sábado, 24 de maio de 2014

A ARTE DE BEM GOVERNAR ENSINADA POR MAQUIAVEL



A ARTE DE BEM GOVERNAR
ENSINADA POR MAQUIAVEL
Nicolo Maquiavel discreto amanuense florentino, viveu numa época em que o  feudalismo entrava em agonia e o surgimento do sistema mercantil, vestibular do capitalismo, exigia a criação de uma nova forma de Estado, aparelhado para governar, para fazer a guerra e garantir a ordem sobre o seu território. No lugar dos feudos dominados por senhores poderosos que desafiavam o poder dos príncipes, era preciso um poder centralizado e forte.  Maquiavel,também historiador que escreveu a longa e épica saga  da sua terra , Florença, centro de comércio e berço das artes renascentistas, tornou-se então o que hoje presunçosamente  se intitula ¨cientista político ¨. Ele, frequentador das salas e alcovas dos príncipes, bem conhecia o que nelas se passava, e jamais se intitularia  ¨cientista de uma coisa que é tão fluida, tão inexata, tão imprevisível, que nunca poderia ser tratada como se fosse algo semelhante  às ciências exatas.
Maquiavel resolveu então escrever um pequeno livro,que ofereceria ao Príncipe como contribuição para que ele,  com eficiência, exercesse  e presservasse o seu poder. Maquiavel, tão incompreendido, porque não o situam na época em que viveu, época dos punhais, dos venenos, terminou sendo adjetivado, e maquiavelismo tornou-se sinônimo de esperteza ou maldade permeando os atos da política. Na verdade a partir de O Príncipe, o miúdo opúsculo, surgiram as bases do Estado moderno.
Os que estudam a repercussão da obra de Maquiavel através dos tempos, assinalam o interessante detalhe de que, na cabeceira de tantos poderosos o livro era um manual permanente de consulta, e  revelam que em todos se encontra sublinhada  a frase sucinta: ¨Governar é gerar expectativas ¨.   Isso aconteceu nos opúsculos que estiveram nas cabeceiras de Napoleão, de Gaulle, Churchill, Stalin, Lênin, Mussolini,Catarina da Rússia, até Hitler. Raquel de Queiroz,  boa escritora, muito amiga do ditadorzinho marechal Castelo Branco, primeiro de uma série, insistia em nele identificar traços de um intelectual.  Dela Castelo teria recebido um exemplar de O Príncipe, não se sabe se o folheou e, se o fez, certamente ficou no capítulo referente aos venenos e punhais.
Maquiavel tem razão, nada melhor para um governante do que criar expectativas, e lutar para realizá-las, sem esquecer de despertar  outras novas. Foi o que fez Lula, ele próprio uma expectativa, por ser operário,oriundo do movimento sindical e criador de um partido de esquerda.  O sindicalista soube transitar muito bem, tanto entre os pobres como entre banqueiros e outros magnatas. Mas o pobre sem duvidas foi beneficiado no seu governo. Concorde-se ou não com os programas sociais, eles na verdade mudaram o Brasil para melhor e deram mais folego à economia. Dilma entrou sem gerar expectativas a não ser a de que seria a gerente eficaz que tocaria adiante os projetos de Lula. Veio a crise, começaram as dificuldades, e uma presidente no inicio bem avaliada começou a desabar. A encruzilhada em que nos encontramos agora é que,no momento maquiavélico que o país atravessa, parece não existir nenhum personagem capaz de gerar expectativas, ou seja, de entender os ensinamentos ainda válidos de um homem do século 15, que moldou a imagem do estadista, válida hoje , desde que evidentemente atualizada.
Em Sergipe, Jackson Barreto parece ter sublinhado também a frase de Maquiavel, e não tem feito outra coisa senão gerar expectativas, que  alimenta com a intensidade da dedicação absoluta  ao cargo,  que não imaginava viesse a ocupar nas circunstancias tão dramáticas que se sabe.

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