O CORONEL YUNES E
O ENXUGAR DE GÊLO
Enxugar gelo é uma
expressão muito comum no vocabulário dos policiais. Não só os de Sergipe, mas,
recorrente no linguajar corriqueiro de
policiais de todo o país , decepcionados com o prende, solta, prende solta de
bandidos, muito deles de altíssima periculosidade . No Rio , o Secretário da
Segurança Mariano Beltrame externou a
indignação por ter de novamente sair em busca de chefes do tráfico que a
Justiça autorizara a irem de volta para
as ruas. Alegam os Juizes que seguem estritamente as normas legais, e na grande
maioria dos casos isso é absoluta verdade. Mas há casos de facilidades
concedidas que parecem absurdas, e geram na sociedade um clima de decepção.
O coronel Yunes, comandante da PMS, vai à
linha de frente no combate aos bandidos, e sabe, como poucos, dos perigos em que se
envolvem tanto PMs como agentes civis, no enfrentamento com pistoleiros, e as cautelas que devem ter para que depois não
sejam acusados de violação dos direitos humanos. Yunes fez, numa entrevista ao
Jornal da Cidade, o desabafo público das suas decepções, e do desalento que vai
abatendo o ânimo da tropa. Suas palavras
merecem uma cuidadosa análise. O presidente do Judiciário, desembargador Luiz Mendonça, foi um inflexível
promotor. Agiu contra poderosas gangs, inclusive
formadas por bandidos que se intitulavam políticos ou empresários. Isso quase
lhe valeu a vida. Entre os fugitivos da Penitenciária de Glória
estão dois que dispararam dezenas de
tiros contra o desembargador. Um deles,
nessa última fuga, matou, covarde e estupidamente o guarda penitenciário Antônio
Nascimento Nogueira, honrado cidadão,
pertencente a uma família de gente decente e pacifica. Era irmão do prefeito de
Glória, Chico do Correio.
Tanto Luiz Mendonça
como os demais desembargadores não podem interferir nas decisões de primeira instancia, principalmente
liminares, que, quando cassadas, já teriam gerado conseqüências danosas para a sociedade.
O Secretário da Segurança Mendonça Prado manifestou-se várias vezes sobre o assunto
agora abordado pelo comandante da PM.
Ninguém irá imaginar que os Juízes agem de má fé. Apenas,
imagina-se que os magistrados poderiam
interpretar as leis sendo rigorosamente obedientes aos ditames da
hermenêutica, mas, sem tirarem os pés do chão da realidade.
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