A AGRESSÃO NO AEROPORTO A CIVILIDADE DESAPARECIDA
Pois é, perdemos a capacidade de ganhar e perder sem
abandonar a civilidade. Ganhar e perder é o jogo normal da vida e não poderia
ser de outra forma na política. Nesse campo, aliás, ganhar e perder faz parte
da essencialidade da democracia, onde o poder troca de mãos. Com efeito, perder e ganhar são eventos que
se completam, se legitimam, se realimentam e se unem para homenagear o voto.
Houve, no caso da deposição da presidente com a posse de
Temer, aquela sensação de que faltou o voto para legitimar o ato de perder ou
ganhar. Temos, contudo, a gravidade de uma crise, a emergência e a
agonia de uma situação que deve centralizar as energias dos brasileiros. Os que
perderam, embora sentindo-se injustiçados, terão, sensatamente, de esperar a eleição em 2018.
Que se apostrofe, como golpistas, os que apoiaram a queda da presidente, que
sejam acusados, tudo isso no espaço das ações políticas e da plena liberdade de expressão.
Que se bata, inutilmente, é verdade, às portas do Supremo.
Trata-se de um direito.
Mas, que a indignação pela derrota não se transforme numa
explosão irracional de desrespeito e agressão aos adversários. É preciso evitar
que descambemos para a estupidez da violência.
Quinta-feira última, os que estavam no aeroporto de Aracaju
assistiram uma cena com a qual nunca estaremos acostumados a conviver. Um punhado
de manifestantes substituiu o cívico arsenal pacífico que a democracia permite
e aprova, até exalta, pela violência da agressão. Contra o senador Eduardo
Amorim jogaram ovos, contra o deputado Joni Marcos investiram para uma agressão
física. Ou seja, fizeram tudo aquilo que uma parte desvairada da direita
estúpida comete contra artistas, intelectuais, políticos, até jogadores de
futebol, que identificam como “petralhas”, “comunistas”,
contra os quais, para eles, toda violência é válida e justificável, até mesmo
aquela desumana e covarde de uma ditadura que recorreu à tortura de presos
políticos, e também os assassinou.
Atos assim, como essa insanidade contra dois cidadãos,
emporcalham o nosso sentimento de sergipanidade, onde se incluem, respeito,
tolerância, civilidade, e culto à democracia.
Que lindo, fiquei emocionado. Realmente, devemos tratar bem os golpistas, colocar eles no colo e fazer cafuné...
ResponderExcluir