O PREFEITO COBRADOR DE DEFUNTOS
Chegou, por volta das 16 horas, um corpo para ser sepultado no
cemitério municipal de Capela. Um homem adulto. Pela nova taxa-defunto, o de
cujus, ou melhor, a família dele, teria de exibir o boleto devidamente quitado:
160 reais, é quanto paga morto adulto para se enterrar. Criança, pela lógica
fúnebre do funéreo prefeito, paga taxa menor. A família do homem morto não teve
dinheiro para pagar. Ficou-se a esperar para que se desse ao morto o descanso
final. E nada de se conseguir o dinheiro. Na prefeitura, tentaram chamar o IML
para levar o corpo, mas o homem morrera de causa natural, o IML se fazia
desnecessário. Um vereador que até votara a favor da taxa-defunto, resolveu
pagar do seu bolso o sepultamento. Já passava de uma da madrugada quando
finalmente o corpo recebeu a ultima pá de terra.
O prefeito Ezequiel Leite inventou ainda a taxa do lixo, de 15 reais.
Formou-se uma enorme confusão. A casa que não tiver quitada a taxa o lixeiro
não recolhe, quem não paga, coloca o lixo na frente da casa de quem pagou, ou
deixa o lixo acumulando, e assim, todos, pagando ou não pagando, sofrem com a
fedentina.
O prefeito explica a sua mortal taxação, dizendo de forma contundente,
simplória e fatalista: ¨Duas certezas o cidadão tem quando nasce: Uma, que
morre, e a outra que vai pagar imposto ¨.
Agora, ficou pior: Em Capela se paga imposto depois de morto.
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