sábado, 10 de janeiro de 2015

A CULTURA DE TOLERANCIA CRIADA PELOS MUÇULMANOS



 A CULTURA DE TOLERANCIA
CRIADA PELOS MUÇULMANOS
Depois dessa coisa tétrica e estúpida que aconteceu em Paris, esperava-se, pelo menos, que diante da selvageria do ódio surgisse uma reação de bom senso ,  uma tentativa de busca das raízes daquela fúria desumana que não nasce nos desertos do Iraque ou da Síria, onde fica o califado de combatentes radicais. O ódio nasce bem mais perto,  nos subúrbios de Paris, nos guetos dos segregados. Quase ninguém observou que os 3 assassinos são franceses, descendentes de árabes. Quase ninguém notou que o ódio se acumula há muito tempo, desde que os europeus brancos, dominadores, naquele tempo classificado por Eric Hobsbawn como   a Era dos Impérios, colocaram suas botas  sobre países, tribos, nações, transformados em colônias.  Os brancos, ocidentais e cristãos, cometeram nas colônias as maiores atrocidades, até genocídios. O que os franceses fizeram na Argélia, seria motivo suficiente para que tentassem expiar suas culpas dedicando aos argelinos que chegam à França um tratamento o mais próximo possível da fraternidade. Mas não é o que acontece, o árabe é discriminado, vítima de insuperáveis preconceitos, e claro, se sente ofendido, humilhado, espezinhado, quando sua fé, os valores aos quais se apega, são tratados de forma  galhofeira, mesmo que sob  a ótica sem limites do humor.  
Fala-se agora, tão somente, na ameaça à liberdade de expressão , na necessidade de  assegurar o pluralismo, o direito de divergir,  valores que seriam inerentes à  civilização alcançada pelo mundo agora globalizado. E o que isso significa, por exemplo, para um iraquiano vivendo num subúrbio miserável de  Paris, ou Nova Iorque, depois que o seu país foi destruído pela quadrilha petroleira de George W Bush? Por acaso o mundo indignou-se, como indignado está agora pelo atentado à revista satírica Charlie Hebdo, quando o espetáculo apocalíptico das bombas que caiam sobre a imensa  Bagdad foi exibido em tempo real pela televisão? Ou quando a poderosa máquina militar de Israel despejava ferro e fogo durante semanas a fio  sobre milhões de palestinos  espremidos na Faixa   de Gaza ?
O terrorismo, sob qualquer pretexto, é moralmente inadmissível, mas,  a tal Guerra Contra o Terror deflagrada pelo genocida Bush, é algo assim, semelhante à  causa combatendo os seus próprios efeitos.
O  Islã visto agora como nascente do terrorismo, foi, no passado,  quem levou à Europa a cultura da tolerância. Quando os árabes se instalaram na Espanha,  muçulmanos, judeus e cristãos,  conviviam em paz e partilhavam seus valores. Em Córdoba, Granada, Sevilha, Toledo, há mesquitas com bibliotecas anexas,   onde existem preciosidades do cristianismo e do judaísmo. E também igrejas com inscrições em árabe, fazendo referências ao Alcorão, e sinagogas  imitando a arquitetura dos palácios muçulmanos.   Quando reis católicos reconquistaram a Espanha começou a perseguição implacável e sangrenta contra muçulmanos  e judeus. O mundo ocidental, cristão, hoje globalizado,  está colhendo os frutos do que plantou, e continua semeando.

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