O CAPITÃO BOLSONARO
E O DIA DO EXÉRCITO
No Exército brasileiro não há mais espaço para personagens
como o capitão Bolsonaro, ou o seu homenageado, o coronel Ulstra. Os dois são frutos degenerados de um
tempo em que o antagonismo entre duas
formas de civilização vicejou, e em alguns casos, transformou-se em ódio. Foi o
tempo em que indivíduos, por desvios psicológicos
ou deformações morais, se fizeram
arautos do extremismo e da intolerância. O fascismo e o comunismo quando
chegaram ao poder, se mostraram gêmeos na tentação totalitária, que o primeiro
deixava exposta e clara, e o segundo mascarava , na utopia de uma sociedade perfeita.
Em muitos e variados casos a luta política foi substituída
pelo fanatismo. O coronel Ulstra, assim como o Brigadeiro Burnier, que o
sensato Brigadeiro Eduardo Gomes, classificou como ¨ ¨enlouquecido fanático ¨
mesmo em tempos radicalizados tiveram tolhidas as promoções que esperariam merecer. Mas as
Forças Armadas, talvez ainda sob o manto de um espírito de corpo que hoje não
mais se justifica, nunca admitiram, explicitamente, que eles fossem assassinos
e torturadores. Mas o tempo passou. Os oficiais generais de hoje eram crianças
em 64.
A ninguém interessa reviver um antagonismo que não mais
existe, até porque, mudaram as condições objetivas da realidade geopolítica
mundial, mudaram os comportamentos, alteraram-se os parâmetros para a ação
política. Falar hoje em ¨ ¨ Ditadura do
Proletariado ¨ é absurdo tão intolerável quanto a idéia da superioridade racial, e do Estado Totalitário que o nazi-fascismo
proclamava.
Aqui e ali, todavia , ainda subsistem ranços, idiossincrasias,
incompreensões , e há um estranho
interesse em ampliar e exagerar esses sentimentos, havendo porta-vozes
destemperados de uma odiosidade insensata e
idiota , ignorando, de propósito ,
que a Guerra Fria acabou.
Um desses ranços ainda se observa em parcelas da esquerda, ou
mesmo entre liberais, que desconfiam do
papel a ser exercido pelas Forças Armadas.
Essa desconfiança é tão insensata que uma Ordem do Dia,
corriqueira em solenidades como a passagem do Dia do Exército, foi interpretada
como aviso subliminar de que os tanques
estavam esquentando os motores. O
general Eduardo Vilas Boas assinou uma Ordem do Dia aprovada pelo Ministro da Defesa Aldo Rebelo. O documento para ser lido nos quartéis, é, tão somente, uma
reafirmação, na crise que atravessamos , da obediência da força de terra aos
ritos constitucionais, e ainda, uma abordagem oportuna epertinente sobre as
dificuldades enfrentadas pelos militares, tanto no que se refere a meios, como
aos salários tão defasados.
Passada essa crise, o que por certo se dará sem maiores
traumas ( a presidente Dilma viaja aos Estados Unidos e em seu lugar assume o
vice Michel Temer, apontado como golpista) porque já temos maturidade
suficiente para superar conflitos através da política e das prerrogativas das
instituições. Passada essa crise, como dizíamos, é preciso começar a pensar,
seriamente, num projeto de Brasil. E desse projeto não pode estar ausente o
conceito de defesa nacional. Um país
continente, que tem interesses
projetados pelo mundo , não pode
prescindir de uma força militar operacional e moderna,com os seus integrantes
dignamente remunerados. O Brasil imenso precisa ter garantidas as suas
fronteiras extensas, seu espaço aéreo, a vastidão do mar territorial.
Hoje, a idéia de golpe militar pode estar rondando em
cabeças ôcas, mas elas não estão nos
quartéis.
Caricatamente,
circulam a paisana, desfilando suas sandices.
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