UM AEROPORTO PARA O TITIO
Não se pode dizer que o
ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves tenha, nos seus dois governos sido indiferente aos interesses da sua
família., entre as mineiras mais tradicionais. Assim, apesar de jovem e
definir-se como modernizante, livre dos vícios que sempre contaminaram a
política brasileira, aquela confusão
propositalmente feita entre o público e o privado, o jovem Aécio não
escapou à tentação de dar um presentinho à família com recursos dos cofres
mineiros. E não foi exatamente um presentinho, aquele, oferecido por ele a um
tio que tanto lhe merece. E tantos merecimentos tem que ganhou um belo aeroporto na sua fazenda, na miúda cidade de
Cláudio. Custou a obra 14 milhões de reais, e o aeroporto é também usado com
freqüência pelo ex-governador quando vai à sua fazenda que fica a menos de dez
quilômetros de distancia. Tudo mesmo entre família. Ou seja, ele beneficiou o tio e também a ele mesmo.
Claro, a área usada para o aeroporto foi
desapropriada, mas ai também revelou-se o amor do sobrinho pelo titio que enfrentava
um processo de execução, e com o dinheiro da desapropriação conseguiu liquidar
a divida. Em sua defesa, um tanto trêmulo, Aécio alegou que durante o seu
governo construiu mais de trinta aeródromos no estado. Ai mentiu, e como se
sabe ao homem público mentiras assim podem ser fatais, pelo menos em países
onde os políticos se sentem obrigados a dizer a verdade. Aécio construiu apenas
6 aeródromos, e um deles, o maior de todos, justamente o que beneficiou a fazenda do titio e a outra ,a bem próxima, da sua família. E
Aécio esqueceu-se de fazer o que seria indispensável: Uma solicitação à ANAC para autorizar o
funcionamento do aeroporto. Dessa forma, o
seu uso ficou sendo clandestino e
quase exclusivamente para o próprio Aécio.
As chaves da cancela dando acesso à pista ficavam com o titio. O jovem se diz moderno, mas, como se vê, não despreza os privilégios do baronato
da República, inclusive aquele, o
mais perigoso de todos, o de imaginar que
o baronato pode desfrutar , sem ser incomodado, das vantagens da
clandestinidade.
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