A ESCOLA SEIXAS DÓRIA
Seixas Dória tinha um projeto ambicioso para a educação
quando assumiu o governo em 1963. Chamou, para executar esse projeto, o
professor e promotor público Luiz Rabelo Leite. Havia naquele tempo uma
vergonhosa coceira que incomodava os brasileiros: o mal estar causado pelas
cifras deprimentes, revelando um analfabetismo enorme. Sergipe estava entre os
piores índices. A coceira do inconformismo se transformou em ações
positivas como a aplicação do método de
alfabetização Paulo Freire. Em relação a esse método houve, num tempo de
radicalização ideológica, grandes restrições. Ficou visível o viés ideológico
embutido no Paulo Freire, mas, a sua eficácia para alcançar uma alfabetização
rápida era inegável. Luiz Rabelo juntou esse método ao sistema de educação pelo
rádio, uma iniciativa do Bispo Dom Távora, e começou a ser projetada a cifra a
ser alcançada em quatro anos com uma redução drástica e virtuosa do
analfabetismo. Mas ai veio o golpe de 64. E então, além da condenação
ideológica, surgiu o velho preconceito das elites retrógradas que diziam: “Quando
esse povo souber ler, vai ficar mais atrevido ainda”.
Seixas foi preso, Rabelo, e todos os que sonharam em acabar o
analfabetismo. Processos arrastaram-se por vários anos, das Auditorias
Militares às Varas da Justiça. No caso de muitos dos alfabetizadores, tudo
terminou quando o promotor Público Eduardo Cabral Menezes, num corajoso ato,
pediu a absolvição de todos.
Seixas não conseguiu realizar o ambicioso projeto. Quando
Jackson tornou-se Prefeito de Aracaju, deu um impulso forte à educação, tendo
na época, ao seu lado o mesmo secretário de hoje, o professor Jorge Carvalho,
com quem, semana passada, entregou a uma comunidade pobre da periferia, a ampla
e moderna escola Governador Seixas Dória. Uma homenagem. Uma demonstração de que a luta continua.
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