O MURO DE BERLIM E
OS OUTROS ¨ MUROS ¨
Demolido o Muro de
Berlim, esperava-se que as picaretas que o puseram abaixo estivessem dando
início a uma nova era, onde, dividindo os povos não existiriam mais muros . Fossem aqueles traçando limites entre
ideologias, ou separando as pessoas pela cor, pela religião, pelo sexo, pela forma de praticá-lo, e com quem preferissem.
Muito se avançou desde então, e também muito se involuiu .
Os muros multiplicaram-se. Não mais sob a forma física de pedra, aço,
cimento, embora haja quem os queira reconstruir. Um pré-candidato à presidência dos Estados Unidos promete
erguer um muro enorme na fronteira com o México.
Separando Israel dos palestinos tangidos cada vez para mais
longe, um muro semelhante ao de Berlim há algum tempo foi erguido.
No oriente médio há muros invisíveis por todo canto, e os que
estão nos lados opostos, se matam, se exterminam.
Os europeus,
civilizadíssimos, fazem do Mediterrâneo o
gigantesco muro liquido a separá-los
dos que saem das praias africanas
da desesperança e desespero, e morrem, aos milhares, nas embarcações
precárias em que jogam as suas vidas ,que a miséria avilta e
destrói.
No Mediterrâneo barcos patrulha armados formam o muro para
impedir a invasão dos
miseráveis que chegam.
Os bisavôs deles nada puderam fazer quando Mussolini atravessou o
¨mare nostro¨ com seus exércitos
e invadiu a Abissínia. As tropas fascistas embarcaram naqueles mesmos
portos onde hoje conseguem chegar alguns dos passageiros da agonia que escapam
dos naufrágios. A caminho da África, os soldados ouviam uma cançoneta, a
Africanina, que os incentivava a
irem com
seus canhões e fuzis ,
¨ civilizar os bárbaros abissínios.¨
No lado francês do Canal da Mancha os ingleses montam suas barreiras
de proteção, fechando para imigrantes que estão na França a possibilidade de
atravessarem o túnel unindo continente às ilhas britânicas.
Os muros não sumiram quando caiu o de Berlim. Eles
continuarão sendo levantados enquanto a humanidade desprezar o significado da palavra paz.
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