domingo, 24 de abril de 2016

O CUSPE DE JEAN WILIS E A BABA DE BOLSONARO



O CUSPE  DE JEAN WILIS
E A BABA DE BOLSONARO
Aquela cusparada do deputado Jean Willis dirigida à cara do deputado Bolsonaro,  foi mais uma insensatez  cometida naquele domingo tumultuado, que  nos fez vergonha,  quando se tomava uma decisão hoje absolutamente necessária para o país: o afastamento da presidente Dilma  .
Antes do cuspe já acontecera o escorrer criminoso da baba repugnante do deputado odiento.
Sem que se queira justificar o cuspe disparado pelo deputado defensor de minorias discriminadas, há, todavia, que se fazer uma diferenciação fundamental entre o cuspe de um,  e o expelir da  baba do outro.
Saliva e cuspe se confundem. O ato de cuspir é exatamente o expelir da saliva. Tanto um como outro fazem  parte da fisiologia humana. ¨ Gastar saliva ¨ pode  ser sinônimo de diálogo , também da enganação, bem ou mal sucedida. Dizem as pessoas: ¨gastei saliva para nada ¨, ¨gastei muita saliva, mas conseguí ¨, ¨ caiu na saliva ¨.  Enfim, a saliva vai além do cuspe e da boca, quanto  , por  exemplo, se misturam salivas no êxtase eletrizante de um longo e profundo beijo. Derrama-se saliva em variados atos de amor, mas ninguém imagina cuspir em quem se ama.
Claro, o cuspe de Jean Willis foi manifestação deseducada e grosseira de nojo e repúdio aos desatinos do deputado Bolsonaro.  Deve ter sido o primeiro gesto dessa natureza registrado no Parlamento brasileiro. Aconteceu de tudo naquele domingo de tantas calhordices e  palhaçadas, das quais, Tiririca,  palhaço profissional ( os outros são deploráveis imitadores ) foi um dos poucos anão participar. Antes de cuspir, Jean Willis teria ouvido  a estúpida ofensa de Bolsonaro: ¨Vá viado, vá votar na sapatona¨.
Baixarias  desconsideradas, é preciso, todavia, refletir sobre a imensidão do ódio contido na baba maléfica do ex-capitão. Numa sessão grave do Parlamento, no dia em que se decidia sobre a admissão de um processo de afastamento da presidente,  prova difícil para a nossa democracia, num instante assim, um parlamentar faz a apologia da força, da ditadura, do crime, da desumanidade,  da covardia abjeta da tortura exercida contra prisioneiros políticos, que apenas reivindicavam o direito de pensar e agir com liberdade.  Bolsonaro homenageou o coronel Brilhante Ulstra, aquele que aviltou , manchou a farda, assassinando, com requintes de crueldade, prisioneiros políticos subjugados.  Bolsonaro disse que Ulstra era o ¨terror da Dilma¨.  Talvez pela  ¨coragem ¨que teve de pendurar num pau de arara uma jovem estudante, e enfiar na sua genitália um fio elétrico.  Eleita presidente, num regime democrático, aquela jovemnão vingou-se de Brilhante Ulstra, porque vivemos num Estado de Direito, onde prevalecem a lei, a vigência dos Direitos Humanos, as garantias constitucionais, e onde a nenhuma autoridade constituída é permitido o ato de vingança. É esse Estado de Direito, são essas garantias constitucionais, os direitos humanos, a dignidade da pessoa, que foram afrontados no momento em que um degenerado  como Bolsonaro,  elogiou um  réprobo, que um dia teve o privilégio de usar  farda, e com  ela praticar ignomínias  cruéis que arrepiariam a pele pouco sensível  de  bandidos comuns.
A baba de Bolsonaro escorre nojentamente pelo país, e é preciso combatê-la.

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