segunda-feira, 30 de setembro de 2013

OS VENENOS O PASSARINHO E O CÂNCER



OS VENENOS O PASSARINHO E O CÂNCER
Dos pastos sergipanos quase desapareceram a perdiz, a codorna, a nambú. Dessas largas extensões onde só medra o capim sumiram quase todos os pássaros. O mesmo acontece nas grandes plantações. O sumiço das aves que sobrevivem apenas no que resta de matas, de caatingas, de capoeiras, é o sinal mais claro do avanço dos eufemisticamente chamados defensivos agrícolas. Usados sem controle, sem obediência às normas que estabelecem como se deve aplicá-los, e mais ainda, vedam completamente a utilização de certos tipos de agrotóxicos, esses produtos , que de qualquer forma oferecem riscos, se transformam em venenos, apontados quase todos como cancerígenos, causadores de uma infinidade de outras doenças. A comercialização clandestina dos venenos e a cumplicidade ou ignorância de muitos pecuaristas e agricultores, aumenta exponencialmente os riscos. Os pássaros, podendo voar, se deslocam para outras plagas, isso, enquanto restar um refúgio, um local qualquer do mundo que ainda não esteja envenenado. No nosso caso, sendo bípedes implumes e, ainda mais, gregariamente agarrados à moradia, não há como fugir da letalidade dos venenos, que estão nos alimentos, no ar que respiramos, nos rios, nos oceanos, deste planeta que tanto degradamos.
O agrônomo Arício Resende da Silva faz a terrificante denúncia: ¨Estamos comendo veneno¨. E explica, didático, que basta constatar a cifra do nosso consumo anual de 15 mil toneladas de agrotóxicos, o que corresponde a quase 2% do nacional que é de 800 mil toneladas.
Aqui no Brasil proíbe-se a caça, exceto no Rio Grande do Sul onde durante 3 meses se pode praticá-la, mas, apesar disso a vida silvestre em quase todo o país está em acelerado processo de extinção. Quem há mais de 50 anos praticava a ¨nobre arte cinegética ¨como elegantemente o professor Franco Freire denominava a caça esportiva, lembra, que nos arredores de Aracaju era possível abater perdizes, um ambicionado troféu, pouco adiante, nos limites com São Cristovão, Itaporanga, a paca era encontrada ao longo das margens dos pequenos rios ainda límpidos, como o Poxim, hoje um esgoto. O professor Franco Freire era caçador e também ambientalista, embora o termo naquele tempo fosse desusado. Ele , já idoso, marchando ágil e vigoroso portando com orgulho uma espingarda Saint-Etienne, calibre 12, joia da armaria francesa, recomendava a um dos seus alunos do Atheneu a quem ele concedia a honra de acompanhá-lo, que fosse comedido no abate das ¨peças ¨, que não fizesse fogo na mata, que preservasse os ninhos, os animais recém nascidos, que considerasse a floresta um refúgio da natureza a ser conservado. Naquele tempo , quando ainda não eram tão intensivamente usados os pesticidas, mesmo com a caça sendo praticada a fauna silvestre se reproduzia, até aumentava, e o câncer não era o flagelo de hoje.
Apesar de toda a fiscalização do IBAMA, da Adema, há pecuaristas e agricultores usando herbicidas intensivamente, alguns tão fortes e letais como o ¨agente laranja ¨, com o qual os americanos desfolharam e mataram as árvores das florestas do Vietnam, onde se refugiavam os guerrilheiros do Vietcong. Nos pastos sergipanos não se ouve o cantar de um só pássaro, a paisagem é desoladora, há no ar o cheiro forte dos herbicidas, o gado pastando contamina-se, depois, a carne, o leite que consumimos, nos causará o câncer. O mesmo acontece com as frutas e verduras.
Tem razão o agrônomo Arício: Comemos veneno . Ao mesmo tempo nos tornamos perigosos inimigos da natureza que nos protege.

OS PARTIDOS EM LEILÃO



OS PARTIDOS EM LEILÃO
O Brasil tem agora mais de 30 partidos políticos. Essa variedade de siglas colocadas à escolha do eleitor poderia ser uma vistosa demonstração de vitalidade democrática. Mas, infelizmente não é esse o caso. A imensa picaretagem que contamina a cena política brasileira criou o brasileiríssimo sistema da compra e venda de partidos. Espertalhões que se auto- definem como políticos, ou melhor, líderes políticos , descobriram a fonte de renda em que se pode transformar o controle de uma sigla partidária. Uma cesta de siglas ao alcance da mão, chega a ser um troféu cobiçado de inestimável valor.
Quando política, negócios ou negociatas se confundem, se misturam, se promiscuem, sobe a cotação dos partidos postos à disposição de quem se atrever a arriscar o maior lance.
Pena que não tenha surgido ainda um líder político capaz de assumir, plena e publicamente , a feição autentica do seu negócio, e, destituído de hipocrisia, criasse a sigla: Partido do Balcão de Negócios. Por extensão, o nome se aplicaria a muitos outros, e assim ficariam eles melhor identificados, sem a preocupação de esconder o prontuário.

SERGIPE UM QUASE DUBAI



SERGIPE UM QUASE DUBAI
Se tantos prognósticos otimistas que foram feitos ao longo do tempo houvessem se cumprido, Sergipe já se teria transformado mesmo numa réplica dos Emirados Árabes, tantas são as imensas jazidas aqui anunciadas. Houve a euforia de Piranema, de outras áreas no mar, e o tempo passou, e obstáculos surgiram, entre eles, as tartarugas vips do IBAMA, que não podem ser incomodadas, tudo conspirando para retardar as esperadas cifras que continuam inalcançadas. Na indústria do petróleo nada se faz de uma hora para outra, principalmente, quando a busca se realiza no mar, e pior ainda, em águas profundas. Quando ainda havia petróleo inexplorado por perto, quase na superfície da terra, como aconteceu no Texas, na Venezuela, nas areias dos desertos do oriente médio, ocorriam aqueles jorros monumentais do ouro negro saindo da terra. Isso é coisa do passado. Mas o petróleo ainda existe em grandes quantidades. Ao contrário do que se previa há 30 anos, não é ainda um recurso natural em vias de extinção, todavia, esconde-se agora em jazidas no meio dos oceanos, debaixo das calotas polares, onde há gigantescos obstáculos técnicos e ambientais a serem superados. A Petrobras navega, como nenhuma outra, em águas profundas, desenvolveu uma tecnologia tão sofisticada que, até Barack Obama, fiscal do mundo, quis conhecê-la, e para isso colocou seus serviços secretos a bisbilhotarem os arquivos da empresa buscando piratear know- how a duras penas conseguido.
A nova descoberta que agora se noticia em águas sergipanas, ultrapassa largamente em volume tudo o que antes fora noticiado. É coisa de bilhões de barrís. Em assim sendo, mesmo com amplos descontos, Sergipe pode ser comparável a um daqueles enclaves diminutos na Península Arábica, os opulentos Emirados. A noticia da magnifica descoberta que irá alavancar as ações da PETROBRAS foi distribuída pela Agência Reuters. Nem a PETROBRAS nem a empresa indiana que opera em águas sergipanas a confirmaram integralmente, apenas, a Petrobras, com a discreta forma de agir nessas circunstancias, limitou-se a adiantar alguns aspectos técnicos, de certa forma, fazendo uma avaliação bastante positiva da descoberta. Há, sem duvidas, em quase todos esses episódios, a presença mal dissimulada dos especuladores, mas, de qualquer forma, enquanto não sair a confirmação completa e oficial, fica a certeza de que há mesmo muito petróleo aqui em frente, a uns cem quilômetros da praia, e numa profundidade que torna bem menos complicada a perfuração dos poços do que nas profundezas imensas onde está o pré-sal no sudeste.
Mesmo com a produção sendo estimada para daqui a 4 ou 5 anos, a economia sergipana já começará a receber os impactos positivos da azáfama petroleira a partir de 2014.
Que assim seja. Amem.

O BANESE E AS SUAS FORTES MULETAS



O BANESE E AS SUAS FORTES MULETAS
Diante de uma circunstancia adversa a direção do BANESE revelou despreparo para o enfrentamento de dificuldades que poderiam ser previstas, e também, pontualmente superadas, desde que houvesse um cuidadoso e inteligente planejamento de ações visando enfrentar o esboço de uma crise. Nada melhor, nada mais cômodo para quem corre o risco de levar um tombo do que esperar, e logo receber o sustentáculo garantido das fortes e providenciais muletas, representadas pela pronta reação sindical e as démarches rapidamente iniciadas pelo governador interino Jackson Barreto. A decisão tomada pelo prefeito de Aracaju teria sido como o desabar de um castelo de cartas, alcançando uma sucessão de prefeituras. Não se tem certeza se João permanecerá ou não no seu proposito de leiloar a conta da Prefeitura, mas, outras prefeituras, motivadas por idêntica insatisfação, que iriam fazer a mesma coisa, resolveram aguardar, e assim, a perspectiva de uma crise bem mais grave parece agora suavizada. Valeu o auxílio pressuroso das providenciais muletas.
A presidente ou presidenta do BANESE não parece ter o perfil de quem possua discernimento, visão para inovar e afastar-se do marasmo, menos ainda, a indispensável capacidade de reflexão e maneabilidade para, se surgirem as crises, enfrentá-las e vencê-las.

LUCIANO BARRETO CANDIDATO ?



LUCIANO BARRETO CANDIDATO ?
Entre as noticias que pipocaram numa frenética e ao mesmo tempo enfadonhamente envelhecida semana política, houve a especulação de que o engenheiro Luciano Barreto, criador e líder do grupo empresarial CELI, filiara-se a um dos partidos políticos que compõem um vistoso e variado farnel . Dessa forma, aliara-se ao projeto político que Edivan Amorim com habilidade, persistência e muita esperteza, começou a por em prática logo que elegeu deputado federal seu irmão, o médico Eduardo Amorim, agora senador e lançado candidato ao governo de Sergipe. Luciano se filiara após um acordo que o tornaria candidato a vice – governador, algo semelhante ao que já fora feito antes com outro empresário, Ricardo Barreto Franco, aliás seu primo em segundo grau, e muito mais jovem , também capitão de um sólido grupo econômico. Como se observa, a estratégia de Edivan envolve cuidadosamente votos e cofres, e isso é parte integrante das suas reconhecidas habilidades.
Quando se noticiou a filiação de Luciano ao bloco de Amorim, informação depois cuidadosamente desmentida pelo suposto novo filiado e candidato em potencial, imaginou-se, inicialmente, que ele seria mesmo o candidato do grupo Amorim ao governo de Sergipe. Falou-se também na possibilidade de Luciano vir a tornar-se vice da chapa ao governo. Convidar Luciano para uma função quase ociosa, poderia ser demérito ao empreendedor engenheiro. Seria, sem duvidas, excelente noticia a entrada na cena política de um empresário que criou um sólido conglomerado de empresas, e que é, além do mais, um conhecedor da realidade sergipana, um homem com visão desenvolvimentista e social. Assim, o grupo Amorim ofereceria mesmo uma nova opção ao eleitorado. Se transformaria em fato concreto aquele discurso tão repetido pelo próprio Edivan, de que a sua facção politico-empresarial tem um projeto de renovação para Sergipe. Luciano, pela sua história de vida, ofereceria ao eleitor a certeza plena de que estaria votando num gestor experimentado e competente, num homem com capacidade de decidir, sem tornar-se submisso ou dependente, muito menos um títere , mero figurante a trocar espírito público por conveniência. Ou conivência.
Pena que a boa suposição da candidatura de Luciano ao governo não se tenha confirmado.