segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

OS CAÇAS GRIPPEN E O ATESTADO DE ÓBITO



OS CAÇAS GRIPPEN  E
 O ATESTADO DE ÓBITO
A aquisição dos caças suecos Grippen pelo governo   faz parte de uma sequencia de providencias inadiáveis para  modernizar e dar capacidade operacional às forças armadas brasileiras. O projeto, abrangendo as 3 armas, tem um horizonte de 10 para ser concretizado, incluindo aquisição de equipamentos,  acesso à tecnologias, montagem de uma indústria bélica , visando conferir    poderio militar indispensável a um país com dimensões continentais, extensas fronteiras, e um protagonismo crescente no cenário internacional. Não se trata de nenhuma aventura guerreira, apenas, o reconhecimento óbvio de que não estamos imunes aos perigos que rondam outros países, à necessidade que temos de nos capacitar para preservar interesses estratégicos,  hoje  a dezenas de milhas de distancia das nossas praias,  na imensidão da amazônia,  até mesmo nos instantes em que as forças armadas são exigidas para a participação no socorro à populações atingidas por calamidades,  presença em forças de paz, como no caso atual do Haiti. Com navios, aviões, armamentos sucateados, nem mesmo para essas missões  as nossas forças armadas estão plenamente capacitadas.
Essa modernização operacional precisa ser acompanhada de um arejamento de mentalidade, atualização da doutrina, a começar pela mudança da versão apresentada nos livros das escolas militares a respeito de episódios que, em nome da verdade histórica, devem ser clarificados.
As forças armadas brasileiras precisam reconhecer, admitir publicamente, que o emprego da tortura, o assassinato de prisioneiros em instalações militares foi um crime, uma ignomínia  que não pode ser justificada sob nenhum argumento. O Estado brasileiro já tomou essa iniciativa, enquanto as forças armadas, como se não fizessem parte do Estado, continuam insistindo na versão de que não houve a tortura, não ocorreram os assassinatos, e que os atos praticados contra prisioneiros que estavam sob a custodia  de autoridades militares, teriam sido inevitáveis em face da ameaça terrorista. Nada mais falso, nada mais pecaminosamente afrontoso à realidade dos fatos. Tantos anos depois,  a família do jornalista Vladimir Herzog, selvagemente torturado e morto nas dependências do  sinistro DOI-CODI, continua sem conseguir um atestado de óbito verídico, onde, ao invés de suicídio, seja apontada a real causa da sua morte. Também os nomes dos que o assassinaram devem ser conhecidos, até porque torturadores e assassinos, desonram  qualquer instituição militar, sejam elas americanas, russas, chinesas, cubanas, brasileiras, ou da Coreia do Norte. 
Até hoje não se sabe aqui entre nós, quem, ou quais foram os responsáveis por causar a cegueira no petroleiro Milton Coelho, sequestrado e mantido sob custódia  daqueles que  temporariamente assumiram o comando do 28 BC, exatamente para praticar os crimes que o seu digno comandante e sua oficialidade se recusaram a cometer.
Nas escolas militares esses fatos devem ser contados como uma verdade histórica que somente envergonhará as forças armadas enquanto for mantida oculta ou escamoteada.
 Fugir da verdade não é ato dignificante para qualquer instituição.
A presidente Dilma  foi submetida a torturas aviltantes e bárbaras dentro de um quartel, os nomes de todos os que a torturaram, os nomes dos que comandaram  os atos  que a dignidade humana repudia,  ela mesma talvez não os conheça, e ainda  tolera,  sem que o exonere de pronto, um oficial general  exercendo comando, dizer que o Exército prestou honras militares durante o traslado dos restos do presidente João Goulart, mas isso não significava que o Exército ¨estivesse pedindo perdão ¨.   Ou seja, se depender desse general, os tanques ainda poderiam sair dos quarteis para depor presidentes legitimamente eleitos.

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