sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

OS FASCISMOS QUE NOS ESPREITAM (1)

OS FASCISMOS QUE NOS ESPREITAM (1)
Quando os  camisas negras liderados pelo histriônico ditador Mussolini estavam a um passo de tomar o poder na Itália, teóricos dos fenômenos sociais chegaram a considerar o fascismo como um movimento tipicamente italiano, resultante de circunstancias  históricas específicas somadas às características  psicológicas de um povo que, após a unificação, formara um Estado Nacional saudosista dos tempos  orgulhosos em que    legiões romanas guarneciam as descomunais fronteiras do império,  próximas das   estepes russas, atravessando o Bósforo e chegando às areias dos desertos africanos e asiáticos, e iam até  às praias atlânticas da Ibéria, e o mediterrâneo era o Mare Nostrum dos poderosos generais  e almirantes da Roma dominadora.
Descobriu-se, então, que o fascismo não era uma particularidade italiana, porque logo tomou a forma de Nazismo, na Alemanha, de Corporativismo em Portugal, de  Falangismo,  na Espanha, de Estado Novo, no Brasil, Peronismo, na Argentina, todos correndo o mundo como peste contagiosa. Ficou evidente, então, que o fascismo era algo bem mais vasto e mais complexo do que um movimento político limitado a um só país. Existiam várias formas de fascismo, mas o modelo central era sempre o mesmo.
Terminada a segunda grande guerra ( 1939- 1945) o cronista Rubem Braga que fora correspondente do Diário Carioca no front italiano,  onde lutaram os pracinhas brasileiros, continuou escrevendo suas saborosas crônicas diárias onde traduzia a indignação que era sua e da grande maioria do povo brasileiro, pelo fato de que ajudáramos a derrotar a peste fascista na Europa,  mas aqui, sobrevivia um regime ditatorial que se inspirara em Mussolini, Franco e Salazar. Numa dessas crônicas  Rubem Braga escreveu: ¨Facismo é uma praga difícil de exterminar, é um inimigo que no futuro pode voltar com outro nome ¨.
Rubem Braga foi profético e  incisivamente realista. O fascismo é mesmo uma praga renitente, uma ¨fênix¨ maldita que ressurge das cinzas, dos escombros das guerras que provoca, das ditaduras que inspira.
O fascismo , mais do que uma nefasta ideologia que  provoca a exacerbação coletiva e dela se realimenta, é, também, uma patologia da alma humana. Juntando-se esses dois fatores, chega-se ao quadro de ódio, intolerância, radicalismo, arrogância e truculência que o Estado fascista configura.
As democracias têm de se submeter à incômoda convivência com as tendências fascistas, e nem mesmo naqueles países onde a  sociedade alcançou um elevado nível de desenvolvimento e harmonização social o vírus do fascismo sumiu.
Na Noruega onde não se imaginaria a possibilidade de surtos extremistas,  lá surgiu o criminoso, fascista convicto, que assassinou dezenas de estudantes, porque eram filhos de imigrantes, e  ¨ ameaçavam a pureza da raça nórdica.
O fascismo se apega, preferencialmente, aos preconceitos que geram ódios, dividem a sociedade e estimulam a vingança.
Como entender a atitude de um presidente da Câmara dos Deputados  que engaveta um projeto de  regulamentação do aborto, e diz que só o colocará em pauta para a votação se pisarem por cima do seu cadáver ?
Então, para que ocupam suas cadeiras de deputados  mais de 500 representantes que o povo elegeu, exatamente para que votem , votem aprovando   ou desaprovando leis, projetos, decisões ?
O fascismo     inerente   ao intolerante    presidente Eduardo     Cunha os   transformou em   patetas ?    

Sob diversas formas o fascismo nos ronda, nos espreita.... ( continua )

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