AOS 87 DELFIM
REFÚGIO DA LUCIDEZ
Uma das melhores
coisas acontecidas na televisão brasileira tão
pobre de inteligência e lucidez , foi o surgimento do programa Diálogos,
capitaneado por Mário Sérgio Conti.
Conti
retira a televisão brasileira do poço de obscurantismo cavado pela
apoteose vaidosa de burrices daqueles comentários
de gente tal e qual um Merval Pereira, arauto da insensatez raivosa.
Semana passada foi a vez do ex-ministro Delfim Neto o homem que conduziu a economia brasileira no período
autoritário. Conti pergunta: ¨O senhor, nesta idade, ainda
se considera otimista ? Delfim
responde: ¨Quem, como eu, chegou aos 87 anos se for pessimista é um idiota ¨.
Delfim sempre foi conhecido por frases assim espirituosas,
mas a sua carreira é o resultado de muita competência para dar forma ao que é fluido e
inconsistente, ou fazer ao contrario. Ou seja,
é um grande economista. Os seus diagnósticos: A crise não tem nada de
conjuntural, ela é estrutural, agravada, agora. pelo sumiço de algo
indispensável: a confiança.
A desindustrialização
segundo ele surgiu bem antes, quando se começou a valorizar e real para
combater a inflação, e o manufaturado
nacional perdeu competitividade, os
importados nos invadiram.
Acreditou-se na capacidade de crescimento permanente do
mercado interno criando consumidores com crédito fácil e transferência de
renda, e nas desonerações seletivas para manter o
nível de emprego. Isso acabou.
E o pior de tudo: a crença malsinada de que a receita
continuaria superando a despesa com o crescimento da economia, e corrigindo-se
déficits botando nas costas do
empresário uma carga tributária que quase duplicou em 20 anos .
Delfim enxerga na agricultura o modelo de produtividade e
modernização, que a indústria não conseguiu construir e atribuiu à EMBRAPA os
méritos pela criação de tecnologias que transformaram o cerrado num vigoroso celeiro mundial.
Delfim não crê na possibilidade de um impeachment da
presidente Dilma, por não haver prova
provada daquilo que a Constituição estabelece como motivo para o afastamento, também,
por ser quase impossível que se alcance, no Congresso, a maioria exigida .
Delfim entende que o essencial é reconstruir a confiança que a própria Dilma
permitiu que se esvaísse.
Delfim exemplificou
como a ausência de confiança retroalimenta a crise.
As pessoas com medo de
perderem o emprego, economizam, deixam de consumir o que não seja absolutamente
necessário; as empresas procuram reduzir seus estoques, cortam despesas,
demitem; os bancos, por sua vez, fecham as torneiras do crédito, aumentam os
juros. Todos procuram a liquidez e, quando ficam líquidos, então, afogam-se todos.
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