DE BRETTON WOODS AOS BRICS
TRANSCORRIDOS SETENTA ANOS
Dia 22 de julho de 44
em Bretton Woods, New Hampshire, terminava a conferencia da qual
participaram representantes de 44 países aliados na guerra que ainda nem
terminara. O Brasil esteve presente
representado por Artur de Souza Costa. Roberto Campos, jovem diplomata que o
assessorava, nas memórias escritas muito depois, o livro Lanterna de Popa, o descrevia como alguém que
muito se esforçava para compreender o que acontecia à sua volta.
Com a certeza da vitória próxima sobre o nazi-fascismo os Estados Unidos, cuja capacidade industrial
o fez ao mesmo tempo armar-se, combater, e fornecer armamentos , principalmente para os
ingleses e soviéticos, traçaram , ao seu
talante, o que seriam as relações econômicas assim que a guerra acabasse, o
terno que vestiria o mundo cortado pelos alfaiates de Wall Street e do
Pentágono.
Os Estados Unidos
tornaram-se credores do mundo .
Depois de Bretton Woods sumia o orgulhoso Império Britânico e
surgia a nação hegemônica que, daí por diante, daria as cartas no baralho global.
Desaparecia o ouro como padrão de convertibilidade das moedas e estabelecia-se a supremacia do dólar, que
atravessou esses 70 anos. Como instrumentos de atuação prática em sintonia com
os interesses da expansão ilimitada do novo império, foram criados o Fundo
Monetário Internacional, o sempre execrado FMI, o Banco Mundial e o GATT, um
sistema provisório de regras para o comércio internacional que golpeava de morte as potencias colonizadoras, eliminando os privilégios das metrópoles em
relação às colônias, uma estratégia dos americanos que iniciariam a invasão dos mercados asiáticos e africanos.
O diplomata brasileiro
Carlos Mario Cozendey que escreveu um pequeno e excelente livro,
intitulado, Instituições de Bretton Woods descreve o duelo travado entre o famoso e respeitado economista inglês, John
Maynard Keynes, e o americano Harry White, um burocrata Secretário Assistente
do Tesouro Americano. Keynes, autor do livro Teoria Geral do Emprego do Juro e
da Moeda, um avanço na concepção estreita do capitalismo, que permitiu a Roosevelt
acabar a recessão com o programa New
Deal, levando o Estado a planejar a economia e dar ênfase ao emprego , mesmo assim, saiu derrotado. Assistiu a libra
que à época era a moeda com maior influencia no mundo, ser subjugada pelo
dólar, e a ascensão irresistível dos Estados
Unidos. Fato curioso: A União Soviética, comunista, participou da conferencia de
Bretton Woods, concordou com tudo, subscreveu cotas do FMI e do Banco Mundial,
ajudou a construir a ascensão do dólar, porque ainda lutava contra tropas alemãs dentro do seu território. Finda a guerra
Stalin logo rompeu o acordo, denunciando o FMI e o Banco Mundial como
instrumentos do imperialismo. No mesmo mês em que se completaram os 70 anos da Conferencia de
Bretton Woods, em Fortaleza, Ceará, a presidente do Brasil, os presidentes da
Rússia, e da África do Sul, os primeiros ministros da China,e da Índia estiveram reunidos para a criação de uma
alternativa à supremacia absoluta e hegemônica do dólar. Criaram um banco de
desenvolvimento e algo semelhante ao FMI,
instituições novas no cenário das
finanças globais, e com a força de economias que, juntas, superam folgadamente
o PIB dos Estados Unidos. Os BRICS,
finalmente postos a agir em conjunto,
representam uma iniciativa com perspectivas bem mais amplas do que a Comunidade Européia.
Por falar nisso, os russos, contrariados com as sanções
econômicas dos Estados Unidos e da Europa, em virtude dos acontecimentos na
Ucrânia, anunciam uma retaliação, e
deixam de importar carne bovina, suína, de aves, frutas, laticínios e cereais, dos Estados Unidos e da Europa, e
buscam outros fornecedores. O Brasil,
parceiro nos BRICS, terá a maior
parte do bolo, fatiado também com a Argentina, o Equador e Nova Zelândia. Não é nada não é nada isso
poderá duplicar o volume das exportações brasileiras para a Rússia, saltando
de de 3 bilhões e meio de dólares para mais de 6
bilhões, caso consigamos abastecer os russos sem reduzir a oferta no mercado interno.
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