sábado, 22 de outubro de 2016

NORDESTE ENFRAQUECIDO A SECA E A SUDENE MORTA

No domingo dia 16, o Globo Rural, um dos melhores programas da Globo, exibiu um entristecedor cenário do nordeste castigado pela mais longa das estiagens. No sudoeste piauiense, especialmente na região da Gurgueia, onde se expandem as culturas do soja e do milho agricultores que vieram do sul  ali se instalaram e se tornaram grandes produtores, amargam prejuízos, estão endividados e reduzindo as atividades. Paralelamente, foram focalizados pequenos agricultores de vários pontos do nordeste, que se tornam ainda mais pobres com a perda dos seus reduzidos rebanhos. O quadro é desolador. Mas o programa mostrou também áreas bem verdes e produzindo muito, usando a água farta que sai do subsolo, que guarda um dos maiores aquíferos do mundo. Os agricultores contratam empresas privadas que fazem a perfuração, formam associações e dividem os custos. Um único poço cavado pelo governo, e que tem excepcional capacidade, está abandonado e jorrando água desperdiçada. É a imagem da desídia, da indiferença, do crime.

Diferente do Piauí, em Sergipe, desde Déda e agora com Jackson, o governo tem um programa de perfuração de poços, realizado por modernas perfuratrizes, sem nenhum custo para os pequenos produtores.  Em Canindé, numa área em que existe o aquífero Tucano, a COHIDRO, onde Jose Carlos Felizola faz um excelente trabalho, já concluiu mais de 20 poços que estão produzindo água doce. Se o BANESE tivesse, além da ânsia pelo lucro alguma iniciativa de fomento, ao lado desses poços já existiriam áreas produzindo massa verde para tornar possível a pecuária leiteira, a criação de caprinos e ovinos, atividades mais adequadas ao semiárido.  Para esse projeto se poderia contar com o apoio da Secretaria da Inclusão, onde Marta Barreto já sinalizou positivamente.

Desde que o presidente Fernando Henrique decidiu acabar a então já enfraquecida SUDENE, e Lula ficou apenas na promessa de reativá-la, o nordeste se foi tornando ainda mais fraco, os governadores perderam o elo que os faziam relacionados e protagonistas de ações comuns.

A agência de desenvolvimento criada por Juscelino Kubitscheck por inspiração de gente lúcida como Celso Furtado, Rômulo Almeida, foi modelo de eficiência e sucesso, apontado pela ONU como a melhor formuladora de políticas de desenvolvimento econômico e social, que deveriam ser replicadas nas áreas pobres do planeta.

Da SUDENE restam apenas, no Recife, as ruínas do que foi o futurista edifício na Avenida Caxangá.  A SUDENE fez nascer um novo nordeste, era um fórum de debates, um centro de decisão, um órgão aglutinador da força política dos nove estados, e que faz muita falta a um nordeste ainda não conseguindo conviver com o recorrente episódio climático, as secas periódicas que agora não produzem mais o cenário calamitosos dos retirantes, dos paus de arara, transportando levas de miseráveis das regiões mais secas para o sul do país, para as cidades onde se transformavam em pedintes, em trabalhadores quase escravizados, ou cedendo às tentações da marginalidade.

A SUDENE, com a política de incentivos fez nascer, no nordeste, alguns polos importantes de desenvolvimento, mas agora a estiagem alongada ameaça cidades como Campina Grande, com mais de 400 mil habitantes e que começa a perder indústrias , e o colapso aproxima-se,  caso as chuvas não venham até o final do ano.


Com o fim da SUDENE deixou-se de pensar em políticas abrangentes para todo o nordeste e assim, com os nove estados tratando cada um de si mesmo , a  região continuará capitulando diante dos seus desafios.

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