sexta-feira, 28 de outubro de 2016

NA CAMPANHA DE ARACAJU A MINIATURA DE DONALD TRUMP

A disputa eleitoral em Aracaju ficará marcada pela troca de acusações. Os problemas da nossa capital ficaram de fora. De certa forma, guardadas as devidas proporções, a renovação proposta por Valadares Filho foi algo que muito se assemelha à “renovação” prometida pelo desembestado candidato Donald Trump. A parte doentia ou fanática do eleitorado americano aderiu a ele.
 
Em Aracaju, não há nenhuma parte doentia do eleitorado. A capital sergipana sempre destacou-se pela independência e politização dos seus eleitores. Não corre o risco de deixar-se levar por modelos fabricados em dispendiosos laboratórios de marketing eleitoral.

A marquetagem do candidato Edvaldo derrapou, quando acusou o candidato Valadarezinho de ter crescido indevidamente o patrimônio pessoal , desde que se tornou deputado. O revide veio pesado e grosseiro. A campanha mergulhou num terreno movediço, onde a elegância ficou ausente.
 
Em princípio, é preciso reconhecer que nem Valadarezinho nem Valadares pai são ladrões.

Edvaldo, vindo de família pobre de Pão de Açúcar, e aqui tendo feito estudos e a carreira política, sem depender de papai, teve a grande oportunidade para roubar, se fosse desprovido de escrúpulos,  quando , por cinco anos, foi Prefeito de Aracaju.  Não roubou, não houve escândalos na sua administração. 

Jackson, que não é candidato, e também não será em 2018, apesar disso, é alvo de ataques,  de quem, faz menos de seis meses, era aliado, ocupava esperou apoio até a última hora.

Jackson também não é ladrão. Filho de bodegueiro e professora, não teve pai poderoso para fazê-lo bem sucedido na carreira política, que já se faz longa. Sergipe, como tanto repete Albano Franco, ¨é muito pequeno, e aqui todos se conhecem¨. Sabe-se quase tudo sobre a trajetória e o comportamento dos nossos homens públicos.

Partindo da premissa de que nenhum dos dois candidatos é ladrão, torna-se desprezível qualquer investida marqueteira tentando sugerir algemas para os seus pulsos.

Sabe-se de Edvaldo, ex-prefeito, que ele não roubou, e não deixou que roubassem.
 
Valadares Filho, ele, próprio, certamente também, se for eleito, não irá roubar, todavia, pelos compromissos assumidos com gente tão conhecida, e com prontuário bem visível, poderá ser induzido a ter a mesma permissividade  revelada no decorrer dessa  conturbada disputa política. Assim, existem preocupações de outra ordem.

Valadarezinho não conduziu a sua campanha como se esperaria de alguém que, pertencendo ao Partido Socialista Brasileiro, teria algum legado de civilidade política, de convicções democráticas a preservar. Sua campanha chafurdou no lôdo do radicalismo, da intolerância, e sobretudo naquela falsidade  de assumir posições que nunca teve, de negar o passado bem recente ao lado de Lula, Dilma, do PT, e ocupando, ele, o pai e seus amigos, posições importantes na República petista, que agora, por oportunismo, renegam. 

Valadarizinho tornou-se porta-voz de tudo o que é intolerância. O capitulo final da campanha, com a participação virulenta e indecente de um fóssil político chamado Silas Malafaia, foi a adesão deles, os ¨socialistas¨, a tudo o que ha de mais retrógrado, feio  e  indigno  no cenário marginal da politica brasileira. Censuraram o humor, a criatividade artística, proibiram o riso e espalharam a raiva.  Refugiaram-se no discurso repugnante do rancoroso Malafaia. 

Se Valadarizinho não teve nojo de Malafaia, e o fez aliado, é possível, também, que não saiba manter a asséptica distância de gente tão conhecida que agora o cerca, e sustenta sua candidatura, gente reincidente em meter as mãos nos cofres públicos. Essa gente, embora respondendo a processos,  já planeja ¨licitações ¨para o lixo, para obras em geral, para alimentar uma rede de comunicação, ou fazer mais festas. Há o risco real de ver-se, instalada na Prefeitura de Aracaju aquela mesma turma que andou ludibriando bancos, escondendo frotas de caminhões, e participou das trambicagens do hoje presidiário Eduardo Cunha. Nisso, reside a grande diferença entre um e outro candidato.


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