sábado, 16 de agosto de 2014

DE BRETTON WOODS AOS BRICS TRANSCORRIDOS SETENTA ANOS



DE BRETTON WOODS AOS BRICS
TRANSCORRIDOS SETENTA ANOS
  Dia 22 de julho de 44  em Bretton   Woods,  New Hampshire, terminava a conferencia da qual participaram representantes de 44 países aliados na guerra que ainda nem terminara. O Brasil  esteve presente representado por Artur de Souza Costa. Roberto Campos, jovem diplomata que o assessorava, nas memórias escritas muito depois, o livro  Lanterna de Popa, o descrevia como alguém que muito se esforçava para compreender o que acontecia à sua volta.
Com a certeza da vitória próxima sobre o nazi-fascismo  os Estados Unidos, cuja capacidade industrial o fez ao mesmo tempo armar-se, combater,  e fornecer armamentos , principalmente para os ingleses e soviéticos, traçaram ,  ao seu talante, o que seriam as relações econômicas assim que a guerra acabasse, o terno que vestiria o mundo cortado pelos alfaiates de Wall Street e do Pentágono.
 Os Estados Unidos tornaram-se credores do mundo .
Depois de Bretton Woods sumia o orgulhoso Império Britânico e surgia a nação hegemônica que, daí por diante, daria as cartas no baralho global. Desaparecia o ouro como padrão de convertibilidade das moedas e  estabelecia-se a supremacia do dólar, que atravessou esses 70 anos. Como instrumentos de atuação prática em sintonia com os interesses da expansão ilimitada do novo império, foram criados o Fundo Monetário Internacional, o sempre execrado FMI, o Banco Mundial e o GATT, um sistema provisório de regras para o comércio internacional que  golpeava de morte as potencias colonizadoras,  eliminando os privilégios das metrópoles em relação às colônias, uma estratégia dos americanos  que iniciariam  a invasão dos mercados asiáticos e africanos.
O diplomata brasileiro  Carlos Mario Cozendey que escreveu um pequeno e excelente livro, intitulado, Instituições de Bretton Woods descreve o duelo travado entre o  famoso e respeitado economista inglês, John Maynard Keynes, e o americano Harry White, um burocrata Secretário Assistente do Tesouro Americano. Keynes, autor do livro Teoria Geral do Emprego do Juro e da Moeda, um avanço na concepção estreita do capitalismo, que permitiu a Roosevelt acabar a  recessão com o programa New Deal, levando o Estado a planejar a economia e dar ênfase ao emprego ,  mesmo assim, saiu derrotado. Assistiu a libra que à época era a moeda com maior influencia no mundo, ser subjugada pelo dólar, e a ascensão irresistível dos Estados  Unidos. Fato curioso: A União Soviética,  comunista, participou da conferencia de Bretton Woods, concordou com tudo, subscreveu cotas do FMI e do Banco Mundial, ajudou a construir a ascensão do dólar, porque ainda  lutava contra tropas alemãs  dentro do seu território. Finda a guerra Stalin logo rompeu o acordo, denunciando o FMI e o Banco Mundial como instrumentos do imperialismo. No mesmo mês em que  se completaram os 70 anos da Conferencia de Bretton Woods, em Fortaleza, Ceará, a presidente do Brasil, os presidentes da Rússia, e da África do Sul, os primeiros ministros da China,e da Índia   estiveram reunidos para a criação de uma alternativa à supremacia absoluta e hegemônica do dólar. Criaram um banco de desenvolvimento e algo semelhante ao FMI,  instituições novas no cenário  das finanças globais, e com a força de economias que, juntas, superam folgadamente o PIB dos Estados Unidos. Os BRICS,  finalmente postos a agir em conjunto,  representam uma iniciativa com perspectivas bem  mais amplas do que a Comunidade  Européia.
Por falar nisso, os russos, contrariados com as sanções econômicas dos Estados Unidos e da Europa, em virtude dos acontecimentos na Ucrânia,  anunciam uma retaliação, e deixam de importar carne bovina, suína, de aves, frutas, laticínios e  cereais, dos Estados Unidos e da Europa, e buscam outros fornecedores.    O Brasil,  parceiro nos BRICS,  terá a maior parte do bolo,  fatiado também com  a Argentina, o Equador e  Nova Zelândia. Não é nada não é nada isso poderá duplicar o volume das exportações brasileiras para a Rússia, saltando de   de 3 bilhões e meio de dólares para mais de 6 bilhões,  caso  consigamos    abastecer os russos sem  reduzir a oferta no  mercado interno.

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