No domingo dia 16, o Globo Rural, um dos
melhores programas da Globo, exibiu um entristecedor cenário do nordeste
castigado pela mais longa das estiagens. No sudoeste piauiense, especialmente
na região da Gurgueia, onde se expandem as culturas do soja e do milho
agricultores que vieram do sul ali se
instalaram e se tornaram grandes produtores, amargam prejuízos, estão
endividados e reduzindo as atividades. Paralelamente, foram focalizados
pequenos agricultores de vários pontos do nordeste, que se tornam ainda mais
pobres com a perda dos seus reduzidos rebanhos. O quadro é desolador. Mas o
programa mostrou também áreas bem verdes e produzindo muito, usando a água
farta que sai do subsolo, que guarda um dos maiores aquíferos do mundo. Os
agricultores contratam empresas privadas que fazem a perfuração, formam
associações e dividem os custos. Um único poço cavado pelo governo, e que tem
excepcional capacidade, está abandonado e jorrando água desperdiçada. É a
imagem da desídia, da indiferença, do crime.
Diferente do Piauí, em Sergipe, desde Déda e
agora com Jackson, o governo tem um programa de perfuração de poços, realizado
por modernas perfuratrizes, sem nenhum custo para os pequenos produtores. Em Canindé, numa área em que existe o
aquífero Tucano, a COHIDRO, onde Jose Carlos Felizola faz um excelente
trabalho, já concluiu mais de 20 poços que estão produzindo água doce. Se o
BANESE tivesse, além da ânsia pelo lucro alguma iniciativa de fomento, ao lado
desses poços já existiriam áreas produzindo massa verde para tornar possível a
pecuária leiteira, a criação de caprinos e ovinos, atividades mais adequadas ao
semiárido. Para esse projeto se poderia
contar com o apoio da Secretaria da Inclusão, onde Marta Barreto já sinalizou
positivamente.
Desde que o presidente Fernando Henrique
decidiu acabar a então já enfraquecida SUDENE, e Lula ficou apenas na promessa
de reativá-la, o nordeste se foi tornando ainda mais fraco, os governadores
perderam o elo que os faziam relacionados e protagonistas de ações comuns.
A agência de desenvolvimento criada por
Juscelino Kubitscheck por inspiração de gente lúcida como Celso Furtado, Rômulo
Almeida, foi modelo de eficiência e sucesso, apontado pela ONU como a melhor
formuladora de políticas de desenvolvimento econômico e social, que deveriam
ser replicadas nas áreas pobres do planeta.
Da SUDENE restam apenas, no Recife, as ruínas
do que foi o futurista edifício na Avenida Caxangá. A SUDENE fez nascer um novo nordeste, era um
fórum de debates, um centro de decisão, um órgão aglutinador da força política
dos nove estados, e que faz muita falta a um nordeste ainda não conseguindo conviver
com o recorrente episódio climático, as secas periódicas que agora não produzem
mais o cenário calamitosos dos retirantes, dos paus de arara, transportando
levas de miseráveis das regiões mais secas para o sul do país, para as cidades
onde se transformavam em pedintes, em trabalhadores quase escravizados, ou
cedendo às tentações da marginalidade.
A SUDENE, com a política de incentivos fez
nascer, no nordeste, alguns polos importantes de desenvolvimento, mas agora a
estiagem alongada ameaça cidades como Campina Grande, com mais de 400 mil
habitantes e que começa a perder indústrias , e o colapso aproxima-se, caso as chuvas não venham até o final do ano.
Com o fim da SUDENE deixou-se de pensar em
políticas abrangentes para todo o nordeste e assim, com os nove estados
tratando cada um de si mesmo , a região
continuará capitulando diante dos seus desafios.
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