sábado, 18 de junho de 2016

UMA FÁBRICA QUE FECHA E O IMPEACHMENT DA DILMA



UMA FÁBRICA QUE FECHA E
 O IMPEACHMENT DA DILMA
Mais uma empresa encerra as suas atividades em Sergipe. Fechou as portas a Santista .  Há mais de  20 anos estava instalada no município de Nossa Senhora do Socorro. Há algum tempo o grupo controlador da indústria vinha emitindo sinais de turbulências no seu Caixa. Agora, finalmente, consumou-se  o previsível desfecho.
Há mais 200 desempregados engrossando a nossa cifra traumática de trabalhadores no olho da rua.
Episódios dessa natureza que afetam  sofridamente a vida das pessoas, repetem-se agora por todo o país, onde mais de onze milhões de sem empregos tentam fazer o milagre de sobreviver sem dinheiro no bolso.
Enquanto isso,  arrasta-se no Senado o processo de impeachment da presidente.
Na sua motivação o impeachment é claramente insustentável. ¨  Pedaladas  ¨  fiscais, aliás historicamente feitas, não seriam erros suficientes para motivar o afastamento da presidente. A punição poderia resumir-se a uma multa. No plenário, ouvem-se vozes raramente sensatas,  na sua maioria raivosamente apaixonadas, isso, de ambos os lados.
No cerimonial conturbado da execução política da presidente,  alguns dizem, revoltados, que atiram-se pedras contra Dilma somente porque ela  esqueceu a  liturgia burocrática,  que seria irrelevante, e fez isso  para que direitos sociais fossem garantidos, e prosseguisse  o virtuoso processo de transferência de renda, que retirou  mais de 20 milhões de brasileiros da miséria absoluta.
Um cético em relação às receitas vindas exclusivamente do mercado, que não tira da cabeça a idéia de que para o Estado brasileiro a tarefa   prioritária seria  melhorar a ainda perversa distribuição de renda,   ficará sem  argumentos, todavia, quando o Estado, errando calamitosamente, sufoca a economia, complica a vida das empresas, gasta irresponsavelmente o que arrecada, interfere em estatais, e transforma uma delas, a antes portentosa PETROBRAS, numa campeã absoluta de endividamento .
 Outro cético em relação às receitas de mudança social,  argumentará que  de nada adianta dar comida quando se destrói a economia, levando o país a uma crise  da qual sairá destruído, ou profundamente afetado, todo  o mecanismo de proteção social  do qual o Estado,  hoje falido, é o provedor único.
Para quem não acredita no argumento neoliberal,  nas razões absolutas do mercado prostituído  pelas casas de tolerância em que se transformaram as instituições financeiras, é duro ouvir  vozes que dão plena justificativa fática para o definitivo arquivamento da senhora  Dilma Roussef, e, com ela,  também de uma idéia sem duvidas generosa de equalização social. 
   Os descrentes nessas  soluções  que atribuem ao mercado a capacidade única de mover e comandar a economia, impondo-se sobre o Estado, e relegando ao esquecimento aquela categoria que se chama  ¨ pobre,¨ metaforicamente transformada em ¨ menos  favorecido ¨, sem que se busquem as causas reais desse ¨desfavorecimento  ¨; esses, suspeitosos  do tal neoliberalismo globalizante, e ainda acreditando que ao Estado cabem participações importantes, como o planejamento, a defesa do interesse social, o protagonismo   decisivo na questão ecológica, a tarefa imensa de corrigir as desigualdades, estão hoje  constatando que foi  o Estado deformado que feriu de morte a nossa maior estatal, a PETROBRAS.
   Sem  a rapinagem, sem os absurdos das barbeiragens gerenciais perpetradas, exatamente por um Estado desvirtuado, a PETROBRAS não estaria assim, no fundo do poço, e sem achar petróleo.
Pragmática, ou sensatamente,  os que se recusam a engolir o impeachment , que seria também o fim de um projeto social,  poderiam estar agora mais preocupados em buscar rumos para que o Estado, reformando  as suas instituições,  sobretudo a política, se torne um fator modernizante e eficiente   de indução  da economia ,  assegurando, sem sobressaltos, um projeto de evolução econômica e social,  tendo como base uma matriz de produção em sintonia com a agenda ambiental.
Talvez, esse seja o grande desafio a vencer. Um desafio muito alem da mesquinhez  desse improvisado governo Temer, muito mais ainda inalcançável  pela inépcia avassaladora da senhora Dilma.
Quem  terá coragem ou autoridade moral para pedir aos 200 desempregados da SANTISTA, que se juntam hoje aos  milhões na mesma situação, para irem às ruas denunciar o golpe e exigir a volta de Dilma ?

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