sábado, 19 de março de 2011

A SORTE FOI A COSTELA

Edézio Rodrigues da Paixão, sertanejo poeta popular conhecido e admirado em sua terra, fez, em homenagem ao Dia da Mulher, um poema em cordel, do qual extraímos uma das estrofes:
¨E a sorte do homem pobre foi
O poder de Deus e da Virgem Maria
Que fez a mulher de uma costela
Eu agradeço essa graça todo o dia
Porque se fosse do filé, só o rico é quem comia ¨.

UM JUIZ CANTA ARACAJU

O Juiz da Comarca de Propriá, Sérgio Lucas, que é aracajuano e se tem dedicado a transformar em poesia a sua cidade, à qual não nega a paixão, agora, no aniversário de 156 anos da capital, preparou cuidadosamente u m vídeo que tem distribuído a alguns amigos. Vencedor de alguns concursos de música, o Juiz, poeta e compositor, compôs uma canção para Aracaju, transformada em trilha musical para uma bela sucessão de imagens da cidade, colhidas por ele, que também se revela fotógrafo.
Coisa boa, quando o magistrado e o esteta se ajuntam.

AS MULTAS, AS EMPRESAS, A POPULAÇÃO

Quando foram instalados os pardais e lombadas eletrônicas pela cidade, houve uma falha que, pouco tempo depois seria responsável pela onda de insatisfação e descrédito que tomou conta da população aracajuana. Logo depois de postos a funcionar os equipamentos que geram tantas multas e tantos desagrados, a Prefeitura de Aracaju poderia começar a divulgar, mensalmente, uma estatística que talvez comprovasse a redução dos acidentes, com o limite de velocidade estabelecido e as punições para quem o transigisse. A essa preocupação com a transparência tão necessária diante da forma nada complacente como a opinião pública avalia a administração pública, uma outra divulgação se faria indispensável, e essa seria a relação completa, a soma total de todas as multas aplicadas a cada mês, quanto elas renderam em recursos, e exatamente quanto desses recursos teriam sido aplicados, e onde. Assim, a população estaria perfeitamente esclarecida , convencida, se fosse o caso, da eficiência dos radares e das multas, e sem alimentar dúvidas sobre o exato destino dos recursos. Se poderia, inclusive, na informação mensalmente transmitida, explicar também, minuciosamente, o percentual que caberia às empresas prestadoras dos serviços e a quantia exata que coube aos cofres públicos.
Agora, depois que estourou o escândalo das empresas, o esquema de corrupção e propinas revelado pelo Fantástico , ficará bem mais difícil convencer aos aracajuanos de que aqui tudo está absolutamente normal . Não se quer lançar dúvidas sobre a honorabilidade pessoal do médico Samarone, o administrador da SMTT, até porque, não há motivos plausíveis para tanto, mas, parece inútil o esforço que ele faz para demonstrar a legalidade dos contratos. Para a população hoje tão ressabiada, é o mesmo que tentar, agora, depois da tragédia japonesa, convencer ao povo que uma usina nuclear poderá ser uma boa coisa..
Melhor seria suspender os contratos, até que uma avaliação melhor fosse feita e também apuradas as denuncias da Tv- Globo, que, por sinal, passaram bem longe de Aracaju. Se isso não for feito agora, o preço a pagar em 2012 será bem pesado.

O JAPÃO EM 2011, ARACAJU EM 1958

Aquelas cenas ocorrem no Japão sofisticadamente tecnológico, prodígio de eficiência, modelo de organização, ou estariam acontecendo mesmo na paupérrima e atrasada Guatemala? As cenas se sucedem nas televisões mostrando o bate cabeças dos japoneses na tentativa de esfriar o reator da usina nuclear de Fukushima, que , fora de controle, aquece, ameaça derreter deixando escapar uma quantidade de radioatividade superior à que foi gerada pelas bombas que destruíram Hiroshima e Nagasaki. Para desaquecer uma enorme estrutura que necessitaria de centenas de toneladas de água, os japoneses lidam com alguns caminhões e dois helicópteros, que lançam, erraticamente, em espaço de mais de meia hora, menos de oito toneladas de água.
A usina nuclear destroçada pela conjugação do terrível terremoto com a onda arrasadora que veio depois, o tsunami, fica bem próxima ao mar. Fica-se a imaginar se não seria possível instalarem-se bombas e um improvisado mangueirão para fazer chover permanentemente água do mar sobre o infernal caldeirão. Não haveria um maior número de caminhões, de helicópteros? O Japão tão rico, até ontem segunda potencia econômica do planeta, seria assim tão deficiente em meios. É obvio que os sistemas de transporte foram afetados pesadamente pela catástrofe natural, mas, além do sistema de energia externa que poderia ser acionado com a usina em colapso, havia ainda o conjunto de geradores a diesel que foram cobertos pela onda, e essa possibilidade deveria ser prevista num país que é palco quase diário de tremores leves e sempre se está à espera do pior. Ninguém previu que os sistemas fossem anulados por um grande terremoto e tsunami, e algo fosse preparado para essa circunstancia ?
Por aqui, em Aracaju, não aconteceu nada parecido com a tragédia do Japão. Houve um incêndio, e na tentativa de apagá-lo, aconteceram episódios que lembram, de forma grotesca, evidentemente na nossa modestíssima escala, a trapalhada agora sucedendo no Japão.
Naquele ano de 58, por volta do meio dia, começou um incêndio no armazém de secos e molhados pertencente a Pedro Paes Mendonça, pai de João Carlos Paes Mendonça, hoje líder de um império econômico, o grupo JCPM. Quando o fogo começou, ( no armazém havia munições, explosivos, produtos altamente inflamáveis) o então jovem João Carlos, que trabalhava com o pai, buscou o socorro do Corpo de Bombeiros, que na época era municipal, pertencia à Prefeitura de Aracaju. Havia um só caminhão, mas a bomba estava quebrada. Os bombeiros chegaram , mas sem água. No porto de Aracaju, que era em frente à rua de laranjeiras na avenida Rio Branco, havia um navio ancorado, o Comandante Capela. O navio possuía bombas e tentou-se puxar uma mangueira até a avenida Otoniel Dória, bem junto ao mercado, onde ficava o armazém em chamas. As mangueiras eram curtas, tentaram emendá-las com aquelas secas, dos Bombeiros, o Capela estava com os fogos apagados e não poderia deslocar-se imediatamente, subindo, rio acima, algumas centenas de metros para ficar em frente ao local do fogo. O engenheiro João Aragão, que era o chefe do Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis, o DNPVN, autorizou a retirada de três bombas antigas que estavam no almoxarifado ao lado do Iate Clube onde hoje fica o restaurante japonês New Hakata.Mas os telefones não funcionavam, a autorização por escrito não chegou, e então, Geraldo Barreto Sobral, que depois se tornaria Ministro do Superior Tribunal de Recursos, e era tesoureiro do DNPVN, foi ao local para transmitir a ordem ao chefe do almoxarifado
Superada a burocracia, as bombas foram penosamente transportadas numa velha camionete Dodge, que caía aos pedaços e, chegadas ao local, constatou-se que as mangueiras existentes não se adaptavam ao diâmetro dos canos de saída. Improvisou-se um armengue tentando-se apertar as folgadas mangueiras, ligou-se a bomba e a água espirrava farta, ensopando quem estava por perto, e era muita gente, curiosos, até vestindo ternos brancos, gravata e chapéu Ramezoni, mas, no fogaréu imenso não chegava um pingo. O velho prédio foi desabando aos poucos, dos outros armazéns vizinhos tudo foi sendo apressadamente retirado, temia-se a propagação do incêndio. Alguns dias depois ainda fumegavam os rescaldos da fogueira.
Mas ali era só um armazém, isso aconteceu há 53 anos passados, e em Sergipe, atrasado estado de um país que apenas começava, com JK, a sair do estágio de fazenda exportadora de café. No Japão há uma usina nuclear, uma das cinqüenta e três existentes no diminuto arquipélago que forma o terceiro país mais rico do mundo, e seguramente, um dos mais desenvolvidos em ciência e tecnologia. Se havia duvidas sobre a possibilidade de manter-se em funcionamento, sem acidentes, uma usina atômica no caso de um imenso desastre, sendo lá os desastres tão freqüentes e esperados, para
que então se construiu a tal usina?

JAPÂO- AS CORPORAÇÕES FALHARAM E O GOVERNO DESAPARECEU

Naquele agosto de 45, fumegavam os escombros de Hiroshima e Nagasaki, a força desconhecida e letal da radioatividade fulminava à distancia milhares de pessoas, e desfazia-se o orgulho japonês na cerimônia de rendição à bordo de um navio americano na baia de Tóquio. Os dignitários nipônicos vieram envergando impecáveis fraques para assinar os termos da rendição incondicional, curvavam-se repetidamente numa saudação usual, que, naquele momento, parecia acentuar a humilhação. O general McArthur que logo se tornaria administrador militar do Império do Sol Nascente, não os autorizou a falar e abreviou o ato. Três meses antes, a Alemanha se rendera, mas, na escola de Reims, onde estavam os comandantes aliados vitoriosos, chegaram os generais alemães imponentes em seus uniformes, e até ao ato final de capitulação imprimiram o velho estilo prussiano da raça guerreira.
Na rendição, os japoneses transmudavam-se. Saíram de cena os shoguns, senhores da guerra, os samurais, o imperador perdera a aura divina quando falou ao rádio anunciando a capitulação. Pela primeira vez os súditos que o imaginavam quase um deus, ouviram a sua voz. Os trajes civis dos emissários simbolizavam, também na derrota, que o Império abria mão, definitivamente, dos seus generais e almirantes , arrogantes e autocratas.
Desaparecia o Japão militarista , a ordem unida de um Estado-Quartel foi logo substituída pela educação metódica e rigidamente disciplinadora. Numa democracia formal, o aparato disciplinador nas escolas, nas fábricas, nas instituições, depois agasalhado em todos os lares, absorvido no comportamento individual e no coletivo dos nipônicos, transformou-se numa relação bem mais eficaz de mando e submissão, do que poderia sonhar um Estado agente das formas tradicionais de domínio.
Um povo batido pela guerra , pela catástrofe atômica, pelos desastres naturais, vivendo num país com exíguas dimensões e sem recursos naturais , encontrou na educação, na obediência e capacitação profissional a sua fórmula prática de sobrevivência.
Depois que os vencedores americanos concluíram a sua tarefa de modernização do país, ou seja, de prepará-lo para ser um bom parceiro nos negócios, entraram, ou se foram formando as grandes corporações.
No inicio dos anos 50, apareciam pelo mundo os radinhos de pilha Mitsubishi. Na época, uma revolução tecnológica que chegava do Japão, e logo o Milagre Japonês começava a ser apresentado como exemplo e modelo a ser seguido, principalmente pelos paises subdesenvolvidos.
A nova era tecnológica e científica que o mundo começava a viver, fortaleceu, mais acentuadamente ainda após a queda emblemática do Muro de Berlim, as teses ultraliberais, com origens no século dezoito, nas idéias do ¨laisser faire, laissez passez¨.
O Japão seguiu ao pé da letra o ditado neoliberal. Um fato sintomático: Nesses últimos 20 anos, naquelas listas que publicações famosas fazem anualmente, destacando as pessoas mais influentes do mundo, não figura um só governante japonês, mas, lá estão, numerosos, os presidentes das grandes corporações, Sony, Toyota, Mitsubishi, Honda, e tantas outras multinacionais poderosíssimas. No resto do mundo houve um fenômeno semelhante, mas, nada que se igualasse ao Japão, a terra de leite e mel das corporações que substituíram, até então com aparente eficácia, o governo que se encolheu e quase sumiu.
O autor do livro , O Milagre Japonês, que foi best-seller mundial na década dos setenta, narrava, como episódio que deveria transformar-se em paradigma para o mundo, as grandes assembléias de acionistas que as corporações realizavam. Era tanta gente que as reuniões se faziam nos estádios.
Espalhando-se assim eficientemente, a impressão de que as empresas eram geridas pelos seus acionistas minoritários, esqueceram, todavia, de lembrar que nos estádios a imensa platéia ouvia, recebia informações sobre o que fora decidido, sobre quanto seriam os dividendos a ganhar, mas ninguém tinha voz, ninguém efetivamente participava.
As corporações conseguiram robotizar a sociedade japonesa. Os trabalhadores em troca de um padrão de vida que é discutível, esqueceram-se de todos os seus direitos, perderam o lazer,o convívio familiar, acumularam horas de trabalho além da jornada normal, renunciaram à parte do salário, quando as empresas apresentavam lucro menor, imaginavam-se parceiros de algo cuja engrenagem eram incapazes de identificar.
A sociedade japonesa, disciplinada, conformista, com suas ações organizadamente submissas, e num país reconhecido como democrático e atento aos direitos humanos,
fazia nascer o monstro, movido exclusivamente pela ambição do lucro das corporações.
Num país menor do que o Ceará, uma população que se aproxima da brasileira, vive estressada em megalópolis que se interligam sucessivamente, convive com 53 usinas atômicas, com prédios gigantescos, num país cuja terra treme todo o dia, e não passa um ano sem que suceda alguma catástrofe natural. O Japão não tem petróleo, não tem ferro, não produz alimento suficiente nem para um quarto da sua população, sofre terremotos, maremotos, ciclones, mas, tornou-se a segunda potencia econômica do mundo, hoje é, por enquanto, a terceira. Um sucesso de gerencia, de educação, de eficiência, de devoção ao trabalho, sem dúvidas um milagre da ciência e da tecnologia.
Num livro publicado na França em 1997 pela Éditions Galilée, intitulado Géopolitique du Chaos, o autor, Ignácio Ramonet observa: ¨ Um número cada vez maior de pessoas ficam convencidas de que a ciência já não consegue fazer nada pelo planeta, nem por elas, e que o progresso, quando é conduzido somente pelo interesse mercantil, é a mãe de todas as crises ¨.

O DEM, ENTRE O DESANIMO E A EUFORIA

Sucessor do precocemente envelhecido pêfêlê, o DEM é agora em Sergipe um ajuntamento resistente de políticos que, por força das circunstancias, tornaram-se todos ciclotímicos. Eles vivem momentos de pura euforia, ou se recolhem a um estado depressivo de quase completo desencanto em relação ao futuro. .
Não se trata de um patológico distúrbio bipolar. Os sentimentos dos antigos pêfelistas , variando do otimismo róseo ao pessimismo cinzento, estão relacionados a fatos concretos.
Há pessimismo quando se constata que o esvaziamento é a tendência dominante. O idealizado partido-ponte do prefeito paulistano Gilberto Kassab, se chegar a ser efetivamente concretizado, provocará uma diáspora na oposição, e o DEM será o maior fornecedor de migrantes. Isso reduzirá ainda mais as bancadas , e haverá o choque imenso: a perda da prefeitura de São Paulo, o quarto orçamento do país.
Aqui, sucessivas declarações do deputado federal Mendonça Prado causaram mal estar entre aliados que ¨deram sangue¨ no combate oposicionista, e ajudaram João Alves a manter-se eleitoralmente firme. Há, nesse particular, correligionários e também aliados de outro partido, como é o caso do deputado do PP Venâncio Fonseca. Ele, com Augusto Bezerra, foram na Assembléia os escudeiros atentos e leais de João Alves. Augusto Bezerra está de malas arrumadas para transferir-se ao PDB de Kassab, caso aquele partido fique mesmo na órbita dos irmãos Amorim, o que agora não são mais favas contadas. O vereador Juvêncio, um dos mais eficientes quadros do DEM, também está pronto a fazer o mesmo trajeto.
Mas, há um fato político que poderá suspender toda esse ensaio de debandada. Esse fato será o anúncio da candidatura de João Alves à prefeitura de Aracaju. Só isso, garantem Machado, Juvêncio, Venâncio, e o próprio Augusto Bezerra, poderia salvar a oposição sergipana representada pelo DEM, da ameaça real de dissolução.
João ainda faz beicinho, se diz pouco motivado a enfrentar uma segunda eleição num período de dois anos, alega que não tem recursos, não sabe se conseguirá arrecadar, com amigos, o mínimo para uma campanha que não será barata, ainda mais porque os ¨amigos¨ sempre diminuem quando o político faz, compulsoriamente, aquele desagradável trajeto do poder para o lado sem atrativos da oposição. Além disso, João enfrentaria forte resistência da sua mulher, a senadora Maria do Carmo. Talvez ela preferisse candidatar o genro Mendonça Prado, reservando João ou ela própria para 2014. Mas o deputado Mendonça é, justamente, o nome mais rejeitado entre os demistas que restam. Com ele, Venâncio Fonseca garante que não vai.
Porém, quando se desenha para o próximo ano um quadro com João candidato à Prefeitura, ai, as coisas mudam completamente, todos , sejam demistas ou pepistas, assumem o discurso de um Doutor Pangloss, o mundo se torna róseo, o futuro a guardar-lhes as melhores surpresas.
E tanto otimismo se fundamenta na certeza de que a coligação no poder não se manterá unida. E saem, pinçando aqui e ali, declarações que apontam para essa evidencia. Um nome consensual é, no entendimento de um demista atilado como Jose Carlos Machado, tão impossível como transformar água em vinho, milagre até agora só atribuído ao suave Homem de Nazaré. Já se ouvem e se lêem algumas entrevistas do prefeito Edvaldo anunciando candidaturas do seu raquitíssimo PC do B, espécie de PR de antigamente, que redescobriu as excelências da garupa. O velho PR tinha nomes brilhantes no cenário político, Julio Leite, Armando Rolemberg, intelectuais articulados, Jaime Araújo, Rabelo Leite, Viana de Assis, Jose Carlos de Souza, a chamada ¨turma do Tio Júlio ¨, acompanhando conservadores, todavia, atuando com uma nítida visão de centro-nesquerda. O PR costumava sair-se muito confortável, instalando-se na garupa do PSD. O PDT também se vê com chances de ter candidato. O PT, sem duvidas, parece disposto a não abrir mão da disputa. Tem nomes, Márcio Macedo, Rogério Carvalho, Sílvio Santos, Ana Lúcia, Iran, entre outros, e está no poder. O PMDB se ensaia como protagonista de primeira linha, nele estão o vice-governador Jackson Barreto, o deputado federal Almeida Lima, o médico ex-deputado e agora chefe da Casa Civil, Jorge Alberto , o ex-vice –governador duas vezes, Benedito Figueiredo. E há ainda a força em plena ascensão do grupo dos irmãos Amorim. Embora o senador Eduardo esteja a recomendar comedimento e paciência, já se multiplicam os nomes: deputados Zeca Silva, capitão Samuel, o suplente de senador Laurinho Menezes. Há quem garanta que o grupo poderá, estrategicamente, desistir de candidato próprio, preservando-se para 14. Só quem até agora não disse nada a respeito de Aracaju foi o pastor deputado federal Heleno Silva que está com os olhos voltados para Canindé do São Francisco.
O PSB do senador Valadares não estaria a sobrar, muito pelo contrário. Existem alguns afoitos como o deputado Adelson Barreto e o prefeito Sukita de Capela que se insinuam possíveis candidatos. Valadares, é enxadrista político capaz de memorizar à frente 10 possíveis jogadas do adversário, e ter 11 guardadas na cabeça para neutralizá-las, depois, anunciar o xeque –mate. O senador agora, apenas pensa. E cala. Em Simão Dias sabem que ¨capa-bodes ¨calado pode ser um bom ou péssimo sinal. Edvaldo Nogueira andaria a estimular Valadares Filho a tornar-se candidato com seu apoio. Repetiria a mesma iniciativa que teve com Albano Franco ? Valadares Filho seria, precisamente, um excelente nome, desde que fosse o consenso, que agora , tem-se como o milagre impossível.
Além desse enorme caldeirão fervente, os otimistas demistas, estariam também a apostar num desgaste acentuado do prefeito Edvaldo, e nas dificuldades que Déda enfrentaria ao longo deste ano.
E ainda são todo eles embalados pela música agradável entoada por marqueteiros que delineiam, para João, uma campanha mais ou menos nesses termos: Ele, em contraponto com as caras novas que irão surgir, seria a Cara da Experiência, e para consolidá-la colocariam na TV um grande mapa de Aracaju.
Diria então um locutor: Veja como seria Aracaju sem as ações de João Alves. E iriam retirando do mapa, sucessivamente, a Orla da Atalaia, a Coroa do Meio, a ponte da Barra, a ponte do Poxim, a ponte de Socorro, o Hospital João Alves, avenidas, o Parque da Cidade, uma maternidade, várias escolas, redes de esgotos, o Teatro Tobias Barreto, os prédios da Assembléia, do Tribunal de Justiça, o Centro de Criatividade.
A maior parte dessas obras aracajuanas de João como prefeito, e governador três vezes, foi apenas por ele iniciada, depois, concluída por sucessivos prefeitos, de Heráclito Rolemberg em diante: governadores, desde Valadares, passando por Albano Franco, até agora, Marcelo Déda. Isso será lembrado, sem dúvidas. Este é, exatamente, o debate no qual João sonha em se envolver.

domingo, 13 de março de 2011

OS DESASTRES AMBIENTAIS E O FUTURO DA HUMANIDADE


O terremoto  seguido de tsunami que arrasou uma parte do Japão, não tem nada a ver com os problemas que estão gerando a terrível ameaça do aquecimento global.  Terremotos sempre deixaram seus efeitos devastadores muito antes que fábricas e veículos começassem a poluir a atmosfera, bastando lembrar um que nos tocou bem de perto, aquele que arrasou Lisboa em 1975, e fez crescer a ganância portuguesa pelo ouro e pedras brasileiras que tornaram possível a reconstrução da cidade.
 Um planeta agora conurbado, com população de sete bilhões de viventes e megalópolis que ultrapassam os trinta milhões de habitentes, torna-se muito mais vulnerável aos  desastres naturais. O homem terá de recivilizar-se   para poder sobreviver, terá de reinventar a economia, terá de abrigar-se na solidariedade, tal como fez nas cavernas para não ser dizimado pelas feras e não morrer de frio.
 A vulnerabilidade das usinas nucleares japonesas, as mais eficientes e seguras do mundo, mas que não  resistiram à fúria da natureza, e ampliaram o potencial dos perigos a que estão expostas as populações, será outro tema a entrar nas discussões presentes e futuras sobre o uso da energia nuclear.
Um controle populacional terá, sem dúvida, de começar a ser feito. Embora seja um assunto que provoque grande desagrado,  tanto em capitalistas sonhando com mercados sempre maiores,  como na Igreja  Católica, por questões de interpretação moral e religiosa do primado da vida. 
Mas o mundo, a espaçonave onde nos abrigamos, não tem espaço suficiente e seguro para abrigar tanta gente. O terremoto de Lisboa matou cerca de duzentas mil pessoas, hoje, se ocorresse um outro na mesma proporção, morreriam   em torno de dois milhões.

UMA INDÚSTRIA EM EXPANSÃO


 Ainda neste semestre a Essencial, indústria instalada em Nossa Senhora do Socorro, estará recebendo  equipamentos que lhe permitirão diversificar a produção. O empresário Tácito de Faro Melo  retornou de uma rapida viagem à Alemanha onde esteve verificando a fabricação e o funcionamento das máquinas que ele está importando. Hoje, a Essencial é a única empresa em Sergipe dedicada à produção do chamado TNT, ou seja, tecido não tecido, que é fabricado a partir de fibras sintéticas  que não passam pelos processos comuns de fiação , tecelagem ou malharia. É um tecido que tem ampla utilização na fabricação de estofados, travesseiros, mantas.  Com os novos equipamentos a Essencial passará a produzir também filtros industriais e feltros. Numa segunda etapa, Tácito pretende diversificar a produção, focando suas atividades para a área da higiene e  médico-hospitalar. Nesse setor existe uma imensa possibilidade de ampliação do mercado consumidor, bastando que se observem alguns dados estatísticos sobre utilização de absorventes íntimos, que hoje são usados por menos de quarenta por cento das mulheres brasileiras, e  houve  nesses  últimos oito anos de maior distribuição de renda, um acréscimo de 16 por cento. Para a demanda crescente desses produtos , é que se voltará,  depois, a linha de produção da Essencial.

UM CIENTISTA E HUMANISTA QUE VIVEU EM MINAS GERAIS


O estado de Minas presta agora homenagens à memória do professor doutor Herbert Magalhães Alves, que faleceu aos 82 anos no inicio deste mês. Ele não foi apenas um professor respeitado, foi um pioneiro em diversas pesquisas na área da química orgânica.  Na Itália, nos anos 50, colaborou com o cientista Daniel Bovet,  que viria em 1957 a receber o premio Nobel de Medicina e Fisiologia.  Herbert  Magalhães Alves incorporou às pesquisas do professor Daniel, o veneno curare usado pelos índios brasileiros,  com ampla ação como anestésico na medicina. Dedicado especialmente a fitoterapia, Herbert também participou na Inglaterra de pesquisas envolvendo as avocatinas, substancias encontradas na semente do abacate.
Sobre o professor Herbert disse sua ex-aluna, a professora doutora Dorila Pilo Veloso:  ¨Recebi das suas mãos quando retornei do meu doutorado na França e preservei, durante tantos anos, aquela gavetinha cheia de extratos de plantas que  ele deixara num dos laboratórios. Ele era um apaixonado  pela flora brasileira. Deu-me um apoio imenso durante a ditadura, e como outros professores do Departamento de Química, naquela época, na calada da noite dos perigos ajudou a preservar a minha vida¨
Na década de 60 o professor Herbert  apaixonou-se por uma aluna, linda e  loira, uma das mais belas sergipanas do seu tempo,  Jane de Oliveira. Casaram-se e viveram juntos até este mês de março.
Jane é filha de Jorge Oliveira Neto, um ícone da engenharia civil sergipana, também um humanista e pesquisador. Jane acompanhou o marido nas suas peregrinações cientificas pelo mundo, tornando-se também uma doutora em química e respeitada professora da Universidade Federal de Minas Gerais. O casal teve três filhos, Jorge, Laura e Márcia. As duas filhas fazem agora  doutorado na Suécia. O professor Herbert doou seu corpo à faculdade de medicina para pesquisas, por isso, não houve velório.  

MINÉRIOS, UM DEBATE E UM PROJETO DOS SERGIPANOS


No final dos anos cinquenta o auditório do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe enchia. Era uma platéia formada por estudantes das faculdades de química,  de economia, de sindicalistas, professores, alguns raros políticos. Estavam todos ali para ouvir o que dizia Valter Baptista, um geólogo autodidata que falava maravilhas sobre o subsolo sergipano. Garantia que bem debaixo dos nossos pés havia petróleo, gás natural e mais uma impressionante quantidade de sais minerais. A partir desse potencial raro de minérios concentrados numa área de menos de trinta quilômetros de raio, vislumbrava profético Valter Baptista:  surgiria uma pujante indústria petrolífera e mineral-quimica.  Bastava para isso começarmos a explorar as jazidas. Ele defendia uma solução estatal, através da nascente Petrobras e outras empresas que teriam de ser criadas, e isso soava como música para uma nova geração de pensadores de esquerda que defendiam maior presença do Estado na economia. Passaram-se os anos. A  Petrobras descobriu petróleo em Carmópolis em 63, depois de cinco anos, mais petróleo e gás, desta feita pela primeira vez no Brasil, na plataforma marítima, bem em frente a Aracaju. Nos anos setenta e oitenta surgiriam às unidades de amônia e uréia, a planta de gás natural, e finalmente, a mina de potássio. Sergipe começava a assistir a confirmação do que dizia um  homem para muitos tido apenas como um visionário, sem maior conhecimento científico ou demonstrações empíricas do que  tão apaixonadamente anunciava. Quem naqueles tempos andou seguindo Valter Baptista pelos ermos de Sergipe e do nordeste baiano, dele não duvidava. Daquelas viagens realizadas num velho  Ford, regressavam cobertos de poeira e com quilos e mais quilos de pedras amontoadas sobre os bancos e a mala do rançoso veículo.  Chegando nas pequenas vilas, o arrastado Ford era sempre cercado por grupos de meninos que anunciavam a chegada do ¨ Doutor das Pedras ,¨e logo voltavam com mochilas, cheias delas, em troca de algum dinheiro. Era assim que Valter ampliava a extensão das suas prospecções geológicas.
Para que as riquezas do subsolo sergipano viessem a ser economicamente aproveitadas, foi indispensável uma luta política árdua, difícil, na qual se envolveram todos os governadores, deputados, senadores, e a sociedade nunca esteve tão unida nos mesmos propósitos. A estratégia começou a ser  montada em 58 por  Luiz Garcia,  passou por todos os governadores a partir de então, sendo ampliada, remontada, adaptada, revista, de acordo com as circunstancias, e tem agora um novo momento decisivo que está sendo enfrentado por  Marcelo Déda.
A reunião que Déda teve semana passada com o presidente da Vale Roger Agnelli, da qual participaram  seus secretários,  Oliveira Junior,  Jeca Silva, João Andrade e  Ricardo Lacerda, foi a seqüência de contatos que já estão sendo mantidos para viabilizar  a exploração da carnalita, uma nova fase na mina de potássio de Taquari- Vassouras.  Agora, o Projeto Potássio iniciado em 81, paralisado durante o governo Collor, terá de mudar a matriz até então utilizada em face do seu esgotamento. Mas há um leque de sais que podem ser utilizados, entre eles a carnalita,  isso exigirá investimentos em torno de um bilhão de dólares, e assim, a mina terá uma longa sobrevida. A Vale está disposta a  tocar o empreendimento, mas encontra resistências técnicas em áreas da Petrobras, onde a produção do petróleo poderia vir a ser afetada.  Há quem afirme que na estatal petroleira não existiria boa vontade para a liberação  das jazidas a serem exploradas  por uma empresa particular, hoje vista como concorrente em nível de importância com a maior estatal brasileira. Ao governador Marcelo Déda caberá o delicado papel de quebrar arestas, promover um entendimento entre a Petrobras e a Vale que venha a favorecer os interesses de Sergipe. Não é coisa fácil, mas o governador a isso se vem dedicando pacientemente, e tecendo relações que poderão  dar suporte ao seu trabalho.
Essa é uma parte da estratégia mais ampla para consolidar a vocação mineral de Sergipe, garantindo aqui a implantação de um pólo  mineral-quimico-petroquimico, e de fertilizantes, com bem maior amplitude, em função do qual,   se incluem também ações de infraestrutura, como ampliação de portos, desassoreamento de barras,  linhas rodo-ferroviárias.

LOUCURA OBSSESSIVA OU MALDADE ABSOLUTA


  Personalidade estranha a desse  jovem que foi preso depois de aplicar  ao longo de dois anos mais de duzentos mil trotes no CIOSP, o Centro Integrado de Operações em Segurança Pública.  O absurdo demonstraria,  de um lado, uma loucura obsessiva e altamente eficaz , ou de outro, um CIOSP ainda carente de operacionalidade,  sobretudo de inteligência. É inadmissível que um órgão montado para coordenar ações de segurança a partir de denuncias ou apelos recebidos, não tenha montado uma estratégia mínima para combater trotes que são freqüentes, e no ano passado ultrapassaram  o índice de trinta por cento das ligações recebidas. Para que se chegasse a esta cifra impressionante de crimes, durante tanto tempo, o jovem bandido Jose Uilson Santos deve ter contribuído com parcela considerável. Ele tem vinte anos, demonstra possuir uma inteligência privilegiada, e por isso, não pode deixar de ser chamado mesmo de bandido, porque tinha plena consciência dos atos que praticava, transitando, todavia, entre uma loucura obsessiva  e uma maldade consciente e absoluta. Trotes não causam apenas enormes prejuízos, causam também mortes. O jovem Uilson, que deve ocupar uma página negra no Livro dos Recordes, não fazia apenas uma brincadeira, cometia crimes metodicamente repetidos ao longo de dois anos, e isso lhe dava um inusitado prazer.
Mas as nossas leis parecem feitas por freirinhas ingênuas metidas inocentemente nos seus conventos e isoladas do mundo, daí porque, são tão complacentes, tão tolerantes com bandidos, com sociopatas. A assassinos,  se dão regalias, ficam escassos meses na cadeia, embora condenados fantasiosamente a penas bem mais longas. Recebem benefícios, saem para visitar  pais e mães, no Natal, no Ano Novo, não voltam, continuam matando, e, se voltam a ser presos,  não perdem as regalias.  Alguém como o jovem recordista de trotes, é preso, presta depoimento e logo depois é liberado. Uma personalidade assim tão complexa, tão conturbada, ao mesmo tempo tão perigosa para a sociedade, não deveria ser objeto de maiores cuidados?
Talvez uma medida de segurança que o colocasse em alguma clínica  psiquiátrica durante algum tempo?
Exatamente agora, o jovem Jose Uilson já poderá estar de novo ao telefone,  dando seqüência  às suas ¨brincadeiras ¨.

CLOVIS BARBOSA E A OAB


 O hoje conselheiro do Tribunal de Contas de Sergipe, advogado Clóvis Barbosa, foi presidente da OAB de Sergipe. E exerceu o seu mandato em tempos bem mais difíceis do que esse período ameno de democracia plena que vivemos. Ele entende que a missão da OAB deve estar intrinsecamente relacionada às obrigações definidas em seus estatutos no que se refere à defesa e preservação do Estado Democrático de Direito. Clóvis diz também apoiar a realização dos exames de Ordem, mas, discorda frontalmente das posições agressivas assumidas por alguns dirigentes de OABs quando se envolvem no debate sobre a constitucionalidade do exame. Para Clóvis, que disse estar em sintonia com o artigo aqui escrito no último domingo, sobre exatamente essa questão,  qualquer debate por mais acalorado que seja, deve ser travado com urbanidade, sem arrogância ou radicalismos das partes, pois quando isso acontece desqualifica-se  a troca de idéias, e logo, tudo se pode transformar em troca de insultos.
 A OAB não se afirma como entidade essencialmente democrática quando se perde em arrogância e se comporta como se fosse proprietária monopolista da razão e da verdade.

OS APITOS E AS ARMAS


Para que mesmo um guarda de transito quer uma arma à cintura?  Se for para livrar-se de alguma eventual violência cometida por um motorista com índole assassina, de nada lhe valerá a arma, a não ser que, ao aproximar-se de um veiculo, ele já fosse apontando a arma para o seu condutor, numa atitude ameaçadora que transformaria o nosso trânsito num desatinado far-west. Se for para isso que desejam os guardas terem a posse de uma arma, então, que Deus e todos os santos e orixás nos livrem deles, e bem fez Samarone ao determinar que  devolvessem os revolveres que andavam a exibir. Como os guardas, evidentemente, não têm nenhuma propensão à pratica da violência, devem então estar muito equivocados sobre  as funções que realmente teriam de desempenhar. Guardas de Transito, como o nome está, tão obvia e ululantemente a definir, servem para disciplinar, por ordem no tráfego, dar-lhe a agilidade necessária, evitando os engarrafamentos, fazendo assim com que a rotina diária do trabalhador entre sua casa  e o local  do emprego, lhe seja  a mais amena possível, e não o martírio a que já estamos todos nos resignando. Para evitar o martírio de trafegar  numa cidade onde já não cabem mais tantos veículos, até porque não existe até agora um planejamento racional para fazê-los circular, então, aí entram os guardas de transito, como agentes imprescindíveis no âmbito de providencias indispensáveis. Aos guardas, lhes estão reservados os apitos com os quais fazem andar ou parar o fluxo de veículos. E é exatamente isso o que não vemos na nossa cidade. Onde em Aracaju alguém avista um guarda num cruzamento? O semáforo não os substitui, a não ser que inventem um inteligente que possa atuar melhor em determinadas situações do que os guardas com seus apitos. Apito na boca, menos caderno de multas nas mãos, talvez essa seja a fórmula mais simples e eficiente para bem utilizar uma Guarda de Transito agora em estado de quase rebelião, porque  há, quem tenha na cabeça deles colocado a idéia de que um revolver na cintura é fundamental para  que trabalhem em segurança. Daí a pouco, partindo dessa mesma imbecilizada premissa, vão querer colocar pistolas nas bolsas dos agentes de saúde,   dos fiscais da prefeitura, dos médicos nos hospitais, dos professores nas escolas.
 E salve-se quem puder, ou for mais ágil no gatilho.

A ORFANDADE DO FRACASSO E A PATERNIDADE DO SUCESSO


O fracasso é absolutamente órfão. Ninguém o reivindica.
Quem escreveria alguma autobiografia para contar uma sucessão de desastres existenciais? Por mais  sentimento masoquista, por mais autoflagelação   que possa existir numa sombria personalidade, dificilmente alguém com essas características psicopatológicas se disporia a castigar-se narrando os seus fracassos, as suas decepções e incapacidades, numa biografia onde os erros fossem atribuídos exclusivamente a si mesmo. Há quem escreva autobiografias repletas de horrores, mas, quase sempre para justificar  os próprios insucessos ou crimes cometidos. As pessoas costumam ser complacentes consigo mesmas.
Nos dias finais do Terceiro Reich quando os escombros de Berlim já atulhavam o chão sobre o seu bunker, Adolf Hitler  demonstrava uma enorme comiseração com ele próprio, dizia-se injustiçado, traído pelos seus generais, pelo seu povo. A Alemanha  teria sido indigna do seu gênio condutor.

No Arco do Triunfo Napoleão colocou em destaque todas as suas vitórias. As derrotas foram omitidas.
 Faz parte da personalidade humana esse comportamento característico de  eximir-se dos erros, e ao mesmo tempo  de identificar-se com o sucesso.
Parece ser de Oscar Wilde a frase:  ¨A modéstia é a hipocrisia dos vaidosos ¨.
 Até  Sidartha Gautama, o Buda, quando abandonou o luxo dos seus palácios e mergulhou na pobreza absoluta, teria, segundo analistas rigorosos da alma humana,  sentido o gosto da vaidade na imundície das  vestes andrajosas que o recobriam.
Daí porque o insucesso não tem pai nem mãe, e  é sempre tarefa árdua dos historiadores identificar, na trajetória da humanidade, os responsáveis pelos grandes fracassos.  Já os sucessos, estes, estão a encher as páginas da História desde os tempos em que eram gravados com  caracteres cuneiformes.
  Sexta-feira, dia 11, os jornais de Aracaju publicaram um artigo de Eduardo Amorim intitulado: ¨Não importa a paternidade o que importa é a adoção ¨. Nele, o senador que é também medico e oncologista, faz uma sóbria e equilibrada análise sobre uma quase disputa política que se esboçou, a partir do instante em que, após destinar uma emenda coletiva de vinte milhões de reais para o projetado Hospital do Câncer de Sergipe,   iniciou, também, uma mobilização da sociedade em defesa da idéia aliás lançada pelo governador Marcelo Déda,  não só durante a campanha política, com os cuidados que ele sempre tem nessa circunstancia, como também,   durante uma audiência com o  Ministro da Saúde. E há toda uma seqüência de ações para viabilizar o projeto.
Apesar da distancia que nos separa da eleição estadual, há uma espécie de clima de campanha  flutuando pelo ar, e aí, as susceptibilidades  afloram com inimaginável facilidade.  Existe a generalizada idéia de que o senador Eduardo Amorim será candidato ao governo em 2014, e isso é uma decorrência natural do  número quase avassalador de votos que ele obteve em outubro do ano passado. Sem duvidas  ele deve estar  avaliando cuidadosamente  essa possibilidade, aquela chance raríssima na vida de um político, quando o cavalo do destino lhe passa selado à porta.  O problema é que, de certa forma,  essa circunstancia especialíssima lhe tolhe as ações, porque, qualquer atitude  dele passa a ser interpretada como antecipação da campanha, mas, como senador ele não poderia deixar de agir, pois assim estaria em  função talvez de uma estratégia política pessoal, traindo aos que nele votaram e dele esperam uma atuação oportuna e ágil no decorrer de todo o  mandato.

Como médico, ex-secretário da Saúde de Sergipe, e ainda tendo atravessado uma vivencia diária com o sofrimento dos pacientes  na condição de coordenador do setor de oncologia, Eduardo Amorim, agora senador, se deixasse passar a oportunidade de fazer alguma coisa tentando amenizar uma situação que é das mais graves, ( hoje são 4 mil novas vitimas de câncer em Sergipe por ano ) aí sim, ele estaria desmerecendo o seu mandato.
A saúde é uma área extremamente complexa,  tanto assim, que vem atravessando mandatos como  inarredável problema a ser vencido. Isso não significa que tenha havido incapacidade ou omissão dos governantes.  Todos, indistintamente,  procuraram agir, e todos deram alguma contribuição para reduzir o tamanho de um desafio que é enorme, e, por isso,   exige recursos nem sempre disponíveis.
Pela magnitude das dificuldades a vencer, não só em relação ao tratamento do câncer, mas,   da saúde pública de um modo geral, há uma necessidade imperiosa de entendimento,  sintonia, somação de esforços, não só dos que integram o poder público, mas, da sociedade civil, que deve, com a sua participação, alargar os horizontes da cidadania, sem os quais não existe uma democracia  eficiente.
Houve um estrategista militar que disse: ¨ A guerra é assunto demasiado complexo para ser tratado apenas pelos generais¨. Parodiemos Clawszevitz, dizendo: ¨A saúde é  problema demasiado complexo para ser tratado apenas pelos políticos, façamos com que nele toda a sociedade se envolva¨.

sábado, 5 de março de 2011

LUIZ MENDONÇA, UMA TAREFA CONCLUIDA

O desembargador Luiz Mendonça concluiu seu tempo na presidência do Tribunal Regional Eleitoral, e saiu recebendo homenagens dos que com ele participaram desses dois anos de atividades acrescidas pela realização das eleições ano passado. Luiz exerceu um comando firme que é sua característica desde quando, ainda Promotor de Justiça, enfrentou decididamente bandidos que eram quase intocáveis. As eleições se realizaram tranqüilas, e, no caso, a firmeza se juntou ao diálogo para superar eventuais problemas sem maiores traumas.
Uma das ações mais positivas de Luiz Mendonça foi a criação da Ouvidoria da Justiça Eleitoral, colocada sob o comando do operante e moderno Juiz Anselmo Oliveira. A função das Ouvidorias foi valorizada pelas iniciativas de Anselmo que estabeleceu produtivas ligações com outras Ouvidorias em todo o país, e trouxe, através de palestrantes, muitas experiências incorporadas pelas outras Ouvidorias de Sergipe.
A presidência do TRE deverá agora ser exercida por uma mulher, e a escolha estará entre as desembargadoras Marilza Mainard e Suzana Oliveira.

METAS OUSADAS NO TRIBUNAL DE CONTAS

O conselheiro Reinaldo Moura deixou a presidência sob aplausos que consagraram sua administração. Entrou a conselheira Isabel Nabuco, talvez na mais prestigiada posse já ocorrida naquele tribunal. No discurso ela anunciou metas ousadas, entre as quais, a criação em sessenta dias da Ouvidoria de Contas, que ela denominou espaço da cidadania, ¨para ouvir queixas, denuncias do cidadão que esteja seriamente interessado em contribuir para a fiscalização do emprego do dinheiro público,¨ e definiu também, a Ouvidoria, como instrumento de aproximação do Tribunal com os sentimentos da sociedade. Mas a presidente Isabel quer ir mais longe, e anunciou uma reestruturação administrativa para descentralizar decisões e conferir maior agilidade e eficiência ao trabalho. Para os funcionários, soou como música a garantia de que um plano de cargos e salários começará a ser elaborado, mas, seguindo um estilo muito próprio de agir, Isabel Nabuco advertiu: Não vou tolerar regalias nem aceitar que servidores recebem sem trabalhar. O mérito de cada um deve ser a melhor credencial para a ascensão profissional. Sobre o concurso que o ex-presidente Reinaldo Moura deixou encaminhado a presidente disse que ele será realizado, pois é preciso preencher vagas, ampliar o corpo qualificado de servidores, e isso, segundo ela, é indispensável para manter o ritmo de trabalho do Tribunal.
Começou muito bem a nova presidente, sintonizada com um processo de mudanças que as mulheres no poder estão agora pondo em prática.

¨¨ UM MULATINHO QUE DEU PARA TOMAR IMPORTANCIA¨

Para quem, nos dias de hoje, ainda insiste em querer desmerecer o país onde vivemos, e chegam alguns até a dizer-se envergonhados com o Brasil; para quem assim faz critica que não deixa de ser preconceituosa, fará bem, sem dúvidas, percorrer as páginas do livro que está sendo concluído pelo pesquisador e escritor Murilo Mellins. Ele continuou seu paciente e produtivo ofício de manusear velhas publicações e foi encontrar no semanário O Nordeste que era publicado em Aracaju, edição de 18 de agosto de 1941, a ¨preciosidade¨ intitulada: As Cínicas Afirmações do Cantor Radiofônico Sílvio Caldas.
No ano passado transitou por aqui um mulatinho que tem causado sucesso como cantor de rádio numa das emissoras do Rio.
É cantor de canções e sambas de morro.
O povo gosta desse gênero e o mulatinho do Sílvio Caldas, por isso que sabe da fraqueza da gente brasileira que se compraz em ouvir coisas nossas, sem verdadeira arte, deu para tomar importância e se julgar uma sumidade de embasbacar o mundo.
Ele andou por ai cavando uns cobres, certamente para se desapertar dos cadáveres do Rio.
Já viera dessa missão cavatória do extremo norte. Cantou umas modas no REX e em casas particulares.
Talvez seja melhor tocador de violão do que cantor. Umas mocinhas foram pedir-lhe que cantasse mais algumas coisas. Nada mais natural do que a solicitação das nossas jovens. Em todas as partes os fans de artistas assim procedem sem malícia, ou sem intenções menos dignas.
Pois o diabo do mulatinho Sílvio Caldas de volta ao Rio, depois de uma temporada na Polícia da Bahia por atentado contra a moral pública, declarou aos jornais que em Aracaju, as moças e senhoras casadas cometeram , doidas de paixão por ele, verdadeiros escândalos. A revista ¨Diretrizes ¨, publicação de conceito, o que é mais de estranhar, deu guarida a tais declarações que infamam a família sergipana.
Esse Sílvio Caldas deve vir a Sergipe de novo, para receber o premio de sua audácia e cinismo, em querer confundir sua generalização nas afirmativas, as respeitáveis senhoras sergipanas com algumas doidivanas sem conceito.

UMA RÍSPIDA E DESELEGANTE OAB

Quando, em um diálogo entra a rispidez, logo existe o risco de tudo se transformar num improdutivo e até deselegante bate boca.
Rispidez é o que não está faltando às OABs quando se coloca em discussão o problema da exigência do exame sem o qual bacharéis em Direito não serão advogados.
A OAB transformou o exame de Ordem em questão fechada, espécie de dogma que não pode ser contestado sob pena de choverem insultos. Enquanto pelo país surgiam liminares permitindo o exercício da advocacia aos portadores de diploma de bacharéis em direito, a OAB resolveu partir com paus e pedras sobre o desembargador Vladmir Carvalho, porque ele, seguindo entendimento de vários outros colegas ousou divergir dos aiatolás guardiães da intocável e sacrossanta Caaba, relicário que a OAB mantém e protege, e pelo qual se mostra disposta a guerrear uma santa guerra. E todos sabem como a racionalidade desaparece quando se fazem as guerras santas.
Um dirigente da OAB nacional apitou o inicio do jogo pesado, e saiu-se com essa, a respeito da liminar concedida pelo desembargador Vladmir :¨ Ele agiu assim por vingança, porque um filho dele fez três vezes o exame e não conseguiu ser aprovado. ¨
Isso não é apenas uma deselegância, é uma baixaria que desqualifica um operador do Direito, apesar de ter sido ele um dos aprovados no rigoroso teste da OAB. Se um Juiz for alvo de ataques pessoais toda vez que prolatar uma sentença, então, para que serviria a magistratura ? O tão douto quanto intolerante e deseducado representante da OAB, deu mostra, e o fez publicamente, de que desconhece ou faz pouco caso de uma matéria que deve ter estudado na faculdade: a ética. Esse viés troglodita seria o suficiente para reprovar qualquer bacharel em direito aspirante à condição de advogado. O exame de Ordem supriria as deficiências dos cursos pessimamente avaliados que se multiplicam pelo país, e assim, supõe-se que os portadores de diplomas, e mais da licença para que possam advogar concedida pela OAB , fossem uma elite pronta a manejar com proficiência as questões jurídicas, também, obedientes à ética, ornamento indispensável das práticas forenses. Mas não é exatamente isso o que se constata a partir da truculencia de alguns dirigentes da OAB. Não se exige de um médico que ele preste exame perante uma banca de examinadores dos Conselhos de
Medicina, e o médico lida com as nossas vidas; não se faz exigência semelhante ao engenheiro que constrói pontes pelas quais transitamos, prédios onde habitamos, e dos quais poderemos despencar se forem cometidos erros. A OAB conferiu a ela mesma o privilégio de pairar acima das instituições legalmente habilitadas, no caso as faculdades, hoje conferindo um diploma que, em resumo, não vale nada. E esse é um tema agora objeto de discussão, que, esperava-se, fosse travada em alto nível, civilizadamente. Essa discussão chegou aos parlamentos, e na Câmara de Vereadores o atuante vereador Elber Batalha abordou o tema. Agiu como devem agir os representantes do povo, trazendo à tribuna um tema de interesse público. Foi o bastante para que, da mesma forma como aconteceu com o desembargador federal Vladimir Carvalho, itabaianense de boa cepa serrana, o vereador aracajuano viesse a ser atingido, também, pela virulência de quem deveria cultivar o hábito que a democracia exige e a pratica forense mais ainda: a de conviver com o contraditório. Afinal, o que disse Elber para receber assim uma tão despropositada e agressiva resposta ? Apenas, observou que o exame de Ordem inclui matérias com as quais apenas lidam aqueles que desejam especializar-se, tais como, Direito Marítimo, Direito Internacional, conhecimento que seria dispensável em bacharéis dos quais, se exigiria apenas, os requisitos indispensáveis para atuar nos tribunais naquelas questões corriqueiras do dia a dia., ou as vezes, simplesmente redigir uma petição. Especialização é outra coisa.
Melhor do que apegar-se a um exame obrigatório , que é em última análise a desmoralização dos cursos jurídicos, seria atuar fortemente para impedir o funcionamento de faculdades de Direito desqualificadas, as vezes clandestinas, criminosamente entregando diplomas a semi-analfabetos.
O exame da OAB é panacéia que apenas encobre o mal mais grave, a proliferação do aviltante negócio de um ensino superior clamorosamente ruim, máquina atraente de lucros fáceis.
A prática da OAB parece ser única no mundo inteiro. Em Portugal a OAP quis imitar a brasileira, mas o Tribunal Constitucional português derrubou a exigência. A tentativa feita em 2009, gerou muitos protestos, e diversos escritórios de advocacia anunciaram que continuariam contratando estagiários, porque confiavam nos seus próprios critérios de seleção.
Ao decidir contra o exame de Ordem, o Tribunal considerou que a exigência restringia o direito constitucional de livre acesso às profissões, admitindo que, embora esse direito não fosse absoluto, ele só poderia ser regulamentado por meio de lei aprovada pelo Legislativo, e, no caso, o exame foi instituído através de uma simples normativa da OAP, que, segundo os Juizes portugueses, não tem a competência de impor normas prévias para o acesso à advocacia.

A CHINA, PADRE CÍCERO, CARNAVAL,NATAL, OBAMA E A ¨REAL POLITIK¨

O título acima pode parecer, nestes dias de Carnaval, alguma coisa assim como o samba do crioulo doido. Aquele que Sérgio Porto , o Stanislaw Ponte Preta compôs, como sátira aos sambas enredos das escolas carnavalescas. Uma letra mais ou menos assim: ¨¨ Foi em Diamantina onde nasceu JK que a princesa Leopoldina, arresolveu se casar. Mas Chica da Silva tinha outros pretendente e ajudou a princesa a se casar com Tiradentes.¨
O titulo, embora estranho, não tem nada a ver com o desmantelo da lógica e da realidade.
Tentemos explicar a confusão aparente.
O Natal de 2010 foi o mais luminoso e lucrativo de todos os tempos. Nunca antes na história deste país, parodiemos Lula, se vendeu tanto, se fez tão feericamente a comemoração natalina. Quase 100% das luminárias utilizadas e algo próximo de 20% do total dos presentes vendidos eram de origem chinesa.
Numa prévia carnavalesca em uma cidade de Minas Gerais inovadora serpentina metalizada propelida por um mecanismo elástico, foi lançada por inadvertido folião e enroscou-se nos fios elétricos. 15 pessoas morreram, mais de 50 ficaram feridas. A serpentina era chinesa, como quase todos os produtos carnavalescos, máscaras, fantasias, sprays e até confetes que são importados da China. Na China não há carnaval, por lá o Natal é coisa quase desconhecida.
Há quem garanta ter comprado no Juazeiro, na última grande romaria do ano passado, uma estatueta do Padre Cícero com batina, chapéu e cajado, onde havia, na base, a inscrição: Made in China. A mesma inscrição já se tornou comum nas tradicionais esculturas de Nossa Senhora Aparecida. Na China o catolicismo é uma coisa tão exótica como por aqui o Taoísmo.
O capitalismo de Estado chinês que tem a protegê-lo um fechado regime político, onde reivindicação salarial é subversão da ordem, não encontra barreiras no seu avanço metódico, criativo e implacável por todo o mundo. Os chineses são hoje os nossos maiores parceiros comerciais . Para os chineses vendemos soja, minério de ferro, as commodities que eles não encontram por preço melhor em qualquer outro lugar, e que também não conseguem produzir na quantidade exigida pelo vertiginoso crescimento econômico, também, para alimentar um numero cada vez maior de bocas que começam a poder se alimentar regularmente.
A China precisa desesperadamente das matérias primas essenciais, entre elas o petróleo.
O Brasil com o pré-sal se tornará nos próximos dez anos exportador de petróleo, e a China será certamente compradora.
Como se sabe as promissoras gigantescas jazidas estão todas na plataforma marítima, no fundo do mar a profundidades abissais e distantes das praias até mais de 200 quilômetros. O Brasil quer aumentar o seu domínio marítimo, a chamada Amazônia Azul, mas, há controvérsias nos foros internacionais, ou seja, em Wall Street, na City londrina, no Pentágono, principalmente, sobre a posse mansa e pacífica de tudo o que se encontra sob o aceano, inclusive dentro das nossas já consagradas 200 milhas.
Ou seja, há confusões pela frente.
Acabamos agora de nos tornar a sétima maior economia do mundo. Mas, somos um país desarmado, e temos a proteger a enormidade da Amazônia Verde, e, enormidade maior ainda, a Amazônia Azul. Não é obra de pura ficção imaginar ameaças latentes. Coincidência ou não, logo anunciado o pré-sal o Pentágono sugeriu reativar a Quarta Frota, aquela que navegava pelas águas do Atlântico Sul em torno da América Latina e fora temporariamente desativadas. O Brasil é hoje um protagonista internacional, mas falta-lhe aquilo que, em geopolítica, desprezada e tão atual ciência, chama-se ¨projeção de poder¨ que se faz com um conjunto de forças aero-transportadas ou embarcadas, submarinos, porta-aviões, fragatas, aviões, bombas atômicas, mísseis, bases espalhadas pelo mundo, economia forte. Os Estados Unidos sofrem hoje ¨on the ground¨ no terreno, como chamam, derrotas sucessivas no Iraque, no Afeganistão, mas, no momento em que decidirem destruir qualquer cidade, qualquer instalação em qualquer ponto mais remoto do mundo, os americanos poderão realizar a proeza sem ter um adversários a altura que os impeçam de fazê-lo. Trata-se de um poder militar absolutamente hegemônico em capacidade de destruição e tecnologia. Se os estados Unidos resolverem explorar petróleo na plataforma marítima brasileira à revelia nossa, eles o farão, mesmo que o Brasil adquira os 36 caças, ponha a navegar os dois submarinos a propulsão nuclear. Para criar um efetivo poder de dissuasão no mar,e defender com alguma eficácia seus centros industriais de uma eventual agressão dos Estados Unidos, o Brasil teria, nos próximos 10 anos, de gastar algo superior a um trilhão de dólares, o que é impensável, e , pior ainda, ficar arcando com o custo de tão grande parafernália bélica.
Precisaremos então, mais de parcerias do que de armas, embora a modernização das nossas forças armadas seja agora um imperativo do status que alcançamos e da nossa importância estratégica.
Parcerias com a China podem até ser lucrativas, mas, em termos de alianças militares de nada valeriam em face de um confronto com os Estados Unidos. Com Paris, imaginou-se estreitar uma relação que funcionaria mais em termos políticos do que propriamente militares, embora a França estivesse disposta a ganhar muito dinheiro e nos fornecer uma bela tecnologia que seria útil, somente para a proteção contra ameaças surgidas de mais perto, ou seja, dos nossos vizinhos fronteiriços. Revelou o Wike-Leeks que o embaixador americano chamou de elefantes brancos os dois submarinos a propulsão nuclear que o Brasil pretende adquirir. Eles somente são armas temíveis quando armados com ogivas nucleares, e nós não cogitamos, nem devemos cogitar de possuir armamento atômico.
O presidente Lula andou um tanto decepcionado com os franceses depois que Sarkozy nos esqueceu como parceiros, e uniu-se aos Estados Unidos na rejeição à fórmula proposta pela Turquia e Brasil para superar as divergências com o Iran e o seu projeto de apropriação da tecnologia nuclear.
Vem agora ao Brasil o presidente Obama. Se com Bush Lula conseguiu dialogar e até tornar-se interlocutor confiável, o que não poderá fazer agora com Obama a presidente Dilma? Não apenas por questões orçamentárias adiou-se a compra dos caças franceses.
É provável que esteja sendo tecida agora entre o Brasil e os Estados Unidos uma nova forma de parceria econômica, política, com alguma abrangência militar. Nada que se possa parecer ao humilhante acordo militar que tínhamos com Washington, nos tempos em que um embaixador brasileiro dizia que o bom para os Estados Unidos era bom para o Brasil. Foi um presidente militar, o general Geisel, que pôs fim ao acordo pelo qual os americanos nos diziam quais as armas que poderíamos ter, e também como estaríamos autorizados a usá-las.
Os tempos são outros, melhor do que gritar ¨ Yankees go home ¨será buscar fórmulas para estabelecer uma joint-venture que nos deixe tranqüilos em relação ao pré-sal, e os americanos menos apavorados com perspectivas de interrupção no fornecimento e no lucro de suas empresas. O Brasil, uma democracia estável, livre de conflitos étnicos ou religiosos, sem alimentar odiosidades políticas, e discretamente afastado da verborragia panfletária do chavismo , tem muito mais a oferecer e a se beneficiar do que os grandes produtores atuais de petróleo, a Rússia e as autocracias árabes que estão desabando. A esquerda tem pela frente um desafio muito mais complexo do que o simples e rudimentar bate boca, como mostrou Lula, compatibilizando crescimento econômico com ascensão social, sem esperar que o bolo crescesse para depois ser dividido, como recomendou , durante a ditadura, o Tzar da economia, Delfim Neto. Até lá ficariam os pobres morrendo de fome, e conformadamente esperando que o bolo atingisse o tamanho necessário para ser minimamente repartido?
O chanceler Bismarck que gostava de sintetizar sua ação diplomática e militar na expressão, ¨real politik ¨, disse: ¨As pessoas não acreditariam nas leis nem comeriam salsichas se soubessem como elas são feitas .¨
A ¨real politik¨ que ele exercitava era algo assim como as salsichas, com boa aparencia, gosto atraente e uma imunda manipulação.
E a ¨real politik¨ que hoje rege as relações internacionais, continua assim, igualzinha às salsichas.

quinta-feira, 3 de março de 2011

AECIO NEVES ON THE ROAD

Estava o ex-governador Albano Franco posto em sossego na
tarde de sexta-feira quando toca o telefone. Atende, e do outro lado da linha
surge uma voz conhecida, um tanto abafada pelo que parecia ser o rugir de potentes motores.  À frente de um grupo motorizado de amigos, o
ex-governador de Minas e agora senador Aécio Neves, pilotava uma mil
cilindradas pela Linha Verde, fazendo o percurso Salvador- Aracaju, e avisava
ao amigo Albano que estava inesperadamente chegando.

O encontro dos amigos prolongou-se noite a dentro na buate
de Fabiano Oliveira.



Pela manhã, o grupo de motoqueiros retomou a estrada rumo a
Pirambú, num roteiro que inclui  as
praias do nordeste. Os cariocas já começam a sentir a ausência de  Aécio, carioca honorário, que anda trocando o
sol e o mar fluminenses por outras paragens.



É que, não há praia suficiente para contentar a avidez de um
mineiro desprovido de mar,    repleto de
ambições, e muita  jovialidade e
competência para fazê-las acontecer.




SEM ARMAS E COM GENTILEZA

O novo  , e outra vez
superintendente da SMTT, ( braço municipal da administração mais conhecido pela
avidez em aplicar multas,)  Antonio
Samarone,  retorna anunciando uma
saneadora providencia: Vai tirar armas tão abusivamente exibidas, das mãos da
Guarda de Transito. Convenhamos, para fiscalizar o transito, revólveres ou pistolas não são  eficazes instrumentos de trabalho. Muito mais
do que a ostensividade das armas que atemorizam,  os guardas precisam,  em primeiro lugar, agir com gentileza,
comedimento e bom senso. Essas formas de operar reforçam a autoridade, e assim
as armas são dispensáveis. Os guardas precisam também demonstrar que não se
deixam abrandar pela propina, e essa é forma ainda mais eficaz de afirmação da
autoridade. Começa bem Samarone , e terá um trajeto mais aplaudido ainda
se  mobilizar um grupo competente de
profissionais para que planejem, coloquem racionalidade no trafego que  aproxima-se rapidamente do caos,  que não se evitará apenas com multas e
pardais. É preciso  reduzir,  nas mãos dos guardas,   aquelas cadernetas onde anotam punições, trocando-as pelos apitos nas bocas de
todos eles,  para que orientem e
disciplinem o transito.

NO TC: REINALDO SAI APLAUDIDO, ENTRA ISABEL

Poucos conseguem encerrar um mandato assim tão festejado
como o conselheiro Reinaldo Moura, que passa a presidência nessa terça à
conselheira Maria Isabel Carvalho Nabuco D’Ávila. Na última sessão que
presidiu  Reinaldo ouviu elogios fartos
dos conselheiros Carlos Alberto Sobral de Souza, Carlos Pinna de Assis, Clóvis
Barbosa, Ulices Andrade, do procurador João Augusto Bandeira de Melo e do
auditor agora já nomeado Conselheiro, Luiz Augusto Ribeiro. Maria Izabel disse
que não se alongaria na homenagem porque preferiria fazê-la no seu discurso de
posse, mas, mesmo assim somou-se logo aos que elogiavam o trabalho que Reinaldo
desenvolveu nesses dois anos. Entre outros êxitos, ele conseguiu, com muita
habilidade,  retirar das manchetes
negativas o Tribunal de Contas, e isso lhe foi facilitado por ser também um
homem do rádio, que fez inúmeros amigos entre os colegas  do mesmo oficio.


Maria Isabel, que assume agora a presidência, tem estilo
diferente do antecessor, mas chega despertado boas expectativas, principalmente por ser uma gestora
experiente que sempre traz inovações e imprime uma marca característica nos
cargos que ocupa. Foi Isabel, quem, como Secretária da Administração no governo
de Albano Franco,  colocou a funcionar o
CEAC, uma das melhores coisas que já se fez em Sergipe para aproximar a
administração publica do povo e desburocratizar   procedimentos.

O episódio:

 Beneficiado pela
anistia ampla , geral e irrestrita assinada pelo presidente Figueiredo,
Brizola,  a quem os militares detestavam
ou mesmo odiavam, voltou ao Brasil após um longo exílio. Enfrentando
ameaças  quase terroristas, ele
candidatou-se a governador do Rio de Janeiro e venceu a eleição. Como
governador, Brizola precisava encontrar-se com o presidente, até mesmo para
garantir uma permanência menos intranqüila no poder. O general Figueiredo conhecido pela forma  estabanada como falava e se comportava, teria
dito que receberia Brizola mas, não lhe apertaria a mão. No dia da audiência,
seguido por dezenas de jornalistas Brizola entra no palácio, espera tenso
alguns minutos na ante-sala e é recebido depois por um carrancudo Figueiredo
que quase não levantou os olhos para vê-lo. Brizola aproxima-se lhe
estende  a mão, e diz: ¨Presidente , me
permita apertar a mão do homem que assinou o ato da anistia e pacificou a nação
¨.  Figueiredo desfez a carranca,
retribuiu o cumprimento, e daí em diante foram só churrascos, conversas
frequentes  na Granja do Torto, onde
Brizola era sempre convidado especial, até despertando ciúmes no duro general Pires, Ministro do Exército. A
ligação Figueiredo -Brizola tornou-se tão forte que o ex-perigoso subversivo,
chegou a defender uma prorrogação do mandato do general quando a sociedade já
começava a clamar pelas diretas já.

SERGIPE, O CÂNCER E A SOLIDARIEDADE

Nesses dias em que se fala tanto em um Hospital do Câncer
para Sergipe, e quando também se espera a nomeação provável para o STJ do
jurista Carlos Alberto Menezes, vale lembrar um dito atribuído a Otto Lara
Rezende, um  dos mais citados
construtores de frases emblemáticas: ¨Mineiro só é solidário no câncer¨   Aqui, por nossas bandas, alguém mais cético
ainda acrescentou à frase do mineiro tão cáustico com a sua gente :  ¨E o sergipano em nenhuma circunstancia ¨.   Talvez haja, e certamente há, um injusto e
pesado exagero, mas, reconheçamos, por aqui, gestos solidários, autenticamente
solidários mesmo, são muito raros, ou raríssimos.


Mas, se nem no câncer o sergipano seria solicito ao próximo,
a sua vocação para  atitudes que
ultrapassam o limite tacanho do egocentrismo se exibe, até ostensivamente, quando se trata de dar suporte às
pretensões de algum sergipano ilustre incluído em lista de onde será escolhido um para destacados cargos da
República.


 Viu-se acontecer
isso, agora, em relação ao professor Carlos Alberto Menezes. Ele merece
efetivamente a solidariedade dos sergipanos, o apoio unânime de todos os
setores da sociedade. Sergipe, por ser demasiadamente pequeno, por ter
inexpressiva representação na área federal, não vai esperar nunca alcançar
sucesso pela quantidade, mas poderá sempre ter algum diferencial com a qualidade. Isso aconteceu no caso da
escolha do jurista e professor Carlos Britto. Mas aquela foi uma circunstancia
difícil de repetir-se. Brito conseguiu maciço apoio do mundo jurídico nacional,
e teve em Déda o compadre de Lula que, com a intimidade de velhos companheiros
lhe falava ao ouvido e o motivava a mover a caneta. Agora, apesar do currículo
brilhante de Carlos Alberto, a situação é diferente,  o candidato de São Paulo  surge com apoio forte de uma poderosa sala do
Palácio do Planalto.


Praza aos céus que aquele gesto de Carlos Alberto  ao cumprimentar a presidente Dilma, apertando a sua mão e perguntando se
aquela seria a mão do destino, tenha o mesmo efeito que um outro apertar de
mãos causou no  destino de Leonel
Brizola, político do qual Carlos Alberto foi, da mesma forma que Dilma, um
seguidor  entusiasmado.

SOUTELO, A BANDEIRA E AS BARRAS

A propósito da nota aqui publicada no último domingo,  intitulada As Cinco Barras de Sergipe, o
professor e historiador Luiz  Fernando
Ribeiro Soutelo nos enviou  cópia de uma
magistral exposição que ele fez na Assembléia Legislativa em 1996,  quando era presidente do Conselho Estadual de
Cultura. Tratou, na ocasião, de esclarecer dúvidas que eram levantadas em
relação à bandeira de Sergipe, quando se discutia sobre ancoras que deveriam estar no lugar das estrelas
representativas dos nossos rios, e se a bandeira deveria ser modificada.
Soutelo fez uma longa exposição , percorreu sapientemente a História universal, chegou a Sergipe,  para concluir que nada deveria ser mudado, e
também que as estrelas  laterais não
representam as quatro barras, que aliás são cinco, representam todas, isto sim,
¨os  cinco municípios em que,  no final do século XV11, se dividia o
território da antiga  Capitania de
Sergipe d ‘El  Rei: São Cristóvão,
Itabaiana, Lagarto, Santo Amaro das Brotas e Santa Luzia.¨


Luiz Fernando Ribeiro Soutelo, sempre exuberante em  cultura, em dedicação às coisas de Sergipe.

VALADARES GOVERNADOR – DÉDA NO GOVERNO

Se vier a sentir-se emparedado o governador Marcelo
Déda  poderia entender que a sua
permanência no governo seria essencial, e aí, deixaria para mais longe a
possibilidade de tornar-se senador da república. Ficaria no Governo e lançaria
o senador Valadares como seu candidato ao governo.. Sendo eleito, Valadares
daria ao seu suplente Jose Eduardo Dutra um mandato de quatro anos de Senador,
algo que não é desprezível, e não deixa de ser, exatamente agora, imaginado com
muita simpatia pelo presidente nacional do PT. Nessa hipótese, Jackson
disputaria o Senado, ou, não havendo rompimento com o grupo Amorim,  Jackson poderia tentar retornar à Câmara  Federal e a indicação do candidato ao
Senado  e do vice seria dos Amorim.  Então, muito provavelmente para os deputados
federais e estaduais do grupo surgiram boas perspectivas.

Não havendo acordo, aí Valadares e Déda  tratariam de
ampliar alianças, preparando-se para a duríssima refrega.  Os ex-governadores João Alves e Albano Franco
não seriam indiferentes  a uma   aproximação com  um esquema que poderia levar Valadares ao
Olímpio Campos. E ai seria interessante ver João Alves votando no mesmo
candidato com o qual também certamente estaria toda a esquerda, inclusive o
MST, liderado pelo deputado estadual João Daniel. No caso de ruptura,  ficariam disponíveis as vagas de senador e
vice.  O PMDB, hoje ainda mais
fortalecido com Jorge Alberto na Casa Civil e Jackson vice-governador, além de
Almeida Lima deputado federal, teria de entrar necessariamente  na composição, onde também não poderia faltar
boa parte das igrejas evangélicas com o deputado Heleno Silva.


 No caso de ir para um
quase sacrifício,  Déda não estaria porem
submetido a uma espécie de  imolação
política .  Em 14, Dilma Rousseff
certamente estará disputando a reeleição. Déda, no governo, trataria de fortalecer mais aquela candidatura em
Sergipe, e, seguramente, não ficaria distante de Brasília com a reeleição da
presidente..

    Esses, são apenas
três dos infindáveis cenários possíveis, e que, com o correr do tempo, poderão ser traçados com maior ou menor
precisão e objetividade., se é que precisão e objetividade  entram nessas imaginosas composições.



Política, a mais humana das ciências, passa, por isso mesmo,
bem distante de qualquer componente cartesiano.