sábado, 10 de janeiro de 2015

GILBERTO AMADO A SUA ESCOLA E O PISO DE 1.917,78



  GILBERTO AMADO A SUA
   ESCOLA E O PISO DE 1.917,78
 O piso salarial dos Professores ao ser fixado foi considerado uma grande conquista. Mas que conquista é essa ? Chega agora aos 1, 917,78 reais,       diante da preocupação geral de governadores e  prefeitos que não podem suportar acréscimo de gastos na folha excessivamente pesada.
Um professor não deveria ganhar menos de 7 mil reais, mas, quando Telha, Pedra Mole, poderiam pagar isso?
A solução terá de ser, necessariamente,   a educação básica federalizada,   para renovar o ensino e retirá-lo desse atoleiro de ineficiência em que afunda.
Vejamos a descrição feita por Gilberto Amado da escola particular ( não havia a pública ) onde estudou no final do século dezenove, em Itaporanga:  ¨Na sala atijolada,  3 bancos encostados às paredes. Bancos altos. Os meninos ficavam com as pernas no ar. Depois da minha entrada puseram mais dois bancos.Na parede do fundo encostava-se Dona Olímpia, Sá Limpa para toda Itaporanga . Era hidrópica, barriga imensa, um
Baú impando diante dela como o bombo da Filarmônica Itaporanguense. As faces,  verdadeiras chagas, queimavam sob os olhos  febris. Os dentes meio separados uns dos outros. Por entre eles passavam o Tesouro de Leituras, a gramática do Dr. Abílio, as 4 operações aritméticas e o bafo do cachimbo de cano comprido, com que assomava na aula e  só tirava da boca quando tinha de ralhar mais forte com algum menino atrevido.
Muitos dos alunos levavam no bolso, para comer na aula, caroços de jaca assados. Outros comiam bunda de tanajura, também assada. Vi-os muitas vezes comendo: a carne de tanajura é igualzinha na cor à polpa de cambucá, esbranquiçada e pegajenta. Ví também comerem caco de telha, em geral de telha nova,  decerto apanhado de passagem na olaria. Havia meninos ruins, perversos mesmo, na escola. um levava bolachinhas, arregaçava o prepúcio, esfregava-as na glande sebosa e dava-as  aos molequinhos para comer.¨
Essa escola assim tão suja, tão desconfortável, freqüentada por alunos quase sempre doentes, podia não ter qualquer vestígio de higiene ou cidadania, mas, o nível do ensino de Sá Limpa seria bem melhor do que aqueles  alcançados hoje em nossas escolas públicas.
Gilberto Amado dela saiu para fazer em Salvador os  preparatórios, e logo ingressou na Escola de  Farmácia  formando-se aos 14 anos de idade.
Ou seja,  a escola era terrificante, mas a professora Sá Limpa com seu cachimbo  à boca transmitia mais conhecimentos aos alunos do que se consegue fazer hoje nas escolas ¨modernas ¨.

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