O PODEROSO CHEFÃO E O
SEU SENADOR CARA DE
ANJO
O médico Petrônio Gomes aproveitou a oportunidade de um
evento realizado na SOMESE – Sociedade Médica de Sergipe – para fazer
o lançamento público da candidatura a governador de outro médico, o
senador Amorim. A ocasião poderia não ser das mais propícias, seria lícito, também, discutir-se a conveniência ou a sensatez do envolvimento
de uma entidade de classe numa ainda distante disputa político-eleitoral, mas,
o conceituado médico é um daqueles sergipanos que estariam a sonhar com a
perspectiva de renovação política, inquieto e inconformado com a
situação vivida pelo sistema de saúde pública. Petrônio imaginaria encontrar no
médico Amorim, o político capaz
de liderar um processo de mudança,
de
promover quase uma revolução administrativa, para garantir o impecável funcionamento de
hospitais e postos de saúde da rede
estadual.
O senador Amorim é a representação física do projeto de poder
esquematizado e conduzido pelo seu irmão Edivan. Um projeto construído a partir de um pesadíssimo jogo,
que inclui expedientes e métodos não
exatamente afinados com a ideia de modernização da prática política. Seriam,
digamos assim, métodos não convencionais. algo
assemelhado às práticas mafiosas. Mas o senador tem uma face quase angelical, é
suave no trato, comedido nos gestos, bem preparado através de um inteligente
marketing, para encarnar o que poderia ser entendido como mudança e renovação.
Agora, parece ter chegado o momento decisivo, o exato instante
em que o senador terá de demonstrar que o seu rosto de anjo é, efetivamente, a real expressão visível do seu comportamento e
das suas concepções políticas, sobretudo, da responsabilidade social que deve
ser inerente a todo homem público.
Tramita na Assembleia
em meio à procrastinações e artifícios, o pedido de autorização legislativa para que o
governo do estado possa contrair empréstimo de 720 milhões de reais. Trata-se de um programa amplo de estímulo ao
crescimento econômico lançado pela presidente Dilma, o PROINVESTE. São quarenta
bilhões de reais distribuídos exatamente com os estados que demonstraram
eficiência na gestão financeira, e têm comprovada capacidade de endividamento.
Dos 17 estados, 14 já encaminharam o pedido de liberação dos recursos,
acompanhados da autorização legislativa, que rapidamente foi concedida. Sergipe, mesmo que venha ainda a tornar-se
habilitado a receber o empréstimo, já estaria num dos últimos lugares da fila, que
só anda
obedecendo a minuciosos procedimentos
burocráticos, e estes, levam alguns meses até estarem concluídos.
Entre nós, todas as
ações políticas estão coladas a um calendário eleitoral que se concluirá em
outubro de 2014. E para ele se voltam, exclusivamente, as atenções e as ações
de um grupo que vem agindo com a famélica sofreguidão das alcateias. Edivan, dono de 11 partidos, comanda o Legislativo
através da submissa presidente Angélica Guimarães, e entendeu que o empréstimo
seria prejudicial aos seus propósitos de tomada do poder. O resto, as explicações que são feitas, as
dúvidas que lançam sobre a capacidade de endividamento do estado, as exigências
de ultima hora surgidas, tudo faz parte das manobras ditadas
em consonância com a estratégia traçada por Edivan. Para
ele, que dá prosseguimento ao seu jogo
bruto de selvageria politica, e só nele acredita, pouco importa se obras fundamentais não forem realizadas, se
bem mais de meio bilhão de reais deixarem de circular, gerando empregos e beneficiando empresas;
se Sergipe perder rara oportunidade para estimular o crescimento
da sua economia.
Se os
deputados impedirem que a economia de Sergipe venha a ser irrigada com o aporte
de uma soma tão expressiva de dinheiro, cairá a máscara da maquiada cara de anjo, e o irmão de Edivan mostrará a face verdadeira de cúmplice de uma traição ao povo sergipano.
Ainda há tempo para que o senador troque o discurso eleitoreiro, afastando-- se da mediocridade, das picuinhas e dos golpes rasteiros,
para cumprir o dever inerente a todo
homem público responsável, honrando o mandato de Senador da República que lhe foi conferido
para defender os interesses de Sergipe.
É preciso que ele
afaste a obsessão de 2014, e entenda, entre outras coisas, que os 720 milhões viabilizarão o Hospital do
Câncer, para o qual destinou uma verba
que foi grande ajuda, mas, que não cobrirá nem um terço do custo da
obra. Se o empréstimo for negado, cairá
sobre o senador Amorim a
responsabilidade direta por não serem revitalizados os perímetros irrigados, Califórnia, Jabeberi, Ribeira, Dionísio Machado, e
concluído o Jacaré- Curituba. O povo de Itabaiana, sua terra, nele passará a
enxergar um inimigo disfarçado; o povo
do sertão saberá exatamente a quem dar o troco em 2014 ; os jovens de Sergipe não se conformarão, sabendo que 5 Escolas
Profissionalizantes que demandam recursos da ordem de mais de 40 milhões, não puderam ser construídas, porque os
deputados não permitiram o empréstimo, e
que todos obedeceram às ordens dos
irmãos Amorim. O povo de Sergipe, assistindo já no próximo ano, as obras que estarão em andamento na Bahia, em
Alagoas, o turismo crescendo naqueles estados, mais indústrias surgindo, e constatando que lá não houve
empecilhos para a chegada dos recursos do PROINVESTE, como
criaram aqui os deputados, neles
enxergará traidores, e na cara de anjo
do senador Amorim, apenas uma máscara de pura falsidade.
Como, depois disso, voltaria o senador e médico Amorim a colocar os pés na SOMESE e lá ser
festejado por um cidadão responsável e digno como o médico Petrônio Gomes ?