OS 25 ANOS DA CONSTITUIÇÃO VAREJISTA
Para por fim a um regime autoritário nada melhor do
que uma Constituição que se intitulasse parteira da cidadania sufocada.
Político sôfrego por liberdade e democracia, o Dr. Ulisses, ao fim da exaustiva
jornada da Assembleia Nacional Constituinte, ergueu os braços em gesto
triunfal, brandindo a arma da Nova República a que ele , sempre eloquente, pôs
o nome emblemático: Constituição Cidadã. A Carta exagerava no texto e
desperdiçava intenções. As melhores possíveis. O ¨nojo e o ódio ¨ que o maestro
da Constituinte dizia sentir da ditadura recém falecida, era um sentimento que
teria de perpassar os numerosos artigos, parágrafos e incisos, prodigalizando
direitos, protagonizando espaços vastíssimos de liberdade e democracia, uma
perfeição de Estado Democrático de Direito, onde, 25 anos depois ninguém se
elege sem dinheiro para comprar votos, a frouxidão das nossas leis estimula a
horda selvagem dos black -blocs , e a criminalidade sem controle nos coloca na
assustadora posição de quinto país mais violento do mundo. A Constituição
Cidadã, um labirinto de bons propósitos, carente de leis ordinárias, ou até, em
alguns casos, embaralhando-se no excesso delas, não foi exatamente a bússola a
orientar o caminho da evolução democrática. Num país onde as leis ¨não pegam ¨,
a Carta que resta é um devaneio teórico a alimentar a verborragia de
constitucionalistas enfatiotados.
Só faltou na Carta varejista talvez aquele detalhe
grotesco, que não passou despercebido no Livro Verde do Aiatolá Khomeini, onde
não foram esquecidas as orientações sobre higiene pessoal, incluindo a forma de
utilizar a pedra e a areia, sucedâneos do papel higiênico em muitos países
muçulmanos.
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