Quando Jânio Quadros entre um porre e outro
resolveu proibir a briga de galos e o biquiní, os galistas, que não eram
poucos, argumentaram fracamente em defesa daquele coisa ridícula: dois bichos
de pena se estraçalhando numa rinha rodeada de espectadores fazendo apostas e
gritando como loucos. Já o biquíni, interditado, gerou bem humorados protestos,
e provocações de ousadas mulheres, que foram desafiar a determinação
moralisteira de um hipócrita demagogo, exibindo cada vez mais os corpos, numa
progressão fascinante rumo a uma nudez inconclusa.
As mulheres resistiram, venceram, e o biquíni
sumário tornou-se a marca da ousadia voluptuosa das brasileiras. Já os
galistas, reprovados e mofinos, se conformaram em sobreviver como
contraventores, escondendo seus combatentes e os levando a torneios
frequentados por poucos aficionados, entre eles o publicitário Duda Mendonça.
Já a vaquejada é coisa bem mais ampla, é
esporte ou lazer, arraigado e forte no nordeste, e em torno da qual gravita um
mundo de negócios lucrativos e geradores de empregos.
Na Espanha quiseram proibir a tourada, uma
tradição tão antiga quanto a própria velha Castela. O balé desafiador do esguio
toureiro esquivando-se com a sua capa e espada da fúria do desassossegado
miura, é a metáfora do sangue borbolejante do irredentismo espanhol.
A
tourada, ou “a arte de Cuchares”, denominação
que homenageia um grande toureiro, existe há quase mil anos e em todo
esse tempo sofreu proibições, sempre revogadas. Uma bula do papa Pio V proibiu
a “corrida”. O povo ficou descontente, os nobres que organizavam as fiestas,
foram ao rei Filipe II pedir a sua intervenção, e ele perguntou-lhes: O que
proibiu o Papa? Os nobres responderam: Proibiu a corrida dos touros. Então,
disse Filipe, não contrariemos Sua Santidade,
vamos por para correr as vacas.
O
filósofo Ortega y Gasset disse que não se pode compreender a Espanha, sem que
se tenha pleno conhecimento da história das touradas.
Ousamos então dizer: Não se pode compreender
melhor a alma nordestina sem que se tenha um conhecimento da corrida de mourão,
da pega de boi no mato, do mourejar da vaqueirama.
O nordeste se organiza em defesa da
vaquejada. Por esses dias estarão muitos
em Brasília pedindo aos senadores e deputados que regulamentem a vaquejada, que
a tornem legal e garantida, desde que se exijam os cuidados indispensáveis com os animais.
Por aqui há também muita movimentação. O
deputado Jairo de Glória, defendendo a vaquejada tem percorrido o sertão, se
manifestado na Assembleia. A deputada Sílvia Fontes, organizou um concorrido
evento na Assembleia. Não vamos nos conformar com o preconceito e a
discriminação.
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