sexta-feira, 28 de outubro de 2016

NA CAMPANHA DE ARACAJU A MINIATURA DE DONALD TRUMP

A disputa eleitoral em Aracaju ficará marcada pela troca de acusações. Os problemas da nossa capital ficaram de fora. De certa forma, guardadas as devidas proporções, a renovação proposta por Valadares Filho foi algo que muito se assemelha à “renovação” prometida pelo desembestado candidato Donald Trump. A parte doentia ou fanática do eleitorado americano aderiu a ele.
 
Em Aracaju, não há nenhuma parte doentia do eleitorado. A capital sergipana sempre destacou-se pela independência e politização dos seus eleitores. Não corre o risco de deixar-se levar por modelos fabricados em dispendiosos laboratórios de marketing eleitoral.

A marquetagem do candidato Edvaldo derrapou, quando acusou o candidato Valadarezinho de ter crescido indevidamente o patrimônio pessoal , desde que se tornou deputado. O revide veio pesado e grosseiro. A campanha mergulhou num terreno movediço, onde a elegância ficou ausente.
 
Em princípio, é preciso reconhecer que nem Valadarezinho nem Valadares pai são ladrões.

Edvaldo, vindo de família pobre de Pão de Açúcar, e aqui tendo feito estudos e a carreira política, sem depender de papai, teve a grande oportunidade para roubar, se fosse desprovido de escrúpulos,  quando , por cinco anos, foi Prefeito de Aracaju.  Não roubou, não houve escândalos na sua administração. 

Jackson, que não é candidato, e também não será em 2018, apesar disso, é alvo de ataques,  de quem, faz menos de seis meses, era aliado, ocupava esperou apoio até a última hora.

Jackson também não é ladrão. Filho de bodegueiro e professora, não teve pai poderoso para fazê-lo bem sucedido na carreira política, que já se faz longa. Sergipe, como tanto repete Albano Franco, ¨é muito pequeno, e aqui todos se conhecem¨. Sabe-se quase tudo sobre a trajetória e o comportamento dos nossos homens públicos.

Partindo da premissa de que nenhum dos dois candidatos é ladrão, torna-se desprezível qualquer investida marqueteira tentando sugerir algemas para os seus pulsos.

Sabe-se de Edvaldo, ex-prefeito, que ele não roubou, e não deixou que roubassem.
 
Valadares Filho, ele, próprio, certamente também, se for eleito, não irá roubar, todavia, pelos compromissos assumidos com gente tão conhecida, e com prontuário bem visível, poderá ser induzido a ter a mesma permissividade  revelada no decorrer dessa  conturbada disputa política. Assim, existem preocupações de outra ordem.

Valadarezinho não conduziu a sua campanha como se esperaria de alguém que, pertencendo ao Partido Socialista Brasileiro, teria algum legado de civilidade política, de convicções democráticas a preservar. Sua campanha chafurdou no lôdo do radicalismo, da intolerância, e sobretudo naquela falsidade  de assumir posições que nunca teve, de negar o passado bem recente ao lado de Lula, Dilma, do PT, e ocupando, ele, o pai e seus amigos, posições importantes na República petista, que agora, por oportunismo, renegam. 

Valadarizinho tornou-se porta-voz de tudo o que é intolerância. O capitulo final da campanha, com a participação virulenta e indecente de um fóssil político chamado Silas Malafaia, foi a adesão deles, os ¨socialistas¨, a tudo o que ha de mais retrógrado, feio  e  indigno  no cenário marginal da politica brasileira. Censuraram o humor, a criatividade artística, proibiram o riso e espalharam a raiva.  Refugiaram-se no discurso repugnante do rancoroso Malafaia. 

Se Valadarizinho não teve nojo de Malafaia, e o fez aliado, é possível, também, que não saiba manter a asséptica distância de gente tão conhecida que agora o cerca, e sustenta sua candidatura, gente reincidente em meter as mãos nos cofres públicos. Essa gente, embora respondendo a processos,  já planeja ¨licitações ¨para o lixo, para obras em geral, para alimentar uma rede de comunicação, ou fazer mais festas. Há o risco real de ver-se, instalada na Prefeitura de Aracaju aquela mesma turma que andou ludibriando bancos, escondendo frotas de caminhões, e participou das trambicagens do hoje presidiário Eduardo Cunha. Nisso, reside a grande diferença entre um e outro candidato.


RENAN O ¨JUIZECO ¨ E OS PODERES DA REPÚBLICA

Formou-se o que de pior poderia acontecer às nossas até agora aparentemente sólidas instituições republicanas. Instalou-se o imbróglio entre poderes, e já se chegava a prever que acabariam, os três, engalfinhando-se num duelo insensato.
 
Claro, o presidente do Senado não poderia deixar de sair em defesa do poder que representa, mas, foi desastrosamente infeliz ao chamar de ¨juizeco¨ o magistrado que autorizou a invasão do Senado.

Ai vem o STF através da decisão sábia do ministro Teori Zavascki e suspende a  operação policial autorizada pelo Juiz  chamado de ¨juizeco¨. Parece que o Supremo  reconheceu, assim, que o Juiz não poderia ter autorizado a invasão policial a um poder da República. Tal medida seria competência exclusiva do STF, que foi ignorada pelo Juiz de primeiro grau.

Vieram os bombeiros e apagaram o fogo já ameaçava derreter o preceito constitucional sobre a independência e harmonia entre os poderes. 

Se dependesse do Ministro da Justiça, que tresanda fascismo, e parece não ter nenhuma devoção pelo Estado Democrático de Direito, a complicação teria sido bem maior.  Entrou em cena o presidente Temer.  Com habilidade abafou a crise e  conseguiu juntar em torno de uma mesa, ele, a presidente do STF, tão indignada com o depreciativo e inoportuno ¨juizeco¨ e ao seu lado o criador do neologismo infeliz, mas que não foi infeliz ao defender o poder que representa.  

Há no Senado uma parcela do lixo político tornando os brasileiros indignados com a política. Por isso, agentes federais entrando Senado a dentro sem pedir licença,  representa, para muitos,  a melhor forma de sanear a detestada lixeira.

Mas o lixo lá foi colocado pelo voto do povo, e isso legitima e deve fazer respeitado o poder. A instituição Senado Federal é permanente, o lixo que eventualmente lá se encontra é passageiro. O eleitor é convocado a ser o lixeiro da República.

O PROCURADOR QUE QUASE REINVENTA A ARITMÉTICA

O procurador Sérgio Monte Alegre é aquele que desafiou a exatidão da ciência dos números e subverteu a aritmética. Ele já é fruto de uma outra subversão que permitiu a não concursados ocuparem cargos de provimento efetivo e vitalício. Sérgio é um procurador inconcursado. 

É competente? Sem duvidas. Conhece o Direito? Tanto, que se houvesse participado de qualquer concurso seria aprovado.  O procurador vez por outra revela, além de conhecimentos, também algumas idiossincrasias, ou esquisitices, das quais a mais famosa foi o vasto parecer no qual doutamente, sentenciava que uma pessoa só completa 70 anos depois de doze meses, quando chega aos 71. 

Com isso, ele pretendia espichar o prazo limite para a aposentadoria compulsória então fixada em 70 anos. Tornou-se motivo de chacota no mundo jurídico.
 
A afronta aos números que arrepiaria desde um Pitágoras, a quem apenas sabe somar, se junta o desprezo diante da exigência de isenção política no cargo que abiscoitou e ocupa. Até os 75, ou ao apagar a septuagésima sexta velinha.

A MEMÓRIA DE SERGIPANOS QUE DEVEM SER LEMBRADOS

Felizmente, já incorporado aos nossos  salutares costumes,  está aquele, de honrar a memória de sergipanos, cujas vidas foram exemplares. Agora são comemorados dois centenários: o de Manoel Cabral Machado,  e o do empresário Jose Arivaldo Prudente, Zeca Prudente. O professor, deputado, conselheiro, vice – governador Cabral Machado,  dedicou sua vida ao exercício de cargos públicos e isso correspondia à prática  ininterrupta das suas convicções baseadas na crença no Direito, na democracia , no progresso , e na força construtiva da  fé cristã. Juntaram-se nas homenagens a Cabral, o Tribunal de Contas e a Assembleia Legislativa. 

No TC o presidente Clóvis Barbosa  promoveu eventos, publicou livros. Na Assembleia foi lembrada a figura do parlamentar combativo. Naquela ocasião, tão valorizada pelo presidente Luciano Bispo, o filho do homenageado, professor Odilon Cabral, êmulo, (ou seria clone?) do pai,  em cultura e eloquência, falou,  fez  referencias e rememorou episódios,  entre eles, o golpe civil militar de 64. Odilon fez justiça ao pai, acentuando o papel conciliador que ele desempenhou como Secretário da Educação,  um dos mais próximos auxiliares do governador Celso Carvalho, que, num período de grandes turbulências político-militares, evitou  radicalismos.
 
Já a família de Zeca Prudente fez a ele a singela homenagem do afeto que se junta à saudade. Prudente morreu nonagenário. Sua vida foi  exemplo de correção na atividade empresarial,  de presença solidária e construtiva na sociedade, e de leal dedicação aos amigos. Quando  aconteceu   o Crime da Rua de  Campos, Zeca  teve a coragem de discordar da voz popular e do ódio pré-fabricado, do julgamento prévio. Entre os réus, o coronel Afonso Ferreira, que era seu amigo, e ele acreditava na sua inocência. Isso lhe causou dissabores, inclusive, com reflexo na sua atividade comercial.

Os filhos de Zeca, que dele tanto se orgulham, mandam celebrar neste domingo uma missa às 19,30 horas na Igreja de São Pedro e São Paulo na 13 de julho. Casado com Lúcia, amor de toda a sua vida, tiveram os filhos: Joseluci, coronel R/1 do Exército, Conceição, médica  cardiologista, Jorge, empresário, Ilza, médica ginecologista, Tereza, pedagoga, e Ana, médica anestesiologista. Zeca e Lúcia dedicaram-se a essa família e a fizeram exemplar.
  

ROCHINHA AOS NOVENTA

Ele chega aos 90 neste 7 de novembro. Não é ainda longevo, isso, para os padrões de vida saudável e corpo rijo, que exibe, com o riso feliz e tímido da criança que nunca deixou de ser. O médico Jilvan Pinto, cidadão sapiente, irmão maçônico de José Francisco da Rocha, o lépido nonagenário, revela que os check-ups demonstram que o nonagenário, praticante assíduo da Ioga, pode ultrapassar com folga o centenário.

O jurista José Francisco da Rocha é muito mais do que um sábio e inspirador ancião – menino, é  cidadão do qual se pode dizer, com justiça: é justo, aproxima-se da virtude, porque lapida todos os dias a sua própria consciência, e cada vez mais se torna participante ativo e lúcido, movido pelo entendimento de que tudo o que é humano  jamais lhe será  indiferente. 

Rochinha é patrimônio valioso e valoroso da sua família, dos amigos, da instituição maçônica, de Sergipe. Os filhos, netos, genros, noras fazem festa para recepcionar amigos, e com eles compartilharem a felicidade de soprar tantas velinhas, assinalando o tempo de uma vida exemplar.

A RODOVIA LAURO PORTO

Lauro de Britto Porto, o médico, o humanista, o professor, dá agora o seu nome a uma rodovia, ou, longa e quase urbana avenida, que na imagem feita pela  neta, Maria Amélia, simboliza uma das preocupações do seu avô: o desenvolvimento irradiando-se, equilibradamente, da cidade para o campo. O governador Jackson Barreto ao descerrar a placa com o desembargador Roberto Porto, filho do homenageado, disse que a nova via é a maior obra de mobilidade urbana já feita em Aracaju e Socorro. 

A Lauro Porto vai facilitar a chegada ao mercado de Aracaju dos produtos vindos principalmente do celeiro que é Itabaiana. Jackson assegurou que toda aquela região vai mudar ainda mais com a implantação de um Centro de Abastecimento às margens da rodovia.

Foi inaugurada também uma extensa ciclovia que levou o nome de Dejenal Cruz, o Vovô do Pedal, desportista incentivador da pratica do ciclismo, cidadão que espalhava alegria e solidariedade,  que morreu atropelado enquanto pedalava. Entre a multidão dos que foram ver a Lauro Porto, e a ciclovia Vovô do Pedal, estavam os Zuandeiros, ciclistas que Vovô liderava. Entre eles, estava um  filho do homenageado, o militar e Zuandeiro Alisson, que falou em nome da família.

SARACURA ¨CANTA¨ NA ACADEMIA

Antônio Francisco de Jesus que prefere ser chamado de Saracura, talvez, por acompanhar fascinado, pelos ermos de Itabaiana,  o andar do pernalta esquivo e cantador ,  nas matas margeando rios e lagoas. A saracura recebe também outros nomes, entre eles um que é onomatopaico, ou seja, resulta da impressão auditiva dos sons do canto, associados à frases ou a palavras. Assim, a Saracura também é: três potes, três potes, três potes. 

Mas Antônio Francisco prefere mesmo ser Saracura. Assim, nessa segunda-feira 31, Saracura estará cantando na Academia Sergipana de Letras. Cantará na sua posse na Academia, tendo a saudá-lo o assim chamado recipiendário, que será o acadêmico e desembargador federal  Vladimir Carvalho, um itabaianense como Saracura, também autor de  importante literatura regionalista.

Antônio Francisco de Jesus tem a consolidar o canto da Saracura uma vasta obra literária, onde se incluem romances e contos quase todos inspirados na terra e nas gentes do pé da serra.

Que bem e livremente cante então a saracura...


A CIFRA QUE ASSUSTA E A MORTE DE IGOR

Igor Faro Franco é mais um nome que se junta à cifra trágica e inadmissível de pessoas vítimas da violência que nos assusta e nos deixa inconformados. Igor, era um jovem que formou-se jornalista, mas preferiu ser empresário. E vinha tendo sucesso. Na calçada do seu novo e bem sucedido empreendimento, o Salomé Bar, ele caminhava tranquilo. Desceram de uma moto dois bandidos e o executaram. Igor era um cidadão sem manchas, admirado pelos amigos, adorado pela família.   

Agora é mais um nome entre milhares que têm a vida tolhida pela estupidez assassina. Vivemos dias terríveis, e é essencial que a eles não nos acostumemos. Menos de uma semana depois da morte de Igor, vem a revelação sombria de que Sergipe, deploravelmente, figura agora no triste primeiro lugar de estado com maior número relativo de mortes.  A sociedade não pode acostumar-se a isso, muito menos, eximir-se das suas responsabilidades. Construir uma cultura de paz é tarefa de todos. Precisamos rever ou readequar as atividades policiais, as ações do judiciário, precisamos, enfim, de um mutirão para deter a morte e construir a vida.

Uma noticia animadora foi a reunião que fez na sexta–feira o presidente Temer juntando em torno de uma mesa os três poderes que andavam se estranhando, para começar a elaborar uma agenda nacional de ações abrangentes, tanto especificamente repressivas, como educativas, ou civilizatórias, se preferem. Vivemos cercados por uma onda midiática que induz  e também festeja a epidemia de violência.

O governo do estado já anuncia para a próxima semana ações visando identificar erros, ou obstáculos, que estariam travando a eficácia policial. O governador Jackson Barreto voltará a reunir-se com o Judiciário, o Ministério Público, o Legislativo, buscando os meios possíveis para ações em tempos de crise financeira. É possível que sejam anunciadas alterações na estrutura do governo.

Quando houve o assassinato do delegado de policia, numa na onda da comoção provocada, a sociedade manifestou-se, mas não bastam as palavras. O momento requer e impõem ações, decisão, participação, trabalho, exigências, cobranças.

A título de sugestão para análise fica a constatação de que há visíveis diferenciações na capacidade operacional das polícias nos diversos municípios. Em alguns, com o mesmo numero de policiais, com o mesmo equipamento, com os mesmos meios e evidentemente os mesmos salários, as coisas andam melhor, bandidos são com mais frequência presos, crimes elucidados. Sente-se melhor a presença da polícia. Agora, Canindé pode ser a demonstração de uma realidade também replicada em outros municípios. 

Ali, tanto a PM como a Civil demonstram maior eficiência. No comando do batalhão o tenente–coronel Rolemberg consegue superar a limitação dos meios disponíveis, na civil, o delegado Antônio Francisco, com as mesmas carências, cerca-se de uma equipe pequena, mas operacional, onde estão os agentes Gregório, Joab e outros. E há resultados visíveis.

 



UMA DIFERENÇA NOTADA

O deputado federal Jony Marcos participou de um jantar com parlamentares onde estava o presidente Temer. Com ele foi o ex-deputado federal e agora prefeito de Canindé Heleno Silva. Falaram com o presidente, e Heleno expôs a situação de dificuldades financeiras do seu município, as agruras que vive o sertão sergipano, afligido por uma seca que vai aos seis anos.

Os dois pediram que fossem adotadas ações emergenciais mais abrangentes, o aumento da frota de caminhões pipa. O presidente que os ouviu com atenção ligou na hora para o Ministro da Integração nacional. No outro dia Jony e Heleno eram recebidos pelo Ministro, que já marcou uma reunião para tratar especificamente do caso de Sergipe, e prometeu que as ações serão rápidas.

Jony, agora deputado, e Heleno que já foi, lembram que, com Dilma as coisas eram bem diferentes. Até porque, conversar com ela, era quase impossível, até para os seus próprios ministros.


sábado, 22 de outubro de 2016

NORDESTE ENFRAQUECIDO A SECA E A SUDENE MORTA

No domingo dia 16, o Globo Rural, um dos melhores programas da Globo, exibiu um entristecedor cenário do nordeste castigado pela mais longa das estiagens. No sudoeste piauiense, especialmente na região da Gurgueia, onde se expandem as culturas do soja e do milho agricultores que vieram do sul  ali se instalaram e se tornaram grandes produtores, amargam prejuízos, estão endividados e reduzindo as atividades. Paralelamente, foram focalizados pequenos agricultores de vários pontos do nordeste, que se tornam ainda mais pobres com a perda dos seus reduzidos rebanhos. O quadro é desolador. Mas o programa mostrou também áreas bem verdes e produzindo muito, usando a água farta que sai do subsolo, que guarda um dos maiores aquíferos do mundo. Os agricultores contratam empresas privadas que fazem a perfuração, formam associações e dividem os custos. Um único poço cavado pelo governo, e que tem excepcional capacidade, está abandonado e jorrando água desperdiçada. É a imagem da desídia, da indiferença, do crime.

Diferente do Piauí, em Sergipe, desde Déda e agora com Jackson, o governo tem um programa de perfuração de poços, realizado por modernas perfuratrizes, sem nenhum custo para os pequenos produtores.  Em Canindé, numa área em que existe o aquífero Tucano, a COHIDRO, onde Jose Carlos Felizola faz um excelente trabalho, já concluiu mais de 20 poços que estão produzindo água doce. Se o BANESE tivesse, além da ânsia pelo lucro alguma iniciativa de fomento, ao lado desses poços já existiriam áreas produzindo massa verde para tornar possível a pecuária leiteira, a criação de caprinos e ovinos, atividades mais adequadas ao semiárido.  Para esse projeto se poderia contar com o apoio da Secretaria da Inclusão, onde Marta Barreto já sinalizou positivamente.

Desde que o presidente Fernando Henrique decidiu acabar a então já enfraquecida SUDENE, e Lula ficou apenas na promessa de reativá-la, o nordeste se foi tornando ainda mais fraco, os governadores perderam o elo que os faziam relacionados e protagonistas de ações comuns.

A agência de desenvolvimento criada por Juscelino Kubitscheck por inspiração de gente lúcida como Celso Furtado, Rômulo Almeida, foi modelo de eficiência e sucesso, apontado pela ONU como a melhor formuladora de políticas de desenvolvimento econômico e social, que deveriam ser replicadas nas áreas pobres do planeta.

Da SUDENE restam apenas, no Recife, as ruínas do que foi o futurista edifício na Avenida Caxangá.  A SUDENE fez nascer um novo nordeste, era um fórum de debates, um centro de decisão, um órgão aglutinador da força política dos nove estados, e que faz muita falta a um nordeste ainda não conseguindo conviver com o recorrente episódio climático, as secas periódicas que agora não produzem mais o cenário calamitosos dos retirantes, dos paus de arara, transportando levas de miseráveis das regiões mais secas para o sul do país, para as cidades onde se transformavam em pedintes, em trabalhadores quase escravizados, ou cedendo às tentações da marginalidade.

A SUDENE, com a política de incentivos fez nascer, no nordeste, alguns polos importantes de desenvolvimento, mas agora a estiagem alongada ameaça cidades como Campina Grande, com mais de 400 mil habitantes e que começa a perder indústrias , e o colapso aproxima-se,  caso as chuvas não venham até o final do ano.


Com o fim da SUDENE deixou-se de pensar em políticas abrangentes para todo o nordeste e assim, com os nove estados tratando cada um de si mesmo , a  região continuará capitulando diante dos seus desafios.

UM COMUNA AZEDO E O SOCIALISTA AMARGO

O senador Valadares, político que nunca foi agressivo, muito menos grosseiro ou deselegante, vem perdendo, infelizmente, aquelas características de cordialidade que o diferenciavam. No calor dessa acirrada campanha, quando o quadro de favoritismo que desenhou para o seu filho começa a desfazer-se, o senador tornou-se amargo e intolerante. Depois de chamar de “covarde e traidor” um amigo e aliado, Belivaldo Chagas, com o qual esteve lado a lado durante mais de 30 anos, Valadares investiu agora contra Edvaldo Nogueira, adversário do seu filho, chamando-o de “Comuna azedo de raiva”. Além do destempero, Valadares demonstrou preconceito e desconhecimento lamentável das ideias políticas, e do que essas ideias representaram ao longo da História. Logo ele, que agora se intitula socialista!

O preconceito e a intolerância só cabem nas pessoas que não se libertam do sentimento frustrante de amargura e rancor.

Se em 1964 o senador Valadares se intitulasse socialista, iria parar na cadeia. Naquele tempo, um time de futebol, o Socialista, teve compulsoriamente de mudar de nome, tornando-se então Maruinense.  O jornal Gazeta Socialista, antes já trocara de nome para Gazeta de Sergipe, mas, mesmo assim, o raivoso major Raul, quase concretiza a ameaça de jogar “na maré” as suas subversivas máquinas de escrever e imprimir.

Felizmente, o senador Valadares tornou-se socialista em tempos mais amenos. Soube, precavidamente, esperar o momento propício para fazer a nova opção, que o ajudou a refazer-se politicamente.

“Comuna”, nos tempos em que mais se acirrava o embate ideológico, era a maneira pejorativa como extremados, raivosos, denominavam a todos os que não pensavam como eles. Depois da queda do Muro de Berlim esse conflito perdeu sentido, tornou-se fora de moda. O clima de guerra fria só é revivido por oportunismo, ignorância ou descompasso com o passar do tempo. A palavra comuna, para quem conhece um pouco a História, traduz um objetivo que enobrece a raça humana.

Na Idade Média foram surgindo as comunas, juntando trabalhadores, camponeses, ou urbanos, e essas novas associações, em alguns casos, aliaram-se aos senhores da terra, em outros, romperam as amarras do feudalismo e criaram as cidades livres na costa báltica da Alemanha, transformadas em grandes centros de comércio. Os formuladores dos modelos de sociedades perfeitas, como Thomas Morus, Robert Owen, Tomaso Campanela, em seu livro póstumo A Cidade do Sol, Fourrier, e seus falanstérios, Saint-Simon e a ideia de produzir mais com menor esforço e liberdade, todos eles, alimentaram os sonhos tendo como base a estrutura solidária das comunas.

A Comuna de Paris em 1871, foi a primeira experiência moderna de cogestão e avanços sociais, alguns ousadíssimos e rejeitados, outros, agora vigentes nas sociedades modernas, a exemplo das sociais-democracias europeias. Disse o escritor Rougerie: “Com a Comuna a Utopia passou a existir na prática”. Mas a Utopia durou apenas 72 dias.

O mesmo aconteceu na Espanha, durante a matança da Guerra Civil, quando as comunas andaluzes e de tantas outras regiões, faziam experiências incríveis, entre elas a abolição do dinheiro.

Socialista, o senador Valadares já olhou com simpatia os movimentos sociais, as transformações ocorridas ao longo da História, para as quais a participação dos socialistas foi importante. Pode ser que agora, cercado pelas novas companhias, ele esteja pensando transferir-se para uma nova sigla, que faz parte da base de apoio ao seu filho candidato. Lá, no meio da sua turma hoje preferida, ele talvez se adaptasse melhor, trocando o Partido Socialista Brasileiro pelo PSC, onde estão o intolerante, truculento Bolsonaro, o pastor Feliciano, inventor da “cura gay”, e, last  but not least, o deputado André Moura. Agora, incorpora-se ao grupo de apoiadores do filho do senador, o energúmeno Silas Malafaia. A raiva que ele extravasa é contagiosa.

Talvez vivendo esses tempos de algum inconsciente constrangimento, o senador que foi cordial, se transfigura, mostra a face ríspida, pouco amistosa, e trata do embate político como se fosse uma guerra pessoal, que ele terá de vencer. Com muita raiva, se for preciso.


Será que o senador Valadares ainda não descobriu que a raiva é a prisão de ventre e hemorroida da alma?

ORGULHEMO-NOS MAIS UMA VEZ SERGIPANOS

O deputado André Moura, primeiro sergipano a ser réu na Lava Jato, com direito a foro privilegiado, escapa do Juiz Sérgio Moro e será julgado pelo Supremo Tribunal Federal, onde não será o primeiro.


O deputado deve ser agora, também, o único sergipano que apareceu numa foto de primeira página no sisudo jornal de negócios, Financial Times. Ele é visto ao ombro do agora presidiário Eduardo Cunha, naquela atitude de ansioso papagaio de pirata, comemorando, com o amigo do peito, padrinho e sócio nas empreitadas, a vitória na eleição para a presidência da Câmara.

DO RITZ PARISIENSE À CARCERAGEM DA PF

Acostumado a frequentar o Ritz parisiense, o Waldorf Astória nova-iorquino, o hoje presidiário Eduardo Cunha recebeu na sua cela a mulher dispendiosa, Cláudia Cruz. Para o casal hedonista, os compristas inveterados, gastar 300 mil dólares em cada viagem à Europa, aos Estados Unidos, aos Emirados Árabes, era coisa comum, corriqueira.

A ex-apresentadora global que fez festa no Copacabana Palace onde gastou mais de meio milhão de reais, pagos em espécie, viu-se, de repente, num cubículo 3x3 onde apertavam-se uma cama, uma latrina, torneira e chuveiro com água fria. Deve ter pedido ao marido: Pelo amor de Deus faça logo essa delação, livre-se e livre a mim! Já imaginou as nossas vidas anos a fio em locais como esses, repugnantes, sem nenhum charme. O que será dos meus cabelos, das minhas unhas, da minha pele?

Treme a República, balançam os Palácios, periclitam os poderes e os poderosos. Quem em Brasília não está (sem trocadilhos) a temer?

Cunha não se limita ao que está sendo objeto da lava jato. Ele comanda vasta quadrilha, com uns 150 deputados federais e, pelo menos, cinco senadores. Seus tentáculos não se circunscrevem ao Congresso. A coisa vai muito além do tamanho imaginado pelos investigadores.


Suspeita-se que o mafioso Eduardo Consentino Cunha, que possui também nacionalidade italiana, tenha envolvimento com o tráfico internacional de drogas. Seu papel seria o de amaciar autoridades.

EM DEFESA DA VAQUEJADA

Quando Jânio Quadros entre um porre e outro resolveu proibir a briga de galos e o biquiní, os galistas, que não eram poucos, argumentaram fracamente em defesa daquele coisa ridícula: dois bichos de pena se estraçalhando numa rinha rodeada de espectadores fazendo apostas e gritando como loucos. Já o biquíni, interditado, gerou bem humorados protestos, e provocações de ousadas mulheres, que foram desafiar a determinação moralisteira de um hipócrita demagogo, exibindo cada vez mais os corpos, numa progressão fascinante rumo a uma nudez inconclusa.

As mulheres resistiram, venceram, e o biquíni sumário tornou-se a marca da ousadia voluptuosa das brasileiras. Já os galistas, reprovados e mofinos, se conformaram em sobreviver como contraventores, escondendo seus combatentes e os levando a torneios frequentados por poucos aficionados, entre eles o publicitário Duda Mendonça.

Já a vaquejada é coisa bem mais ampla, é esporte ou lazer, arraigado e forte no nordeste, e em torno da qual gravita um mundo de negócios lucrativos e geradores de empregos.

Na Espanha quiseram proibir a tourada, uma tradição tão antiga quanto a própria velha Castela. O balé desafiador do esguio toureiro esquivando-se com a sua capa e espada da fúria do desassossegado miura, é a metáfora do sangue borbolejante do irredentismo espanhol.

A tourada, ou “a arte de Cuchares”, denominação  que homenageia um grande toureiro, existe há quase mil anos e em todo esse tempo sofreu proibições, sempre revogadas. Uma bula do papa Pio V proibiu a “corrida”. O povo ficou descontente, os nobres que organizavam as fiestas, foram ao rei Filipe II pedir a sua intervenção, e ele perguntou-lhes: O que proibiu o Papa? Os nobres responderam: Proibiu a corrida dos touros. Então, disse Filipe, não contrariemos Sua Santidade,  vamos por para correr as vacas.

O filósofo Ortega y Gasset disse que não se pode compreender a Espanha, sem que se tenha pleno conhecimento da história das touradas.

Ousamos então dizer: Não se pode compreender melhor a alma nordestina sem que se tenha um conhecimento da corrida de mourão, da pega de boi no mato, do mourejar da vaqueirama.
O nordeste se organiza em defesa da vaquejada.  Por esses dias estarão muitos em Brasília pedindo aos senadores e deputados que regulamentem a vaquejada, que a tornem  legal e garantida,  desde que se exijam  os cuidados indispensáveis com os animais.

Por aqui há também muita movimentação. O deputado Jairo de Glória, defendendo a vaquejada tem percorrido o sertão, se manifestado na Assembleia. A deputada Sílvia Fontes, organizou um concorrido evento na Assembleia. Não vamos nos conformar com o preconceito e a discriminação.

QUE FALTA FAZ MACHADO NA BANCADA SERGIPANA

Reuniram-se, em Brasília, deputados e senadores de Sergipe para tratar das emendas, aquele dinheiro que destinam para o estado, municípios e instituições. No tempo em que o ex-deputado Machado era o coordenador da bancada, as coisas corriam tranquilamente, havia sensatez, e o interesse público ficava em primeiro lugar. O senador Valadares substituiu Machado na coordenação, e tudo corria muito bem até que o senador, nos últimos meses, passou por um estranho processo de sectarização eleitoreira. 

Discutia-se sobre emendas de bancada para o Hospital do Câncer, a UFS,  a Prefeitura de Aracaju e a Codevasf, entre outros. Valadares insistia em privilegiar a Codevasf, e isso gerou um sério atrito com o deputado Jony Marcos,  e críticas fortes do deputado Mitidieri.  

O deputado Jony foi impedido de mudar o voto inicial para garantir verbas para a UFS e o Hospital. Depois que a reunião terminou chegou o deputado André Moura, e na Ata elaborada houve uma mudança de votos, o Hospital do Câncer ficou de fora, e também a UFS, para decepção do reitor Angelo Antonioni, depois de pedir encarecidamente que Valadares assegurasse recursos para a UFS. 

Dessa verba dependia a manutenção do Campus do Sertão em Glória. O senador e os que por ele foram convencidos, preferiram destinar 100 milhões para a Codevasf. Naquela empresa Valadares colocou na presidência a sua chefe de gabinete no Senado e nomeou o irmão da sua mulher para ficar junto da presidente, além de outros parentes e cabos eleitorais.

SILAS MALAFAIA CABO ELEITORAL EM ARACAJU

O candidato Valadares Filho não deve ter avaliado bem o impacto daquele tapa que deu na cara da inteligência sergipana, quando convidou o furibundo Silas Malafaia para gravar mensagem pedindo aos aracajuanos para votarem nele, no 40.

Malafaia é a própria negação de tudo o que é justo, sensato e correto na convivência democrática. Ele é intolerante, sectário, prega a violência, o ódio, dissemina preconceitos, defende a truculência. Além de tudo é um analfabeto político que ignora o que seja civilidade, a prática democrática do diálogo, que inclua necessariamente os contrários, o respeito mútuo, o sentimento de justiça social e cidadania.

Silas Malafaia, o novo cabo eleitoral de um candidato que diz representar a renovação e a mudança, ofende a todos os que acreditam numa sociedade harmoniosa, na prevalência do Direito e dos bons costumes, para que se evite um retorno à idade da pedra.


Para decepção da intelectualidade sergipana, da comunidade acadêmica, dos religiosos que repudiam a odiosidade, dos operadores do Direito, dos estudantes, dos trabalhadores, dos que acreditam na evolução social e na democracia, Valadares Filho juntou-se ao pior dos brucutus.