domingo, 31 de julho de 2016

O TERROR E AS VOLTAS QUE A HISTÓRIA FAZ



           O TERROR E AS VOLTAS
            QUE  A HISTÓRIA FAZ
        Giambattista Vico foi um filósofo italiano que escreveu no primeiro quartel do século dezoito um livro intitulado Ciência Nova que se tornaria no século seguinte objeto de acirradas polêmicas entre  pensadores e ideólogos , desde o revolucionário Karl Marx ao ultra –conservador Joseph de Maistre , que atribuía  ao carrasco o papel de vigilante da ordem social. Vico entendeu a História humana como um processo de avanços e retrocessos ( corsi e ricorsi ). Depois  de um período evolutivo  dividido em três etapas as sociedades humanas passariam por um tempo de retrocesso,  que Vico caracterizou como  ¨rebarbarização  cíclica dos costumes ¨, ou seja, atingindo o apogeu civilizatório , desabaríamos ao interior das cavernas.
A fúria assassina do  Estado Islâmico com seus seguidores que se explodem, atropelam dezenas de pessoas, cortam gargantas, até de um padre no interior de uma igreja, poderia nos fazer imaginar que a ¨rebarbarização ¨ da humanidade , prevista por Giambattista Vico estaria sendo confirmada, e o seu início acontecera no limiar deste novo século quando , ao vivo e a cores   teimando contra a incredulidade, arregalamos os olhos para confirmar a realidade das Torres Gêmeas desmoronando, marco de uma era de terror bárbaro que estaria começando.
Mas, então, o que dizer daquela fotografia terrível que nos anos setenta percorreu o mundo?  A menina vietnamita correndo nua com a pele  a despregar-lhe do corpo sob o calor calcinante das bombas de napalm lançadas pelos aviões da maior potencia econômica e militar do planeta.
E nem se passara meio século, desde quando, afundados na lama das trincheiras dezenas de milhões de jovens morreram na Europa, naquele matadouro da Primeira Grande Guerra.  Menos  tempo ainda, desde  os dias de agosto de 1945 quando dois grandes clarões sobre Hiroxima e Nagasaki inauguraram a era do terror atômico, dissolvendo, em segundos, mais de cem mil corpos humanos.
O ódio, que gera a guerra e o terrorismo, não está localizado numa parte do mundo, nem  resulta de comunidades seguidoras desta ou daquela crença religiosa.
Cristãos, até entre si mesmos já se exterminaram. Um branco norueguês de olhos azuis, usando uma arma matou mais pessoas do que qualquer outro desses assassinos fanatizados que o Estado Islâmico identifica como seus combatentes.
A barbárie  não é determinismo geográfico, nem étnico, nem religioso. É um instinto arraigado do qual ainda não  libertou-se o gênero humano,  mas nos levará de volta à caverna enquanto sobre o corpo inanimado das suas vítimas houver alguém que faça uma prece e deposite uma flor.
Todavia,  enquanto isso, a civilização  terá de amparar-se no rigor da lei, e proteger-se, algumas vezes, no uso indispensável do fuzil.

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