AS LIÇÕES DO HOSPITAL DE BARRETOS
Henrique Prata é um grande
pecuarista no interior de São Paulo. Filho de médico que comandava um hospital
público, quando o pai morreu de câncer
ele resolveu homenageá-lo de uma forma exemplar, ou seja, prestando, com sentimento humanista, um relevante
serviço à saúde brasileira. Assim, nasceu o Hospital do Câncer de
Barretos. Henrique Prata tem uma característica: não vive a reclamar do
governo. Otimista por excelência, o que talvez seja resultado da confiança que
tem na sua própria capacidade de tocar o projeto que transformou no grande
objetivo da sua vida, ele, pelo contrário, diz que tanto o governo federal
como o governo do estado dão a sua
parcela de colaboração, e destaca , especialmente, o incentivo e o apoio que recebeu
de Jose Serra quando governador de São Paulo e do presidente Lula, nos seus dois mandatos. Sem
perder um certo jeito caipira, Henrique Prata fala sobre o
hospital e sobre os problemas da saúde pública com a segurança de quem domina o
assunto e a coragem que tem
para fazer revelações, críticas e denuncias gravíssimas, como por exemplo, a atitude criminosa da grande indústria
farmacêutica norte-americana, que transformou a desgraça do câncer em geração
insaciável de lucros imensos.
O Hospital
de Barretos não cobra, atende preferencialmente aos pobres, aqueles que contam
apenas com as limitações do SUS.
Um
paciente internado na UTI do Hospital de
Barretos tem custo diário
de 6 mil reais. O SUS entra apenas com 10 %. Henrique Prata não se mostra revoltado com
isso, até ameniza, lembrando que o SUS é o único sistema de saúde em um
pais grande, levando
assistência a todos.
O Hospital de Barretos com 2 300 funcionários,
entre os quais 600 médicos
especializados, requer um aporte
mensal de 20 milhões de reais. Não
há milagrosa geração de recursos, o que garante o dinheiro é uma rede bem
articulada, assegurando a cobertura dos
gastos, gerando receitas sem onerar pacientes, e mobilizando a sociedade.
Henrique
Prata associa o sucesso do seu hospital a alguns fatores que se conjugaram ,
entre eles, a humanização associada à tecnologia que dá, como resultado, a
imagem de credibilidade, e, com ela, a viabilização de recursos provenientes da
filantropia. Ele lembra que nos países desenvolvidos, Estados Unidos especialmente, os muito
ricos criam fundações e destinam vultosos recursos para
universidades, hospitais, pesquisas. Por aqui ainda não temos esse espírito
de responsabilidade social, mas, Henrique Prata diz que tem
razões para comemorar sintomas de mudança.
Exemplos: Precisava
adquirir um equipamento de última
geração, mas faltavam recursos. Um amigo
, dono do Grupo Cutrale estava nos Estados Unidos. Pediu-lhe que verificasse as condições para
a compra . O empresário retornou anunciando : O equipamento estava comprado, e logo o
hospital o receberia. Valor da compra: 5 milhões de reais. Todos os anos a
festa do Rodeio de Barretos destina recursos para o Hospital do Câncer
Prata
condena o corporativismo de médicos que se recusam a ir para o interior e
tentam impedir a vinda de médicos
estrangeiros, dispostos a chegar até aonde Judas perdeu as botas. E adverte:
Precisamos, com urgência desesperadora, de médicos oncologistas, 400 por ano, e só formamos 10 bem qualificados.
Para o criador do Hospital de
Barretos, qualquer instituição
semelhante terá de fazer três coisas ao mesmo tempo : Prevenção, Tratamento e
Pesquisa.
Aqui em
Sergipe tentamos construir um Hospital do Câncer. Vamos seguir o bom exemplo de Barretos ?
O
empresário, sobretudo empreendedor
social, Henrique Prata e sua qualificada
equipe, teriam muito a nos sugerir, a nos orientar.