sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

QUANDO PAULISTAS SÃO OS FLAGELADOS

QUANDO  PAULISTAS 
  SÃO OS   FLAGELADOS
 Os flagelados pela seca no nordeste chegavam a São Paulo sabendo que poderiam passar fome, mas de sede não morreriam. No sul, onde pouco se conhece sobre o nordeste,  era costumeiro ouvirem-se críticas à indolência do nordestino que se submetia, apático, aos efeitos do flagelo e nem pensava em perfurar poços  artesianos  para deles retirar a água que a ausência de chuvas tornava rara. Descobrem  agora os paulistas, vendo a lama virar pedra nos seus reservatórios quase secos, que a coisa não tão fácil assim.
 Igualmente carentes de água, paulistas e nordestinos têm algo em comum que não se restringe às torneiras secas, porque  sobre cabeças – chatas e bandeirantes recai a mesma culpa de terem sido descuidados, negligentes. Nesse capítulo a culpa do paulista é bem maior, porque permitiu que se degradasse até o colapso o meio ambiente de uma região úmida   ,  com rios perenes e chuvas regulares. Já o nordestino conseguiu sobreviver na secura do semiárido,  onde rios são intermitentes, e o fenômeno das secas faz parte do cotidiano. O paulista decepou as florestas, sujou, envenenou os rios, criou áreas imensas de cimento e asfalto  destituídas de árvores, e assim provocou as bolhas de calor, e tornou o ar seco, onde antes existia a regularidade da garoa que, diariamente, umidificava  a terra e o ar.  
Já o nordestino botou fogo na caatinga para fazer pastos e criar bois, agora troca o fogo pelo herbicida,   fazendo surgirem desertos. Também aterrou  nascentes e  se descuidou dos rios, fez pouca  açudagem, e sobretudo, cometeu o crime maior, permitindo que se degradasse o São Francisco.
A crise hídrica chegou por aqui,  país de enormes rios, de grandes lençóis freáticos. Uma crise  assim vários países do mundo com ela convivem há muitos anos,mas estão buscando ou até já encontraram soluções. A transposição de bacias tem sido uma forma de levar água onde ela existe farta, em rios caudalosos, para outras regiões de cursos d` água exíguos ou  minguantes, garantindo uma melhor distribuição ou partilha da água. Já existe quem desenhe uma nova geopolítica gravitando entre a água e a falta dela.
  Essa visão geopolítica dos recursos hídricos transnacionais, deve nos interessar, no caso de  duas bacias: a do Prata, onde já vivemos uma crise com a Argentina quando foi iniciada a hidrelétrica de Itaipú,  e a  amazônica, com vários rios transnacionais.
Dentro de mais um ano estará, talvez concluída, a obra de transposição do São Francisco,  é possível que os canais permaneçam secos por muito tempo enquanto se aguarda que o Velho Chico tenha uma cheia que assegure o transporte da água  de Pernambuco até o Ceará. O enorme investimento poderá até ser perdido, um enorme desperdício de dinheiro, se não se pensar urgentemente em começar uma obra que seria a solução definitiva : a interligação das bacias do Tocantins com o São Francisco. Não faltaria água para goianos, tocantinenses e paraenses, e o nordeste não mais sentiria a sua falta. O Velho Chico teria garantida a sua existência.
Essa transposição é idéia surgida no Império, levada em conta pelo Estadista visionário que foi Jose Bonifácio, e que acabou caindo no esquecimento.
Agora,  o deputado  federal João Daniel coloca a sua assessoria a trabalhar recolhendo dados sobre o assunto, e vai insistir na tribuna da Câmara batendo na tecla da

 urgência dessa transposição, esperando que o nordeste e o Brasil o escutem, e o assunto entre na pauta de prioridades da presidente Dilma.

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