A CALMA DA CAMPANHA E
A
AMEAÇA DE MUITO
DINHEIRO
A campanha eleitoral transcorre calmíssima. Estranha-se até
tanta quietude. Dizem uns que essa calmaria é o resultado do desinteresse do povo pelas eleições, e que a marcha lenta
pode ser observada em todo o país, não
sendo apenas um episódio
limitado a Sergipe. A apatia do eleitor se estenderia de Roraima ao Rio Grande do Sul.
Mas há quem faça outro diagnóstico atribuindo toda essa
abulia unicamente à escassez do chamado vil metal.
A justiça eleitoral adotou providencias eficazes para coibir
a enorme vantagem que tinham os candidatos endinheirados, houve a proibição
dos showmícios,
e de outras aberrações representadas pelo excesso de marketing que só os
bolsos recheados podiam sustentar, tais como out-doors, trios elétricos , balões, e uma imensa
parafernália de equipamentos custosos que agravavam o fosso intransponível
entre os candidatos ricos, ou testas de ferro de grupos econômicos, e aqueles,
muitas vezes repletos de idéias, mas, carentes de recursos.
Apesar disso, a força
do dinheiro não diminuiu. A cada dia torna-se mais difícil a sobrevivência do
político que não tiver uma vistosa conta bancária, ou quem se disponha a abastecê-la. Mais eficiente é o Caixa- 2, indispensável para os gastos de campanha, a ¨conquista ¨ da simpatia dos cabos
eleitorais. Apesar de todas as
restrições legais o dinheiro está cada vez mais presente nas eleições, ou na
festa da democracia, que, na verdade, se
vai transformando no funeral da
representatividade.
Restringe-se o espaço para os que têm idéias, projetos, e
gostariam de utilizar a via política para colocá-las em prática. Enquanto isso proliferam os aventureiros, os que nem possuem
uma noção exata do que vem a ser política, mas se improvisam como ¨políticos ¨
e se tornam instrumentos de tudo, menos dos interesses reais da sociedade. São
esses os que acreditam apenas na força do dinheiro para comprar e corromper, e,
mesmo demonstrando absoluta inaptidão para a vida publica, vão ocupando posições levando a atividade política ao vilipendio de um simples negócio
da compra e venda de votos.
Essa calmaria de uma campanha morna poderia ser benéfica
porque significaria a retirada de cena da
força corruptora do dinheiro. Se isso realmente viesse a acontecer, sairiam fortalecidos os mandatos , a
representatividade e a democracia, porque o eleitor faria a escolha entre os
mais capacitados, os que exibissem idéias e biografias revelando compromissos efetivos com o
interesse publico.
Mas, já se prenuncia,
nessa quinzena derradeira, um tsunami do dinheiro de origem ilícita que
apareceria para a montagem de um colossal esquema de corrupção eleitoral.
Os que se acostumaram a ganhar dinheiro fácil através da
fraude, do suborno e do calote, e até hoje permanecem impunes, acreditam que
poderão repetir a façanha , driblando,
como se fossem Pelés da malandragem, a
atenta fiscalização da Justiça, do Ministério Público e da Polícia Federal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário