DO JEITO E DOS JEITINHOS
OLIMPICOS
DO BRASILEIRO
O
jeitinho brasileiro é o meio termo entre a malandragem e a virtude, Com ele
temos vivido, sobrevivido, e com ele nos inventamos e reinventamo-nos. Jeitinho
ou quebra- galho, eis a fórmula inteligente, a solução macunaímica para os
nossos males. Nem é preciso perder por inteiro o caráter, para que recorramos
ao jeitinho. Macunaíma, o herói sem caráter, que já se quis identificar com a
personalidade ou característica do brasileiro, nem era assim, dele tão desprovido
. Era alegre, fornicador , e também , as
vezes, solidário irmão da sua gente. Um dia, ainda, alguma empavonada
autoridade erigirá uma imponente estátua ao jeitinho brasileiro. Se não houver
recursos, nem projetos para a obra, dar-se-á um jeitinho, se encontrará a
solução do quebra – galho. E logo se fará, do monumento, uma enorme gozação,
uma piada pronta. Do jeitinho nada escapa, nem dele mesmo.
Gostam de escrachar o jeitinho brasileiro, de considerá-lo
uma afronta à ética, à moral e aos bons costumes, eis porém, que o mundo se
rende a ele, o nosso espancado jeitinho, e enxerga naquele majestoso,
apoteótico, emocionante espetáculo que foi a abertura desta Olimpíada antes tão
malsinada, a força, a capacidade, a inteligência, a tenacidade que tem o
brasileiro para dar jeitinhos. Jeitinhos na crise, jeitinho na decepção, na
desesperança, jeitinho para aquietar a odiosidade que nos contaminou, jeitinho
na dureza da vida, jeitinho para driblar tudo de ruim e sair saracoteando,
pulando, fazendo festa. Fazendo aquela festa olímpica, a maior e mais bonita de todos os tempos. Tudo isso
porque o jeitinho é nosso, brasileiro, privilégio dos duzentos e quatro milhões
de macunaímas jeitosos que vivem nesta Pindorama
que
se chamou Brasil. Com jeitinho aplaudimos tudo na festa da Olimpíada, e
demos também sonora vaia no Temer. Foi o
jeitinho melhor de dizer a ele: Não tire proveito político daquilo que você não
fez. O jeitinho brasileiro , descontraidamente, sem partidos nem
militâncias, leva ao equilíbrio político , e se Lula ali estivesse, também receberia a sua vaia.
O
jeitinho brasileiro, essa descontração, essa tendência para desconstruir mitos e personalismos, logo tornou ridículos
os nossos ditadores, os generais de cara fechada, e não se conforma com minutos
de silêncio nem com cerimoniais alongados. Há, nesse jeitinho, um viés
anárquico nos induzindo ao culto de uma liberdade meio bagunceira . Reprovamos
preconceitos, olhamos com certa
ironia para tudo aquilo com a
forma de poder ou autoridade.
É
preciso que tenhamos orgulho dele, do Brasil, e do jeitinho brasileiro . Ele é
nosso, e ninguém tasca.
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