¨ AUX ARMES CITOYENS ¨
ÀS ARMAS CIDADÃOS
Para o historiador Eric
Hobsbawm houve uma extraordinária
década na História da humanidade formada
por aqueles anos que permeiam os episódios
desde a convocação dos Estados -
Gerais, passando pela Tomada da Bastilha até quando se proclamou a
Declaração dos Direitos do Homem .
Em 21 de janeiro de
1773, na Place de la Révolution, hoje Place Concorde, o carrasco Samson puxou
uma corda e fez cair a pesada lâmina da guilhotina que separou do corpo a cabeça
de um homem chamado Luis Capeto.
Mas aquele homem que
vestia apenas um camisolão branco na
enregelada manhã de inverno parisiense, era o 16º rei com o nome de Luis, e de uma linhagem que
há 10 séculos governava a França, o reino da flor de lis, um dos mais poderosos do mundo.
Em setembro de 1772
fora proclamada a República e logo formou-se uma coalizão das
realezas européias contra a França republicana e regicida.
Roger de Lille, um anônimo que logo deixaria de sê-lo, compusera
um hino que o povo andava a cantar, e recebeu o nome de Marselhesa. Era uma
conclamação à resistência contra as tropas que
vinham vingar o rei e restaurar a monarquia. Tinha uma letra belicosa e até marcada por preconceitos.
¨Aux Armes Citoyens. Formez les batallions. Marchon, marchon. Qu`um sang impur abreuve nos sillons
¨
Às armas cidadãos. Formemos os batalhões. Marchemos, marchemos . Que
o sangue impuro empape o nosso solo ¨
Passados mais de 200 anos a
belicosa Marselhesa tornou-se,
como tantos outros, um hino nacional politicamente incorreto.
No Palácio do Planalto
ouviu-se um grito: ¨ As armas cidadãos. ¨ O presidente da CUT, conclamava os companheiros a pegarem em armas na defesa do mandato da
presidente Dilma.
O Brasil é, felizmente, um Estado Democrático de Direito, a assim o que disse o líder sindicalista é
muito mais do que uma impropriedade ou desatino. Trata-se de uma ofensa às
nossas instituições, desrespeito à
própria presidente que é a Comandante em Chefe das nossas forças armadas. Há muito tempo não se tem qualquer sinal, por
mínimo que seja, de inquietação na marinha , exército ou aeronáutica,onde há
rigorosa obediência aos preceitos
constitucionais. Ameaças de golpes militares são coisas do passado.
Um golpe de gabinete, armado no Legislativo e Judiciário é
coisa absolutamente fora do contexto. Apesar do desvario facistóide de um ególatra irresponsável, o deputado Eduardo Cunha, as instituições funcionam como
manda o figurino democrático.
Por tudo isso , a
presidente não deveria ter tolerado o absurdo, apenas limitando-se a falar
sobre a necessidade do diálogo e do
respeito aos adversários. Ela deveria mandar que o insensato calasse a boca,
até porque, de aliados como ele, ninguém que tenha bom senso necessitará.
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