O ARAME FARPADO A
PROPRIEDADE
INVIOLÁVEL E O MST
NA AGRICULTURA
Ministro do Desenvolvimento Agrário, o militante social
Patrus Ananias assumiu o cargo dizendo
que é preciso derrubar as cercas de arame dos latifúndios, e dos preconceitos
contra a inclusão social. Por sua vez, a senadora Kátia Abreu, militante do
agronegócio disse,assumindo o Ministério da Agricultura que no Brasil não
existem mais latifúndios improdutivos, ou seja, não há cercas a derrubar.
Patrus é egresso daquelas mesmas vanguardas ideológicas às quais a jovem
estudante Dilma pertenceu,
acreditando, nos tempos sombrios, que só a força das armas clarificaria
o futuro da pátria.
Kátia, fazendeira próspera, é uma entre aqueles
empreendedores que fizeram cumprir, em parte, aquela profecia ufanística de que
o Brasil tornar-se--ia celeiro do mundo. Kátia será amadrinhada
da presidente (a) Dilma, quando
ela estiver, como mais destacada
presença, testemunhando e abençoando e união civil da senadora e agora ministra. Ela substituirá as duas alianças de viúva por
uma só, do novo matrimonio.
Assim, a presidente (a )
mantém laços de afinidades
pessoais e ideológicas com Patrus, e de
amizade, certamente também de admiração,
pela tenacidade de Kátia na defesa e
liderança do agronegócio brasileiro.
Kátia cuidará então de tornar ainda mais competitivas as nossas
imensas lavouras, e dos rebanhos que chegam à impressionante cifra de dezenas
de milhões. Essas atividades fazem
do Brasil líder na exportação de alimentos , assim, saciando a fome do mundo.
Patrus terá outra missão ainda mais desafiadora. Ele
precisará dar continuidade àquela
política que tem como objetivo demonstrar que o ¨arame farpado ¨ pode, e deve ser removido,
quando o direito à propriedade que não é cláusula pétrea, nem, muito menos,
sacrossanto privilégio, surgir como estorvo ao interesse social. E precisará ainda
demonstrar que os assentamentos podem ser produtivos, que a Agricultura Familiar, além de socialmente adequada, é também capaz de abastecer fartamente os
mercados.
A realidade brasileira mostra hoje que os dois setores, a
macro e a micro atividades agro-pecuárias são muito mais complementares do que
antagônicas.
Assim, apesar de
parecerem díspares e conflitantes, os discursos de Kátia e Patrus dialeticamente
se unem no conjunto dos resultados a que se propõem.
O Brasil, país agora
tão maltratado por brasileiros pessimistas, e estrangeiros que aqui só enxergam
ladrões, como se todos nós fossemos Paulos Robertos e Zé Dirceus multiplicados, o
Brasil, repetimos, é bem mais do que essa imagem deprimente. O Brasil ouve agora Kátia Abreu e Patrus Ananias,
falando sossegadamente sobre temas antes
tão radicalizados que levaram generais sem
possuir um só centímetro de terra a tomarem o poder, e fuzilarem camponeses, para que ficassem intocados os feudos improdutivos, privilégios dos barões e ¨coroneis ¨ senhores arrogantes de
chãos e almas.
Fizemos isso no clima ameno da democracia, onde o diálogo
suaviza o conflito.
Relembremos: Quando aqui chegou um ¨galego¨catarinense , dele
dizia-se que manipulava erradamente o português para disfarçar-se como
camponês, mas tinha cursos de guerrilha em Cuba e era formado em sociologia. A
polícia andava a serviço do estado, metralhando gente do MST. O ¨galego¨ era
João Daniel, agora deputado federal, que liderou todo o processo de
transformação da arcaica estrutura fundiária de Sergipe, e, sob as bênçãos de
Déda e Josué, fez um convenio com a UFS abrindo as portas da
Universidade para os Sem Terra.
Quando se acirrava o
conflito pela posse dos latifúndios da
Barra da Onça, um major bigodudo manteve, sob a mira de fuzis, à beira de uma estrada
movimentada em Poço Redondo, quase 200 miseráveis que fizeram barracos sobre a
terra que pretendiam ocupar. Albano, assumindo o governo, procurou amenizar o
conflito, e o ¨galego
catarinense¨ começou a freqüentar o palácio da Atalaia. Entrava e saia à noite pelos fundos. Nem ele
nem Albano queriam tornar público o dialogo que mantinham. Nasceu então o projeto Jacaré- Curituba,
primeiro assentamento no Brasil para os Sem Terra dispondo de irrigação. Um dia
foram recebidos por FHC. Frei Enoque
entrou no Planalto arrastando chinelos.
Um militante, Esmeraldo Leal, beneficiou-se, como tantos
outros, do convenio com a UFS. Esmeraldo
ainda tem as mãos calejadas, mas alisou os bancos da UFS, e se tornou
sociólogo. Continuou militante e líder.
Fez os assentamentos entre Pinhão e Simão Dias, tornarem-se os mais produtivos de Sergipe.
Jackson , que
acompanhou a luta pela terra, desde os
tempos de Dom Jose Brandão de Castro, agora, com a caneta de governador, tornou Esmeraldo Secretário da Agricultura Desenvolvimento
Agrário e Pesca.
Com sensatez e visão
política, Esmeraldo, substituindo Chico
Dantas, que agora vai cuidar de indústrias, demonstrou, ao ser empossado, que
em Sergipe vai fazer aquela ¨sintese
dialética ¨ dos discursos de Patrus e Kátia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário