sábado, 25 de abril de 2015

DO LADRÃO FAMINTO A PAULO ROBERTO COSTA



 DO LADRÃO FAMINTO A
 PAULO ROBERTO  COSTA
    Descalço, sujo, roupa em frangalhos, o menino  confessou numa delegacia de Fortaleza: ¨Doutor, eu nuca roubei, hoje foi a primeira vez. Tava com fome, sai de casa sem tomar café e vi na minha frente o homem com  um cordão de ouro no pescoço. Nem reparei se tinha seguranças em volta dele. Puxei a corrente e sai correndo, Só queria vender a corrente e comprar comida Pra mim, os meus irmãos e a minha mãe  ¨.
O homem do cordão de ouro furtado fazia uma caminhada  pelo calçadão da Praia de Iracema.  Hospedado num hotel 5 estrelas da orla,  saíra, protegido por dois seguranças. Ele era, nada mais nada menos do que o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar  Mendes. Estava no Ceará convidado para fazer uma palestra numa Universidade.
O menino, que já chegara  aos 18 anos, ladrão iniciante e extremamente azarado, pagou pelo que fez. Passou mais de 6 meses numa das penitenciárias infectas, para aonde vão os desventurados miseráveis que roubam pouco.
 O colar do ministro deveria valer algo em torno de 2 mil reais.
Já o felicíssimo assaltante,  Paulo Roberto, agenciador confiável para altas figuras da República, roubou, só ele, bem mais de um bilhão. Admitamos que depois das   ¨partilhas ¨,  a Paulo Roberto  restassem 200 milhões de reais.   Se, ao infeliz menino, a pena aplicada por ter roubado um bem que valeria 2 mil reais, foi de 6 meses numa Penitenciária, a Paulo Roberto Costa, seguindo-se o mesmo critério, e imaginando-se que na República Federativa Brasileira todos são iguais perante a lei,  o mega-gatuno dirigente da PETROBRAS, deveria, teoricamente, ter contra ele aplicada uma pena de 50 mil  anos
 a ser cumprida, também,  numa dessas superlotadas penitenciárias brasileiras, onde circulam ratos, baratas, e se dorme no chão, numa fedentina de esgoto entupido.
Como se sabe, Paulo Roberto Costa, o autor principal de inaudita façanha, foi condenado  a uma pena de 7 anos, a ser cumprida em casa. Decorrido um ano,  em regime aberto.  Isso é castigo ou prêmio?
Por que isso acontece?
Porque temos uma democracia viciada, um Estado de Direito,  usado para garantir  impunidade para a elite;  uma República que  se transformou em covil , enquanto a cadeia, a cela infecta, está sempre pronta para receber ladrõezinhos de primeira viagem , ladrõezinhos com a barriga roncando de fome, como aquele menino de uma favela da capital cearense , que teve a pouca sorte de ver, brilhando no enfeitado pescoço de uma grande autoridade da República, um cordão de ouro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário