O BÊBADO E OS VAGA – LUMES
Na orla de Pirambú, onde é proibido acender luzes
para não incomodar as tartarugas, em uma birosca com luzes compulsoriamente apagadas,
um bêbado reclama, não das trevas impostas pelo Projeto Tamar , senhor absoluto
das praias sergipanas. O bêbado, na verdade nem reclama, apenas lamenta,
deplora, num tom pastoso de embriagues compungida, a completa ausência, naquela
escuridão, daquelas ariscas luzinhas piscando dentro da noite como se fossem
fantasminhas minúsculos e presunçosos, ousando imitar estrelas.
O homem não é um poeta, apenas um bêbado saudosista
a relembrar a infância povoada de bichinhos estranhamente luminosos. Teria lágrimas
indivisadas à falta de um pirilampo para iluminar-lhe a face, e, choroso, fica
a perguntar : ¨ Cadê os vaga-lumes ? Os home do Tamar mandaram apagar os
bichinhos . Eu acho que os vaga-lumes estavam encandeando as tartarugas ¨.
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