domingo, 1 de fevereiro de 2015

AS NOSSAS JAQUEIRAS EM EXTINÇÃO



AS NOSSAS JAQUEIRAS EM EXTINÇÃO
Breve, em Sergipe, não teremos mais jaqueiras. A jaca, aquele fantasticamente saboroso fruto, este ano está sendo raridade nos mercados de Aracaju. À margem da estrada, quando se passa por Areia Branca ou pelo Treze, no Lagarto, nas barracas de frutas ao lado ainda algumas jacas podem ser encontradas, mas, dizem os vendedores, contristados, que a desengonçada,  todavia gostosíssima, quase sensual fruta, está, a cada dia mais rara. Sobre a jaca, ou melhor,  sobre , a frondosa jaqueira, disse Gilberto Freire que se trata de uma árvore escandalosamente sensual, pornográfica mesmo. Não se sabe se o sociólogo pernambucano que nos deu de volta o prazer telúrico de sermos brasileiros e nordestinos, queria se referir ao sabor untuoso, , talvez lúbrico, da fruta, ou a alguma saborosa aventura idílica sob a sombra aconchegante de uma jaqueira. O fato é que Gilberto, era atento aos sabores, aos cheiros dos massapês nordestinos, também aos dengos das sestrosas mulatas e das senhoras branquelas, diminuindo nas Casas Grandes a distancia que separava  as alcovas da cozinha, e o sociólogo,  quase sexólogo pernambucano, não poderia passar ao largo das jaqueiras, também das mangueiras, habitantes inseparáveis dos nossos pomares e quintais. Mas por aqui a jaqueira, repetimos, está desaparecendo. Descobriram que a sua madeira, que a indústria naval antes já consumira tão avidamente, é matéria prima insubstituível para a confecção de belíssimos móveis. Bonitos e também remuneradores pelo alto preço que alcançam. Dessa forma, a motoserra se pôs a funcionar, decepando sem piedade as seculares jaqueiras. O IBAMA nada pode fazer , a jaqueira veio da Índia trazida pelos navegantes portugueses, não é árvore gentia, é estrangeira.. E tome-le serra. Cabe ao IBAMA proteger  apenas a nossa flora nativa. Mas os senhores deputados poderiam, rapidamente, baixar uma lei declarando a jaqueira patrimônio cultural do Sergipe, e com isso  tentariam deter a devastação. Uma jaqueira ao longo de tantos anos que vive poderia servir a várias gerações oferecendo seus frutos que, para agregar valor, ( essa inseparável exigência do negócio bem sucedido ) poderia se transformar em doce, geléia, suco , sabendo-se que a casca é disputada como ração para os bichos, bois, cavalos, porcos, carneiros, cabras, até galinhas, perús e guinés.
Mas, é mesmo uma pena. Vamos ficar sem jaqueiras. Ano passado o Instituto Vida Ativa, pedindo aos vendedores nas ruas de Aracaju que guardassem os caroços dos bagos que oferecem descaroçados, os levava depois para Canindé do São Francisco onde produz mudas. Em 2014 foram então distribuídas gratuitamente pouco mais de cinco mil pés de jaqueiras, que devem agora estar plantados em vários pontos do estado, até aqui mesmo, na capital. Mas este ano os vendedores quase sumiram e não haverá sementes para essa tentativa de repovoar Sergipe com as jaqueiras, agora quase sumidas.

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