segunda-feira, 28 de novembro de 2011

ENTRE OS TRÊS ¨MANGUES ¨ O BIOMA SAI PERDENDO (I)





Mangue,   pode ser puteiro,   bagunça, ou também  bioma.  O mangue verde,   refúgio estentóreo de vida, é vegetação adaptada aos trópicos,  que    rareia,  quando, distanciando-se do equador  as latitudes sobem. Fartos e vistosos desde o Amapá até  o Rio de Janeiro, São Paulo,  os manguezais vão minguando a partir do Paraná, para sumirem de vez nos estuários do sul  catarinense. No Rio Grande do Sul não mais existem. O mangue é bioma rico, povoado por peixes, crustáceos, moluscos, aves, também mamíferos, bichos como o guaxinim, que     aparecem mortos, estendidos no asfalto da estrada da Atalaia, atropelados, quando se arriscam a deixar seu  habitat .  Os mangues  recobrindo os estuários, margeando os rios, enriquecem as águas com seus nutrientes, e as fazem piscosas. Sabem muito bem os pescadores,   que os peixes rareiam onde os mangues são devastados.
Esse bioma tão importante,  indispensável ao equilíbrio da vida marinha,  sempre foi mal visto em todos os lugares  onde a ignorância ou o desprezo pelo meio ambiente,  (o que vem a ser estupidez elevada ao quadrado) espalharam a desgraçada impressão de que mangue era uma vegetação que crescia sobre a imundície da lama, e nele proliferavam os miasmas e pestilências, encontráveis em pântanos insalubres. As árvores do mangue têm também um aspecto estranho, primeiro, porque são  quase aquáticas,  depois, porque vicejam no lodo, possuem raízes expostas e intrincadas,  que se alteiam, nascendo desde os troncos,  formando uma teia complicada.  Só aqueles que  se aventuraram a capturar caranguejos e  aratus,  sabem a dificuldade de percorrer os manguezais com as pernas enterradas até aos joelhos no grosso lamaçal.  Mangue,  é palavra mais conhecida mesmo como sinônimo de puteiro, prostituição, desordem.  No Rio de Janeiro,  famosa ¨zona¨  se foi formando às margens de um canal onde havia mangues. Dai, tudo se misturou.
O mangue, embora não o pareça, é rigorosamente limpo. Aquela lama não é sujeira, nela, há nutrientes,  exuberância de vida, jamais porcarias. Vivendo em função do ciclo das marés, o mangue é ainda mais  ¨lavado¨  duas vezes ao mês nas luas cheias e novas, quando as águas sobem e chegam a cobrir as raízes aéreas das enormes gaiteiras, as espécie mais numerosas.
Aracaju se fez começando pelas restingas recobertas de cajueiros, mangabeiras, gragerús,  maçarandubas, avançando pelos mangues que tudo arrodeavam, e que o ¨progresso¨ mandava que fossem destruídos, aterrados. O crescimento da cidade foi um constante e inapelável processo de aterro de manguezais. No começo, inevitável, seria a cidade ou o mangue. Depois, a agressão ao mangue foi resultado de preconceito ou grosseira aversão ao indispensável e salutar processo de interação entre a paisagem antrópica e a natural.
 Aracaju expandiu-se entre dois grandes estuários ,     do Sergipe e do  Vaza-Barrís. Nas bacias desses rios há  afluentes e canais formando uma área bastante propícia  ao crescimento dos manguezais. Restam-nos,  porém, poucas manchas de mangues, e na Treze de Julho formou-se uma delas, a mais urbana, inserida diretamente no burburinho da cidade. O mangue da Treze de Julho  é lindo, nele, voejam garças,     socós, mergulhões, carcarás. A fauna alada é imensa. Pessoas que moram naquele semicírculo de edifícios ladeando o manguezal, curtem a paisagem magnífica, encantam-se com a revoada matinal e vespertina dos pássaros, desfrutam do raro  privilégio.  Dentro da cidade fumarenta, em meio ao trovejar dos motores, têm a natureza bruta quase à mão. Mas há os que, infelizmente, não possuem a necessária sensibilidade para entender que o mangue, junto à cidade, é algo de que Aracaju se pode orgulhar, um ponto positivo na soma de fatores que compõem a qualidade de vida. Há argumentos disparados contra a cortina verde que acompanha boa parte da estrada da Atalaia:  ¨ o mangue tapa a visão do rio, nos impede de contemplar o

  belo estuário;  o mangue acumula sujeira, o mangue fede.¨
Já noticiam   que um candidato a prefeito estaria tramando alguma coisa como a extinção do mangue.  Quer,  sobre a floresta abatida,   fazer um aterro enorme, onde, dizem, surgiria uma grande área de lazer, e se abriria a visão ampla para o rio e o estuário. O projeto mata-mangue,  gigantesco crime ambiental, estaria sendo articulado, ao que se diz, com a ampla aceitação de  parte das classes média e rica aracajuanas, que se sentiriam incomodadas com a fedentina  Erradamente imaginam que o mau cheiro  é produzido pelo manguezal. Este, o deplorável equivoco que precisa ser corrigido. ( continua domingo)
O TREM BALA E O NOSSO ¨MARIA  FUMAÇA ¨ (II)
Há mais de 5 anos não passa um só trem pelos quase 300 quilômetros de trilhos     atravessando Sergipe de norte a sul, desde o São Francisco até o rio Real.  Por esses trilhos, passavam quase todos os passageiros e cargas movimentadas em Sergipe até os anos sessenta, quando, as novas  rodovias e os caminhões da nascente indústria automobilística  foram aposentando os trens.  A ponte rodoferroviária sobre o São Francisco, entre Propriá e Colégio,  inaugurada em 69, tornou possível a ligação dos nossos trilhos com os do resto do nordeste.  Trens vindos do Rio Grande do Norte, trazendo sal, passaram a trafegar  cruzando as ruas de Aracaju, e até provocando acidentes.  O então vereador Jorge Araujo  lutou muito para    mudar o trajeto perigoso dos  comboios.  O perigo só acabou  quando foram desativados os trens   transportando  combustíveis ,   amônia e ureia. No final dos anos 40  chegou a Sergipe o engenheiro mineiro Zair Moreira, ele vinha comandar a construção de uma nova linha ferroviária da Leste Brasileiro  ligando Aracaju a Paulo Afonso, passando por Salgado, Lagarto, Simão Dias e Jeremoabo.  Concluía-se  a construção da hidrelétrica, e a ferrovia seria o elo de integração do novo polo de desenvolvimento no sertão baiano  com o litoral.  A  projetada ferrovia parou em Simão Dias,  ainda sem os trilhos colocados sobre os dormentes, mas, com pontes e a base concluídas. O engenheiro especializado em ferrovias  deixou Sergipe  decepcionado com o fracasso do projeto, com tanto dinheiro desperdiçado, cancelado por uma economia burra feita pelo não muito inteligente presidente Dutra.  Zair não pôde  concretizar a promessa que fizera à sua esposa Maria de Lourdes, de atravessar com ela,  nascida em Cícero Dantas, as caatingas do nordeste baiano, num trem correndo por uma linha de ferro que ele construíra. Desde aquele tempo, até hoje, não se  fez um metro sequer de linha férrea em Sergipe .
Em 14 de junho de 1996 no auge da ciranda de privatizações do governo FHC,   a malha centro leste da Rede Ferroviária Federal foi arrematada por uma bagatela paga pela Ferrovia Centro Atlântica S/A, pertencente à Vale,  maior complexo minerador do Brasil, que acabara de ser também  desestatizado  a preço vil.  Surgiram, então,  as retumbantes promessas de que a ferrovia privatizada seria rapidamente modernizada. Se a Leste Brasileiro que operava em Sergipe e Bahia já andava devagar, quase parando, passando ao controle da     Atlântica  estagnou de vez.
 Apesar de não ter transportado em Sergipe, até hoje uma só tonelada, a Atlântica alardeia inveridicamente em seu site: ¨Em seus 8023 quilômetros de extensão, a ferrovia passa por 316 municípios em 7 estados brasileiros ( Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Sergipe, Goiás, Bahia, São Paulo ) e no Distrito Federal. Atualmente a FCA se destaca como um importante corredor logístico de carga geral.
Com acesso a portos localizados nos estados da Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro, a malha da ferrovia está na área de influencia do Terminal Marítimo Inácio Barbosa em Sergipe¨.
Na ¨área de influencia do Terminal Inácio Barbosa em Sergipe ¨,  o que é isso  ?   Em Sergipe, trens, nos últimos anos, só se forem fantasmas.
A linha férrea em Sergipe está sucateada, a estação central em Aracaju, fechada, sem um só funcionário,  o mesmo acontecendo com as estações caindo aos pedaços em Propriá, Cedro de São João,   Malhada dos Bois, Japaratuba,  General Maynard, Maruim, Riachuelo, Laranjeiras, Nossa Senhora do Socorro,  São Cristóvão, Itaporanga, Salgado, Boquim, Pedrinhas, Itabaianinha e Tomar do Gerú,  pouco antes da divisa com a Bahia.
Para Sergipe, a recuperação e retorno às atividades da ferrovia, é um projeto  imbricadamente relacionado à nossa estratégia de desenvolvimento.
 (continua  domingo)
OS FUNDILHOS DE LAMPIÃO E OUTRAS ESTÓRIAS
Há muito tempo não deixam os fundilhos de Lampião em paz. Há uma curiosidade imensa para saber por qual dos dois lados ele preferia baixar as calças. É natural que isso aconteça quando se trata de celebridades, e Lampião, é, de longe, o mais famoso personagem nordestino,  ao lado do Padre Cícero do Juazeiro. Foi o antropólogo baiano Luiz Mott líder entusiasta e lutador do movimento gay, sempre empenhado em descobrir adeptos da bandeira do arco-íris, quem primeiro levantou a hipótese da homossexualidade do rei das caatingas.  Luiz Mott não descansará enquanto não descobrir evidências de homossexualismo em todos os personagens da História. Agora, quem vem  espalhar dúvidas sobre a macheza de  Lampião de uma forma um tanto caricatural, até pelo titulo que deu ao seu livro, é o advogado e Juiz aposentado Pedro Morais.  Lampião o Mata Sete, parece ter o propósito claro   de  arrasar a  aura de macho do poderoso cabra da peste pernambucano.   Quem estiver lembrado da música de Jackson do Pandeiro,  saberá que o Mata Sete  ¨era de jogar confete e fritar bolinho, falava mansinho, não era de nada corria da parada  até com um sozinho¨.  Colando em Lampião o rótulo do Mata Sete e ao mesmo tempo gay, Pedro Morais escorrega no preconceito, quando associa homossexualismo a  covardia .  Platão  recomenda em A República que os exércitos sejam formados por amantes.  No combate, estariam lado a lado lutando como leões, exatamente à semelhança do Bando de Tebas. Não se imaginaria, na primeira metade do século passado,  exatamente no nordeste, um bando de cangaceiros inspirados pelos ardorosos combatentes gregos, também  permutando suas mulheres, numa época em que viado e corno eram duas palavras infamantes. É sem duvidas empreitada  das mais polêmicas, talvez inútil,  saber se lampião era ou não era gay, se Maria Bonita  era ou não uma ¨mulher  honesta¨ , como ao tempo exigiam os códigos de leis e costumes  , associando, equivocadamente, uso livre do corpo a fundamentos moralistas,  quando vagina e ânus   se confundiam com honra. Muito se tem especulado sobre uma suposta homossexualidade de Napoleão, sobre a rotatividade nas alcovas das suas mulheres. Também de fofocas vive a humanidade, e fofocar é coisa que estimula  a perspicácia , o humor, a criatividade, uma espécie de xadrez da maledicência.  Tudo isso é apenas uma diversão lúdica, ou intelectual, talvez, mas,  nada tem a ver com a ciência da História.
 O filósofo e historiador Will Durant trata com leveza e inteligência o tema da homossexualidade de Alexandre o Grande na sua obra Historia Universal. Ele traça o perfil  psicológico do grande conquistador ao descrever a angústia e a depressão que o acometeram quando, bêbado, matou Hefestion, seu amante, também, a indignação como respondeu a um dos seus generais que  levou um efebo à sua tenda de campanha. Os gregos eram assumidamente bissexuais, no caso, cabia apenas especular sobre qual dos sexos seria o privilegiado.
O Juiz Aldo Albuquerque é um magistrado criterioso. Ele  atendeu a Expedita, filha de Lampião e Maria Bonita, suspendendo o lançamento   que seria na noite de quinta-feira, até que o mérito da questão venha a ser julgado. Não se conhece o inteiro teor do livro,  mas  Pedro Morais já antecipou alguns trechos, inclusive a ¨revelação ¨de que Expedita não seria filha de Lampião.  Segundo ele,  o ¨capitão Virgulino ¨ não poderia  ter relações sexuais, muito menos fecundar uma mulher. Numa refrega,  uma bala estraçalhou-lhe  os escrotos, dos quais aliás Virgulino nem sentiria falta, acrescenta Pedro Morais, ¨porque seu negócio  desde muito cedo era outro ¨.  Um militar, célebre personagem da História brasileira,  brigadeiro Eduardo Gomes, teria sofrido dano semelhante, durante a épica jornada dos 18 do Forte, quando caiu sobre as areias de Copacabana atingido por uma bala que lhe varou uma perna e o deixou sem o órgão sexual
 Nas  suas campanhas eleitorais, as mulheres  da Liga Eleitoral Católica que o adoravam e se diziam  ¨puras , castas e recatadas,¨ gritavam  histéricas, em espasmos de quase gozo:  ¨Brigadeiro, brigadeiro, é bonito e é solteiro ¨ e os seus adversários, que não eram poucos, acrescentavam picarescos: ¨é bonito e é formoso, mas que falta lhe faz o ovo¨. Algum parente do  brigadeiro, um homem que fez Historia, poderia até querer processar este escrevinhador, por tratar assim de intimidades de um dos  heróis da aeronáutica brasileira, mas, afinal, a fama traz sempre essas consequências.  É compreensível a indignação de Expedita, sobretudo de Vera Ferreira, tão ciosa em preservar a memoria do avô. Se  colocarem um daqueles óculos redondos que Lampião usava no rosto de Vera,   um chapéu de couro em sua cabeça, ela ficaria encarnada e esculpida a cara do avô, bem mais bonita, é óbvio.
Pedro Morais alega,  defendendo seu escrito, que o livro é apenas uma estória instigante, que não contém verdades definitivas, e que poderá servir a um debate,  uma discussão mais abrangente sobre um personagem que é um dos ícones da nordestinidade.
  Acompanhemos os próximos capítulos desse folhetim cangaceiro- sexy.
MILTON SANTOS,  UM EXEMPLO PARA POLÍTICOS
 Milton Santos que completou 96  nessa sexta-feira, foi vereador de Aracaju por 7 mandatos consecutivos, de 55 a 83. Milton é um homem de hábitos simples  e rigoroso comportamento, hoje, sob o peso da idade, vem passando longos períodos  internado no São Lucas. Foi mecânico de linotipos e impressoras, trabalhou em vários jornais de Aracaju, tendo feito boas amizades com os jornalistas da  sua época, com os quais gostava de trocar ideias. Aposentou-se como  funcionário público da atual SEGRASE.  Sobre episódios da vida política do pai, seu filho o professor e radialista  Vilder Santos,  destaca dois deles que demonstram o respeito do homem público às instituições. Exercendo a presidência da Câmara de Vereadores de Aracaju, Milton ouviu, no Informativo Cinzano,  duras criticas feitas pelo radialista Silva Lima à Prefeitura de Aracaju, que, sem ter ambulância  transportava gestantes e doentes em um Jeep. Milton havia recebido da Prefeitura uma Kombi para utilização pelos vereadores. Telefonou então ao Prefeito  Jose Conrado de Araújo dizendo-lhe que em virtude das criticas feitas por Silva Lima na Rádio Liberdade,  estava devolvendo a Kombi para que a Prefeitura a utilizasse no transporte provisório de doentes e mulheres grávidas ao hospital e à maternidade. Era um veiculo menos desconfortável do que um Jeep.
Em outro episodio, nos dias turbulentos que se seguiram à renuncia de Janio Quadros, o comandante do 28 Batalhão de Caçadores  coronel Bragança, homem extremamente radical, andava prendendo pessoas de esquerda, comunistas acusados de ameaçarem a segurança do país,  porque defendiam a solução constitucional da posse do vice-presidente João Goulart. O coronel telefonou para Milton dizendo-lhe que ele deveria expulsar do prédio da Câmara os vereadores comunistas Agonalto Pacheco e  Manoel Francisco, que lá estavam abrigados para não serem presos.  Milton respondeu-lhe que  Agonalto e  Manoel Francisco haviam sido eleitos pelo povo , eram vereadores, e a Câmara  a casa que tinham o  direito de frequentar, mas, como o coronel tinha a força militar, poderia invadi-la para de lá retirar os vereadores, embora à revelia da presidência.  O coronel recuou, até porque a situação nacional já era desfavorável aos golpistas .  Quando houve o golpe militar de 64, Bragança veio  de Minas já reformado como general, para exigir  que o mandato de Milton Santos e mais alguns a quem ele odiava, fossem cassados, o que, no caso de Milton, cristão, evangélico, por pouco não chegou a acontecer.
 A SEMANA CHEIA DE MARCELO DÉDA
 Foi para Marcelo Deda,  esta última semana,  talvez a mais cheia e profícua do seu mandato. Na quinta-feira, ao lado do Ministro da Saúde Alexandre Padilha, ele inaugurou em Aracaju o Hospital Pediátrico Dr. Jose Machado de Souza, e a Casa da Gestante; em Estancia, o Hospital Regional Dr. Jessé de Andrade Fontes  No mesmo dia recebeu do ministro a promessa de que, ainda em dezembro,  estarão disponíveis 30 milhões de reais para  o início da construção do Hospital do Câncer, e mais os recursos para o Centro de Atenção à Criança e ao Adolescente com Deficiência. No sábado, com muita pompa e circunstancia foi inaugurado o portentoso Museu da Gente Sergipana,  maior investimento  cultural já realizado em Sergipe por um só governo. Dito assim, em curtas linhas, tudo poderia resumir-se apenas a 3 ou 4 inaugurações. Quem tem memória para lembrar que, há 6 anos passados fechavam-se hospitais em Sergipe por falta de recuperação e de recursos para mantê-los, deve, certamente, enxergar a amplitude das mudanças que acontecem com os Hospitais Regionais  feitos e postos a funcionar. Em Estancia havia uma crônica falta de leitos hospitalares, uma deficiência enorme em atendimento hospitalar e ambulatorial. O ex-deputado Leopoldo Souza, neto do Dr. Jessé homenageado pelo Governo do Estado, disse,  aliás, fazendo um torneio  de competência oratória com o governador Marcelo Déda, que nunca imaginou pudesse Estancia ter um dia um hospital igual aos melhores do país, e que o seu avô, um médico humanitário, um cientista que preferiu viver no interior para melhor servir ao povo, viesse a emprestar-lhe o honrado nome. O ministro Alexandre Padilha surpreso, perguntou a Leopoldo se  a sua família só tinha médicos famosos, porque, tanto Jose Machado de Souza como Jessé Fontes eram, pelo que estava ouvindo, seus parentes. Leopoldo respondeu-lhe que as semelhanças ficavam apenas no parentesco, porque tinha preferido ser advogado, e político, até quando o povo lhe permitiu.
O  novo Hospital pediátrico Jose Machado de Souza, preenche uma grave lacuna existente há tantos anos em relação ao tratamento de crianças, desde que fora fechado há vários anos o antigo. Jose Machado de Souza o médico homenageado, está vivo na memoria de várias gerações de sergipanos que receberam seus cuidados,  e sua personalidade de médico humanista e aferrado ao juramento ético que fez, pode ser resumida num  só episódio contado pelo seu filho João, também pediatra. Quando João formou-se, e começou a clinicar com o pai, verificou que o preço cobrado pelas consultas estava imensamente defasado, porque vivíamos  um período de inflação alta. Sugeriu então ao pai que fizessem uma justa atualização. Ouviu então do Dr. Machado, com aquele vozeirão trovejante:  ¨eu sou médico, não sou industrial da medicina¨. João, que sempre seguiu os passos do pai, teve de conformar-se com a tabela irrisória das consultas. A homenagem a médicos assim, se faz agora mais ampla ainda do que  nomes dados a hospitais, mas, no traçado de um caminho que é do da dignidade na saúde pública, com a qual   aqueles médicos sempre sonharam.
O Museu da Gente Sergipana merece um comentário mais extenso. Não cabe em poucas linhas.
Marcelo Déda, na sua semana cheia, desfez também um começo de  desentendimento entre o seu grupo e o dos irmãos Amorim. Fez a devida homenagem ao senador Eduardo Amorim, quando assegurou  o recebimento das emendas parlamentares, e lembrou, com justiça, que foi o senador o primeiro a destinar recursos e a liderar uma campanha pela instalação do Hospital do Câncer em Sergipe. Retornando da Europa onde ouviu do ex- governador Albano Franco, guru do diálogo e da tolerância, em jantares e almoços parisienses, conselhos sábios de   entendimento e humildade, o empresário e  exímio articulador político Edivan Amorim, deverá recomendar mais comedimento, paciência, aos seus liderados.
   UM JUIZ INTELECTUAL E POETA

 Anselmo Oliveira, Juiz de Direito, tem incursões pela poesia e pelo cinema, também pela militância cultural, que acabaram por levar-lhe à Academia de Letras, mas é, sobretudo, um estudioso do Direito. Agora, no Tribunal de Justiça de São Paulo ele  participou do lançamento do livro Sistema de Juizados Especiais, do qual foi um dos coordenadores e autor, ao lado de  juristas como a juíza de Campinas, Maria do Carmo Honório, e da professora Adda  Peregrino Endhoven. O lançamento  do livro aconteceu durante o Forum  Nacional dos Juizados  Especiais, do qual Anselmo foi presidente. No próximo ano o livro será lançado em Aracaju.


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