OS CAÇAS GRIPPEN E
O ATESTADO DE ÓBITO
A aquisição dos caças suecos
Grippen pelo governo faz parte de uma
sequencia de providencias inadiáveis para
modernizar e dar capacidade operacional às forças armadas brasileiras. O
projeto, abrangendo as 3 armas, tem um horizonte de 10 para ser concretizado,
incluindo aquisição de equipamentos,
acesso à tecnologias, montagem de uma indústria bélica , visando
conferir poderio militar indispensável a um país com
dimensões continentais, extensas fronteiras, e um protagonismo crescente no
cenário internacional. Não se trata de nenhuma aventura guerreira, apenas, o
reconhecimento óbvio de que não estamos imunes aos perigos que rondam outros
países, à necessidade que temos de nos capacitar para preservar interesses
estratégicos, hoje a dezenas de milhas de distancia das nossas
praias, na imensidão da amazônia, até mesmo nos instantes em que as forças
armadas são exigidas para a participação no socorro à populações atingidas por calamidades,
presença em forças de paz, como no caso
atual do Haiti. Com navios, aviões, armamentos sucateados, nem mesmo para essas
missões as nossas forças armadas estão
plenamente capacitadas.
Essa modernização operacional
precisa ser acompanhada de um arejamento de mentalidade, atualização da
doutrina, a começar pela mudança da versão apresentada nos livros das escolas
militares a respeito de episódios que, em nome da verdade histórica, devem ser
clarificados.
As forças armadas brasileiras
precisam reconhecer, admitir publicamente, que o emprego da tortura, o
assassinato de prisioneiros em instalações militares foi um crime, uma
ignomínia que não pode ser justificada
sob nenhum argumento. O Estado brasileiro já tomou essa iniciativa, enquanto as
forças armadas, como se não fizessem parte do Estado, continuam insistindo na
versão de que não houve a tortura, não ocorreram os assassinatos, e que os atos
praticados contra prisioneiros que estavam sob a custodia de autoridades militares, teriam sido
inevitáveis em face da ameaça terrorista. Nada mais falso, nada mais
pecaminosamente afrontoso à realidade dos fatos. Tantos anos depois, a família do jornalista Vladimir Herzog,
selvagemente torturado e morto nas dependências do sinistro DOI-CODI, continua sem conseguir um
atestado de óbito verídico, onde, ao invés de suicídio, seja apontada a real
causa da sua morte. Também os nomes dos que o assassinaram devem ser
conhecidos, até porque torturadores e assassinos, desonram qualquer instituição militar, sejam elas
americanas, russas, chinesas, cubanas, brasileiras, ou da Coreia do Norte.
Até hoje não se sabe aqui entre
nós, quem, ou quais foram os responsáveis por causar a cegueira no petroleiro
Milton Coelho, sequestrado e mantido sob custódia daqueles que
temporariamente assumiram o comando do 28 BC, exatamente para praticar
os crimes que o seu digno comandante e sua oficialidade se recusaram a cometer.
Nas escolas militares esses fatos
devem ser contados como uma verdade histórica que somente envergonhará as
forças armadas enquanto for mantida oculta ou escamoteada.
Fugir da verdade não é ato dignificante para
qualquer instituição.
A presidente Dilma foi submetida a torturas aviltantes e
bárbaras dentro de um quartel, os nomes de todos os que a torturaram, os nomes dos
que comandaram os atos que a dignidade humana repudia, ela mesma talvez não os conheça, e ainda tolera,
sem que o exonere de pronto, um oficial general exercendo comando, dizer que o Exército
prestou honras militares durante o traslado dos restos do presidente João
Goulart, mas isso não significava que o Exército ¨estivesse pedindo perdão
¨. Ou seja, se depender desse general,
os tanques ainda poderiam sair dos quarteis para depor presidentes
legitimamente eleitos.
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