Mangue, pode ser puteiro, bagunça,
ou também bioma. O mangue verde, refúgio estentóreo de vida, é vegetação
adaptada aos trópicos, que rareia, quando, distanciando-se do equador as latitudes sobem. Fartos e vistosos desde o
Amapá até o Rio de Janeiro, São Paulo, os manguezais vão minguando a partir do
Paraná, para sumirem de vez nos estuários do sul catarinense. No Rio Grande do Sul não mais
existem. O mangue é bioma rico, povoado por peixes, crustáceos, moluscos, aves,
também mamíferos, bichos como o guaxinim, que aparecem mortos, estendidos no asfalto da
estrada da Atalaia, atropelados, quando se arriscam a deixar seu habitat . Os mangues
recobrindo os estuários, margeando os rios, enriquecem as águas com seus
nutrientes, e as fazem piscosas. Sabem muito bem os pescadores, que os
peixes rareiam onde os mangues são devastados.
Esse bioma tão importante, indispensável ao equilíbrio da vida marinha, sempre foi mal visto em todos os lugares onde a ignorância ou o desprezo pelo meio
ambiente, (o que vem a ser estupidez
elevada ao quadrado) espalharam a desgraçada impressão de que mangue era uma
vegetação que crescia sobre a imundície da lama, e nele proliferavam os miasmas
e pestilências, encontráveis em pântanos insalubres. As árvores do mangue têm
também um aspecto estranho, primeiro, porque são quase aquáticas, depois, porque vicejam no lodo, possuem
raízes expostas e intrincadas, que se
alteiam, nascendo desde os troncos, formando uma teia complicada. Só aqueles que se aventuraram a capturar caranguejos e aratus, sabem a dificuldade de percorrer os manguezais
com as pernas enterradas até aos joelhos no grosso lamaçal. Mangue, é palavra mais conhecida mesmo como sinônimo
de puteiro, prostituição, desordem. No Rio
de Janeiro, famosa ¨zona¨ se foi formando às margens de um canal onde
havia mangues. Dai, tudo se misturou.
O mangue, embora não o pareça, é rigorosamente limpo. Aquela
lama não é sujeira, nela, há nutrientes,
exuberância de vida, jamais porcarias. Vivendo em função do ciclo das
marés, o mangue é ainda mais
¨lavado¨ duas vezes ao mês nas
luas cheias e novas, quando as águas sobem e chegam a cobrir as raízes aéreas
das enormes gaiteiras, as espécie mais numerosas.
Aracaju se fez começando pelas restingas recobertas de
cajueiros, mangabeiras, gragerús, maçarandubas, avançando pelos mangues que tudo
arrodeavam, e que o ¨progresso¨ mandava que fossem destruídos, aterrados. O
crescimento da cidade foi um constante e inapelável processo de aterro de
manguezais. No começo, inevitável, seria a cidade ou o mangue. Depois, a
agressão ao mangue foi resultado de preconceito ou grosseira aversão ao
indispensável e salutar processo de interação entre a paisagem antrópica e a
natural.
Aracaju expandiu-se
entre dois grandes estuários , do Sergipe e do Vaza-Barrís. Nas bacias desses rios há afluentes e canais formando uma área bastante
propícia ao crescimento dos manguezais.
Restam-nos, porém, poucas manchas de
mangues, e na Treze de Julho formou-se uma delas, a mais urbana, inserida
diretamente no burburinho da cidade. O mangue da Treze de Julho é lindo, nele, voejam garças, socós, mergulhões, carcarás. A fauna alada
é imensa. Pessoas que moram naquele semicírculo de edifícios ladeando o
manguezal, curtem a paisagem magnífica, encantam-se com a revoada matinal e
vespertina dos pássaros, desfrutam do raro
privilégio. Dentro da cidade
fumarenta, em meio ao trovejar dos motores, têm a natureza bruta quase à mão.
Mas há os que, infelizmente, não possuem a necessária sensibilidade para
entender que o mangue, junto à cidade, é algo de que Aracaju se pode orgulhar,
um ponto positivo na soma de fatores que compõem a qualidade de vida. Há
argumentos disparados contra a cortina verde que acompanha boa parte da estrada
da Atalaia: ¨ o mangue tapa a visão do
rio, nos impede de contemplar o
belo estuário; o mangue acumula sujeira, o mangue fede.¨
Já noticiam que um
candidato a prefeito estaria tramando alguma coisa como a extinção do mangue. Quer, sobre a floresta abatida, fazer um aterro enorme, onde, dizem, surgiria
uma grande área de lazer, e se abriria a visão ampla para o rio e o estuário. O
projeto mata-mangue, gigantesco crime
ambiental, estaria sendo articulado, ao que se diz, com a ampla aceitação de parte das classes média e rica aracajuanas,
que se sentiriam incomodadas com a fedentina
Erradamente imaginam que o mau cheiro
é produzido pelo manguezal. Este, o deplorável equivoco que precisa ser
corrigido. ( continua domingo)
O TREM BALA E O NOSSO ¨MARIA FUMAÇA ¨ (II)
Há mais de 5 anos não passa um só trem pelos quase 300 quilômetros
de trilhos atravessando Sergipe de
norte a sul, desde o São Francisco até o rio Real. Por esses trilhos, passavam quase todos os
passageiros e cargas movimentadas em Sergipe até os anos sessenta, quando, as
novas rodovias e os caminhões da
nascente indústria automobilística foram
aposentando os trens. A ponte
rodoferroviária sobre o São Francisco, entre Propriá e Colégio, inaugurada em 69, tornou possível a ligação
dos nossos trilhos com os do resto do nordeste.
Trens vindos do Rio Grande do Norte, trazendo sal, passaram a trafegar cruzando as ruas de Aracaju, e até provocando
acidentes. O então vereador Jorge Araujo
lutou muito para mudar
o trajeto perigoso dos comboios. O perigo só acabou quando foram desativados os trens transportando combustíveis , amônia e ureia. No final dos anos 40 chegou a Sergipe o engenheiro mineiro Zair
Moreira, ele vinha comandar a construção de uma nova linha ferroviária da Leste
Brasileiro ligando Aracaju a Paulo
Afonso, passando por Salgado, Lagarto, Simão Dias e Jeremoabo. Concluía-se
a construção da hidrelétrica, e a ferrovia seria o elo de integração do
novo polo de desenvolvimento no sertão baiano
com o litoral. A projetada ferrovia parou em Simão Dias, ainda sem os trilhos colocados sobre os
dormentes, mas, com pontes e a base concluídas. O engenheiro especializado em
ferrovias deixou Sergipe decepcionado com o fracasso do projeto, com
tanto dinheiro desperdiçado, cancelado por uma economia burra feita pelo não
muito inteligente presidente Dutra. Zair
não pôde concretizar a promessa que
fizera à sua esposa Maria de Lourdes, de atravessar com ela, nascida em Cícero Dantas, as caatingas do
nordeste baiano, num trem correndo por uma linha de ferro que ele construíra.
Desde aquele tempo, até hoje, não se fez
um metro sequer de linha férrea em Sergipe .
Em 14 de junho de 1996 no auge da ciranda de privatizações
do governo FHC, a malha centro leste da Rede Ferroviária
Federal foi arrematada por uma bagatela paga pela Ferrovia Centro Atlântica
S/A, pertencente à Vale, maior complexo
minerador do Brasil, que acabara de ser também
desestatizado a preço vil. Surgiram, então, as retumbantes promessas de que a ferrovia
privatizada seria rapidamente modernizada. Se a Leste Brasileiro que operava em
Sergipe e Bahia já andava devagar, quase parando, passando ao controle da Atlântica
estagnou de vez.
Apesar de não ter
transportado em Sergipe, até hoje uma só tonelada, a Atlântica alardeia
inveridicamente em seu site: ¨Em seus 8023 quilômetros de extensão, a ferrovia
passa por 316 municípios em 7 estados brasileiros ( Minas Gerais, Espírito
Santo, Rio de Janeiro, Sergipe, Goiás, Bahia, São Paulo ) e no Distrito
Federal. Atualmente a FCA se destaca como um importante corredor logístico de
carga geral.
Com acesso a portos localizados nos estados da Bahia, São
Paulo e Rio de Janeiro, a malha da ferrovia está na área de influencia do
Terminal Marítimo Inácio Barbosa em Sergipe¨.
Na ¨área de influencia do Terminal Inácio Barbosa em Sergipe
¨, o que é isso ? Em
Sergipe, trens, nos últimos anos, só se forem fantasmas.
A linha férrea em Sergipe está sucateada, a estação central
em Aracaju, fechada, sem um só funcionário, o mesmo acontecendo com as estações caindo aos
pedaços em Propriá, Cedro de São João,
Malhada dos Bois, Japaratuba,
General Maynard, Maruim, Riachuelo, Laranjeiras, Nossa Senhora do
Socorro, São Cristóvão, Itaporanga,
Salgado, Boquim, Pedrinhas, Itabaianinha e Tomar do Gerú, pouco antes da divisa com a Bahia.
Para Sergipe, a recuperação e retorno às atividades da
ferrovia, é um projeto imbricadamente
relacionado à nossa estratégia de desenvolvimento.
(continua domingo)
OS FUNDILHOS DE LAMPIÃO E OUTRAS ESTÓRIAS
Há muito tempo não deixam os fundilhos de Lampião em paz. Há
uma curiosidade imensa para saber por qual dos dois lados ele preferia baixar
as calças. É natural que isso aconteça quando se trata de celebridades, e
Lampião, é, de longe, o mais famoso personagem nordestino, ao lado do Padre Cícero do Juazeiro. Foi o
antropólogo baiano Luiz Mott líder entusiasta e lutador do movimento gay,
sempre empenhado em descobrir adeptos da bandeira do arco-íris, quem primeiro
levantou a hipótese da homossexualidade do rei das caatingas. Luiz Mott não descansará enquanto não
descobrir evidências de homossexualismo em todos os personagens da História.
Agora, quem vem espalhar dúvidas sobre a
macheza de Lampião de uma forma um tanto
caricatural, até pelo titulo que deu ao seu livro, é o advogado e Juiz
aposentado Pedro Morais. Lampião o Mata
Sete, parece ter o propósito claro
de arrasar a aura de macho do poderoso cabra da peste
pernambucano. Quem estiver lembrado da
música de Jackson do Pandeiro, saberá
que o Mata Sete ¨era de jogar confete e
fritar bolinho, falava mansinho, não era de nada corria da parada até com um sozinho¨. Colando em Lampião o rótulo do Mata Sete e ao
mesmo tempo gay, Pedro Morais escorrega no preconceito, quando associa
homossexualismo a covardia . Platão recomenda em A República que os exércitos
sejam formados por amantes. No combate, estariam
lado a lado lutando como leões, exatamente à semelhança do Bando de Tebas. Não
se imaginaria, na primeira metade do século passado, exatamente no nordeste, um bando de cangaceiros
inspirados pelos ardorosos combatentes gregos, também permutando suas mulheres, numa época em que
viado e corno eram duas palavras infamantes. É sem duvidas empreitada das mais polêmicas, talvez inútil, saber se lampião era ou não era gay, se Maria
Bonita era ou não uma ¨mulher honesta¨ , como ao tempo exigiam os códigos de
leis e costumes , associando,
equivocadamente, uso livre do corpo a fundamentos moralistas, quando vagina e ânus se
confundiam com honra. Muito se tem especulado sobre uma suposta
homossexualidade de Napoleão, sobre a rotatividade nas alcovas das suas
mulheres. Também de fofocas vive a humanidade, e fofocar é coisa que
estimula a perspicácia , o humor, a
criatividade, uma espécie de xadrez da maledicência. Tudo isso é apenas uma diversão lúdica, ou
intelectual, talvez, mas, nada tem a ver
com a ciência da História.
O filósofo e
historiador Will Durant trata com leveza e inteligência o tema da
homossexualidade de Alexandre o Grande na sua obra Historia Universal. Ele
traça o perfil psicológico do grande
conquistador ao descrever a angústia e a depressão que o acometeram quando,
bêbado, matou Hefestion, seu amante, também, a indignação como respondeu a um
dos seus generais que levou um efebo à
sua tenda de campanha. Os gregos eram assumidamente bissexuais, no caso, cabia
apenas especular sobre qual dos sexos seria o privilegiado.
O Juiz Aldo Albuquerque é um magistrado criterioso. Ele atendeu a Expedita, filha de Lampião e Maria
Bonita, suspendendo o lançamento que seria na noite de quinta-feira, até que o
mérito da questão venha a ser julgado. Não se conhece o inteiro teor do livro, mas
Pedro Morais já antecipou alguns trechos, inclusive a ¨revelação ¨de que
Expedita não seria filha de Lampião. Segundo
ele, o ¨capitão Virgulino ¨ não
poderia ter relações sexuais, muito
menos fecundar uma mulher. Numa refrega, uma bala estraçalhou-lhe os escrotos, dos quais aliás Virgulino nem
sentiria falta, acrescenta Pedro Morais, ¨porque seu negócio desde muito cedo era outro ¨. Um militar, célebre personagem da História
brasileira, brigadeiro Eduardo Gomes,
teria sofrido dano semelhante, durante a épica jornada dos 18 do Forte, quando
caiu sobre as areias de Copacabana atingido por uma bala que lhe varou uma
perna e o deixou sem o órgão sexual
Nas suas campanhas eleitorais, as mulheres da Liga Eleitoral Católica que o adoravam e
se diziam ¨puras , castas e recatadas,¨
gritavam histéricas, em espasmos de
quase gozo: ¨Brigadeiro, brigadeiro, é
bonito e é solteiro ¨ e os seus adversários, que não eram poucos, acrescentavam
picarescos: ¨é bonito e é formoso, mas que falta lhe faz o ovo¨. Algum parente
do brigadeiro, um homem que fez Historia,
poderia até querer processar este escrevinhador, por tratar assim de
intimidades de um dos heróis da
aeronáutica brasileira, mas, afinal, a fama traz sempre essas
consequências. É compreensível a
indignação de Expedita, sobretudo de Vera Ferreira, tão ciosa em preservar a
memoria do avô. Se colocarem um daqueles
óculos redondos que Lampião usava no rosto de Vera, um
chapéu de couro em sua cabeça, ela ficaria encarnada e esculpida a cara do avô,
bem mais bonita, é óbvio.
Pedro Morais alega,
defendendo seu escrito, que o livro é apenas uma estória instigante, que
não contém verdades definitivas, e que poderá servir a um debate, uma discussão mais abrangente sobre um
personagem que é um dos ícones da nordestinidade.
Acompanhemos os próximos capítulos desse
folhetim cangaceiro- sexy.
MILTON SANTOS, UM
EXEMPLO PARA POLÍTICOS
Milton Santos que
completou 96 nessa sexta-feira, foi
vereador de Aracaju por 7 mandatos consecutivos, de 55 a 83. Milton é um homem
de hábitos simples e rigoroso
comportamento, hoje, sob o peso da idade, vem passando longos períodos internado no São Lucas. Foi mecânico de
linotipos e impressoras, trabalhou em vários jornais de Aracaju, tendo feito
boas amizades com os jornalistas da sua
época, com os quais gostava de trocar ideias. Aposentou-se como funcionário público da atual SEGRASE. Sobre episódios da vida política do pai, seu
filho o professor e radialista Vilder
Santos, destaca dois deles que
demonstram o respeito do homem público às instituições. Exercendo a presidência
da Câmara de Vereadores de Aracaju, Milton ouviu, no Informativo Cinzano, duras criticas feitas pelo radialista Silva
Lima à Prefeitura de Aracaju, que, sem ter ambulância transportava gestantes e doentes em um Jeep.
Milton havia recebido da Prefeitura uma Kombi para utilização pelos vereadores.
Telefonou então ao Prefeito Jose Conrado
de Araújo dizendo-lhe que em virtude das criticas feitas por Silva Lima na
Rádio Liberdade, estava devolvendo a
Kombi para que a Prefeitura a utilizasse no transporte provisório de doentes e
mulheres grávidas ao hospital e à maternidade. Era um veiculo menos desconfortável
do que um Jeep.
Em outro episodio, nos dias turbulentos que se seguiram à
renuncia de Janio Quadros, o comandante do 28 Batalhão de Caçadores coronel Bragança, homem extremamente radical,
andava prendendo pessoas de esquerda, comunistas acusados de ameaçarem a
segurança do país, porque defendiam a
solução constitucional da posse do vice-presidente João Goulart. O coronel
telefonou para Milton dizendo-lhe que ele deveria expulsar do prédio da Câmara
os vereadores comunistas Agonalto Pacheco e
Manoel Francisco, que lá estavam abrigados para não serem presos. Milton respondeu-lhe que Agonalto e
Manoel Francisco haviam sido eleitos pelo povo , eram vereadores, e a
Câmara a casa que tinham o direito de frequentar, mas, como o coronel
tinha a força militar, poderia invadi-la para de lá retirar os vereadores,
embora à revelia da presidência. O
coronel recuou, até porque a situação nacional já era desfavorável aos
golpistas . Quando houve o golpe militar
de 64, Bragança veio de Minas já
reformado como general, para exigir que
o mandato de Milton Santos e mais alguns a quem ele odiava, fossem cassados, o
que, no caso de Milton, cristão, evangélico, por pouco não chegou a acontecer.
A SEMANA CHEIA DE
MARCELO DÉDA
Foi para Marcelo Deda,
esta última semana, talvez a mais cheia e profícua do seu mandato.
Na quinta-feira, ao lado do Ministro da Saúde Alexandre Padilha, ele inaugurou
em Aracaju o Hospital Pediátrico Dr. Jose Machado de Souza, e a Casa da
Gestante; em Estancia, o Hospital Regional Dr. Jessé de Andrade Fontes No mesmo dia recebeu do ministro a promessa de
que, ainda em dezembro, estarão
disponíveis 30 milhões de reais para o
início da construção do Hospital do Câncer, e mais os recursos para o Centro de
Atenção à Criança e ao Adolescente com Deficiência. No sábado, com muita pompa
e circunstancia foi inaugurado o portentoso Museu da Gente Sergipana, maior investimento cultural já realizado em Sergipe por um só
governo. Dito assim, em curtas linhas, tudo poderia resumir-se apenas a 3 ou 4
inaugurações. Quem tem memória para lembrar que, há 6 anos passados fechavam-se
hospitais em Sergipe por falta de recuperação e de recursos para mantê-los,
deve, certamente, enxergar a amplitude das mudanças que acontecem com os
Hospitais Regionais feitos e postos a
funcionar. Em Estancia havia uma crônica falta de leitos hospitalares, uma
deficiência enorme em atendimento hospitalar e ambulatorial. O ex-deputado
Leopoldo Souza, neto do Dr. Jessé homenageado pelo Governo do Estado, disse, aliás, fazendo um torneio de competência oratória com o governador
Marcelo Déda, que nunca imaginou pudesse Estancia ter um dia um hospital igual
aos melhores do país, e que o seu avô, um médico humanitário, um cientista que
preferiu viver no interior para melhor servir ao povo, viesse a emprestar-lhe o
honrado nome. O ministro Alexandre Padilha surpreso, perguntou a Leopoldo
se a sua família só tinha médicos
famosos, porque, tanto Jose Machado de Souza como Jessé Fontes eram, pelo que
estava ouvindo, seus parentes. Leopoldo respondeu-lhe que as semelhanças
ficavam apenas no parentesco, porque tinha preferido ser advogado, e político,
até quando o povo lhe permitiu.
O novo Hospital
pediátrico Jose Machado de Souza, preenche uma grave lacuna existente há tantos
anos em relação ao tratamento de crianças, desde que fora fechado há vários anos
o antigo. Jose Machado de Souza o médico homenageado, está vivo na memoria de
várias gerações de sergipanos que receberam seus cuidados, e sua personalidade de médico humanista e
aferrado ao juramento ético que fez, pode ser resumida num só episódio contado pelo seu filho João,
também pediatra. Quando João formou-se, e começou a clinicar com o pai,
verificou que o preço cobrado pelas consultas estava imensamente defasado,
porque vivíamos um período de inflação
alta. Sugeriu então ao pai que fizessem uma justa atualização. Ouviu então do
Dr. Machado, com aquele vozeirão trovejante:
¨eu sou médico, não sou industrial da medicina¨. João, que sempre seguiu
os passos do pai, teve de conformar-se com a tabela irrisória das consultas. A
homenagem a médicos assim, se faz agora mais ampla ainda do que nomes dados a hospitais, mas, no traçado de
um caminho que é do da dignidade na saúde pública, com a qual aqueles médicos sempre sonharam.
O Museu da Gente Sergipana merece um comentário mais
extenso. Não cabe em poucas linhas.
Marcelo Déda, na sua semana cheia, desfez também um começo
de desentendimento entre o seu grupo e o
dos irmãos Amorim. Fez a devida homenagem ao senador Eduardo Amorim, quando
assegurou o recebimento das emendas
parlamentares, e lembrou, com justiça, que foi o senador o primeiro a destinar
recursos e a liderar uma campanha pela instalação do Hospital do Câncer em
Sergipe. Retornando da Europa onde ouviu do ex- governador Albano Franco, guru
do diálogo e da tolerância, em jantares e almoços parisienses, conselhos sábios
de entendimento e humildade, o
empresário e exímio articulador político
Edivan Amorim, deverá recomendar mais comedimento, paciência, aos seus
liderados.
UM JUIZ INTELECTUAL
E POETA
Anselmo Oliveira,
Juiz de Direito, tem incursões pela poesia e pelo cinema, também pela
militância cultural, que acabaram por levar-lhe à Academia de Letras, mas é,
sobretudo, um estudioso do Direito. Agora, no Tribunal de Justiça de São Paulo
ele participou do lançamento do livro
Sistema de Juizados Especiais, do qual foi um dos coordenadores e autor, ao
lado de juristas como a juíza de
Campinas, Maria do Carmo Honório, e da professora Adda Peregrino Endhoven. O lançamento do livro aconteceu durante o Forum Nacional dos Juizados Especiais, do qual Anselmo foi presidente. No
próximo ano o livro será lançado em Aracaju.