sábado, 10 de janeiro de 2015

O ARAME FARPADO A PROPRIEDADE INVIOLÁVEL E O MST NA AGRICULTURA



O ARAME FARPADO  A PROPRIEDADE
INVIOLÁVEL  E O MST NA  AGRICULTURA
Ministro do Desenvolvimento Agrário, o militante social Patrus Ananias assumiu o cargo  dizendo que é preciso derrubar as cercas de arame dos latifúndios, e dos preconceitos contra a inclusão social. Por sua vez, a senadora Kátia Abreu, militante do agronegócio disse,assumindo o Ministério da Agricultura que no Brasil não existem mais latifúndios improdutivos, ou  seja, não há cercas a derrubar.
Patrus é egresso daquelas mesmas  vanguardas ideológicas às quais a  jovem  estudante Dilma pertenceu,  acreditando, nos tempos sombrios, que só a força das armas clarificaria o futuro da pátria.
Kátia, fazendeira próspera, é uma entre aqueles empreendedores que fizeram cumprir, em parte, aquela profecia ufanística de que  o Brasil tornar-se--ia  celeiro do mundo. Kátia será  amadrinhada   da presidente (a) Dilma,  quando ela estiver, como  mais destacada presença, testemunhando e abençoando e união civil da senadora e agora ministra.  Ela substituirá as duas alianças de viúva por uma só,  do novo matrimonio.
Assim, a presidente (a )  mantém  laços de afinidades pessoais e ideológicas com Patrus,  e de amizade,  certamente também de admiração,  pela tenacidade de Kátia na defesa e liderança    do agronegócio brasileiro.
Kátia cuidará então de tornar ainda mais competitivas as nossas imensas lavouras, e dos rebanhos que chegam à impressionante cifra de dezenas de milhões. Essas  atividades   fazem do Brasil líder na exportação de alimentos , assim, saciando a fome do mundo.
Patrus terá outra missão ainda mais desafiadora. Ele precisará dar continuidade àquela  política que tem como objetivo demonstrar que o  ¨arame farpado ¨ pode, e deve ser removido, quando o direito à propriedade que não é cláusula pétrea, nem, muito menos, sacrossanto privilégio, surgir como  estorvo ao interesse social. E precisará ainda demonstrar que os assentamentos podem ser produtivos,  que a Agricultura Familiar,  além de socialmente adequada,  é também capaz de abastecer fartamente os mercados.
A realidade brasileira mostra hoje que os dois setores, a macro e a micro atividades agro-pecuárias são muito mais complementares do que antagônicas.
Assim,  apesar de parecerem díspares e conflitantes, os discursos de Kátia e Patrus dialeticamente se unem no conjunto dos resultados a que se propõem.
O Brasil,  país agora tão maltratado por brasileiros pessimistas, e estrangeiros que aqui só enxergam ladrões, como se todos nós fossemos  Paulos Robertos e Zé Dirceus multiplicados, o Brasil, repetimos, é bem mais do que essa imagem deprimente.  O Brasil  ouve agora Kátia Abreu e Patrus Ananias, falando sossegadamente  sobre temas antes tão radicalizados que levaram generais  sem possuir um só centímetro de terra a tomarem o poder,  e fuzilarem camponeses, para que ficassem  intocados os feudos  improdutivos, privilégios dos  barões e ¨coroneis ¨ senhores arrogantes de chãos e almas.
Fizemos isso no clima ameno da democracia, onde o diálogo suaviza o conflito.
Relembremos: Quando aqui chegou um ¨galego¨catarinense , dele dizia-se que manipulava erradamente o português para disfarçar-se como camponês, mas tinha cursos de guerrilha em Cuba e era formado em sociologia. A polícia andava a serviço do estado, metralhando gente do MST. O ¨galego¨ era João Daniel, agora deputado federal, que liderou todo o processo de transformação da arcaica estrutura fundiária de Sergipe, e, sob as bênçãos de Déda e Josué,  fez  um convenio com a UFS abrindo as portas da Universidade  para os Sem Terra.
 Quando se acirrava o conflito pela posse dos latifúndios  da Barra da Onça, um major bigodudo manteve,  sob a mira de fuzis, à beira de uma estrada movimentada em Poço Redondo, quase 200 miseráveis que fizeram barracos sobre a terra que pretendiam ocupar. Albano, assumindo o governo, procurou amenizar o conflito,  e o ¨galego
catarinense¨ começou a freqüentar o palácio da Atalaia.  Entrava e saia à noite pelos fundos. Nem ele nem Albano queriam tornar público o dialogo que mantinham.  Nasceu então o projeto Jacaré- Curituba, primeiro assentamento no Brasil para os Sem Terra dispondo de irrigação. Um dia foram  recebidos por FHC. Frei Enoque entrou no Planalto arrastando chinelos.
Um  militante,  Esmeraldo Leal, beneficiou-se, como tantos outros, do convenio com a UFS.  Esmeraldo ainda tem as mãos calejadas, mas alisou os bancos da UFS, e se tornou sociólogo. Continuou militante e líder.  Fez os assentamentos entre Pinhão e Simão Dias,  tornarem-se os mais produtivos de Sergipe.
 Jackson , que acompanhou  a luta pela terra, desde os tempos de Dom Jose Brandão  de Castro,   agora, com a caneta de governador,  tornou Esmeraldo Secretário da Agricultura Desenvolvimento Agrário e Pesca.
 Com sensatez e visão política,  Esmeraldo, substituindo Chico Dantas, que agora vai cuidar de indústrias, demonstrou, ao ser empossado, que em Sergipe vai fazer aquela  ¨sintese dialética ¨ dos discursos de Patrus e Kátia.

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