O
RIO FRACO E O
MAR
QUE AVANÇA
A CHESF reduziu a vazão do São Francisco para
oitocentos metros cúbicos por segundo. O mar avança e as águas do rio já ficam salgadas nas grandes marés
até vinte quilômetros além da corda da
barra, onde, antes, a força da corrente doce vencia o mar, e navegadores que por lá velejaram disseram ter
recolhido água para beber em pleno
oceano. O Velho Chico despejava então
mais de dois mil metros cúbicos por segundo, e até o dobro disso nas grandes
enchentes.
Hoje,
o São Francisco está minguando, e as suas águas também retidas nos reservatórios
artificialmente criados para que funcionassem as hidrelétricas. Sobradinho, no
meio da Bahia, o maior deles, é um lago
imenso com mais de 200 quilômetros de extensão. Alimenta apenas uma pequena
hidrelétrica, mas serve para garantir o
funcionamento do complexo gerador entre Itaparica e Xingó.
As usinas hidrelétricas eram evidentemente
necessárias, todavia poderiam ter sido construídas, especialmente a ultima
delas , Xingó, obedecendo normas
ambientais que teriam compatibilizado a
produção de energia com a preservação do rio. A CHESF, empresa desastrosa do
ponto de vista ambiental, informa agora que a redução no fluxo das águas foi
feita para garantir o abastecimento da população, o que é contraditório e
inverídico. O que se quer, na verdade, é segurar água para, se ainda este ano
estiver pronta uma parte do sistema da transposição, haver um volume disponível
para correr pelos extensos canais, um outro erro enorme de avaliação que foi
cometido. O baixo São Francisco diante
da omissão absoluta da CHESF empobreceu, e
desembarcou do trem da história, na mesma proporção em que o rio
encolhia e as suas águas perdiam a condição de alimentar a vida.
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