sábado, 12 de dezembro de 2015

DE ITAMAR A TEMER



DE ITAMAR A TEMER
Quando Collor começou a balançar na cadeira de presidente, seu vice,  Itamar Franco, fez um discreto trajeto pelos quartéis. Queria saber a opinião dos  generais a respeito dele mesmo, Itamar, e também o que pensavam sobre o processo do impeachment. Fazia menos de sete anos que os militares  estavam recolhidos aos quartéis, afastados do poder devolvido aos civis. Mas os generais, muitos deles participantes do golpe de 64, quando ainda eram majores ou coronéis, acompanhavam muito de perto o desenrolar da experiência democrática que se iniciara e se fortalecera com a Constituição de 1988.
A principal conversa que teve Itamar foi com o general Leônidas Pires Gonçalves, ex-Ministro do Exército,  que fora  uma espécie de fiador junto às casernas da posse de Sarney, após a traumática doença de Tancredo que o levaria à morte.
Leônidas disse a Itamar que, sendo respeitada a Constituição, os militares não se envolveriam, nem teriam como se opor a ele, porque se tratava do vice- presidente democraticamente eleito. As continências devidas  como Chefe Supremo das Forças Armadas já lhe estariam asseguradas pela lei.
Agora, passado tanto tempo os militares cuidam apenas dos seus afazeres , não se envolvem, fardados, com a política. Mas, vestindo o pijama da inatividade  muitos ainda se manifestam, sensatos, ou insanos. Todavia, as instituições estão firmes, e há a garantia de que diante do desmando, da truculência, da baixaria e da imoralidade que o sinistro e hipócrita Eduardo Cunha, comanda na Câmara Federal existe a vigilância do STF e da procuradoria Geral da República.
O vice Michel Temer, que começa a lustrar o terno, não precisará rondar os quartéis. A ronda política ela já começou a fazê-la, faz muito tempo. Espera-se que nessa ronda ele não inclua a calhordice  desmoralizante e vergonhosa de Eduardo Cunha. Se o fizer, estará traindo as suas convicções  consolidadas ao longo da vida pública e fortalecidas  na condição de professor doutor em direito constitucional. E, caso isso venha a acontecer, caso se valha do adjutório amolecado de Cunha, estará entrando  no Planalto com o pé torto do desprezo pela ética, e pelos bons costumes.

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