sábado, 15 de agosto de 2015

¨ AUX ARMES CITOYENS ¨ ÀS ARMAS CIDADÃOS

 ¨ AUX ARMES CITOYENS ¨
ÀS ARMAS CIDADÃOS
Para o historiador Eric  Hobsbawm  houve uma extraordinária década na História da humanidade  formada por aqueles anos que permeiam os episódios   desde a convocação dos Estados - Gerais, passando pela Tomada da Bastilha até quando se proclamou a Declaração  dos Direitos do Homem .
 Em 21 de janeiro de 1773, na Place de la Révolution, hoje Place Concorde, o carrasco Samson puxou uma corda e    fez cair  a pesada lâmina  da guilhotina que separou do corpo a cabeça de um homem chamado Luis Capeto.
 Mas aquele homem que vestia apenas  um camisolão branco na enregelada manhã de inverno parisiense, era o 16º  rei com o nome de Luis, e de uma linhagem que há 10 séculos governava a França, o reino da flor de lis, um dos  mais poderosos do mundo.
 Em setembro de 1772 fora proclamada a República   e logo formou-se uma coalizão das realezas  européias contra  a França republicana e regicida.
Roger de Lille, um anônimo que logo deixaria de sê-lo, compusera um hino  que o povo  andava a cantar, e  recebeu o nome de Marselhesa. Era uma conclamação à resistência contra as tropas que  vinham vingar o rei e restaurar a monarquia.  Tinha uma letra  belicosa e até marcada por preconceitos.
 ¨Aux Armes Citoyens.  Formez les batallions.  Marchon, marchon. Qu`um sang impur abreuve nos sillons ¨
Às armas cidadãos. Formemos os batalhões.   Marchemos, marchemos  .  Que o sangue impuro empape o nosso   solo ¨
Passados mais de 200 anos a   belicosa Marselhesa tornou-se, como tantos outros, um hino nacional politicamente incorreto.
 No Palácio do Planalto ouviu-se um grito: ¨ As armas cidadãos. ¨ O presidente da  CUT, conclamava os companheiros a  pegarem em armas na defesa do mandato da presidente Dilma.
O Brasil é, felizmente,  um Estado Democrático de Direito, a  assim o que disse o líder sindicalista é muito mais do que uma impropriedade ou desatino. Trata-se de uma ofensa às nossas instituições,  desrespeito à própria presidente que é a Comandante em Chefe das nossas forças armadas.  Há muito tempo não se tem qualquer sinal, por mínimo que seja, de inquietação na marinha , exército ou aeronáutica,onde há rigorosa obediência  aos preceitos constitucionais. Ameaças de golpes militares são coisas do passado.
Um golpe de gabinete, armado no Legislativo e Judiciário é coisa absolutamente fora do contexto. Apesar do desvario facistóide   de um ególatra irresponsável, o deputado  Eduardo Cunha, as instituições funcionam como manda o figurino democrático.

Por tudo isso ,  a presidente não deveria ter tolerado o absurdo, apenas limitando-se a falar sobre a necessidade  do diálogo e do respeito aos adversários. Ela deveria mandar que o insensato calasse a boca, até porque, de  aliados como ele,  ninguém que tenha bom senso necessitará.

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