O SABER QUE DIFERENCIA
A CRIANÇA
Jose Vitor
Menezes Teles é quase uma criança, tem apenas 14 anos, mas, vai cursar
medicina na Universidade Federal de Sergipe. Ele foi aprovado alcançando 750,98
pontos no exame do Enem. Fez outra proeza atingindo quase os míticos mil
pontos na redação, o tormento de todos os alunos, tormento, porque hoje
quase ninguém mais folheia livros. O resultado é o desastre que estamos a
assistir, compungidos uns, ou infrutiferamente revoltados outros. Meninos
assim como Jose Vitor, demonstram que é preciso ter esperança , sobretudo, ter
também compromisso com o reordenamento do nosso sistema educacional, que
somente se alcançará quando todos compreenderem que somos, tanto quando o
governo, responsáveis pela transformação que desejamos. Jose Vitor lembrou, com
muito carinho, da escola itabaianense onde estudou, o Colégio estadual Murilo
Braga. O equilíbrio, a educação, o bom senso e a própria forma de viver
da criança agora acadêmica, revelam que ele tem o suporte da família, um fator
relevante.
A nossa legislação não
permite que pessoas com menos de 18 anos façam o exame de proficiência, uma
espécie de segundo grau fast food para compensar o atraso de muita gente.
Falou-se até, sob os
protestos veementes do lúcido Secretário da Educação Jorge Carvalho, que um
menor de 18 anos, como é o caso de Jose Vitor, não poderia fazê-lo. Assim, sem
o segundo grau completo, o belíssimo resultado por ele alcançado no Enem seria
inútil para levá-lo imediatamente à Universidade. Mas o Juiz, igualmente
lúcido, Alberto Correia Leite, concedeu a liminar e Vitor chegou à Secretaria
da Educação com o certificado de conclusão de curso para exibi-lo à professora
Marieta Oliveira, Superintendente Executiva, que o recebeu em festa. Festa
também fará o Reitor Ângelo Antoneli, para receber o menino de Itabaiana quando
ele for assistir à aula inaugural, e começar o seu curso de medicina.
Antes, quando a vida
era breve e a perspectiva de fruí-la andava entre nós na casa desenxabida dos
quarenta anos, qualquer um que concluisse os preparatórios obtendo resultados
positivos, mesmo aos doze anos, poderia ingressar nas faculdades. Isso
aconteceu com o nosso gênio sergipano Gilberto Amado. Mesmo estudando numa
precária escola particular em Itaporanga, onde a professora fumava
cachimbo e os alunos não sabiam o que era papel higiênico, mas conheciam muito
de perto e nas mãos em brasa o efeito da palmatória, Gilberto foi aprovado aos
doze anos nos preparatórios para o Curso de Farmácia em Salvador.
Aos catorze anos ele já exibia para os meninos como ele, na sua
terra, o anel de ¨doutor¨em farmácia.
Vamos colocar Jose
Vitor Menezes Teles e outros que dão o mesmo exemplo, no topo de um pedestal
que teremos de construir para revigorar, ou salvar a nossa combalida
autoestima, em rápido processo de dissolução.
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