O BANESE SERIA MESMO O ORGULHO DOS SERGIPANOS? (1)
O BANESE não é um pequeno banco mal administrado. Muito pelo
contrário, na sua pequenez de pigmeu diante dos Golias, ele usa bem o seu
badoque e vai sobrevivendo, evidentemente sem acertar a testa de nenhum dos gigantes
que o suplantam esmagadoramente. O BANESE é, assim, um dos quatro pigmeus
estaduais que restam. Também moderniza -se, amplia serviços, tem uma gestão
eficaz.
Quando FHC estimulou a concentração bancária e nela
sucumbiram até grandes como o Nacional, o Econômico, o Bamerindus, e todos os
bancos estaduais, a começar pelo de São Paulo, Albano recebeu uma séria
admoestação do Ministro da Fazenda Pedro Malan: “trate de privatizar seu tamborete,
capitalize o cofre estadual antes que seja tarde”. Albano resistiu, vendeu
somente a Energipe, capitalizou o fundo de pensão, fez obras, e ganhou a
reeleição derrotando João Alves, mas, preservou o banquinho que sobreviveu sob
o amparo do slogan: “BANESE, orgulho dos sergipanos”. Alguns reclamaram da
privatização da Energipe, então, João Augusto Gama, Prefeito de Aracaju, fazendo
uma proveitosa parceria com Albano para construir o novo mercado municipal e
readequar o centro da cidade, fulminou, bem ao seu estilo seco e direto: “A
ENERGIPE é cabide de emprego para rapariga de político”. Quem hoje ainda lembra
daquela estatal ronceira?
A crise agora é imensa
e sem perspectivas de solução a médio prazo. E o real orgulho de ser sergipano de
fato se esvai, enquanto o estado atrasa salários, fornecedores e paralisa obras,
vítima, também, de uma recessão criada lá fora e para a qual não há remédio
adequado, porque a doença não é nossa. Quando acabarem os recursos duramente
conseguidos do PROIVESTE e PRODETUR, terão de desmobilizar os canteiros de
obras que restam, sem iniciar mais outras. Há muito o que fazer, um projeto de
Estado a ser posto em marcha, mas tudo se contrai na premência de recursos e
Jackson vê, agoniado, cair sobre a sua cabeça o impacto da maior crise
econômica já enfrentada pelo país, desde o colapso de 1929, quando o Brasil
ainda era uma imensa e atrasada fazenda de café, cana e boi.
Como costuma dizer o médico Gilvan Pinto, um intelectual que,
à semelhança de tantos outros médicos, faz incursões inteligentes pelos
problemas que nos cercam, sintetiza: “governar, hoje, é quebrar paradigmas”.
Sem dúvidas muito mais se orgulhariam os sergipanos se a
sangria que devasta a nossa previdência fosse contida e então sobrariam talvez
recursos para que se comece a fazer do nosso estado pequenininho uma unidade
exemplar na federação.
É preciso quebrar o paradigma que já se fez preconceito de
que há certas coisas que não se podem fazer, certos ninhos de vespa que não
podem ser mexidos.
A privatização é um desses preconceitos. Não há em Sergipe
nenhuma estatal que possa ser considerada estratégica e intocável, como é o
caso no plano federal da PETROBRAS, do Banco do Brasil, da Caixa e, como poderia
ter sido considerada, a VALE. Vendida a preço de banana, por irresponsabilidade
gerencial fez aquela tragédia no Rio Doce.
Sergipe tem poucos ativos dos quais poderá desfazer-se para
tentar recompor suas finanças caminhando para um estágio de insolvência, caso a
crise se alongue.
A primeira quebra do paradigma ou preconceito, seria a venda
do BANESE, integral, não apenas a negociação da conta, o que enfraqueceria o
banco e reduziria o seu valor. A Caixa e o Banco do Brasil teriam interesse na
compra.
A segunda seria uma parceria público-privada para a DESO. (continua
domingo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário