sexta-feira, 1 de maio de 2015

QUANDO SILENCIAM AS VOZES DOS SINOS

 QUANDO  SILENCIAM
AS VOZES DOS SINOS
 Nas antigas aldeias do mundo ocidental, cristão, os sinos das igrejas  eram as ¨mídias ¨ com abrangência restrita,  suficientes, porem, para os limites dos burgos . O planger dos sinos anunciava  as horas .  Na quieta solidão das aldeias isoladas o tempo era longo, as vidas curtas.  Quando os sinos  pareciam gemer, era um outro tipo de anúncio : o da morte . E toda a comunidade recebia, compungida, o aviso de que alguém, talvez um amigo, um parente, se despedira. A morte era sabida e compartilhada. Os sinos também davam sinais de guerra, das desgraças coletivas: as pestes, as intempéries. A aldeia globalizou-se. Perdeu-se a referencia dos sinos.
Quando Aracaju ainda era  quase aldeia, ouviam-se os  sinos da Catedral, desde a Chica Chaves, ao norte, à Praia Formosa no sul; da  Fausto Cardoso ao leste, ao Oratório de Bebé  a oeste. Eram os limites da cidade quieta, sem barulhos, onde  o som grave do sino da matriz se impunha.  E ficava mais solene quando dobrava em finados. Então, as perdas eram mais compartilhadas, sentidas, do que hoje,  espaço da virtualidade em que o sentimento vai sumindo diante da alucinante correria das mídias em busca do tempo real, do fato globalizado, e nisso a aldeia some , e se vão os sentimentos que nela sobreviviam.
Na primorosa crônica de Clóvis Barbosa sempre aguardada no Jornal da Cidade, o post  scriptum com a noticia  da morte de duas extraordinárias  mulheres. Uma, a médica  e professora Maria Helena Domingues Garcia, esposa do médico e professor Eduardo Garcia, que, até na escolha da profissão seguiu a rota humanista do pai, Antonio Garcia.  A outra mulher,   professora de Direito Penal, a suave Juçara  Fernandes de Melo. O Post Scriptum  de Clóvis foi perfeito na descrição emocionada do que significou a existência daquelas  mulheres.
Uma    outra  morte, ocorrida depois das de Maria Helena e Juçara, e que agora registramos, foi a de  Durval  Calazans. Nesses tempos em que valores essenciais andam tão depreciados, Durval lega o melhor exemplo de vida,  fiel aos princípios de correção, integridade, respeito ao patrimônio público. O que demonstrou como executivo  da Caixa Econômica  e  presidente do BANESE.

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