CACAU AÇAI E CUPUAÇU
ONDE SOMEM LARANJAIS
Bernardo Lima é agrônomo já aposentado mas, teima em trabalhar, não se conformando em
ficar improdutivo, a não ser no inapelável caso do descanso eterno. E é bom
para Sergipe que Bernardo permaneça em atividade. Ele é cheio de boas idéias,
criativo, e tem vasta experiência, além de conhecer muito bem os problemas do
campo, que enxerga pela ótica abrangente
da agricultura familiar, do agronegócio, e da necessidade de garanti-los através de uma
equidosa repartição fundiária. Oriundo de uma família
de intelectuais também ligados à terra, Bernardo é um estudioso, sempre em busca das
soluções técnicas e políticas que o nosso setor primário está a merecer.
Há muito tempo ele
analisa o vai e vem da nossa citricultura, antes florescente, agora, quase em
extinção.
Bernardo passeia pela história para mostrar que culturas economicamente inviáveis foram sendo substituídas
por outras. Tomando Boquim como
paradigma, lembra que naquele município
a atividade principal, desde o século 18
era a agroindústria açucareira, primitiva ,
representada por pequenos engenhos
que foram apagando o fogo. Familias tradicionais
ligadas como os Fonsecas, Fontes e
Fernandes mudaram de atividade, enquanto
chegavam famílias atraídas pela fama das
boas terras boquinhenses, vindas de Frei
Paulo e Carira para iniciar a cultura do
algodão. Eram os Soares, os Maias, os Barretos. O verde dos canaviais deu lugar
aos campos do algodão branquinho . O
algodão entrou em crise, e a laranja que
era cultivada nos quintais em pequena escala, começou a ser plantada
intensivamente. Lembra Bernardo que o
seu pai, o agrônomo , intelectual, e produtor
rural Urbano Lima, causou admiração quando plantou laranja num campo medindo
dez tarefas. Começava o ciclo da
citricultura que foi promissor e criou
muitas fortunas, tendo sido, durante uns 40 anos, a atividade rural que
mais gerava empregos em Sergipe.
A crise da laranja se arrasta, e os citricultores buscam alternativas mais promissoras. E é ai
que Bernardo entra, para sugerir e demonstrar que o mais adequado sucedâneo
para a laranja é o cacau. Em Arauá, sua terra, Bernardo enumera experiências bem sucedidas com o plantio de
cacaueiros que já entram em produção, e são recordistas em produtividade,
sinalizando para a troca lucrativa da
laranja pelo cacau. Bernardo sugere um
mix formado pelo cacau, junto com o cupuaçu e o açaí.
Além da região centro sul, o cacau e seus acompanhantes
poderiam se estender até o baixo São Francisco onde a rizicultura emperrada poderia
ser exitosamente substituída.
O chocolate , começa a
cair no gosto de chineses e indianos, e só
esse fato assegura um mercado consumidor que crescerá por muito tempo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário