UMA FÁBRICA QUE FECHA E
O IMPEACHMENT DA DILMA
Mais uma empresa encerra as suas atividades em Sergipe. Fechou
as portas a Santista . Há mais de 20 anos estava instalada no município de
Nossa Senhora do Socorro. Há algum tempo o grupo controlador da indústria vinha
emitindo sinais de turbulências no seu Caixa. Agora, finalmente,
consumou-se o previsível desfecho.
Há mais 200 desempregados engrossando a nossa cifra
traumática de trabalhadores no olho da rua.
Episódios dessa natureza que afetam sofridamente a vida das pessoas, repetem-se
agora por todo o país, onde mais de onze milhões de sem empregos tentam fazer o
milagre de sobreviver sem dinheiro no bolso.
Enquanto isso, arrasta-se no Senado o processo de impeachment
da presidente.
Na sua motivação o impeachment é claramente insustentável. ¨ Pedaladas
¨ fiscais, aliás historicamente
feitas, não seriam erros suficientes para motivar o afastamento da presidente.
A punição poderia resumir-se a uma multa. No plenário, ouvem-se vozes raramente
sensatas, na sua maioria raivosamente
apaixonadas, isso, de ambos os lados.
No cerimonial conturbado da execução política da
presidente, alguns dizem, revoltados,
que atiram-se pedras contra Dilma somente porque ela esqueceu a
liturgia burocrática, que seria irrelevante,
e fez isso para que direitos sociais
fossem garantidos, e prosseguisse o
virtuoso processo de transferência de renda, que retirou mais de 20 milhões de brasileiros da miséria
absoluta.
Um cético em relação às receitas vindas exclusivamente do
mercado, que não tira da cabeça a idéia de que para o Estado brasileiro a
tarefa prioritária seria melhorar a ainda perversa distribuição de
renda, ficará sem argumentos, todavia, quando o Estado, errando
calamitosamente, sufoca a economia, complica a vida das empresas, gasta
irresponsavelmente o que arrecada, interfere em estatais, e transforma uma
delas, a antes portentosa PETROBRAS, numa campeã absoluta de endividamento .
Outro cético em
relação às receitas de mudança social,
argumentará que de nada adianta
dar comida quando se destrói a economia, levando o país a uma crise da qual sairá destruído, ou profundamente
afetado, todo o mecanismo de proteção
social do qual o Estado, hoje falido, é o provedor único.
Para quem não acredita no argumento neoliberal, nas razões absolutas do mercado
prostituído pelas casas de tolerância em
que se transformaram as instituições financeiras, é duro ouvir vozes que dão plena justificativa fática para
o definitivo arquivamento da senhora
Dilma Roussef, e, com ela, também
de uma idéia sem duvidas generosa de equalização social.
Os descrentes nessas soluções
que atribuem ao mercado a capacidade única de mover e comandar a
economia, impondo-se sobre o Estado, e relegando ao esquecimento aquela
categoria que se chama ¨ pobre,¨
metaforicamente transformada em ¨ menos
favorecido ¨, sem que se busquem as causas reais desse ¨desfavorecimento
¨; esses, suspeitosos do tal neoliberalismo globalizante, e ainda
acreditando que ao Estado cabem participações importantes, como o planejamento,
a defesa do interesse social, o protagonismo decisivo
na questão ecológica, a tarefa imensa de corrigir as desigualdades, estão
hoje constatando que foi o Estado deformado que feriu de morte a nossa
maior estatal, a PETROBRAS.
Sem a rapinagem, sem os absurdos das barbeiragens
gerenciais perpetradas, exatamente por um Estado desvirtuado, a PETROBRAS não
estaria assim, no fundo do poço, e sem achar petróleo.
Pragmática, ou sensatamente, os que se recusam a engolir o impeachment ,
que seria também o fim de um projeto social, poderiam estar agora mais preocupados em
buscar rumos para que o Estado, reformando as suas instituições, sobretudo a política, se torne um fator
modernizante e eficiente de indução da economia ,
assegurando, sem sobressaltos, um projeto de evolução econômica e social, tendo como base uma matriz de produção em
sintonia com a agenda ambiental.
Talvez, esse seja o grande desafio a vencer. Um desafio muito
alem da mesquinhez desse improvisado
governo Temer, muito mais ainda inalcançável
pela inépcia avassaladora da senhora Dilma.
Quem terá coragem ou
autoridade moral para pedir aos 200 desempregados da SANTISTA, que se juntam
hoje aos milhões na mesma situação, para
irem às ruas denunciar o golpe e exigir a volta de Dilma ?
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