.   Pelo Languedoc, até hoje, navegam barcos atravessando a França de norte a sul.
Temos no Brasil apenas a memória recente de um bem sucedido caso de construção rápida de canal.  Aconteceu no Ceará, onde Ciro Gomes quando governador conseguiu construir em cem dias, os cem quilômetros do Canal do Trabalhador, levando água de um açude para reforçar o abastecimento de Fortaleza.
 O Canal de Xingó não é obra para um só mandato. Ele atravessará o tempo que resta a Déda e talvez os quatro anos do próximo governador. Isso, na melhor das hipóteses. Se o Brasil continuar crescendo, se a crise que ameaça tragar o mundo não nos levar de roldão, se os recursos federais forem liberados no tempo certo, se a vontade política em Brasília permanecer a mesma.
Se Déda teve trabalho para retirar das gavetas ministeriais o adormecido projeto, se Déda foi bem sucedido ao mostrar à rigorosa presidente Dilma a importância da obra que ela encampou como uma de suas prioridades, se ele conseguiu tudo isso, poder-se-á dizer, contudo,  recorrendo àquela metáfora futebolística tão apreciada pelo ex-presidente Lula, que  ainda não passamos do jogo preliminar. O principal ainda deverá ser iniciado, e nele, o governador Marcelo Déda deverá exibir a boa e múltipla performance de goleiro,  zagueiro, meio campo e atacante. O esforço será válido, porque hoje, o Canal de Xingó é, indubitavelmente, a mais importante obra pública do governo federal a ser realizada em Sergipe. 

sábado, 10 de dezembro de 2011

LAMPIÃO O MATA SETE UM LIVRO QUE VAI VENDER



Quando escreveu Lampião o Mata Sete o juiz aposentado Pedro de Morais Silva talvez nem imaginasse que teria de providenciar diversas edições. Mas é isso o que vai acontecer quando o livro for liberado para circular livremente, como devem aliás circular todos os livros. Se imaginava vender quinhentos ou mil livros, como quase todos os que são publicados em Sergipe, Pedro Morais pode agora ter a expectativa de transformar-se em autor de um best-seller. A curiosidade despertada em torno de Lampião o Mata Sete ultrapassa Sergipe, e é agora motivo de acirrada polemica entre os lampionólogos. O livro é polemico, sem duvidas, e isso justamente o fará disputado nas livrarias. Lampião o Mata Sete, é bem escrito, fruto de amiudadas pesquisas, também de interpretações pessoais do autor, interessadíssimo em desfazer a imagem para ele absolutamente inverídica de Lampião, tratado insistentemente com adjetivos nada complacentes. Embora não se possa concordar com afirmações como a de que Lampião ganhou a imagem de vingador social forjada pela esquerda derrotada pelo golpe de 64, que ele chama de ¨contra-revolução¨ , o livro é um trabalho intelectual levado ao extremo de um radicalismo exacerbado e até temerário, e, por esse ângulo, deve ser interpretado. Mas que vai vender, sem duvidas vai.

LAURO ANTONIO E OS LABIRINTOS DO SENADO



O Laurinho da Bonfim ficou em Sergipe. Lá, em Brasília, no Senado Federal, os seus pares o chamam Lauro Antônio. E o Lauro Antônio tem sabido movimentar-se, desenvolto, pelos labirintos intrincados de uma Casa que, desde a Roma antiga, vem sendo a mais vistosa configuração do poder. Como o poder sempre guarda algo de maquiavélico, quem o alcança tem de portar-se com a sabedoria dos filósofos e a esperteza de felinos. Desde Roma, circulam pelo ¨Senatus¨, originalmente Casa da senectude, as páginas mais emblemáticas da vida dos povos, onde se incluem, punhais, traições, lealdade, coerência, coragem, fraqueza, glorias e desastres, tudo o que faz o mundo da política e a transforma em História. Não é fácil para quem sai da vida empresarial ingressar nesse cobiçado mundo novo. Laurinho, o primeiro suplente do senador Eduardo Amorim, que passará quatro meses como titular, tem, nessa estreia, se mostrado competente. Articula-se, faz amizades, aproxima-se dos nomes mais influentes entre os senadores. Almoçou, quarta-feira última com o senador, ex-governador do Paraná, Roberto Requião. Requião tem raízes sergipanas, um avô laranjeirense. Sabendo que Laurinho inaugurou, há pouco tempo, uma destilaria de boa cachaça, foi buscar uma bem guardada garrafa que já ultrapassava um século. Em homenagem ao senador estreante, Requião lhe fez um brinde com a centenária bebida. Laurinho quer beneficiar-se dessa facilidade de transito entre os senadores para marcar a sua passagem pelo Senado com boas iniciativas, tendo Sergipe como foco.

JACKSON, O ARAUTO DE DÉDA NO SERTÃO



Na terça – feira, dia 6, o vice governador Jackson Barreto fez um périplo cansativo pelo sertão sob sol intenso e calor beirando os quarenta graus. Foi levar, em nome do governador Marcelo Déda a boa nova do Canal de Xingó. Chegou tarde em Canindé, acordou bem cedo. Às sete da manhã já estava na Xingó – FM, fazendo link com o programa de Messias Carvalho, falando, do sertão, para o estado todo. Depois, foi a Poço Redondo, levou técnicos que vistoriaram as barragens desativadas Chapeu de Couro e Bate Lata. As duas serão recuperadas. Por volta das doze horas estava na Escola Dom Jose Brandão de Castro, representando o governador Marcelo Déda, ao lado do frei Enoque e do reitor do IFS, professor Milton, participando do ato de nascimento do campus do Instituto Federal no sertão . Depois, foi a Nossa Senhora da Glória. Na Rádio Xodó foi entrevistado pelo radialista Anselmo Tavares. Retornou a Canindé, almoçou rapidamente na fazenda Santo Antônio, cercado por mais de quarenta pessoas, e seguiu para Santa Brígida, no sertão baiano. Queria ver o barramento do Curituba, riacho intermitente que ali acumula água, um processo que poderá ser repetido em vários locais ao longo do rio no município de Canindé. Jackson passou o dia discutindo soluções hídricas para o semiárido, que serão incluídas no projeto do governo federal Agua para Todos, e também utilizando os dezesseis milhões de reais que o ministro do interior, Fernando Bezerra, liberou para projetos naquela região. Jackson esteve sempre acompanhado pelo pastor Mardoqueu, presidente da Cohidro, que conhece o sertão e está agilizando a atuação da emperrada empresa, e do Secretário da Agricultura, Jose Macedo Sobral, um homem da região da Cotinguiba que já formou uma visão lúcida dos problemas do semiárido. O governador Marcelo Déda quer rapidez nos projetos que serão elaborados, e na execução dos que já estão prontos.

LERNER JÁ ERA



Não repercutiu bem a anunciada ida do engenheiro João Alves Filho ao Paraná em busca de ideias para montar sua plataforma de candidato a prefeito de Aracaju. Foi conversar com o ex-prefeito de Curitiba e ex-governador do Paraná, o arquiteto e engenheiro Jaime Lerner. O paranaense era consultor e projetista durante o período em que João foi prefeito de Aracaju, e no seu primeiro mandato de governador . A imagem de Lerner anda muito desgastada no Paraná, como político, e também como técnico. Suas ideias são consideradas envelhecidas, distantes das mais atualizadas visões sobre a administração de metrópoles. Acredita---se, até, que João tem, ele próprio, ideias melhores do que as de Lerner para Aracaju, até porque, Lerner está distante, lá no Paraná, e aqui, técnicos amigos de João, ou mesmo outros que não o seguem como político, poderiam ajudá-lo a fazer um elenco de projetos bem mais sintonizados com a realidade da nossa capital.

SÓ MESMO UM FREI ENOQUE



O poder é um suculento osso que ninguém quer largar. Suculento para os corruptos, que dele querem e sempre podem tirar o melhor proveito. Suculento, também, para os que o entendem como a oportunidade entusiasmante de realizar, de fazer, de construir, de por ideias em prática, de transformar sonhos em realidade. Para o Frei Enoque Salvador de Melo o poder tem sido uma suculenta oportunidade de fazer por Poço Redondo aquilo que ele vive a sonhar para todo o sertão . Chegando ao último ano do terceiro mandato, o frade inquieto, questionador, nunca satisfeito, tem cifras que certificam o sucesso do que ele intitula Caminhada da Cidadania. Poço Redondo, que exibia as piores cifras de desenvolvimento humano, melhorou consideravelmente. Agora, há uma importante conquista a comemorar. O Instituto Federal de Sergipe vai instalar em Poço Redondo o seu campus sertanejo de tecnologia, e lá, poderá funcionar, entre outros, um curso de engenharia elétrica, base para um polo de desenvolvimento da tecnologia de energias renováveis. Há, acertado com a Caixa Econômica, um financiamento de dez milhões para a modernização urbana, preparando a cidade para transformá-la num centro universitário. Já funciona um Hospital Regional de excelente qualidade. Enfim, o município vive um promissor instante, com boas perspectivas também, para a expansão da bacia leiteira que hoje ali está consolidada.
Mas o frei Enoque estará renunciando, talvez ainda este mês o mandato. Vai transferi-lo ao seu vice, amigo solidário, companheiro da Caminhada, o líder do MST Roberto Araújo. O frei curva-se ao mando da Igreja Católica à qual jurou submissão. Há uma determinação para que padres deixem o exercício da política. Não se sabe se restrita a Sergipe, ou com abrangência nacional. Poucos padres políticos irão cumprir a ordem, mas o Frei Enoque diz que em qualquer circunstancia a Igreja para ele está em primeiro lugar.
Volta a ser um missionário, mas o deixarão permanecer em Poço Redondo.
Perde-se o político exemplar. O cidadão não desaparece.

PAULO AFONSO MAIS PERTO



Deve ser inaugurado ainda este mês o trecho recuperado da estrada ligando Paulo Afonso à divisa com Sergipe, em Canindé do São Francisco; daí até Aracaju, pela Rota do Sertão, são 250 quilômetros. Aracaju fica sendo, assim, a praia mais próxima do sertão baiano. Paulo Afonso é uma cidade que hoje beira os 200 mil habitantes, e tem uma alta renda per capita. Boas perspectivas para mais turistas em Aracaju, favorecidos por uma estrada, agora em excelentes condições.

O ESTALEIRO E A PONTE



Um grupo ligado à construção naval que estudava a possibilidade de construir um estaleiro no rio Sergipe, no município de Santo Amaro, parece ter chegado à conclusão de que o projeto é impossível. Isso, por conta da ponte Construtor João Alves, ligando Aracaju à Barra dos Coqueiros. As plataformas que o estaleiro iria montar não poderiam passar por baixo da ponte.

UM ACORDO DIFICIL



O Palácio do Planalto anunciou que a Petrobras e a Vale tinham um prazo de trinta dias para levarem à presidente Dilma o texto de um acordo entre as duas empresas, tornando possível o inicio, pela Vale, do Projeto Carnalita . Já caminhamos para três meses e parece que os desacordos estão sendo maiores do que a vontade de resolvê-los. Ao que se diz, por parte da estatal do petróleo. O risco que Sergipe agora corre, é, a inclusão do Projeto Carnalita entre os que estão sendo adiados pela Vale, que até agora só cortou os projetos das siderúrgicas, para reduzir em aproximadamente três bilhões de reais os investimentos previstos para o próximo ano. Enquanto isso, um outro grupo, uma mineradora canadense, anuncia que descobriu uma enorme jazida de sais de potássio, desta vez, no município de São Cristovão, bem nas redondezas de Aracaju.

O TEOREMA DE FOUCAULT



O governador Marcelo Déda quer ser senador em 2014. Não quer perder o apoio do vice-governador Jackson Barreto, do senador Valadares e do senador Eduardo Amorim. O senador Eduardo Amorim quer ser governador em 2014. Não quer perder o apoio de Déda, de Jackson Barreto e de Valadares. Jackson Barreto quer ser governador em 2014. Não quer perder o apoio de Déda, de Valadares e de Eduardo Amorim.
Para resolver equação tão complicada quanto o Teorema de Foucault, é exigido algo mais do que a genialidade de matemáticos. Tarefa para a expertise extrema de políticos genialmente habilidosos.

UMA DENÚNCIA QUE VAI RENDER



Há um ex-assessor do ex-senador e agora deputado federal Almeida Lima, dizendo ter como provar que ele tinha conhecimento de que um seu auxiliar de confiança no gabinete do Senado, guardava os cartões bancários de quase todos os assessores, e deles retirava, em alguns casos, até oitenta por cento dos salários. Garante o ex-assessor que vai levar o caso à Comissão de Ética da Câmara.

VENÂNCIO FONSECA X UCHOA UM DESNECESSÁRIO DUELO


Errou o reitor da UNIT Joubert Uchôa quando foi a um programa de rádio acusar o deputado Venâncio Fonseca de estar fazendo politicagem, agindo de má fé, catando votos, ao acusá-lo insistentemente, de ter invadido terrenos da Prefeitura durante a construção do Campus da UNIT na Farolândia. Venâncio apenas exercita as suas atribuições como parlamentar, onde se inclui a defesa do patrimônio público. Como líder da oposição ele faz, quase diariamente, críticas e acusações ao governo. Erraria, redondamente, o líder do governo, se procurasse desqualificar o deputado, ao invés de desfazer as suas críticas, rebater as acusações feitas. Ao reitor da UNIT caberia argumentar, desconstruir racionalmente as acusações, nunca tentar desqualificar, ou ser grosseiro com quem as fez. O deputado Venâncio Fonseca tem colocado muita ênfase nas suas acusações, tem até ampliado as proporções do caso que estaria a motivar a artilharia pesada contra o reitor Uchôa. O reitor, por sua vez, ao usar o rádio tentando defender-se, colocou mais lenha numa fogueira que poderia ter sido evitada, de inicio, sem descambar para uma questão com todas as características de malquerença pessoal. Se uma parte da área do campus era pública e a Universidade a invadiu, caberia à Prefeitura verificar se efetivamente a invasão aconteceu, em seguida, adotar as medidas cabíveis para recuperar o terreno indevidamente ocupado. Se a invasão não se configura, a Prefeitura poderia sanar a divergência dando uma explicação cabal e definitiva.
Envolvida na questão fica a imagem de uma instituição respeitável, a Universidade Tiradentes. Se existe o erro, se o pedaço de um terreno pertencente ao município resultou incorporado ao campus, não é justo que se pregue na testa do professor Uchôa o rótulo indevido de grileiro. Joubert Uchôa tem uma inusitada história de vida. Pobre, sem pertencer às famílias ricas ou politicamente influentes de Sergipe, foi tecelão da fábrica Sergipe Industrial, e criou uma grande Universidade. Iniciou com um colégio primário, pagando com dificuldade o aluguel de uma casa na rua Laranjeiras. Um dia, sob ameaça de despejo pediu um prazo, pagou a dívida e transferiu o colégio para um local onde havia por perto casas de tolerância, mas o terreno, por isso mesmo, era mais barato. As casas de prostituição foram sumindo, enquanto as edificações do colégio iam sendo ampliadas. Uchôa e a esposa Amélia, recém casados, moravam numa das salas do próprio educandário. Um dia um ladrão lhes roubou as roupas e eles tiveram de viver algum tempo com as poucas vestes que sobraram, porque não podiam comprar novas. O ginásio consolidou-se, veio o segundo grau, em seguida, os cursos superiores, finalmente, a Universidade Tiradentes, a UNIT, obra portentosa de um pertinaz visionário que sempre acreditou no trinômio trabalho-criatividade-competência.
A UNIT, que se expande por outros estados, é uma obra educacional que deve orgulhar os sergipanos. Um homem que cria uma Universidade do porte da UNIT, que tem mais a favor da sua biografia a participação intensa na vida sergipana, com destaque para a área cultural, veja-se, por exemplo, o que ele fez agora com o Instituto Tobias Barreto do escritor devotado à História sergipana, Luiz Antonio Barreto; um homem assim, deve, pelo menos, ser merecedor de algum respeito, nunca, ser alvo de um processo de execração publica.

UM CANAL QUE VEM DE LONGE


Vem de longe a ideia desse Canal de Xingó que, agora, o governador Marcelo Déda começa a transformar em realidade.
Ainda na década dos oitenta, pessoas retiradas das suas terras inundadas por uma das barragens do complexo hidrelétrico de Paulo Afonso, iniciaram uma luta para que os lotes recebidos, em meio à caatinga ressequida, fossem beneficiados com um projeto de irrigação. O São Francisco não ficava longe, apenas a uns poucos quilômetros. Os que tinham sido afastados das margens do São Francisco continuavam sem nenhuma perspectiva de uma compensação, que seria a água nas suas terras. Foi então que um engenheiro italiano, Ferdinando Facenda, responsável por alguns projetos de irrigação na bacia do São Francisco interessou-se pelo caso dos assentados no chão seco, e começou a estudar um projeto de custo reduzido, sem bombeamento, com a água chegando por gravidade. Esmiuçando a topografia da região, o engenheiro verificou que poderia levar água não só até o assentamento, mas, iria bem mais longe, descendo em curvas de nível por Paulo Afonso, Santa Brígida, entrando por Canindé do São Francisco, prosseguindo por Poço Redondo, Monte Alegre, Glória, ai, ramificando-se o canal, com uma das vertentes chegando até Pinhão, Frei Paulo, e finalmente Ribeirópolis. Tratava-se de um primeiro esboço do Canal Dois Irmãos que surgia, algo portentoso, comparável à uma obra de transposição.
Era um tempo difícil de inflação descontrolada, vivíamos o governo Sarney. O canal que beneficiaria a Bahia, e em maior amplitude a Sergipe, necessitava da articulação forte entre os dois governos. Eram governadores, de Sergipe, Antonio Carlos Valadares, e da Bahia, Waldir Pires. Quem primeiro recebeu o projeto foi o então Ministro do Interior João Alves Filho. Um jornalista de Sergipe tomou conhecimento dele em Paulo Afonso, numa reunião dos assentados com o engenheiro Ferdinando . Então, solicitou uma cópia e a entregou, no aeroporto de Aracaju, ao chefe de gabinete do Ministro, o advogado e professor João Barreto. O ministro entusiasmou-se com o projeto, o governador Valadares desenvolveu gestões para que a obra começasse a andar. Mas, naquele tempo, fazer um projeto com aquelas proporções era algo quase impensável, até porque, o presidente Sarney já definira, como prioridade para a região, a ferrovia transnordestina, que consumiria boa parte do
pouco que restava nos cofres depois de pagar os juros da monumental dívida externa.
O projeto do Canal Dois Irmãos foi guardado numa gaveta, mas não saiu da memória de tanta gente que acreditava na possibilidade da obra que, se realizada, acabaria as agruras de uma das áreas mais secas do sertão baiano, alcançando mais de sessenta por cento do semiárido sergipano. Para a Bahia, com seu imenso território, o Dois Irmãos não seria obra tão estratégica, beneficiaria apenas uma área de dois municípios extremamente áridos, Paulo Afonso, e o paupérrimo Santa Brígida, mas, para Sergipe, seria obra fundamental, abrangeria quase toda a região castigada pelas estiagens. Assim, sem a parceria forte com a Bahia seria mais difícil remover os obstáculos em Brasília. Sergipe, com seu reduzido peso político, teria de lutar quase sozinho. O Canal Dois Irmãos era uma obra complexa, teria um volume de água bem maior do que a nova configuração atual, quando se transforma em Canal de Xingó. Iria perenizar rios intermitentes, teria trechos navegáveis por pequenas embarcações, isso num período em que ainda não se agravavam as condições do rio São Francisco, com suas águas que se tornam escassas, cada vez mais destinadas, apenas, à geração de energia nas imensas hidrelétricas. O Dois Irmãos se ramificaria numa rede interligada de rios e canais, e em alguns pontos exigiria também bombeamento. O projeto do Canal de Xingó é bem mais simples, mais funcional, todavia, mantendo as características básicas da ideia inicial do engenheiro Ferdinando Facenda. Mesmo assim, está orçado inicialmente em dois bilhões e quatrocentos milhões de reais. Não deve ter sido fácil para o governador Marcelo Déda retirá-lo das gavetas para colocá-lo na pauta do governo federal. A presidente Dilma Rousseff já demonstrou que o canal está incluído entre as suas prioridades, daí, certamente, a velocidade com que o ministro da Integração, Fernando Bezerra, chegou a Sergipe para liberar a primeira parcela destinada, somente, à elaboração técnica do projeto.( continua no próximo domingo)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

UM ZAGUEIRO ENFRENTANDO ROMÁRIO


O vereador  Valdir Santos garante que será difícil para  Romário e sua equipe de famosos, romperem a   barreira  de parlamentares sergipanos,  tentando um gol no jogo beneficente  que acontecerá dia  8 próximo  no Batistão.   Os vereadores Juvencio, Bertulino, também o deputado estadual capitão Samuel, estarão em campo enfrentando o time de  celebridades do qual fazem parte os deputados  federais, Romário e Popó,  o craque Washington, entre outros.

O PREFEITO EMANOEL NASCIMENTO


Edvaldo Nogueira viajou, foi passar uns dias em Nova Iorque, Sílvio Santos, o vice-prefeito, foi fazer um curso na  Espanha, então, Emanoel  Nascimento, presidente da Câmara tornou-se prefeito de Aracaju por 15 dias. Emanoel é uma grata revelação de político habilidoso e correto. Será um interino competente.  Assume a presidência da Câmara o jovem vereador Jonny Marcos. Tem as mesmas qualidades de Emanoel.

JOSUÉ NO INSTITUTO XINGÓ


O  reitor da UFS Josué  Passos Subrinho  assume agora a presidência do Instituto Xingó. Não chega na  melhor hora, isso, se estivesse pensando numa empreitada fácil. O Instituto não vai bem, e ele sabe que terá de vencer um enorme desafio. Criado pela professora Ruth  Cardoso, o Instituto reuniu, durante certo tempo, uma elite pensante acadêmica, mas,  foi perdendo apoio e decaindo.  Agora, chegou o momento de reestruturá-lo, e caberá ao professor Josué a tarefa.
 É preciso traçar estratégias para o semiárido nordestino,  e na área específica do Instituto há muitos projetos que poderão ser elaborados . Para o turismo, integrando Canindé- Piranhas e Paulo Afonso;  para o aproveitamento  do imenso lago visando a criação de peixes e pitús em cativeiro.  É preciso elaborar  uma política avançada de recursos hídricos, de geração de energias renováveis , de transformação, enfim, do semiárido numa área economicamente viável e ativa,  e a pecuária leiteira é um dos caminhos.  A caatinga que está sendo devastada, é outra área a merecer um enfoque atualizado. O Instituto Xingó poderá voltar a ser um protagonista do desenvolvimento em uma parte do sertão nordestino.