UM PÉ DE MACONHA NO JARDIM (2)
No capitulo inicial dessa série de artigos, que aliás será curta, falamos sobre o professor
que plantou em sua casa dois pés de maconha, e dos dissabores que lhe advieram por causa
desse cultivo. No artigo anterior já
deveríamos ter deixando bem claro que não se faz aqui apologia à maconha, ou a
qualquer tipo de droga, até porque, nos parece coisa de extremo mau gosto
aspirar qualquer tipo de fumaça, sempre fedorenta, ou uma mistura de pó onde vidro e mármore não
estão ausentes.
Mas há inúmeros aspectos a considerar, antes que se admita a
repressão pura e simples , a criminalização
do usuário, como fórmulas eficientes de
combate às drogas. Isso, enquanto chovem evidencias de que a ¨ guerra ao
tráfico ¨ há muito tempo já foi perdida.
Agora, chega a informação de que houve no Brasil a proibição
do uso medicinal da substancia canabiol, um sub-produto da maconha, que importamos dos Estados Unidos. Aqui, o canabiol
somente poderá ser usado para tratamento da epilepsia.
Pois é, enquanto no Brasil a policia anda correndo atrás de
maconheiros e destruindo plantações, nos Estados Unidos, na Europa, na China, no
Japão, cientistas estão nos seus laboratórios pesquisando as propriedades da
canabis. Vão patentear os remédios
descobertos, e nós aqui, por preconceito , desinformação e ignorância, iremos
pagar muito caro pelo que já deveríamos
ter descoberto e oferecido ao mundo, faturando em dólares e euros. Por coisas
assim, nos apequenamos, deixando de
enxergar longe, enfurnados nas miudezas de quem mistura alhos com bugalhos, e disso
extrai um discurso pretensamente moralista, que se aplica tanto ao que se faz na cama, como a quem
queira apertar um baseado.
Nasceram, na escravatura,
algumas ojerizas ou idiossincrasias
que carregamos até hoje.
A diamba, a ¨ erva
maldita ¨ que o negro trouxera da África, o
transformaria numa fera violenta, capaz de cometer crueldades, de roubar,
e também rebelar a senzala.
Da mesma forma, a manga ou a jaca, se comidas quentes do sol, ou durante a noite
acompanhadas de alguns goles de água, ¨ davam
congestão ¨ matavam.
Os donos de terras e de almas cativas, queriam, assim, evitar que os negros, fumando
maconha, se tornassem preguiçosos, e que as suas suculentas e exóticas frutas,
apenas por eles mesmos fossem consumidas.
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