O GOVERNO VALETUDINÁRIO
DA PRESIDENTE DILMA
ROUSSEF
É isso mesmo, valetudinário, palavra estranha, ainda mais
agora, quando as pessoas perdem o hábito
da leitura e o vocabulário encolhe . Mas, em compensação, tem o Google, sapientíssimo e gratuito ¨professor ¨
e assim, todos se podem igualar se quiserem, no exibicionismo de falsa
erudição.
Valetudinário, vem a
ser alguém fraco, débil, quase em dissolução física. Aplica-se também o termo a
outra forma de dissolução: a ética ou moral. Mas este não vem a ser o caso da
presidente. O problema de Dilma é, tão somente, fraqueza política resultante da sua
inabilidade. Não se governa sem fazer política. Tanto no virtuoso como no
degenerado sentido do termo. Dilma, enfurnada na sua teimosa e equivocada
auto-suficiência, não se preocupou em fazer política, sob qualquer uma das suas
formas.
O resultado desses
desacertos é a ameaça cada vez mais concreta de nos transformarmos na
República Valetudinária do Brasil. Antes que isso venha a acontecer, ampliando
o desemprego, a penúria nos cofres públicos, as falências, o desespero e a
conseqüente convulsão social, teríamos pela frente alguns episódios possíveis,
cada um mais traumático do que o outro.
O primeiro : O
absurdo da anulação da eleição pela Justiça Eleitoral, com a alternativa da
posse do segundo candidato. Essa manobra perigosa que poderia resultar em
desordens e graves conflitos sociais,
estaria sendo tramada pelo ministro do Supremo, Gilmar Mendes, com a
alegre adesão do carreirista Aécio Neves, que se tornaria beneficiário de um
golpe.
O segundo: A anulação da chapa, assumindo a presidência por 60 dias o
desatinado chantagista Eduardo Cunha, e,
nesse período, realizando-se novas eleições. O país seria, num momento crucial,
governado por um político denunciado por corrupção, e sobre o qual pesam
gravíssimas suspeitas. O tumulto seria grande e as conseqüências imprevisíveis.
O terceiro: Andamento
lento do julgamento feito pela Justiça
Eleitoral das contas de campanha da
presidente. As decisões, a favor ou
contra, seriam contestadas em instancias superiores, aumentando a fragilidade
do governo e correndo-se o risco de um desacordo grave entre as instituições,
agravando-se, mais ainda, as circunstancias adversas da crise.
O quarto: A crise política aprofunda-se sem
soluções à vista, percorrendo todo o mandato da valetudinária presidente,
enquanto o pessimismo inviabiliza a possibilidade de uma reativação da
economia. Aí, já estaríamos mesmo vivendo na República Valetudinária do Brasil.
O quinto: A presidente tomada de um surto repentino e
benéfico de muita lucidez e patriótico bom senso, renunciaria.
Assumiria o vice Michel Temer. Como se sabe ele não seria o nome ideal
para nos governar, mas a História e a política, tanto quanto a vida, se
desenrolam no terreno do possível. Temer,
tem imensa capacidade de articulação, por isso não lhe faltará apoio. Ele seria a
alternativa menos traumática. Não haveria milagres, mas, haveria a clarificação desse clima psicológico
cinzento, resultante do pessimismo da
desconfiança, e da incerteza.