A CRISE DE SERGIPE , DO
SONHO AO PESADELO (2)
Tendo acabado o sonho
resta-nos esperar que o pesadelo não dure. A
quebradeira de Sergipe não terminará apenas com os nossos próprios esforços, por maiores e mais
eficazes que eles sejam. Dependemos essencialmente dos rumos que tomar a crise
maior, a brasileira.
Há no governo entendimentos
diversos sobre as formas de aliviar o esvaziamento contínuo dos cofres,
principalmente, o resultante do déficit da previdência , procurando-se ,ao
mesmo tempo, revitalizar os investimentos públicos, hoje reduzidos aos recursos
do PROINVESTE, quase já utilizados, todos, em obras que estão em andamento, e
aos do PRODETUR, especifico para a
infraestrutura turística. O governador Jackson Barreto alimenta a esperança de concretizar parcerias
público privadas, as PPPs, já tendo
iniciado a busca de investidores, que,
aliás, não costumam ser encontrados com
facilidade em tempos de recessão e insegurança política.
Há quem defenda a tese da
capitalização a curto e médio prazos através da venda de patrimônio público, o que
começaria a ser feito com o leilão da área onde funcionava o Aeroclube de Sergipe.
O centro de atividades
aéreo-desportivas, foi um dos primeiros
do país. Fundado em 1938, participou ativamente das ações de localização e
salvamento dos navios torpedeados em agosto de 42, tragédia que motivou a
declaração de guerra do Brasil aos países do Eixo.
O Aeroclube encerrou suas atividade por absoluta incompetência de um grupo que dele se apossou por quase 30
anos, e devastou seu patrimônio, que era cedido pelo estado. Permitiram, não se sabe
como, a construção de galpões ao longo
da área mais nobre, que é justamente aquela voltada para a Avenida Maranhão.
Mas há outras áreas que igualmente podem ser
vendidas. Há quem defenda, também, a venda de empresas como o BANESE e a DESO, mas, além
das dificuldades políticas que seriam enfrentadas, sabe-se que em época de
recessão , possíveis compradores somente são atraídos por ¨ bolachas quebradas
¨.
O fundamental, agora, é
substituir o sonho quase desfeito de expansão das atividades mineradoras, e
formular uma nova e atualizada estratégia de desenvolvimento. Essa formulação
em parte já se concretiza , com a inserção de Sergipe nas amplas perspectivas
que se abrem no setor de serviços. A empresa Alma Viva,
instalada no prédio de uma fábrica desativada no bairro Industrial, planeja gerar no próximo ano mais 2 mil
empregos, chegando perto do teto de 7 mil que pretende alcançar. Já firmou
contrato operacional com o SERGIPTEC, que vai ser transferido para o amplo
edifício concluído no campus da UFS. O SERGIPTEC é um importante passo para a inserção
decisiva de Sergipe na área da tecnologia da informação, para a qual, mesmo com
a crise, existe ainda um amplo horizonte a ser descortinado. Há outras empresas
de ¨Call Center ¨
chegando a Sergipe. Os salários não são os melhores, mas o
emprego representa uma oportuna
alternativa transitória para estudantes entre 18 e 25 anos, que precisam
completar a renda.
Há também boas notícias
neste fim de ano. Em Estância a grande vidraceira francesa Saint Gobain, já entrou em operação, testando os
equipamentos e treinando os
trabalhadores. A Saint Gobain forneceu
vidraçarias para o Rei Sol, Luiz XIV.
Em Aracaju, inaugurou-se o shopping da
construção Ferreira Costa. Essas empresas, juntas, têm potencial para criar mais de 800
empregos.
Jackson deu início às obras do Terminal
Pesqueiro de Aracaju. Trata-se de uma obra decisiva para a expansão da
atividade pesqueira. Sergipe tem 27 Colônias de pesca espalhadas pela costa,
pelos estuários e ao longo do
definhante São Francisco.
Precisamos agora utilizar os 5 estuários que temos, para neles desenvolver
a pesca em cativeiro, a produção de ostras e camarões.
Precisamos dar prioridade a um projeto de atração de investimentos em
energias alternativas. Nesse particular, andamos um tanto atrasados. Na
economia de baixo carbono, único caminho para atenuar os efeitos danosos do
aquecimento global, as energias limpas, como a solar e a eólica crescem
exponencialmente. Em Sergipe, há uma só
central eólica localizada na Barra dos Coqueiros. Uma
cena frequentemente registrada nas
estradas nordestinas é a passagem de grandes carretas conduzindo as enormes
peças dos aerogeradores. Temos de aprontar
o nosso mapa eólico, ou seja, a lista de áreas propícias, e sair
em busca de investidores, não só para as eólicas, também para a energia
fotovoltaica, agora tornada viável pela
redução no preço dos equipamentos. Se poderia completar essa situação favorável com uma
política de incentivos fiscais. Talvez seja isso o que falta para que indústrias, prédios, casas, escolas, hospitais,
comecem a instalar seus próprios mini-sistemas para geração de energia, e empresas
venham montar
grandes centrais de geração fotovoltaica e eólica em
Sergipe. Em Pernambuco inaugura-se uma grande central fotovoltaica nos
arredores de Garanhuns, e há vários
outros projetos , na Bahia, no Rio Grande do Norte, Ceará, Paraiba. É por esse caminho que devemos
andar.
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