UM PASSEIO PELOS ¨LARANJAIS ¨
DE EDIVAN AMORIM
Quem for a Itabaiana e percorrer
toda a extensão da Avenida Eduardo Paixão Rocha, deveria encontrar, no número
1837 , a imponente fachada de uma grande empresa: a SISAN AGROPECUÁRIA E
TERRAPLENAGEM. Imponente, sem duvidas, porque aquela empresa com sede em Itabaiana, fez, em 2012, um empréstimo na agencia do Banco do Nordeste
em Janaúba, Minas Gerais, no valor de
CINQUENTA E CINCO MILHÕES E SETECENTOS E
TRINTA E SETE MIL REAIS. Não é qualquer empresinha que consegue captar
um empréstimo desse porte. Mas, surpresa. E que surpresa. O número 1837 não
existe, muito menos a empresa. Em
Itabaiana nunca se ouviu falar da SISAN. A avenida Eduardo Paixão Rocha é, na
verdade, a denominação dada a um trecho
da BR – 235, na saída em direção ao
entroncamento de Ribeirópolis. São
sócios da CISAN os senhores AJON
FERREIRA CAVALCANTI, com 10 % e ELEMENCAU ALMEIDA, que controla 90 %. São
procuradores os senhores JOSE HUNALDO
SANTOS DA MOTTA e MAURELIO SANTOS
PEREIRA.
Uma surpresa ainda maior: Os
CINQUENTA E CINCO MILHÕES SETECENTOS E TRINTA E SETE MIL REAIS tomados em 2012
deveriam ter ser quitados em 2013, mas, isso não aconteceu. Houve uma
renegociação , e, pelos novos termos do
contrato, a primeira parcela vencerá em
2015, e daí, em parcelas , até o ano da graça de 2024. Ou seja um empréstimo contratado para vencer em
um ano, foi, no ato da inadimplência, parcelado ao longo de dez anos.
O prazo inicial de um ano para o
vencimento, seria porque os CINQUENTA E CINCO MILHÕES E SETECENTOS E
TRINTA E SETE REAIS, foram destinados à compra de reses para terminação, ou
seja, para engorda em confinamento, o
que se faz em menos de um ano , possibilitando o retorno rápido do capital e a
amortização da dívida. Qual o empresário, qual o político sergipano
a quem Edivan não contou, entusiasmado,
as maravilhas do seu sistema de confinamento moderníssimo, controlado por
computadores que lhe permitiam acompanhar
dia a dia, a conversão exata em carne,
da ração consumida ? Esse monitoramento
permanente e eficaz dos custos, e da qualidade genética dos rebanhos, dizia, um vaidoso e exibicionista Edivan, lhe
assegurava lucros extraordinários. Não
foram poucos os políticos, os chefetes políticos, destacadas autoridades,
levados por Edivan em aviões, para
longas conversas ao pé do fogo na sua cinematográfica fazenda de Janaúba às
margens do rio Doce, no norte mineiro.
De repente o homem de tantos
negócios faz na Justiça Eleitoral, pretendendo candidatar-se a deputado uma declaração de bens de ínfimos NOVENTA E UM MIL REAIS, e fica-se
sabendo que nenhum dos bens dos quais
usufrui, de fato lhe pertencem.
Qual a razão real desse
gigantesco ¨alaranjamento ¨ de fazendas, emissoras de rádio, apartamentos,
veículos , terrenos, dinheiro em espécie ?
E ai surgem as inevitáveis perguntas.
Do que se estaria escondendo
Edivan Amorim?
Como foi obtido esse empréstimo ?
Como foi feita uma renegociação assim, tão ¨coração de mãe¨ para quem teria engordado bois, os revendido, e , por conseguinte, em condições de cumprir
as condições iniciais contratadas?
Como se concedeu prazo tão
alargado para pagamento, quando se sabe que o BNB anda a executar propriedades
de infelizes pequenos agropecuaristas
que tomaram cinqüenta cem mil reais ?
Na verdade não houve um
empréstimo. Aconteceu exatamente uma mega negociata à semelhança daquela realizada há quase vinte anos pelo ainda iniciante Edivan Amorim, no célebre
caso do BANESTADO, no Paraná, episódio onde não teria faltado também um
suicídio.
Edivan sempre alardeou a
influencia política que já teria ampliado de Sergipe a Minas, e na sua agenda
de apoios eleitorais constavam deputados, prefeitos, muita gente poderosa. Chegou a receber a mais alta comenda do Legislativo
mineiro. Para um empréstimo desse tipo e
em condições tão especialíssimas, e fugindo ao padrão das exigências de um banco
como o BNB, sem duvidas essas influências se transformaram num rendoso negócio
de compadres.
Não há como o BNB deixar de
realizar uma auditoria, para saber
exatamente como se processou o empréstimo, sem dúvidas danoso para aquela instituição
financeira.
O caso, caracterizado claramente
como uma fraude gigantesca, deve ser
objeto de exames pelo Banco Central, e de ações deflagradas pelo
Ministério Público Federal, pela
Controladoria Geral da República, com o
acionamento da Policia Federal pelo Ministério da Justiça,.
Um pequeno empresário que súa, luta, paga suas
obrigações em dia, tenta, tantas vezes sem sucesso, conseguir um pequeno financiamento num banco estatal , no BNB por
exemplo, e, quando o consegue, é
obrigado, sob pena de execução judicial, a quitá-lo no prazo determinado, nunca
ganhando o prêmio de 10 anos para saldar a dívida. Já o totalmente ¨alaranjado¨ Edivan Amorim, deita e rola, transforma-se em
magnata e líder político. Agora,
certamente, tem guardados os CINQUENTA E
CINCO MILHÕES E SETECENTOS E TRINTA E
SETE MIL REAIS, que deixou de pagar ao BNB, e com ele cobrirá os gastos imensos
do projeto que lidera para a conquista
do poder, e, pela sua lógica insaciável de ambições pessoais, também fazer de Sergipe a parte mais importante do
seu imenso ¨laranjal ¨.
Isso é
justo, isso é moralmente aceitável, isso
faz do Brasil um país de
oportunidades iguais para todos?
Seria então, o próprio governo
federal através do Banco do Nordeste,
conivente com a negociata, com a contaminação
da política pelo poder econômico conseguido através do assalto aos cofres
públicos?
Apenas um adendo: As Fazendas SISAN receberam seis autuações da Secretaria da Fazenda do
Estado de Mina Gerais, conforme Ata da 6.699ª
da 1 ª Câmara do Conselho de Contribuintes realizada em 28 de janeiro de
2014.
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