domingo, 7 de agosto de 2016

DO JEITO E DOS JEITINHOS OLIMPICOS DO BRASILEIRO



 DO JEITO E DOS JEITINHOS
OLIMPICOS DO BRASILEIRO
O jeitinho brasileiro é o meio termo entre a malandragem e a virtude, Com ele temos vivido, sobrevivido, e com ele nos inventamos e reinventamo-nos. Jeitinho ou quebra- galho, eis a fórmula inteligente, a solução macunaímica para os nossos males. Nem é preciso perder por inteiro o caráter, para que recorramos ao jeitinho. Macunaíma, o herói sem caráter, que já se quis identificar com a personalidade ou característica do brasileiro, nem era assim, dele tão desprovido . Era alegre, fornicador , e  também , as vezes, solidário irmão da sua gente. Um dia, ainda, alguma empavonada autoridade erigirá uma imponente estátua ao jeitinho brasileiro. Se não houver recursos, nem projetos para a obra, dar-se-á um jeitinho, se encontrará a solução do quebra – galho. E logo se fará, do monumento, uma enorme gozação, uma piada pronta. Do jeitinho nada escapa, nem dele mesmo.
  Gostam de  escrachar o jeitinho brasileiro, de considerá-lo uma afronta à ética, à moral e aos bons costumes, eis porém, que o mundo se rende a ele, o nosso espancado jeitinho, e enxerga naquele majestoso, apoteótico, emocionante espetáculo que foi a abertura desta Olimpíada antes tão malsinada, a força, a capacidade, a inteligência, a tenacidade que tem o brasileiro para dar jeitinhos. Jeitinhos na crise, jeitinho na decepção, na desesperança, jeitinho para aquietar a odiosidade que nos contaminou, jeitinho na dureza da vida, jeitinho para driblar tudo de ruim e sair saracoteando, pulando, fazendo festa. Fazendo aquela festa olímpica, a maior   e mais bonita de todos os tempos. Tudo isso porque o jeitinho é nosso, brasileiro, privilégio dos duzentos e quatro milhões de macunaímas  jeitosos que vivem nesta   Pindorama  que  se chamou Brasil. Com jeitinho aplaudimos tudo na festa da Olimpíada, e demos também  sonora vaia no Temer. Foi o jeitinho melhor de dizer a ele: Não tire proveito político daquilo que você não fez. O jeitinho brasileiro  ,  descontraidamente, sem partidos nem militâncias, leva ao equilíbrio político , e se Lula ali estivesse,   também receberia a sua vaia.
O jeitinho brasileiro, essa descontração, essa tendência para desconstruir  mitos e personalismos, logo tornou ridículos os nossos ditadores, os generais de cara fechada, e não se conforma com minutos de silêncio nem com cerimoniais alongados. Há, nesse jeitinho, um viés anárquico nos induzindo ao culto de uma liberdade meio bagunceira .  Reprovamos  preconceitos, olhamos com certa  ironia para  tudo aquilo com a forma de poder ou autoridade.  
É preciso que tenhamos orgulho dele, do Brasil, e do jeitinho brasileiro . Ele é nosso,  e ninguém tasca.

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