OS FASCISMOS QUE NOS ESPREITAM (1)
Quando os camisas
negras liderados pelo histriônico ditador Mussolini estavam a um passo de tomar
o poder na Itália, teóricos dos fenômenos sociais chegaram a considerar o
fascismo como um movimento tipicamente italiano, resultante de circunstancias históricas específicas somadas às
características psicológicas de um povo
que, após a unificação, formara um Estado Nacional saudosista dos tempos orgulhosos em que legiões
romanas guarneciam as descomunais fronteiras do império, próximas das estepes
russas, atravessando o Bósforo e chegando às areias dos desertos africanos e
asiáticos, e iam até às praias
atlânticas da Ibéria, e o mediterrâneo era o Mare Nostrum dos poderosos generais e almirantes da Roma dominadora.
Descobriu-se, então, que o fascismo não era uma
particularidade italiana, porque logo tomou a forma de Nazismo, na Alemanha, de
Corporativismo em Portugal, de Falangismo, na Espanha, de Estado Novo, no Brasil,
Peronismo, na Argentina, todos correndo o mundo como peste contagiosa. Ficou
evidente, então, que o fascismo era algo bem mais vasto e mais complexo do que
um movimento político limitado a um só país. Existiam várias formas de
fascismo, mas o modelo central era sempre o mesmo.
Terminada a segunda grande guerra ( 1939- 1945) o cronista
Rubem Braga que fora correspondente do Diário Carioca no front italiano, onde lutaram os pracinhas brasileiros,
continuou escrevendo suas saborosas crônicas diárias onde traduzia a indignação
que era sua e da grande maioria do povo brasileiro, pelo fato de que ajudáramos
a derrotar a peste fascista na Europa, mas aqui, sobrevivia um regime ditatorial que
se inspirara em Mussolini, Franco e Salazar. Numa dessas crônicas Rubem Braga escreveu: ¨Facismo é uma praga
difícil de exterminar, é um inimigo que no futuro pode voltar com outro nome ¨.
Rubem Braga foi profético e incisivamente realista. O fascismo é mesmo uma
praga renitente, uma ¨fênix¨ maldita que ressurge das cinzas, dos escombros das
guerras que provoca, das ditaduras que inspira.
O fascismo , mais do que uma nefasta ideologia que provoca a exacerbação coletiva e dela se
realimenta, é, também, uma patologia da alma humana. Juntando-se esses dois
fatores, chega-se ao quadro de ódio, intolerância, radicalismo, arrogância e
truculência que o Estado fascista configura.
As democracias têm de se submeter à incômoda convivência com
as tendências fascistas, e nem mesmo naqueles países onde a sociedade alcançou um elevado nível de
desenvolvimento e harmonização social o vírus do fascismo sumiu.
Na Noruega onde não se imaginaria a possibilidade de surtos
extremistas, lá surgiu o criminoso,
fascista convicto, que assassinou dezenas de estudantes, porque eram filhos de
imigrantes, e ¨ ameaçavam a pureza da
raça nórdica.
O fascismo se apega, preferencialmente, aos preconceitos que
geram ódios, dividem a sociedade e estimulam a vingança.
Como entender a atitude de um presidente da Câmara dos Deputados
que engaveta um projeto de regulamentação do aborto, e diz que só o
colocará em pauta para a votação se pisarem por cima do seu cadáver ?
Então, para que ocupam suas cadeiras de deputados mais de 500 representantes que o povo elegeu,
exatamente para que votem , votem aprovando
ou desaprovando leis, projetos,
decisões ?
O fascismo inerente
ao intolerante presidente Eduardo Cunha os
transformou em patetas ?
Sob diversas formas o fascismo nos ronda, nos espreita.... (
continua )
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